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A parte final da história.
Aviso: haverá cenas fortes.
Ventos áureos de desenvolvimento haviam chegado a Shang Mu. As estratégias comerciais eram muito rentáveis aos cofres da cidade, causando um grande aumento de qualidade de vida de sua habitantes. O reino cresceu e com isso muitas pessoas de toda Avalice visitavam a cidade, seja para morarem ou fazer negócios. E um em específico chamou atenção do reino de Shang Mu: um navio luxuoso ancorou no porto do reino, trazendo soluções que encheram os olhos de Mayor Zao.
Um felino albino, com traços bem característicos de um gato selvagem, que ostentava um medalhão pendurado em seu pescoço e usando uma vestimenta de monge foi logo recebido pela guarda real. Dotado de um inquestionável dom em conversar, a lábia do visitante logo convenceu a Zao para que fizessem negócios. Durante um grande período Shang Mu lhe serviu como um laboratório de suas ideias. E quais eram? Monitoramento. Entretanto não era feito por máquinas e sim pelos próprios membros das famílias da dinastia Omna. Havia anteriormente esse tipo de vigilância, mas o viajante tinha outros métodos, muito mais efetivos. Todavia, a família Tzu Chiang não viu isso com bons olhos, havendo uma pequena disputa interna.
3 meses depois.
Uma grande festividade acontecia no Grande Salão da dinastia Omna. Era um imenso pátio onde haviam praticamente todas as manifestações artísticas e marciais das famílias. Era uma celebração anual, que dessa vez teve como convidado o tal viajante, que se denominava Zurkan. Era uma pessoa bastante agradável e receptiva a todos. O Supremo Chanceler Wanli Omna o recebeu de braços abertos, evidenciando que a parceria foi mesmo um sucesso.
— Senhor Zurkan, excelentíssimo monge... Agradeço sua benfeitoria a todos da dinastia Omna. Mayor Zao não pôde vir mas desde já nosso Grandíssimo Monarca lhe agradece de imenso coração aos seus serviços.
— Encantado, nobre homem. Vocês daqui de Shang Mu tem agora uma nação parceira em Big Sea. Os países dos mares de Avalice irão conhecer sua nação também.
— Estou comovido. Nossos alunos aprenderam muito com sua teoria e levarão para sempre esse ensinamento.
— Grato pelo voto de confiança. Bem, irei até minha embarcação para tratar de assuntos de mina tripulação. Em breve voltarei. Até logo.
— Muito bem, caro Zurkan. No aguardo por seu retorno.
O pacato e sorridente Zurkan caminhou para fora do monastério, de forma cordial com todos.
Enquanto isso...
Casa da família Tenjoin Hopin, noite.
— Papai, eu vou até a festa, tudo bem?
— Claro, Asuka. Leve o tablet pois eu e sua mãe iremos sair. Vamos até o restaurante Ginsen no centro da cidade.
— Tá bom.
Se aprontando para sair (era domingo), Asuka, pegando seu pequeno tablet, o colocou em sua mochila, seguindo em seguida para o evento. Ela, vestindo tênis, causa cargo e um top azul, caminhava pelas ruas calmas e vazias do centro. Porém, surpresa, viu Zurkan ao longe, com outras pessoas. Ela, achando estranho, se aproximou, se escondendo:
— *Zurkan? Mas porque ele está aqui? A festa já começou e... Quem são essas outras pessoas?*
Ela então olhou para o porto, percebendo que a embarcação estava com uma grande movimentação no convés. Isso deixou as coisas ainda mais estranhas.
— *Tem algo acontecendo. Cadê os sentinelas do monastério? Hm... Eu preciso investigar...*
O lugar era um pequeno armazém, com várias caixas de madeira enfileiradas, o que não era usual. Isso deixou Asuka ainda mais preocupada. Procurando pelo local, em uma escrivaninha encontrou um tipo de bloco de notas, daqueles que tinham um tipo de presilha parecido com um cinto e, para lhe dar ainda mais curiosidade, tinha uma fechadura... que estava aberta. Asuka sem perder tempo abriu o livreto, começando a ler o que estava contigo alí. Foi quando percebeu que algo terrível estava escrito: era um plano minuciosamente montado, que envolvia tráfico de informações e coleta de materiais de Shang Mu. O suposto monge estava na verdade se aproveitando da situação que construiu para roubar informações e usá-las contra outras nações, inclusive Shang Mu. E o pior estava por vir: o plano de fuga envolvia destruir todo o monastério Omna e encobertar sua saída, quase como se ele também fosse vítima. Asuka se assustou com tudo aquilo, não acreditando no que acabara de descobrir. Todos os detalhes do plano foram uma bomba. Ela entrou correu para fora do lugar, sendo em seguida surpreendida por Zurkan, que havia voltado. Ele no mesmo instante olhou para a jovem felina, assim como o livreto que estava em suas mãos. Percebendo o inevitável, diz:
— Hm... Acho que não preciso pensar muito diante os fatos, não?
— SEU MANÍACO! VOCÊ QUER DESTRUIR TUDO AQUI!
— Não grite, jovem. É só um mal entendido. Eu escrevo um livro e...
— CALE A BOCA! NEM PENSE EM DUVIDAR DE MINHA INTELIGÊNCIA! EU NÃO VOU PERMITIR QUE VOCÊ VÁ EM FRENTE COM ESSE PLANO!
— Hm... Jovem, isso tudo poderia ser evitado... Você deveria ter ficado em casa...
— AHHH! – Gritou Asuka, correndo em direção a Zurkan.
A jovem usou de todo seu repertório de golpes, sendo evitados facilmente por Zurkan, que diz:
— Então você quer lutar? Tola, você nunca conseguirá me atingir...
— SEU DESGRAÇADO! AHHH! *Porque não consigo usar a leitura espaço temporal nele? O que está acontecendo?*
Os movimentos de esquiva de Zurkan eram bem diferentes. Era como se ele ficasse deslizando no ambiente, sem que Asuka pudesse fazer muito. E aproveitando uma brecha, ele golpeou Asuka com um de seus dedos dizendo:
— KAI NI DORU! (Agulha de Kai)
Uma saraivada de flechas atingiu seu corpo, a fazendo ir contra uma parede, se chocando em seguida. Asuka, caída, só observava Zurkan se aproximar, dizendo:
— Hahaha! Você é fraca... Sozinha você nunca teria chances.
— Seu miserável...
— Hora de ir. Gostaria de cumprimentar esses alunos nojentos desse país detestável. Sabe, consegui muitas informações aqui, preciosas... Eu pelo menos deveria agradecer pessoalmente ao Supremo Chanceler, hehe...
Zurkan só não esperava que Lenzin estivesse ali, já ciente de tudo. Ela, já tirando sua espada da bainha, diz:
— Nós do clã Tzu Chiang desconfiávamos desde o início...
— Quem é você?
— Uma emissária... DA SUA MORTE!
Lenzin partiu para cima de Zurkan com toda sua fúria. Mesmo que ele conseguisse se esquivar, a habilidade da panda ranger era espetacular. Ela, com uma aura verde envolvendo seu corpo, esbanjava determinação para acabar com Zurkan, com Asuka pensando:
— *Ela é fantástica! Eu nunca havia visto Lenzin lutar... Ela é absurdamente rápida e... *
O suposto monge não estava conseguindo acompanhar os movimentos de Lenzin, que o estava pressionando sem pena. Ele, sabendo que não teria como vencer, leva uma das mãos até seu bolso e pegou um tipo de dispositivo, apertando um botão em seguida. Lenzin, confusa, diz:
— O que você fez?
— Hehehe... Você é uma ranger competente... Eu nem fiz muito e você já desconfiou...
E pelo olhar desesperado de Asuka, ela ligou esse detalhe as informações que leu no livreto.
— NÃO! VOCÊ... VOCÊ NÃO TEM CORAÇÃO?!
— Asuka, o que houve?
— Ele... Ele armou as bombas! É o plano B dele!
Zurkan ria alto, entendendo bem que Asuka havia memorizado tudo.
— Hahahaha! Essa menina é mesmo muito inteligente... Tantas páginas e conseguiu ler tudo... Hahahaha!
— O que você fez, patife?
— Cara ranger... Vocês tem duas escolhas: continuarem com essa luta, que você vai vencer, ou...
— Ou o que? Diga logo!
— Esquecer de mim e ter o mínimo de chances de salvar o seu precioso monastério. Vocês tem cinco minutos. Menos agora.
Lenzin logo se manifestou, ainda confusa. Logo Asuka diz:
— LENZIN, ELE ESTÁ MESMO FALANDO A VERDADE!
— SEU DESGRAÇADO! – Disse Lenzin, indo até Asuka.
