A atitude atrevida de Kaede pegou o jovem raposa de surpresa.
Como se dará isso?
Maeti, ainda se recuperando da inesperada surpresa de Kaede, mal tinha palavras para descrever sua reação e, para não ser rude, aceitou o beijo. Passada a ação, ele diz:
— Kaede, eu... Isso que fizemos...
— Acalme-se... Eu sei que foi o seu primeiro... E me desculpe por isso.
— Eu... Eu respeito seus sentimentos por mim, mas...
— Mas o que?
— Seu beijo tocou-me no fundo de minha alma, mas acho que não sou a pessoa que procura...
— Maeti, o que está querendo dizer? Está me recusando?
— Kaede, eu gosto muito de você, mas acho que isto que sente por mim é por causa do momento.
— Como assim?
— Eu senti que você carecia de atenção e carinho, precisando tirar este peso que carrega desde sua infância. Talvez por saber o quanto é grande seu sofrimento por causa de seu pai, acabei acendendo o fogo de seus olhos e pensamentos.
— Entendo... Então isso que eu fiz...
— Seu coração está sensível a emoções. Elas nos fazem, às vezes, nos equivocarmos em nossas escolhas.
— Você... Você tem razão... Me desculpe por tê-lo beijado. Eu não deveria ter feito isso... Tá tirei seu momento íntimo...
— Não diga isso. O meu primeiro deveria ser assim, puro e inocente. Eu quem devo desculpas...
— Não, Maeti... É você quem tem o controle sobre sua vida. E eu acabei indo além do limite... Coisa de adolescente...
— Ah sim... Já ouvi coisa parecida quando fui a cidade.
— Muito bem... Então melhor eu ir dormir. Até amanhã, Maeti e me desculpe por tudo.
— Tudo bem. Boa noite. Durma bem.
E quando Kaede iria fechar a porta da sala onde estava, Maeti a chamou, dizendo:
— Kaede?
— Sim, Maeti. O que foi?
— Eh... O-obrigado - Disse, colocando uma de suas mãos sobre sua boca.
— Maeti... se continuar beijando deste jeito... ah... que sorte será da garota que você escolher...
Kaede vira-se e continua seu caminho. Mas foi impossível esconder seu sorriso, estampado em seu rosto.
Cai a madrugada.
Ethan dormia tranquilamente, mas ao acaso acordou e, levantando de sua cama, observou Anuon sobre a janela, observando as estrelas. Se aproximando da felina, diz:
— Anuon, o que houve?
— Ah acordou... Não tenho sono, Ethan.
— Algo a preocupa?
— Sabe, muitas coisas aconteceram nos úlimos dias... E agora que descubro que Son está vivo... Não se sabe o que o futuro nos reserva.
— Não fique assim. Viva o presente. Deixe o futuro aparecer.
— Como assim?
— Essa sua idéia de ficar se preocupando com o futuro. Ficar aqui imaginando se o céu vai cair só irá deixá-la mais estressada do que já é. Deixe o futuro acontecer. Nada pode-se fazer para parar o tempo.
— Você está certo, devo admitir... Obrigada, Ethan... por suas sugestões.
— Que isso, Anuon. Estou aqui para lhe ajudar - Disse, enquanto a abraçava.
— Ethan, você sabe que não gosto que faça isso! Me largue! - Disse Anuon, envergonhada.
— Porque?
— Não gosto de ser tratada como um desses felinos que humanos criam.
— Mas não estou fazendo isso.
— Então?
— Faço isso só com meus amigos! Hehehe...
— Nem sei se é para agradecer... ME SOLTE, JÁ! - Disse, ainda mais envergonhada.
Logo Ethan a solta e, pegando ar pela boca, Anuon diz:
— Desta vez você exagerou! Fiquei quase sem ar!
— É que você é muito fofa, hehehe!
— Humanos...
Pouco tempo depois, todos então estavam dormindo. A noite passa, tranquila como deveria ser...
Ao amanhecer...
E no quarto de Maeti, Ryoga acordou e, esfregando os olhos, olha para Maeti, que estava com um sorriso em seu rosto. Como de costume, Ryoga pareceu querer brincar com a situação, se aproximando do jovem raposa e falou em seus ouvidos:
— Oi, meu bem... Gostou?
— Sim... foi doce... macio... leve... seus lábios... - Disse, ainda sonolento.
— Hehehe... e o que quer fazer agora? - Disse Ryoga, tapando a boca enquanto ria baixo.
— Tocar seu rosto.. sim... é suave... como rosas em sua textura... maravilhoso é sua beleza... - Continuou Maeti, ainda sonolento.
— *Caraca, mano... Melhor parar porque senão vai dar ruim, hahaha!* ACORDA, MAETI!
E o jovem raposa se levantou rapidamente, dando uma enorme cabeçada em Ryoga, que voa longe. Maeti, sem entender o que ocorre, parece não ter sofrido nada. E ele, preocupado, diz:
— O que houve, Ryoga?
