BNA Chronicles - Folhas Soltas

Tempo estimado de leitura: 22 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Prólogo: "O que são essas folhas soltas?"

    Linguagem Imprópria, Violência

    Olá a todos.

    Hoje trago a vocês um remake de uma fic minha antiga. Eu a rebatizei e a integrei ao universo de BNA porque combina perfeitamente.

    Espero que gostem.

    Anima City |16:00

    Numa cidade ensolarada, um cachorro antropomórfico chamado Walber Vancius andava com bastante pressa. Tanto que, por causa da inquieta metrópole, quase foi atropelado por um ônibus que havia pego passageiros em um ponto. Por que a pressa?

    Wal, como era comumente chamado, era um dos responsáveis pela manutenção e arquivamento do Be’ast Club, um tipo de pub onde pessoas podiam relaxar todo fim de tarde para debater sobre qualquer assunto, assim como tomar um bom drinks e, o que fazia o lugar bem famoso, os variados tipos de cafés servidos. Muitos praticamente faziam do lugar sua segunda casa, um porto seguro bem no meio de Anima City. Sua fachada lembrava a arquitetura romana do mundo humano, presente em vários outros prédios da capital, e seu hall, assim como suas salas e sub salas, tinham detalhes em madeira que mais lembravam uma biblioteca daquelas mais tradicionais.

    Quase esgotado e sujo com toda aquela fumaça, assim que Wal, que estava em sua forma humana, usando tênis branco bem batido, calça jeans desbotada, uma camisa branca e tinha longos cabelos de cor preta bastante maltratados e olhos verdes, pôde sentir o ar condicionado do pub, logo suspirou:

    — MISERICÓRDIA! Que calor desgraçado tá fazendo lá fora!

    Ele só não contava que a sua frente estava Royalla Hoey, uma huskie que ele sonhava em um dia se declarar. Ela, em sua forma humana, usando um vestido estilo terninho de cor vermelha, salto alto preto, cabelo azul ciano curtos com um penteado estiloso e olhos azuis, ao vê-lo daquela forma, diz:

    — Wal, você deveria sair de casa mais cedo pra não chegar atrasado.

    — Pô, eu sei. Mas tipo, com esse trânsito desse jeito só se eu sair de casa um dia antes.

    — Tudo bem, Wal. Veja se na próxima vez pelo menos seja mais educado. Se sempre que você chegar aqui e desabafar dessa forma, vai cair o conceito do pub.

    — Putz, foi mal.

    — Agora vai logo para o escritório porque tem muita, mais muita papelada pra você arquivar.

    — É, né? Pra quem ganha quinhentos contos por mês... mas que...

    — WAL! Tenha modos!

    — Desculpa! Foi mal, Royalla.

    — Hunf... Você não tem jeito!

    —-Foi mal, desculpa!

    Depois da breve conversa e se arrumar depois de chegar atrasado, Wal imediatamente foi para seu escritório, pensando em Royalla.

    — *Cara, ela pega no meu pé de um jeito tão fofo que eu até me sinto mal em ser como sou. E naquele dia que ela me chamou pra almoçar... Cara, tava sem money algum e... Como ela sabia disso?! Ou ela nem sabia e fez por gentileza... E ela me defendeu na rua quando pisei no pé daquele tiozinho... Como é que eu não vou gamar numa mina assim? Nossa...*

    Wal era o típico cara que fazia devaneiros a toda hora, a ponto de esquecer o que estava fazendo e o que deveria fazer. Tanto que houve uma oportunidade que ele quase foi mandado embora porque gritou "WOLFIES VENCERAM, ALELUIA!" no meio de uma reunião. E o o time de beisebol nem estava jogando. Foi tudo obra da mente dele. Bem, cada um com suas manias mas Wal deixava tudo isso muito evidente. Era um sonhador, esforçado e leal.

    Detalhando melhor o lugar, o pub onde ele trabalhava, além de receber a todos de braços abertos sem preconceito algum, devia também de divã, onde os atendentes recebiam diversos clientes que se tornavam cativos no lugar, lhes contando sobre a vida e seus problemas. Tudo isso era recebido e escrito em documentos para ser arquivado e protocolado a pedido do governo de Anima City, ou Animalia como muitos a chamavam. O zelo pela saúde mental dos habitantes era uma constante, até porque muitos crimes na cidade tinham uma natureza torpe e estranha em seu contexto. Por isso a prefeita de Anima City, Barbarey Rose, idealizou essa coleta de dados a fim de proteger ainda mais seus cidadãos.

    Já em seu escritório, estressado e com uma baita fome, Wal falava consigo mesmo.

    — Droga de emprego. Trabalho feito um mané, ganho mau, a garota que eu gosto é minha superior, fica pegando no meu pé o tempo todo, sendo muito fofa ao fazer isso, e ainda tenho que trabalhar com essa caatinga desgraçada. Pareço até peão de obra...