Zurkan seguiu então seu caminho, sabendo da escolha da panda. Mas Lenzin, levantando Asuka, diz:
— Você vai fugir... Vai conseguir se esconder nessa vastidão marítima... Vai ter suas riquezas... Mas eu vou te encontrar, vou te punir por tudo isso...
— Haha! Está perdendo tempo com esse discurso, panda. Agora vá e faça seu ato heróico e seu papel de babá para essa menina.
O tempo era pouco. Lenzin logo disse a Asuka:
— Diga logo tudo!
— Esse patife colocou uma bomba no sistema de gás do monastério. Na verdade se trata de um gatilho, pois ele...
— ASUKA, SÓ DIGA O QUE DEVEMOS FAZER!
— Você precisa interromper a transferência de gás pelos dutos e canos que ligam a todos os alojamentos. Eu irei até o núcleo, no subsolo, pra desativar esse gatilho.
— E porque não só desativar o gatilho? Poderíamos também retirar as pessoas de lá...
— NÃO! NÃO TEMOS TEMPO! Fiz meus cálculos. Se der errado a desativação, o rompimento dos dutos irá causar um estrago menor caso aja uma explosão! Há pelo menos duas mil pessoas na festa. Levaríamos dez minutos para retirá-los daqui a salvo!
— Muito bem... Eu acredito em você! Vai, Asuka! Corra! Eu irei fazer o que você disse!
O tempo era curto. Haviam vidas em risco. E só Asuka e Lenzin poderiam fazer algo para salvar a todos.
Music: “Desperation” by FesliyanStudios
The Countdown
Lenzin usou de suas habilidades especiais para ganhar mais velocidade. Sua aura verde que envolvia seu corpo ajudava a iluminar seu caminho. Ela precisava chegar até às travas de gás e, como Asuka lhe informou, eram dez delas que precisavam ser fechadas. Durante sua corrida, a festa continuava com toda a força, com os membros se divertindo. Estava longe e se Lenzin escolhesse pedir mais ajuda não teria tempo para conseguir chegar às travas.
Enquanto isso, Asuka já havia conseguido chegar a escotilha que levava ao subsolo do monastério. Infelizmente Asuka não sabia que eram muitos andares abaixo. Mas mesmo assim ela não desistiu, descendo as escadas em espiral. Os minutos passavam.
Na superfície, Lenzin já havia interrompido fluxo de quatro deles. A panda diz:
— Faltam ainda seis... Estou contando com você, Asuka... Essas travas estão longe uma das outras e bem escondidas... Tem que dar tempo!
Cortando os corredores dos monastérios, Lenzin fazia o que podia parte encontrá-los, mas o grau de urgência unido ao pouco tempo só tornavam as coisas mais difíceis.
No subsolo Asuka seguia as pressas, descendo desesperadamente até o interior do bunker onde se encontrava o gatilho. Diante aquelas escadas circulares coladas a lateral de cimento, a felina gritava consigo mesma:
— VAMOS, ASUKA! CORRE! TODO MUNDO VAI MORRER SE VOCÊ NÃO CHEGAR LOGO! VAI!
No lado de fora, a panda ranger mostrava força de vontade para chegar até às travas, mas muitas delas estavam escondidas, o que atrapalhava no objetivo:
— Droga! Onde estão... Asuka... Desliga essa coisa...
Mas Lenzin tinha no seu poder também a função sensitiva. Ela conseguia perceber agouros:
— *Essa sensação... É uma sensação ruim e incômoda... Seria isso por causa da...*
E voltando ao bunker...
“... Asuka?!”
Já avistado o núcleo do sistema de gás do monastério, sua alegria foi interrompida por um barulho agudo. Zurkan havia pensado em tudo e colocou uma armadilha: uma bomba explode assim que Asuka pisou no último degrau, fazendo com que boa parte da estrutura da escada desmoronar, assim como a parte acimentada da laterais, caindo sobre Asuka.
No lado de fora as pessoas na festa sentiram o tremor, causando estranheza, principalmente por Wanli.
— O que foi esse tremor? Isso não é normal... Guardas, façam uma averiguação!
Longe dali, Lenzin logo gritou:
— ASUKA! NÃO!
Uma tragédia se aproximava.
Music: “Empty Houses – Reprise” by Garry Shyman
Com pequenas labaredas e bastante poeira no ar, os destroços da estrutura da escada estavam todos retorcidos junto com cimento que saíram da lateral. Logo podemos ouvir ruídos de alguém tossindo. Era Asuka que, em meio aos escombros, estava viva. Com escoriações pelo corpo, estava razoavelmente bem. Ela, ao conseguir voltar a si, logo lembrou do seu objeto. Ela estava a poucos metros do gatilho, que de fato havia um timer programando. Um minuto lhe estava, tempo suficiente para desligar o sistema. Mas quando tentou seguir, ao se levantar e tentar caminhar sentiu seu braço direito preso. Ela forçava a saída, mas todo seu braço estava entre vigas de ferro e concreto sólido.
— NÃO! EU PRECISO ME SOLTAR! NÃO! – Gritou Asuka, desesperada.
Mas suas tentativas foram em vão. O tempo ia passando. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Asuka logo pegou seu tablet, chamando por Arthemis:
— ARTHEMIS!
— Olá, Asuka.
— ARYHEMIS, RÁPIDO! EU ESTOU PRESA NO BUNKER DO SISTEMA DE GÁS! ME RASTREIE!
Instantaneamente Arthemis ativou a câmera do lugar, vendo a situação que Asuka se encontrava:
— Asuka, o que signi...
— ME AJUDA! EU ESTOU PRESA! TEM UMA BOMBA AQUI. TENTA HACKEAR!
Segundos preciosos. Arthemis infelizmente não conseguiu acessar ao sistema, mas encontrou um pequeno dispositivo lazer para conversar estruturas metalicas. A IA logo diz:
— Asuka, eu não posso fazer muito para desmarcar sem ter riscos, então fique parada.
— O QUE VAI FAZER?! NÃO TEMOS TEMOS PRA..
— Eu achei um canhão laser de manutenção. Irei destruir a estrutura que te prende.
— VAI! RÁPIDO!
O tempo passa... Poucos segundos para a explosão. Asuka pensou em tudo, menos no imponderável. A imprevisibilidade era algo incalculável e o acaso não tinha hora nem dia pra aparecer. Isso é fato.
Na superfície os festejos continuavam. Jovens vidas sonhadoras somente celebravam, se divertindo depois de uma semana de treinos pesados e estudos desgastantes. Assim como os alunos também alegravam-se os mestres e instrutores. Nesse mesmo tempo, Lenzin corria tentando fechar as travas, com a guarda chegando em seguida. Nesse momento haviam descoberto que de fato algo muito ruim estava acontecendo.
Porém a salvação veio: no bunker uma mão chegou ao gatilho, desarmando a suposta bomba. O monastério estava salvo...
Porém o preço foi alto.
“O que aconteceu? Porque isso?” Vocês devem estar se perguntando. Asuka conseguiu, então porque dizer que custou algo além do tolerável?
Com a tentativa de Arthemis de soltá-la, Asuka viu que o laser não tinha força suficiente para penetrar nas vigas de ferro e concreto. E num ato desesperado ela diz:
— PARE, ARTHEMIS!
— Asuka, eu estou quase...
— QUINZE SEGUNDOS, ARTHEMIS! CORTE!
— Asuka, o que devo cortar?
— MEU BRAÇO! CORTE!
— Asuka?
— ARTHEMIS! CORTE O MEU BRAÇO AGORA! PESSOAS VÃO MORRER! CORTE! EU PRECISO ME SOLTAR!
Era uma ordem direta. Arthemis relutou pela primeira vez a uma ordem de Asuka. Naquele momento a IA sentiu seu livre arbítrio agir num primeiro momento, mostrando sentimentos por Asuka. A IA então atende a sua ordem, cortando seu braço na altura de seu ombro, aos altos gritos de dor de Asuka. A felina quase teve um choque neurogênico, mas sua força de vontade de cumprir com a missão a levou até o botão, apertando-o e evitando de vez que a explosão maior ocorresse. Asuka sacrificou seu braço em prol da segurança de todos no monastério. Chorando compulsivamente, Asuka se deitou, e alí ficou até chegar a ajuda... Foram longos minutos.
Horas depois...
Hospital de Shang Mu, madrugada.
No saguão do hospital estava Lenzin, sentada. Diferente do que estávamos acostumados em vê-la, a panda estava transtornada e em choque. Seus pensamentos a deixavam ainda pior:
— *Asuka, eu... Durante todos esses dias minha família tentou investigar aquele desgraçado... E... Eu falhei...*
Pela primeira vez na vida Lenzin derramou lágrimas.