— Ah... os zouvido! Putz... Ai... minha cabeça... Caraca...
— O que houve? Por que geme assim?
— Peraí, caraca... Putzgrila, sua cabeça é muito dura...
— Como isso aconteceu?
— Opa! Que bagulho é esse que você tava sonhando?
— Sonhando eu?
—Tá... inocente você, hein... Tava tendo um sonho "caliente" que eu sei. E você sabe, não esconda-me nada!
— Caliente? Que é isso?
— Cara, eu sei que você tava sonhando que tava ganhando um beijo! E tava bem feliz!
— Ry-ryoga... Não é bem isso... Eu... Bem... Que situação...
— Aí, relaxa. É até normal ter esses sonhos. Só que vindo de você até me surpreende, porque tu é carola de igreja... digo, de templo.
Mas Maeti mudou se semblante, indo até Ryoga e, compenso uma de suas mãos em um dos ombros do rapaz, diz:
— Ryoga, tenho que lhe contar algo...
— Ih, cara... Foi brincadeira minha. Não quis te zuar pra ti se sentir mal.
— Ryoga, sei que é às vezes brincalhão, mas convivi com você suficiente para saber que é uma pessoa cordial.
— Bem, falando assim... Fala raposão. Que tá rolando?
— Bem, Kaede me beijou ontem a noite.
— Tá, e daí?
— Não está surpreso?
— Até ela me beija. Claro, antes me bate com aquela bokken, mas a gente se entende, sabe?
— Ryoga, ela me beijou como não lhe beija.
— Como não me beija?
— Não compreende? Será que é tão difícil perceber?
— Como não me beija... não me beija... Peraí, não me diga que... - Disse Ryoga, ressabiado.
— Sim, isso mesmo... Exatamente o que você imaginou
— CARACA! PUTZGRILA, QUE MERCADORIA QUE ACONTECEU! CARA, QUE QUE TU FEZ? MINHA NOSSA TUA DELES!
— Ryoga, fale baixo!
— Caraca! Ah, agora sei que até raposas adolescentes estão com seus hormônios em ebulição. Então aquele dia que os peguei juntos já era coisa séria?
— Em nenhum momento queria compromissá-la. Entenda: simplesmente aconteceu. Ela veio e me beijou.
— Então foi a dona valente que tomou a iniciativa? Caraca, Kaede não perde tempo na conquista.
— Sim, mas não fale alto...
— Putz, logo a Kaede que ninguém toca ou briga... Cara, como foi?
— Para não magoá-la, preferi aceitar o beijo.
— Na lata assim? Tu não é mole também, é raposão? Papou a loira... Quero dizer, a loira que te papou, hehehe!
— Não diga isso, Tyoga... Pensei que, se a afastasse de mim imediatamente, talvez ficasse magoada... Então esperei que terminasse e lhe disse que estava agindo pelo momento, que a fez equivocar-se e disse que não era a pessoa que procurava.
Ryoga, sentindo que Maeti estava se sentindo não e um pouco constrangido, logo tratou de levar a sério o momento. O raposa não estava mesmo entendendo tudo aquilo que aconteceu. Embora ele tenha gostado, era inocente demais para lidar com algumas coisas oriundas do comportamento humano. Ryoga então diz:
— Cara, você é demais. Tem muita coragem em chegar pra uma garota e dizer estas coisas. Tem que ter fibra de guerreirão mesmo. Tu só ganha pontos comigo agindo assim. Parabéns.
— O que quer dizer? Kaede deve estar agora muito...
— Ei, calma lá. Tu não tem culpa de nada. Ela te roubou um beijo e você até gostou. Mas cara, tu teve a maior elegância em dizer pra ela que tu não é quem ela procura. Tu deu um toco nela na moral, sem fazer ela sentir com isso. Se ela estiver mal por causa disso, então a culpa é só dela. Tu não pode impor que uma outra pessoa simplesmente aceite ser seu mate. Tu jogou as cartas na mesa pra ela entender e, pelo visto, ela entendeu. Fini!
— Ora... então foi exatamente isso. Ela não parecia triste nem zangada comigo. Nossa... Obrigado Ryoga. Me sinto bem melhor.
— Mas... que tu tava gostando do beijo no sonho, você tava! Hahaha!
— Ryoga, isso só interessa a mim! Não se intrometa nas minhas intimidades - Disse Maeti, envergonhado.
— Que culpa eu tenho que você sonha alto? Toma cuidado que pode acabar voando mais alto que pretendia, garanhão!
Depois deste início de dia conturbado por parte de Maeti, todos se levantam e seguem para a sala principal. Se cumprimentam pelos corredores, como toda manhã no templo Rayka, para depois de lavarem seus rostos.
Durante o café da manhã...
Com todos sentados se alimentando, Kitsune percebeu que Kaede está calada. Ela, estranhando seu silêncio, diz:
— O que foi, Kaede? Porque está tão quieta esta manhã?
