Eu nunca tive uma definição muito clara sobre o amor. Minha mãe morreu depois que nasci, meu pai nunca deu muita atenção para a minha existência, e a única pessoa que pensei que tinha algum sentimento ‘bom’ em relação a mim, tentou me matar. Infelizmente, isso fez com que eu crescesse com uma ideia muito distorcida do amor, que deveria amar somente a mim e livrar-me de pessoas fracas. Eu realmente as matava.
Por que estou dizendo essas poucas coisas? Alguns dias atrás meu filho me fez uma pergunta muito interessante:
--Pai, porque você nunca se casou?
Aquilo me pegou de surpresa, pensei que teria algo haver com o exame chunin. Fiquei um tempo em silêncio, pensando em qual resposta seria a certa, mas bem lá no fundo esse tipo de relação nunca me interessou. Então resolvi responder com outra pergunta:
--Por que o interesse nisso? Acha que precisa de uma mãe? – Meu filho, adotivo e ele sabia disso, me olhou mais pensativo.
--Apenas pensei em por que o próprio Kazekage não tem um filho legitimo. – Sua resposta me deixou um pouco desapontado, ele podia não ter meu sangue, mas não mudava o fato de que é meu filho. – Eu sou eternamente grato pelo seu acolhimento, por me ter como um filho, mas eu sei que meu lugar não é aqui.
--Shinki. – Sentei ao seu lado e fiz questão de olhar em seus olhos, para que ficasse bem claro o que diria. – Você é meu filho, independente de qualquer coisa que escute, seu lugar é aqui, sendo meu filho. Eu tive muitas complicações no meu passado, o que me impediu de buscar um relacionamento com alguém. Porém, meu desejo de ter uma família, ter alguém que desse continuidade ao clã foi atendida. Você é tudo que eu desejei, e tenho muito orgulho de ser seu pai.
Shinki não é de demonstrar muitas emoções, mas ele me abraçou e amei esse pequeno gesto. Logo ele me pediu conselho para os exames que se aproximavam e disse que seu time seria o vencedor. Quando ele saiu fiquei pensando sobre isso. De fato, esse assunto nunca chamou meu interesse, estava buscando aprender sobre as relações de amizade e Naruto foi um grande motivador para isso. Sempre que possível nos comunicávamos através de cartas e agora o tal e-mail.
Quando o ancião da vila, Ebizo, mostrou sua preocupação com a descendência ao meu clã, logo pediu que eu ou meu irmão mais velho, Kankuro, nos casássemos. Kankuro recusou na hora, disse que isso iria acontecer quando tivesse que acontecer, e jogou essa responsabilidade para mim, já que sou o Kazekage. Então uma busca por uma noiva começou, até finalmente que encontraram uma moça.
Ela era bonita e gentil, mas não senti atração. Não senti nada do que meu irmão disse que iria acontecer, pensei que com o tempo sentiria essas coisas. Porém, meses antes de nosso casamento ela fugiu com outro cara, aquilo deveria ter me deixado decepcionado, magoado ou um pouco irado, mas um alivio instaurou-se em meu peito. Depois daquilo, pedi que Kankuro me levasse a um lugar onde teria outras mulheres, queria provar esse tal prazer da carne.
Foi um choque quando chegamos a um lugar com fachada de casa de banho, mulheres com roupas curtas marcando suas curvas e bem maquiadas estavam dispostas a realizar nossos desejos por um bom preço. Meu irmão estava animado e eu queria sair dali o mais rápido possível. Fiquei o tempo suficiente para observar e tentar encontrar meu ‘tipo’, mas quanto mais aquelas belas mulheres desfilassem à minha frente, eu ainda não conseguia sentir esse ‘fogo’ acender dentro de mim. Ou como teria dito meu irmão, a calça um pouco mais apertada.
Senti que tinha alguma coisa errada comigo, que talvez essa parte biológica não funcionasse comigo. De um modo geral me sentia bem com minha vida, era respeitado, tenho uma parcela de admiradores, me entendo muito melhor com meus irmãos e tenho um filho que me enche de orgulho. Mas ainda não compreendia o porquê de as pessoas buscarem a necessidade de encontrar um parceiro, e por que eu deveria seguir o mesmo caminho?
Tudo já era muito confuso e se tornou mais confuso quando reencontrei alguém que um dia tentei matar. Alguém que apesar desse infeliz acontecimento, mantinha uma relação amigável comigo. Rock Lee virou meu mundo de cabeça pra baixo.