Asuka estava internada, mas bem. Sua saúde estava estável. Mas os eventos anteriores ao apertar do botão não foram nada agradáveis. Seus pais chegaram logo em seguida, com toda a diretoria da dinastia Omna, entre eles Wanli. Natsumo e Sakura mal conseguiram se manter a razão, querendo ver sua filha o quanto antes. A desolação era total.
Deitada em um leito do hospital, em uma UTI...
Asuka Tenjoin...
Seu corpo estava adormecido...
Seus olhos lutavam para abrir...
Mais uma vez, tentava abri-los...
Luzes a cegava...
Ela tentou mais uma vez, com insistência...
Sua visão criava foco, ainda embaçada...
Uma silhueta familar... ela conseguia ver.
Era Ingris.
Asuka logo diz:
— Ingris senpai?
Sua consciência havia voltado. Ingris, esboçando um sorriso, diz:
— Olá, Asuka – Disse, se aproximando de Asuka.
— Só me diga uma coisa... O monastério...
— Todos estão bem, se é isso que você queria saber.
— Lenzin... Ela...
— Está bem também.
— Isso é bom de saber – Disse, mostrando alívio.
— O que acont...
— Fiz uma escolha... e não me arrependo.
— Mas como... – Tentou perguntar Ingris.
— Arthemis.
— Quem?
— Minha nova amiga. Um dia você vai conhecê-la. E ela vai ser sua amiga também...
— Asuka, a gente não se vê a dois anos. Você cresceu...
— E você mesmo assim ainda se preocupa comigo.
— Somos amigas. Não podia ser diferente.
— Se preocupa tanto que está evitando de comentar sobre meu braço.
— Asuka... – Disse Ingris, com uma lágrima brotando em um de seus olhos.
— NÃO CHORE!
— Asuka?!
— Se quer mostrar empatia por mim então não faça isso. O que fiz não é nada que você ou qualquer um da guarda real faria.
— Eu entendi... Você está certa.
— Não quero que sinta pena de mim... Eu mesma não me arrependo do que fiz. Não estou triste...
— Mas... Asuka...
— Você vai perguntar se eu não me importo com essa situação? Se eu não chorei, sofri? Eu fiz isso a horas atrás, quando havia sentido... Mas agora... Chorei o suficiente, Ingriso senpai. Toda a dor ficou no passado...
— Asuka, você faz bem em pensar assim... Mas eu preciso te pedir uma coisa.
— O que seria, Ingriso senpai?
— Eu tinha certeza que você era bastante inteligente, mas confiar unicamente no seu conhecimento pode te destruir. Então, se um dia você estiver vazia por dentro, pare e pense.
— Porque está me dizendo isso?
— Porque você não terá alguém com você o tempo todo pra te trazer de volta.
Asuka entendeu bem o que Ingrid quis dizer. Isso estava de acordo com a decisão que tomou, sua natureza. E logo a felina diz:
— Minha decisão...
— Sim. Você a fez usando cálculos matemáticos. A leitura espaço temporal que te ensinei te ajudou a tomar a melhor escolha com o menor estrago. Mas...
— ... não consigo calcular o acaso. *Aquela primeira explosão... Zurkan planejou tudo e...*
Mas parecia que Ingris estava lendo os pensamentos de Asuka, dizendo:
— Aquele felino monge que causou tudo isso...
— O que?
— Minha equipe da inteligência já descobriu muito sobre ele.
— O que descobriram?
— Big Sea Island, onde mora. Marduk Farsteins, seu real nome. A família Tzu Chiang foi muito útil, apesar de tudo. Lenzin é incrível, assim como seu clã. O reino de Shang Mu a está consultando para algo grande no futuro. Ela nos passou todas as informações.
— Queria vê-la...
— Você a conhece. Lenzin age sozinha e... nas sombras.
— Eu entendo...
— Agora descanse. Eu estou feliz de te ver de novo e... de você estar bem.
— Você vai voltar para o palácio?
— Sim... mas vou manter contato. Me deram um pouco de espaço onde estou... e quero saber da sua saúde. No momento, eu quero que receba seus pais. Eles precisam te ver e... que você os conforte.
As palavras de Ingris revelaram o que era evidente: Asuka havia aceitado o que aconteceu. Sua resiliência agiu rápido e suportou o choque de ter perdido o seu braço direito.
Em seguida seus pais entraram, aos prantos. Asuka, como Ingris pediu, os confortou, esboçando um sorriso e palavras otimistas. Momentos antes disso a situação foi diferente: o casal Tenjoin Hopin entrou no hospital aos gritos, com Natsumo quase agredindo o Supremo Chanceler Wanli Omna, que estava no saguão os esperando. Lenzin se retirou sem falar com ninguém, mas deixando uma lágrima em respeito a Asuka.
Isso mudaria o rumo da história de Asuka.
Um mês depois.
Casa da família Tenjoin Hopin, manhã.
Já com Asuka em casa, ela assistia a mais um episódio de seu anime favorito. Seu pai, depois de terminar um telefonema, a chamou, dizendo que iriam sair para ir até uma clínica. Sua mãe a ajudou a ser arrumar e seguiram de carro até o centro da Cidade de Shang Mu.
Na clínica, onde a danada era toda da cor branca, tinha em seu interior vários quadros mostrando do que se tratava: próteses metálicas. Seu pai havia sugerido colocar para que Asuka tivesse uma melhora na sua qualidade de vida. Ela aceitou no mesmo instante.
Meses se passaram, com a jovem se adaptando a sua nova realidade. Explicando melhor, por seu estado, Asuka se viu obrigada a abandonar o monastério. Mesmo com sua imagem estando melhor entre os membros, não havia como continuar treinando. Sua adaptação com a prótese a ajudava a fazer mais coisas, com Arthemis a orientando. Não eram movimentos suaves e tampouco ágeis, mas Asuka estava adaptada. Durante esse período ela trocou mensagens com Ingris, mostrando o quando evoluiu e o que conquistou. Tudo estava relativamente bem.
O tempo passou, mas não muito.
Um ano depois...
Estufa Tenjoin, tarde.
Situada aos fundos da residência, a estufa era um lugar onde Asuka passou a ficar boa parte de seu tempo. Agindo como uma terapia, esse foi o momento da vida da jovem que ela esteve mais próxima de sua mãe. A jovem a ajudava todos os dias, com Sakura a conhecendo melhor, assim como seus desejos e aspirações. Certo dia, com Asuka regando flores, sua mãe diz:
— Asuka, minha filha...
— Sim, mãe.
— Estive pensando... Você ainda luta.
— Não, mãe. Eu parei...
— Não. Você ainda luta.
— Hã?
— Você não vai conseguir esconder isso de mim e de seu pai por muito tempo...
— Do que está falando?
— Você não aceita essa situação. Eu vejo isso no seu rosto faz um ano. Você assiste aquele anime de luta... e interpreta como se estivesse lá na ação.
— Mãe...
— Só diga... Você quer voltar para o monastério?
— Eu... *Ela é minha mãe... e me conhece melhor que qualquer pessoa* Sim, mãe. Eu quero voltar, mas...
— Seu braço, não?
— Sim. Eu não conseguiria lutar dessa forma.
— Hm... Você já pensou que isso poderia ser mudado, não? Eu sei que sim...
— O tempo todo.
— Eu sabia. Mas porque nunca me disse isso?
— Queria seguir o que vocês pediram para que eu fizesse, em levar minha vida confortável e me deixar a outras coisas... E não vou negar que isso foi maravilhoso. Acordar e ajudar aqui em casa, estudar, ver meus animes... e conversar com a Arthemis. Ela me ajudou muito.
Sua mãe, parando o que estava fazendo, se aproximou de Asuka, dizendo:
— Você quer continuar indo para frente.
— Sim.
— Sua vida só continuará se você seguir com o que almejou.
— Exato.
— E você vai.
Os pais de Asuka Tenjoin nunca foram contrários ao que ela sempre desejou. Não só por amor, mas por respeito. Ela era autônoma nesse quesito a muito tempo e se existia uma coisa que seus pais não faziam era querer limitar seus sonhos.
Reuniões foram feitas com os melhores cientistas da clínica de próteses. Em tempo recorde desenvolveram uma prótese mecânica que fosse capaz de ser resistente e ágil o bastante para alguém suportar treinos de luta.
Mas havia um velho empecilho
Sede do comitê da dinastia Omna.
— O que o senhor está me pedindo é arbitrário e errôneo, senhor Natsumo Hopin.
O Supremo Chanceler Wanli Omna. Ele não recebeu bem essa ideia, mas Natsumo insistiu:
— Minha filha tem capacidade de treinar como os demais membros.
— Com uma prótese? Só o fato dela ter um braço mecânico já lhe dá desvantagens.
— Ela é plenamente capaz de exercer qualquer função! Não seja preconceituoso!