    Por muito tempo o jovem adulto tornou a fazer o arquivamento e manutenção de todos os papéis que estavam dentro de armários e escrivaninhas. E isso se estendeu pela tarde toda...

    Horas depois...

    Be'ast Club | 18:00.

    No aconchego da alvorada.

    Com a noite chegando e já com um intendo movimento de pessoas no hall do lugar, esgotado pelo trabalhoso expediente Wal recolhia os poucos papéis e pastas que estavam sobre sua mesa. Então, batendo a porta, era Esteves Garcia, que era um felino de pelugem preta que estava em sua forma humana, usando um terno com gravata e tinha olhos azuis e cabelos curtos de cor vermelha. Ele era o diretor e dono do lugar. Sem perder tempo, diz a Wal:

    — E aí, rapaz? Terminou todo o serviço?

    — Claro que sim, essa m...

    — EI! OLHA A BOCA, WAL!

    — Tá, desculpa! Foi mal.

    — Veja bem, Wal...

    — Ih lá vem mais sermão...

    — Para com isso! Escute, se você ainda quiser continuar a trabalhar aqui é melhor ter cuidado com o que você fala. As paredes aqui são de compensado e todo mundo ouve o que você fala através delas. Não quero que você seja o responsável pela queda de prestígio de – Tentou terminar, sendo interrompido.

    — Ok, ok... Tudo bem, patrão. Vou tomar cuidado.

    — Acho bom. Você não tem noção de como este clube é influente nesta cidade.

    Na verdade, o Be'ast Club era mais que isso. Era como a Academia de Letras de Anima City: Um marco do meio dos bestiais que jamais o fundador imaginou que teria tal honra. Esteves recebeu diversos prêmios por sua empreitada, nacionais e internacionais, e se destaca por mostrar tendências de todas as áreas, seja tecnológicas ou vestuário. E tudo, tudo isso começou em um pequeno grupo de amigos que filosofavam nos becos escuros da cidade. A coisa foi pegando moda e logo abriram um modesto centro de convenções, que na verdade era um armazém abandonado de um dos membros. Logo veio a tona em noticiários matutinos, tomando conhecimento de outros distritos, que se misturavam ao mesmo propósito. E bem falado foi e se tornou o que é hoje, que fora tombado, mesmo com poucos anos de fundação, pela prefeitura de Anima City.

    Voltando ao drama de Wal, esforçado e batalhador que é, não conseguiu terminar tudo que deveria fazer. Coçando a cabeça e toda hora reclamando, logo teve a idéia de terminar em casa mesmo. Mas, antes disso, pediu permissão ao seu chefe. Indo até sua sala pelos corredores estreitos do prédio, ele diz:

    — Esteves? - Disse ele, que estava no corredor já se arrumando para ir embora.

    — Sim... O que você quer?

    — Posso levar essas pastas aqui pra casa?

    — Porque, Wal?

    — Ainda não separei os arquivos antigos. Então, pra agilizar pra amanhã vou levar e trago tudo direitinho.

    — Ainda bem que você valoriza seu emprego. Tudo bem, tem minha permissão.

    E Wal balançava sua cabeça, concordando com seu chefe, com um sorriso amarelho estampado no rosto.

    — É sim, valorizo sim... *miserável caloteiro...*

    Depois de acertarem tudo, o canino consegue juntar todas as pastas. Já fora do prédio, ele nota que havia chovido. O trãnsito estava completamente parado.

    — Mas que m... Como é que eu vou pra casa?

    Não havia como fugir do pandemônio que era o trânsito naquele início de noite. Começaria alí mais um sofrimento para voltar pra casa.

    Três horas depois...

    A luta diária pela vida... na cidade.

    E para alegria de Wal, finalmente ele chega em casa (que normalmente levaria uns 40 minutos). Cansado, todo sujo e carregando todas aquelas pastas, ele entra em sua casa já desabando de cansaço e dormindo no chão do jeito que estava. Sim, o jovem adulto caiu em sono.

    Horas depois...

    Já reestabelecido e de banho tomado, Wal jantava enquanto ouvia o noticiário no rádio. Ele então começou a já arrumar as pastas para no dia seguinte retorna-las ao pub. Mas assim que pegou uma das últimas pastas a ser divididas, um tipo de fichário vai ao chão. Ele, surpreso, o pega e abre, curioso com o documento. Em seu interior havia folhas soltas, que pareciam pertencer a um tipo de diário. Ele, confuso, diz:

    — Estranho... parece que foram arrancadas...

    Ele, ao estranhar, começa a ler...

    • Dia 12 de outubro de 2012

    "Todos aqueles momentos de alegria de confraternização do pub foram embora. Eu não acreditava que tudo havia mudado e só assim conheci as pessoas que viviam a minha volta... As máscaras lhes foram arrancadas a força. E isso me mostrou toda a verdade."

    A breve leitura já trouxe apreensão a Wal.

    Continua.


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