— Nada não... Só estou um pouco constrangida com uma coisa minha.
— O que foi? Eu posso tentar ajudá-la.
— Não, já foi consumado.
— O que pode ter acontecido a vc, humana? - Perguntou Anuon.
Mas Ethan, como conhecia muito bem Kaede, logo diz a sua amiga felina:
— Anuon, isso coisa de mulher. Deixa a Kaede.
— Hm... Certas coisas não são para se comentar... Desculpe-me, humana - Disse Anuon
— Tudo bem... Eu entendo - Disse Kaede, mais tranquila.
Mas Ryoga não pôde ser de olhar para Maeti que mal conseguia olhar pra frente. Ele, preocupado, diz:
— Cara, levanta o astral! Tu não fez nada!
— Estou bem, Ryoga... - Disse Maeti, desviando o olhar.
— Tu nem tocou no café da manhã ainda.
— Tudo está bem, Ryoga. Eu sou vagaroso para comer mesmo.
Mas certas coisas não podiam passar despercebidas por Kitsume, que olhou para os dois. Ela, preocupada, diz:
— Vocês dois acordaram muito estranhos essa manhã. O que aconteceu?
— Maeti, porque seu rosto ficou vermelho do nada? - Perguntou Ethan.
— Nada não, Ethan...
— Maeti, o que houve? Sabe que não gosto de segredos aqui - Disse Kitsune, olhando para o raposa.
— Nada, mãe. Está tudo bem. Acredite.
— Deixem-lo em paz, pessoal. Se está tudo bem como diz... - Disse Kaede, enquanto comida um pedaço de bolo.
— Sim. Obrigado... Kaede - Disse o jovem raposa, olhando para Kaede.
Depois do café, todos se dividem, indo para lados distintos do templo. Anuon e Ethan foram ao jardim, a pedido de Kitsune, que estava com Heaven; Ryoga foi cuidar da pantera e Maeti foi buscar ataduras para Ryoga. Mas Kaede seguiu Maeti e alcança-o diz:
— Maeti! Ei!
— Hã? Sim?
— Queria falar com você... Coisa séria.
— Pode dizer... Kaede.
— Mais uma vez, desculpe-me por ontem a noite. Prometo que não vai mais se repetir. Respeito sua escolha. Eu fui uma boba atrevida e assanhada que não resiste a um rosto bonito como o seu.
— Tudo bem, Kaede. Passou. Pensei que já havia esquecido isso.
— Esquecer? Maeti, eu fui dormir só pensando no que eu fiz... Não dá pra esquecer.
— Porque sua dificuldade?
— Seu beijo... mexeu comigo também e é como se sentisse até agora. Nunca havia sentido isso..
— Kaede, acho que devemos deixar isso para trás.
— Hehehe... não se preocupe. Sou uma cabeça dura mesmo! Esquecemos aqui tudo, está bem? Eu juro que eu vou tentar!
— Melhor assim.
— Tchau!
— Até logo!
E Kaede foi a encontro dos outros em seguida. Ryoga, cuidando da pantera, retirava-lhe as vendas, pois seus olhos estavam inflamados por causa dos raios que Kitsune havia golpeado-a. E ela diz a Ryoga:
— Humano, não quero sua misericórdia! De nenhum de vocês! Tire suas mãos fédidas de mim!
—Aí, tu não está em condições de mandar em mim, sabia?
— Eu sou Gothic 6 e ordeno que tire suas mãos de mim!
— Tá, minha filha... Sabia que mataram o Bin Laden? Fica na sua e aproveita o tratamento VIP que estou lhe dando.
— Por que faz isso? Tentei lhe matar, humano! Não sente ódio por isso?
— Se soubesse as besteiras que fiz na vida... Ninguém é perfeito.
— Sábias palavras... a sua pessoa! Eu sou perfeita!
— Tanto que é que levou uma baita surra da Kit. Apareceu até os comandos do golpe...
— Eu vou acabar com ela assim que sair daqui! E vocês serão os próximos!
— Escuta, projeto de Thundercats... O que fará depois é problema seu! Não sou médico, logo não tenho a obrigação de ajudá-la!
— Então porque está fazendo isso?
— Já disse que não é porque quero e sim porque é o certo. Difícil tu entender, hein.
— O certo? Ajudar o próprio assassino a se recuperar?
— Ajuda-se quem precisa de ajuda. E você precisava. Kit lhe deu uma nova chance e seria legal se você aproveitasse.
— Hm...Em nada muda meu objetivo. Quando menos suspeitarem, já estarão mortos - Disse Gothic, virando seu rosto.
— Tô vendo que tu é daquelas que gosta de uma treta. Sério, melhor você se...
E Ryoga se assusta com um barulho vindo de fora do templo, o interrompendo. Ethan, Anuon, Heaven e Kitsune observam a floresta. Pássaros voam, saindo das árvores. Logo um pequeno raio passa por baixo de todos na forma de um felino. E Ethan, surpreso, diz:
— Fhor?
Continua.