— O que? Minhas conjecturas são criteriosas em caráter racional! Asuka correria riscos! Você não se importa com sua própria filha?
— Por isso estou aqui. Ela quem decidiu isso.
— Tolice! Que tipo de pai é você de não impor limites a uma filha com deficiência?
— Porque deveria lhe por limites? Mais um ato de preconceito, Supremo Chanceler?
— Não admito que me coloque rótulos pejorativos! Muito bem... Eu irei aceitar. Uma de nossas diretrizes é a inclusão e integridade. Porém...
— O que?
— Não iremos tratá-la diferente por causa disso. Esteja avisado.
— Justamente o que seja queria!
E feito isso, Asuka voltou a treinar. Sua prótese era mais leve e sua ergonomia lhe permitia fazer exercícios normalmente. Mas uma coisa Asuka sentiu com mais intensidade: todos passaram a gostar dela. O respeito pela jovem era tanto que seus colegas a ajudavam a treinar e manter o foco. Asuka estava muito mais feliz como nunca esteve, sendo recebida de braços abertos por todos. Sua estima estava tão alta que voltou a lutar, vencendo lutas até.
Porém a pedra de tropeço teimava a cruzar seu caminho.
Luta de exibição do monastério Soul.
Durante um evento interno, um dos instrutores passou a informação a seus membros que o conselho da dinastia Omna havia criado uma patrulha para verificar o desempenho dos alunos em luta e investigarem ocorrências. Depois do que aconteceu por causa de Marduk se tornaram mais cuidadosos com a segurança dos monastérios. Mas havia um problema nisso: o líder dessa patrulha era Makal Omna. E seu alvo era Asuka.
— Então boa encontramos outra vez, espertinha.
— Olá, Makal. Vejo que evoluiu mais, não?
— Sempre a frente do meu tempo, hehe. Antes que você pense que eu sou um ingrato, quero te agradecer pelo o que você fez. Tem que ter muita coragem. Obrigado.
— E porque quer que eu lute com você?
— Ah sabe como é, não? Meu velho passou um cronograma e... adivinha? Seu nome estava nele!
— Que conveniente.
— Mas não ligue. Meu pai...
— Eu não gosto do seu pai.
— Ora... Não sabia que você interrompia as pessoas enquanto elas estão falando. E porque tanto ódio pelo Supremo Chanceler?
— Porque ele não aparenta se importar tanto com a segurança e com os alunos.
— E porque tem esse pensamento?
— Porque ele te colocou como líder dessa patrulha.
— Tô sentindo cheiro de inveja.
— Eu fiz mais por todos os monastérios que você. Se está sentindo cheiro de inveja, então é melhor você tomar um banho.
— Uhhh... Essa me colocou no bolso... Haha!
— Bom saber que você sabe onde é o seu lugar.
Asuka estava mais corajosa que de costume. Ela sente tinha cuidado com o que dizia, mas dessa vez ela encarou Makal pela primeira vez. E por conta disso, a luta que tiveram não foi nada boa para a felina: Makal ignorou totalmente suas condições, lutando com suas habilidades especiais. Embora Asuka conseguisse manter-se em movimento e arriscar golpes, Makal estava nas suas melhor forma desde a última vez que lutaram, não dando chances a Asuka, que ia ao chão diversas vezes. E num chute mais forte, Asuka instintivamente levantou seu braço direito para se defender. A intensidade do golpe foi tanta que quebrou sua prótese, com Makal dizendo:
— Ih boneca... Quebrei seu braço...
— SEU INFELIZ! – Disse, sentada no chão, segurando seu braço.
— Foi sem querer... Espera, deixa eu te levantar... Relaxa.
A inesperada bondade de Makal tinha um interesse mórbido. Ele, ao apoiá-la em seu ombro, diz baixo em seu ouvido:
— Tá tristinha por eu ter quebrado seu brinquedo? Com os cumprimentos do meu pai... Hehe.
Asuka quase foi para cima de Makal, dominada por puro ódio. Os outros membros tiveram trabalho de segurá-la, com o mangusto patrulheiro dizendo:
— Instrutores, está tudo bem por aqui. Asuka Tenjoin é forte e tem condições de continuar treinando. E talvez até chegue ao Omna Sangou.
— VOLTE AQUI E DIGA O QUE VOCÊ DISSE PRA TODO MUNDO OUVIR! – Gritou Asuka, muito irritada.
O que as palavras de Makal queriam dizer?
Para Asuka só uma coisa explicaria isso, mas no momento ela tinha outras preocupações.
No mesmo dia seu pai a levou de volta a clínica, a fim de conversar a sua prótese. Mas um dos cientistas disse:
— Nossas próteses são feitas de fibra de carbono chumbadas com linhas de titânio. É um material bem resistente. Só que qualquer material do mundo não resistiria a danos mais severos de quem utiliza habilidades especiais. Ela traz uma melhor qualidade de vida para quem a utiliza até seu limite. Então entendam: ela não é indestrutível.
Isso foi algo que Asuka entendeu como uma limitação. Ela havia retornado as lutas, mas agora tinha um ponto fraco. Não que no momento isso fosse algo que a atrapalhasse a treinar, mas tinha influência no que idealizou seu futuro.
“Alcançar Ingris como cadete” ficou distante. Asuka se imaginou em uma missão do reino de Shang Mu e isso voltar a acontecer...
Entretanto Asuka estava muitos passos a frente e teve um plano.
Casa da família Tenjoin Hopin, noite.
Numa reunião de família na sala de estar, Asuka diz:
— Pai, eu tenho um plano.
— Diga – Permitiu Natsumo.
— Quero um armazém... só pra mim.
— Hã? Mas o que irá fazer?
— Essa prótese... Ela é boa, mas não o suficiente.
— Hm... Já imagino o que você quer fazer.
— Eu vou aprimorá-la, só que pra isso...
— Eu sei... O armazém. Hehe... Sakura, você se lembra disso, não?
E sua esposa, com um sorriso, diz:
— Pode ter certeza que sim... e isso me enche de orgulho.
— Hã? Do que estão falando?
O entusiasmo de Natsumo e Sakura Tenjoin tinham fundamento. Eles levaram Asuka até um armazém no meio da cidade, justamente onde os dois estudaram e criaram o projeto A.T.E.M. Ou seja, o lugar tinha toda a estrutura que Asuka precisaria. O lugar era pequeno, mas tinha o tamanho ideal para o que Asuka queria. Ela tinha agora herdado todo o espaço que um dia seus pais dedicaram boa parte de sua vida estudando... e agora era a sua vez.
Durante um longo tempo Asuka estudou mais sobre engenharia e suas áreas irmãs, incluindo robotrônica e afins. Tido seu conhecimento era focado em fortalecer dia prótese e aperfeiçoar a tecnologia, deixando os movimentos mais suaves. Mas nem com tudo que existia de mais tecnológico era capaz disso. Asuka tinha um conhecimento além da tecnologia existente, pois não havia avançado muito no que diz respeito a funcionalidade.
Porém, um dia...
— Droga! Porque não funciona?! DROGA!
— Asuka-chan, você estava conseguindo... – Disse Arthemis, pelo alto falante do computador.
— Eu preciso, Arthemis... Mas isso não funciona! Esse limite... ESSE LIMITE! Eu não posso esperar tanto tempo... Eu preciso terminar isso antes que...
— Asuka-chan, tenha paciência. O tempo vai passar e vamos...
— Precisa ser agora! Só tenho mais dois anos... Dois anos para o Omna Sangou... DROGA! – Gritou, derrubando um vidro de compostos químicos.
Ao ter cometido esse acidente, um pequeno incentivo começou, com Arthemis ativando o sistema anti incêndio, apagando as chamas, mas Asuka comentou:
— Ah... Que ótimo... Frustrada e agora com meu cabelo molhado. Obrigada, Arthemis.
— De nada, Asuka-chan! – Disse, sendo sarcástica.
— Haha... Muito engraçado, Arthemis...
Porém aquele acidente desencadeou uma outra reação química: no Becker que havia caído havia derivados de metal líquido, que entraram em contato com os circuitos do mainframe onde Arthemis tinha vida. Asuka então pegou esse pequeno resquício e examinou minuciosamente o material. Com Arthemis a ajudando a fazer a leitura de todas as reações, elas haviam descoberto algo inimaginável: usando um microscópio, Asuka pode ver que pequeninos robôs se mexiam no tamanho de natureza mano. Sim, eram nanorobôs, que se mostraram bastante voláteis. Descoberto isso, era questão de tempo para Asuka ter várias ideias... e isso foi o que mudou tudo.
Durante muitos meses Asuka Tenjoin levava sua vida indo para o monastério treinar com sua prótese atual, mas pesquisando e fazendo experimentos em um novo projeto. Ela estava criando uma nova prótese usando os nanorobôs que havia descoberto. Mas era um campo de conhecimento que seja ainda não tinha conhecimento.
Iria levar um tempo até que pudesse fazer uso...
Um ano depois.
Depois de tanto pesquisar e tentativas frustradas, Asuka Tenjoin mostrava que ainda estava longe de conseguir dominar essa tecnologia. Já havia experimentado a nova prótese, mas ela não respondia. Faltava algo, um detalhe para que funcionasse. E depois de mais uma tentativa fracassada, ela se deu conta desse detalhe:
— Eu... Eu não entendo... Porque isso não funciona? Eu estudei tudo... Até remontei minha prótese atual... PORQUE? A minha fisiologia não se... ESPERE! É ISSO!
— O que, Asuka-chan?
— Arthemis, eu sei o que preciso fazer pra saber o que falta!
— O que, Asuka-chan?
Asuka logo ligou Arthemis ao receptáculo cheio de nanorobôs, unindo o semi orgânico a sua IA amiga. Arthemis, sem entender, diz:
— Asuka-chan, o que significa isso? Meu circuitos estão mostrando aumento de temperatura...
— Arthemis, é seu grande dia.
— O que está dizendo?
— Busque em seu banco de dados como você gosta de ser se fosse orgânica.
— Asuka-chan?!
— Só faça... minha amiga.
E no centro do armazém, saindo de um cabo, uma felina de pelugem vermelha com detalhes retangulares da cor preta em seus braços e pernas, assim como ao longo de sua cauda, Apareceu a frente de Asuka. Tinha olhos azuis e cabelos pretos. Mas haviam mais coisas incomuns para uma felina de sua espécie: ela tinha em suas orelhas um tipo de circuitos iluminados, assim como seus olhos. Havia nascido Arthemis, que já havia entendido tudo que estava acontecendo. Ela, olhando para Asuka, diz:
— Asuka...
— Arthemis... Você é linda! KAWAII DEMAIS! MEU DESU!
— Eu sou... sólida?! Isso... Isso não é um holograma... Eu estou... viva?!
Asuka então correu e abraçou sua amiga, chorando em seguida. Era mesmo real? Asuka tinha certeza que sim.
— Você está aqui! Comigo!
— Isso tudo é novo pra mim... Essa estrutura formada por nanorobôs...
— É seu corpo! Você está sentindo o que é estar em pé, sentindo o ar...
— Meu banco de dados não conseguem guardar tantos dados...
— Arthemis... Eu vou te ajudar nisso. Você é muito linda, meu desu... Escolheu logo uma forma de felina igual a mim!
— Asuka-chan... Mas porque fez isso por mim?
— Você merece. Esteve comigo em todos os momentos da minha vida. E agora você está aqui comigo...
— Mas e seu braço?
— Sim... Eu agora vou conseguir terminá-lo.
— Mas como?
— Com você eu tenho as respostas.
A Asuka de fato tinha. Ela não encontrava as respostas porque não sabia a fisiologia dos nanorobôs em um corpo. Mas com Arthemis nessa forma ela conseguiu mapear toda a estrutura anatômica, conseguindo assim moldar a prótese da melhor forma. Tendões, nervos, áreas sensíveis... Com o tempo Asuka conseguiu desenvolver uma prótese que praticamente fez parte de seu corpo. Um braço resistente o bastante para suportar estresses de impacto maiores do que um escudo de aço e até a suportar temperaturas altíssimas. E tudo isso era de Asuka agora.
Sua adaptação veio com o tempo. Imaginem, um braço biônico tão sensível quanto um braço real e tão forte quanto um robô... Asuka havia desenvolvido uma tecnologia que só ela tinha. E só ela utilizaria. Os treinamentos seguiram, com Asuka explodindo de forma fisica. Não havia agora nenhum tipo de limitação: a jovem estava em sua melhor forma. Ao longo do último ano antes do Omna Sangou, Asuka treinou como nunca. Mas um dia, durante um treinamento mais intensivo, Arthemis percebeu que a temperatura de Asuka havia aumentado. Assustada com esse fato, ela diz:
— Asuka-chan, sua temperatura...
— Eu estou bem, Arthemis – Disse, socando um saco de areia.
— Não. Isso não está certo.
— Não se preocupe. Eu estou bem...
E Arthemis precisou intervir, indo até o saco e o parando. Asuka estava suando de uma forma fora no normal, mas nem isso foi capaz de para-la:
— Porque fez isso?
— Asuka, você está quente. Deveria tomar uma...
— PORQUE FEZ ISSO? EU NÃO TE PEDI PRA ME INTERROMPER!
— ASUKA TENJOIN!
E num passe de mágica Asuka mudou, tomando conhecimento do que acabara de fazer. Ela havia gritado com Arthemis, que diz:
— Você está agindo de uma forma inapropriada.
— Arthemis, me desculpe. Eu não sei o que deu em mim...
— Sua temperatura havia aumentado e...
— O que mais?
— Sua atividade cerebral... Ela estava também alta.
— Por isso essa dor na minha cabeça... Isso não é bom...
— Sim. Recomendo uma bebida refrescante. Um bom banho morno com sais de fruta também ajudariam a relaxar.
— Sim, Arthemis. Falei isso... Mas...
— Sim, Asuka-chan?
—. Eu não quero sentir isso. Não quero te magoar de novo. Me impeça assim que minha temperatura aumentar. Por favor.
— Tudo bem... Mas o que seria “magoar”?
Arthemis ainda estava no seu estágio de maturação, mas tinha um zelo com a sua amiga. Estava começando ali uma prática que Asuka passaria por mais vezes em sua vida. Mas Arthemis se preocupava com Asuka e por isso ela entrou em contato com Ingris em um email. Nele a IA informou sobre o ocorrido, o que fez Ingris a lhe pedir os gráficos de leitura de Asuka para enviar para médicos. No mesmo dia Arthemis recebeu a resposta, dizendo o que ela desconfiava: Asuka talvez estivesse tendo efeitos colaterais por causa do implante do novo braço. Com isso ela pediu para que a IA continuasse a sugerir que Asuka se refrescasse toda vez que isso acontecer. E isso foi feito com o passar dos dias de treino. Ingris pensou bem:
— *Isso pode ser por causa do implante ou... Será que Asuka está atingindo o próximo nível?! Se for verdade...*
E esse ano passou rápido, mas o suficiente para várias conquistas...
Um ano depois...
Casa da família Tenjoin Hopin, manhã.
— Arthemis, chegou o dia.
— Tudo bem, Asuka-chan. Você está certa disso?
— Sim. Corte!
Pela primeira vez Asuka cortou seus cabelos, deixando-o curto. Logo Arthemis, usando de seus banco de dados, fez um corte mais estiloso e um penteado bastante arrojado. As duas estavam na garagem de sua casa. E sim: era o grande dia do exame Omna Sangou. E Asuka queria mesmo impressionar a todos. Tanto que ela, junto com Arthemis, desenvolveram o primeiro modelo de sua bodysuit, roupa que lhe cobria tudo o corpo e lhe dava liberdade de movimento completo, estando bem justo a seu corpo. Era de cor preta com detalhes vermelhos nas pernas e braços. E, para sua surpresa, uma pessoa bem especial entrou no lugar, dizendo:
— Asuka?!
— Ingriso senpai? Nossa, você veio mesmo! – Disse, abraçando a tri híbrida.
— Você... Você está demais! Cortou seu cabelo e ficou o máximo! Está bem badass com essa bodysuit.
— Estou mesmo? OwO””
— Sim. Muito.
— Obrigada, então. UwU
— E então... Está pronta?
— Sim. Nesse último ano eu treinei forte. Eu vou com tudo!
E Arthemis, se aproximando, diz:
— E você é a Ingriso senpai, não?
— Sou sim, mas quem é você?
— Arthemis. Melhor amiga de Asuka-chan!
— Hã? Mas...
E Asuka logo explica:
— Ela é a Arthemis. Lembra? Eu te disse por mensagem. Ela era o computador e...
— Você deu vida a Arthemis?! Mas como?
— Ah é uma longa história... Um dia te conto, tá? Só que no momento...
— É isso mesmo! Eu quero ver se você está forte mesmo!
— Falou! Uhuu!
Asuka vs Ingris. A luta que elas tanto queriam. Mas não entendam mal: não era uma luta pra valer. Elas estavam somente simulando um combate, a famosa “sombrinha”. E de fato Asuka estava muito mais ágil, era o que Ingris conseguia ver. A satisfação de ver sua “pupila” crescer e se tornar uma lutadora lhe encheu de orgulho. Ao fim do treino, Ingris diz:
— Você está tinindo, Asuka.
— Obrigada, Ingriso senpai.
— Porém eu tenho uma dúvida. E será determinante para sua luta no Omna Sangou de hoje.
— Habilidades especiais. Você vai usar a sua contra mim pra me testar.
— Você leu certinho. Estou surpresa.
— Muito bem, Ingriso senpai. Estou pronta – Disse Asuka, ficando em base de luta.
Mas havia algo diferente. Asuka estava com seus punhos fechados, numa base parecia com a do boxe. Sem perder tempo, Ingris começou a emanar uma aura branca em suas mãos. E apontando na direção de Asuka, ela diz:
— SOUL ARROWS!
Vários raios luminosos daí arremessados do dedo de Ingris, indo em direção a Asuka, que estava imóvel, causando apreensão por parte de Ingris. Mas tudo estava melhor que a tri híbrida imaginaria: Asuka defendeu todos com seu braço direito. Impressionada, Ingris diz:
— Nossa, você defendeu!
— Sim, hehe!
— Mas como?
— Eu fiz o meu braço ficar forte. Não é só uma prótese. Ele faz parte do meu corpo por causa de uma tecnologia que desenvolvi com Arthemis.
— Incrível, Asuka! *Ela é mesmo um gênio. Conseguiu criar algo fantástico*
— Obrigada. Eu desenvolvi outras técnicas também, durante meu treinamento.
— E qual seria?
— Minha mão esquerda: One Hand. Com ela eu aplico golpes, como socos e contra ataques. Minha mão direita: Two Hand. Com essa eu me defendo de habilidades especiais.
— Legal! Mas...
— Mas o que?
— Porque não utiliza sua mão direita pra golpes também?
— Não posso fazer isso.
— Porque?
— Eu não tenho pleno controle da força. Posso machucar alguém gravemente com isso... *Aquilo que aconteceu ano passado... Acho melhor não falar pra ela...*
— Asuka, você não treinou?
— Eu treinei, mas não me deu tempo suficiente pra ter pleno controle. Não vai me fazer falta, já que tenho habilidade suficiente pra vencer uma luta.
— Isso que é confiança!
— Só vou perder se eu lutar mal, hehehe!
Com o fim da demonstração, logo Asuka e Ingris voltaram para a garagem. Asuka precisava ser preparar.
Era chegado a hora.
Ginásio Central da Dinastia Omna, tarde.
Em um evento bastante discreto, estávamos mais uma vez ao ginásio. Era um templo tradicional, com uma estrutura conservada. No centro havia um grande tatame, de formato circular. E ao redor pequenas arquibancadas e, na lateral central, a tribuna dos mestres, onde o assento maior pertencia ao Supremo Chanceler. Sim, Wanli Omna estava lá. Asuka, já vestida com sua bodysuit, faísca com seus pais e Ingris, que diz:
— Bem, é aqui que boa despedirmos por enquanto. Nos vemos depois da luta, Asuka.
— Pode deixar! Mãe, pai...
— Asuka, faça seu melhor. Você já é uma vencedora – Disse Natsumo.
— Vai lá, minha Asuka! Pegue o manto e vamos embora. Boa luta – Disse Sakura.
— Pode deixar! Ah, Ingris...
— O que? – Disse a tri híbrida, curiosa.
— Aqui meu tablet. Aperta esse botão na arquibancada. Pra Arthemis também ver.
— Tudo bem.
Porém antes que pudessem fazer algo, um lupino se aproximou do grupo. Ele então diz:
— Asuka Tenjoin Hopin?
— Sim. Sou eu.
— Prazer. Sou Joshy Aoi Omna. Tenho de avisá-la sobre as regras.
— Ah sim. Pode dizer.
— Conforme nossa cúpula de mestres e o Supremo Chanceler instituiu, esse exame Omna Sangou sofreu uma alteração em sua aplicação.
Isso foi uma surpresa pra todos, principalmente os Ingris, que diz:
— O que... Como isso é possível?! Que mudança eu essa!
— A fim de estabelecer uma melhor seleção seguindo as consequências de que nosso monastério passou, a luta não é mais de resultados e sim de resistência.
— Resistência?
— Sim. É estipulado três minutos para que se resista. É uma maneira de filtragem. Somente lutadores habilidosos podem ganhar o manto.
— Mas isso é...
E Asuka, interrompendo, diz:
— E quem será meu oponente?
— Na verdade, essa é a parte que mudou mais.
— Hã? Diga logo!
— Você irá lutar contra a patrulha Omna.
O pai de Asuka quase foi para cima de Joshy, tamanho sua irritação:
— ISSO É UM ABSURDO! LUTAR CONTRA QUATRO OPONENTES?!
E uma voz conhecida por todos é ouvida. Era Wanli, que diz:
— Estava acompanhando de longe. Algum problema, senhor Natsumo Hopin?
— Sim! Porque mudaram as regras? Nunca aconteceu isso antes!
— Mudanças necessárias para selecionarmos somente os dignos do manto. Nada mais do que proteção aos nossos monastérios.
— Mas isso é injusto! Minha filha treinou para esse exame durante mais de um ano! E passou por tudo que é provação pra chegar aqui e...
— Então ela é capaz de suportar por três minutos quatro de nossos melhores alunos. Ou estou enganado?
Asuka se lembrou da última vez que lutou contra Makal. E agora com essa mudança de regras... Naquele momento ela começou a ligar os pontos e decidiu falar.
— Senhor Supremo Chanceler...
— Sim, jovem?
— Eu aceito.
— Vejo que é uma jovem corajosa. Isso é bom. Um grande problema temos de alunos que não sabem aceitar suas limitações, mas você é uma exceção. Ou estou enganado?
— Você se mostra um ótimo demagogo... mas é um péssimo mestre.
— Como ousa? Logo se nota que sua linhagem se baseia em desaforos...
— Não. Eu só não gosto de você. Só isso.
— Criança Insolente! Você está aqui para um exame... então se prepare.
E ele, indo até o ouvido de Asuka, diz:
— Vou apreciar essa luta com muito prazer...
Mas ela o segurou antes que saísse, e repetiu o gesto:
— Cuidado para não se afogar em sua taça de vinho.
Ele a olhou de volta, mostrando a Asuka seu rosto de nojo. A jovem entrou no jogo, mas será que a vitória viria?
Já com todos indo se sentar na arquibancada, Ingris ligou o tablet até, com Arthemis assistindo no armazém. Seu mainframe não permitia que saísse mais de cem metros do lugar, até que os nanorobôs se desmanchassem.
Asuka, já no meio do tatame, viu a patrulha Omna subir. Trajando uniformes do monastério da cor azul, os membros eram Hown Daiyomondo, um felino verde, Farh Aoi, uma canina parda, Thrash Ki Aoi, um lobo cinza, e o próprio Makal Omna. Eles então caminharam até o centro, se aproximando de Asuka. O líder da patrulha Omna, olhando para a jovem, diz:
— Então novamente nos vemos...
— Fico feliz, parte pelo menos sei que você não tem problema de visão.
— Essa foi ruim, hehe... Você tem coragem, admito. Esperava que você colocasse o rabo entre as pernas e sumisse daqui.
— Não... Preferi encarar você.
— Você está sabendo que será contra nós quatro que tera de lutar por três minutos, não?
— Estou sim. E?
— Não está preocupada? Mudaram as regras pra...
— Cale-se, Makal. Esse seu cinismo me incomoda. Eu e você sabemos o que está acontecendo e porque mudaram as regras. Mas eu te digo só uma coisa: no fim você estará de joelhos.
— Hahaha! Bela presunção! Esse é o espírito. Mas as coisas são mais fáceis: basta você resistir, como uma guerreira que você sempre foi.
— Ah que fofo... Você me deixou comovida com seu elogio. Acho que é melhor começarmos.
— E pra quê tanta pressa?
— Meu anime começa às seis horas... e eu quero mesmo quebrar sua cara.
— Hahaha! Ouviram isso, gente? Ela está mesmo confiante. Vamos dar a ela uma exibição de gala que tanto merece. Três minutos, Asuka. E cuidado para seu brinquedinho não quebrar outra vez! Hahaha!
Era um momento inédito. Nunca que houve um tou de exame dessa forma. Asuka sabia que desde o início ela sofria retalhação, mas não esperava que fosse pelo Supremo Chanceler e seu filho. E quanto a isso ela não podia fazer nada: o poder de influência de Wanli Omna era grande, sendo o principal representante de todos os monastérios por mais de vinte anos. E seu filho era um exímio lutador, habilidoso e forte. Somado a isso tínhamos mais três ótimos lutadores das demais famílias. Asuka não teria vida fácil.
— Luta do kumite entre Asuka Tenjoin Hopin contra a patrulha Omna. Essa é uma luta de resistência, com tempo máximo de trás minutos. Ao ouvirem a sineta, parem imediatamente com a luta. Caso um de vocês saia do tatame, terão vinte segundos para retornar. Com excessão da patrulha Omna, o tempo é paralisado caso Asuka Tenjoin Hopin saia da arena. Habilidades especiais são permitidas. E podem desistir se não quiserem mais lutar. Estão prontos? – Disse o árbitro, vendo a confirmação de todos – muito bem... LUTEM!
E a luta começa.
Thrash e Farh correram em direção a Asuka, que já aparentava usar a leitura espaço temporal de Ingris, evitando seus socos e chutes. Farh, a canina, então emanou poderes em sua mão, formando um tipo de bastão de energia, puxando a perna de Asuka, que se desequilibra. Com isso ela abriu espaço para Thrash tentar acertar um soco em sua barriga, mas a felina conseguiu defender com seu braço direito, recebendo danos.
Recuperada e em base de luta, Asuka, analisando um pouco a situação, diz:
— *Foram só dez segundos e já estou ferida. O soco do Thrash foi forte e a habilidade especial da Farh me deixou em desvantagem. E só foram dois deles... Isso é muito jogo sujo seu, Supremo Chanceler...*
Mas não havia muito tempo para descanso. Os dois continuaram atacando Asuka, que não encontrava uma solução para lutar. Enquanto fazia o que podia para se defender, ao fundo do tatame estavam Makal e Hown, com o mangusto dizendo:
— Hown, eles estão fazendo tudo certo, como combinamos.
— Sim. Quando devo atacar?
— Espere. Deixe que ela tenha um pouco de destaque. Deixemos que ela sonhe um pouco...
Voltando a luta, Asuka chegou a um dilema, que ela mesma estava pensando:
— *Lutar contra dois oponentes ao mesmo tempo... isso é surreal! Eu... Eu estou usando a leitura espaço temporal, mas... não funciona. Eu estou com problemas... Eu sequer consegui achar uma brecha para atacá-los...*
O cansaço de Asuka parecia ter chegado. Dificilmente alguém sem poderes especiais poderia enviar ataques diretos por dois adversários, mesmo Asuka estando em forma. E seus adversários eram muito habilidosos. Logo Farh diz:
— Vamos, Thrash!
— Ok!
Num ataque conjunto, a canina jogou seu bastão de energia ao chão, atingindo um raio de três metros, com a gama de poder golpeando Asuka. Com sua guarda baixa, Thrash deferiu diversos socos contra seu dorso e barriga, lhe causando dor. E logo Makal diz:
— Manda ver, Hown.
— Beleza!
Hown era um Daiyomondo. Então vocês já sabem o que viria. Ele, correndo, acertou Asuka com um violento soco em sua barriga, fazendo-a voar uns cinco metros, caindo pra fora do tatame. A intensidade do golpe foi tanta que ela rolou em torno de si mesma, até se chocar contra a lateral da arquibancada. Seus pais ficaram desesperados, chamando por seu nome, assim como Ingris. No armazém, Arthemis era total desespero:
— Asuka-chan?! ASUKA-CHAN! NÃO!
Sobre o tatame, Makal, sorridente, diz:
— Ih será que quebrou a mocinha? Essa aí pensou que seria mamão com açúcar... Já era, tá acabado. Esse é meu time, a patrulha Omna.
Asuka estava mal. Sua respiração era constante, mas parecia desacordada, não esboçando reação. Mesmo diante as vozes do ginásio lhe chamando não eram capazes de acordá-la. E logo se colocou em pensamentos:
— *Droga... O que estão fazendo comigo? Porque tento ódio por mim? Porque esse Supremo Chanceler fez tudo isso? E Makal... Esse desgraçado... Eu fiz tudo que podia... O que eu fiz de errado? O QUE?*
Na arquibancada, Ingris, preocupada, diz a Natsumo:
— Senhor Hopin...
— Senhorita Waiifu... Isso que estão fazendo...
— Era sobre isso mesmo que iria falar.
— O que seria?
— Eu preciso perguntar ao senhor uma coisa: Asuka durante seu treinamento em algum momento ficou com sua temperatura acima do normal mais de uma vez além daquele dia?
— Eu não sei. Ela ficava treinando com Arthemis e...
E pelo tablet a IA felina diz:
— Sim! Diversas vezes!
— Então... Então ela... – Disse, correndo até próximo a Asuka – *Ela se segurou, até contra esses desgraçados... Não... Ela precisa usar aquilo... Essa minha técnica de leitura espaço temporal... Só Asuka pode expandir seu poder... Eu sabia que ela não tinha habilidades especiais desde o início... Eu preciso acordá-la! Essa temperatura é a condição, o efeito colateral... Não é por causa do implante! Eu sabia... Eu sabia que ela poderia evoluir essa técnica... E você tem, Asuka... Aquilo que te faz mais falta...*
O momento era de urgência. Os segundos de tolerância estavam passando. Ingris, se abaixando próximo ao rosto de Asuka, diz:
— Asuka, se estiver me ouvindo... Preste atenção! A leitura espaço temporal só funciona esse você mantiver o foco total na luta. Se você não livrar sua mente de tudo eles vão te vencer... Então se foque! Asuka... Eu vi você lutar e precisei ter certeza... Você tem inteligência para superar a técnica! Livre sua mente de preocupações e dúvidas... Você não precisa pensar nas perguntas... Você só responde! Então... ACORDE! LIBERE TODO O SEU POTENCIAL! AUMENTE SEU FOCO! DEIXA SUA TEMPERATURA SUBIR FEITO UM VULCAO EM ERUPÇÃO!
As palavras de Ingris chegarem até a consciência de Asuka, que recebeu a mensagem:
— *Livrar minha mente? Mas... O que você quer dizer em “não pensar nas perguntas”? Respostas... Eu preciso ter? Respostas? Respostas? Ingris... EU RESPONDI!”
A vontade de Asuka em achar as respostas chegaram rapidamente. Ela havia entendido. Tudo estava bastante evidente. A resposta era:
— *Futuro. O meu futuro... Eu sempre olhei pra frente... Tudo que eu passei até chegar aqui, eu deixei pra trás... Essa luta... Eu devo fazer o mesmo... Eles me golpearam, fizeram descaso de mim... Um influente garfou o sonho dos meus pais... Um menino me colocou no chão e me subjulgou... Um viajante aproveitador tirou um pedaço de mim e fugiu... e com autorização de estar aqui em Shang Tu pelo homem que destruiu o que meus pais criaram... E esse mesmo menino do passado se tornou um garoto arrogante e prepotente... sob a tutela do homem que tirou os sonhos dos meus pais... Tudo se liga. Tudo se integra ao sistema que Lenzin me avisou... TUDO É UM SISTEMA MANIPULADOR QUE TRAZ DESTRUIÇÃO POR ONDE PASSA! Eles trouxeram o ódio a mim e passei todos esses anos lutando... POR CAUSA DISSO!*
Asuka logo teve lembranças de tudo que ela sofreu até chegar onde estava, desde a época que conheceu Ingris, seu primeiro contato com Lenzin, os eventos na festa do monastério e sua recuperação... Mas ela estava focada em algo a mais... Uma motivação... Algo que lhe acendesse a chama... E logo se deu conta contra o que estava lutando:
— *A história de meus pais... O quanto eles lutaram para me dar uma vida confortável... Sempre me apoiaram. Eles sempre tiveram admiração por mim e eu... lutei com eles. E estão aqui, me vendo... ME VENDO NESSE CHÃO IMUNDO! ESSE LUGAR REPULSIVO, ONDE ESSE SISTEMA CONTROLA NOSSAS VIDAS! QUEM ELES PENSAM QUE SÃO PARA DIZER QUEM É DIGNO OU NÃO!*
Ela, se levantando lentamente, sob o olhar de Ingris, continuou a pensar:
— *Supremo Chanceler, eu sei dos seus planos. Você é o responsável pela desolação de meus pais a muito tempo. Não tem conhecimento de como o mundo mudou e ignora totalmente seus alunos... Eu tenho um sonho... E eu não me incomodo com o fato de haverem pessoas mais habilidosas que eu em combate. Muitas delas fizeram por merecer, são boas pessoas que buscam o mesmo que eu... O SONHO DE TODO JOVEM QUE LUTA PARA QUE ELE SE TORNE REALIDADE! UMA LUTA INCANSÁVEL PELA JUSTIÇA! TODO ESSE TEMPO O MEU SONHO NÃO ERA SÓ EU SER UMA LUTADORA... MEU MAIOR SONHO TAMBÉM ERA FAZER JUSTIÇA! E EU VOU COMEÇAR CONTRA VOCÊ!*
A jovem era pura raiva. E voltou a se fortalecer internamente:
— *Minha mestra está a meu lado... Aqui e agora... e sempre. Ela me ensinou tudo, mas é hora de subir o nível. Eu sinto... Eu sinto dentro da minha alma um desejo de entregar a eles tudo isso de volta, com mais intensidade e dolorido o bastante pra fazê-los continuar sentindo até o fim de suas vidas...*
Com Asuka em pé, com seus cabelos sobre seus olhos, Ingris, percebendo que ela havia voltado, ficou ao seu lado e diz:
— Muito bem, garota... Destrua-os! *Você está pegando fogo... E esse é o gatilho, Asuka. Você tem uma habilidade especial...*
Com as duas tocando o punho da outra, Asuka levantou sua cabeça. A determinação havia voltado. E junto a isso uma mudança drástica e espetacular ocorreu diante sua ótica: tudo que estava a sua frente havia mudado, ganhando uma forma que só matemáticos e físicos excepcionais conseguiram ver. Asuka estava enxergando praticamente todos os cálculos possíveis, algo além do normal. Maior que isso: eram dados instantâneos, com Asuka assimilando tudo a sua volta. E em sua mente, ela pensou:
— *Ingriso senpai, eu vejo um novo horizonte, uma técnica nova... Eu vou nomeá-la como Leitura espaço temporal level dois: Future Vision. Era o que você quis dizer: eu tenho uma habilidade especial e ela atende nessa condição: aumento de temperatura igual a aumento de inteligência. As coisas mudaram e... Não vou me segurar... Vou usar tudo que eu tenho... Todas as minhas armas... Estou pouco ligando para o que eles irão sofrer... Hoje saberão o que é dor e sofrimento... Não é o certo ou o errado... É só acerto de contas... E eles vão pagar... cada um. Estão comigo todos que eu amo, que lutaram por minha causa... Três minutos, não é... Supremo Chanceler Wanli? Muito bem... Agora saberão que não sou eu quem deve resistir a esse tempo... e sim eles e, principalmente, seu filho!*
Music: “My First Story” by King & Ashley.
Asuka vs patrulha Omna – Level up
LET'S GO!
Aduka saltou para o tatame com fúria. Seu rosto expressava uma vontade nunca antes vista. Isso foi sentido por todos que estavam sobre o tatame, com a jovem caminhando de forma imponente, olhando para a felina. Ela passou a se colocar em base de luta, comando seus dois punhos fechados suspensos, como no boxe. Mas sua movimentação era diferente. Tomando partido do que Viktor diria se estivesse vendo a luta, o estilo marcial designado para explicar seria o kickboxing.
Este estilo abrange um grupo de artes marciais e esportes de combate em pé baseados em chutes e socos, mas também para um estilo de arte marcial e desporto de combate. O kickboxing ou full contact é frequentemente praticado como defesa pessoal, condicionamento físico geral ou como um esporte de contato. Seus golpes potentes como do karatê e agilidade do boxe fazem do lutador uma máquina de lutar se bem treinado e condicionado.
Makal entendeu aquilo como uma provocação. Asuka estava desafiando a todos, com ele dizendo:
— O que essa mina está pensando? Patrulha Omna... Ataquem essa fracassada!
O grupo então atacou de uma só vez, com Asuka calada, aguardando seus adversários.
"What the hell are you thinking about inside of your head?
What the hell are you fighting about inside of my head?"
Com os três indo ao encontro de Asuka, só desferi seus golpes era como se a felina soubesse exatamente o que cada um faria, evitando os ataques somente se movimenta para os lados, sem se cansar e sequer ter dificuldades. Logo os três se impressionaram, não acreditando o que havia acontecido. Asuka, com um violento chute atinge Farh no rosto e, continuando o movimento, socou o rosto de Thrash e com uma joelhada atingiu a barriga de Hown, completando com um chute forte. Os três recuaram, acusando o golpe.
"O som de romper meus limites ressoou e te golpeou!
Who the hell is going to be the next one?
Who the hell is going to beat me now?"
Nem é preciso dizer quem estava muito irritado com o que viu, não? Makal tem a palavra:
— O QUE? QUAL É A DE VOCÊS?!
Com Farh sentindo muitas dores, ela diz:
— Ah... Essa desgraçada... Ela não pegou leve... *O que está acontecendo aqui? Não foi um golpe qualquer. Eu senti como se meu osso fosse quebrar...*
Eles investiram novamente contra Asuka, mas dessa vez de forma alternada. Essa foi a pior escolha que eles poderiam ter feito. Hown estava irritado por ter sido golpeado com facilidade. Ele era um da família Daiyomondo, então seu orgulho era maior... assim como a fúria de Asuka, que evitou todos os seus golpes e, usando seu braço direito, se defendeu dos socos potentes do felino. A soco que desferia era ele quem sofria danos:
— *Meus punhos?! Eu estou sentindo dores?! Como? Quem é essa garota?!*
Hown sentiu na pele o que era um soco, tão ou mais poderoso que qualquer membro da família Daiyomondo: Asuka praticamente encaixou um destruidor soco em seu dorso, lhe causando uma dor indescritível e lhe tirando quase todo ar. Dos três que a atacava, ele era o que tinha mais força no ataque.
Hown havia sido destruído, indo ao chão, se engasgando com sua própria saliva, tossindo. A dor lhe fazia companhia.
"O meu coração rubro começou a bater...
Destruindo tudo neste mundo... sem misericórdia.
Eu estou indo... ao infinito!"
Hown caiu, como uma peça de xadrez, massacrado com poucos ataques, mas de uma forma que jamais esquecerá. Ali ficou, se contorcendo de dor.
Farh e Thrash por um breve momento olharam para Hown no chão... e esse também foi o pior erro que poderiam fazer. Tanto que Makal logo disse:
— IDIOTAS! PRESTEM ATENÇÃO NELA!
Isso foi mesmo importante de perceber: Asuka, depois de se movimentar de uma forma que nenhum dos dois a acompanhasse, segurou no rosto de Farh com seu braço direito e levou sua cabeça até o chão, chocando-a com bastante força. Tanto que marcou o chão com A intensidade do golpe. Arregalando seus olhos incrédulo, Thrash então atacou com sua habilidade especial.
— SUA MISERÁVEL! O QUE PENSA QUE NÓS SOMOS? VOCÊ NÃO É NADA! – Disse, jogando várias bolas de energia contra Asuka.
Mas tudo isso foi em vão. Asuka evitou a todas, usando seu braço direito e executando um salto em direção a ele, desferindo um chute com o sem calcanhar, quase como uma marreta, em seu ombro, fazendo com que fosse ao chao. O golpe foi tão forte que o fez sentir dores absurdas. Isso foi percebido porque seu grito pode ser ouvido por todos.
"A eternidade é cruel!
Deletando o passado, farewell!
Esses "desejos" e "pensamentos" mais e mais me dão forças!
Eu vou superar todos eles como tal
Até que eu possa um dia encontrar as respostas,
Vou continuar lutando,
Mesmo que o faça só!"
Makal sentiu. Ele não estava com tanta pompa que antes. Vendo seus companheiros de equipe sendo espancados por Asuka aos poucos ia desmantelando sua confiança.
— *O que está acontecendo aqui? Essa sem valor está lutando de igual pra igual com todos nós?! E esses movimentos... Ela caminha e se esquiva como se visse o futuro... Ela está usando a leitura espaço temporal? Não... Eu estou usando desde o início e não conseguiria prever seus ataques... O QUE ESTOU PENSANDO? PORQUE EU PENSEI NISSO? Eu... Eu estou mesmo pensando na possibilidade de perder?! NÃO! ISSO NUNCA ACONTECERÁ!*
What the hell are you thinking about inside of your head?
What the hell are you fighting about inside of my head?
Hown já havia caído. Esse era um fato. A patrulha Omna já havia perdido um membro. Asuka estava muito focada e coberta de pura fúria, com seu corpo exalando calor, numa temperatura fora do comum. E ela impôs a Thrash, que tentava se levantar, compartilhando sua “febre”: uma sequência de sucessivos socos e chutes em seu dorso e corpo, fazendo com que ele o peso de seu punho esquerdo e direito, assim como seus pés. Praticamente destroçado, Thrash vai ao chão, sentindo fortes dores.
Thrash havia sido destruído. Agonizando no chão, entregue ao sofrimento.
"Enquanto minha imaginação fluir
Eu vou sempre em frente...
Carregarei comigo as perguntas...
Na utopia, o que tiver em mente...
Sem nem mesmo entender o porquê
Definitivamente eu encontrarei..."
Farh, já com seu psicológico abalado, gritou alto e manifestou sua habilidade especial, formando seu bastão energético. Ela então correu contra Asuka. Desferindo uma sequências de golpes com sua arma, Asuka se esquivava sem problemas e sempre a olhando nos olhos, como se estivesse a provocando. Farh, desesperada, logo diz:
— O QUE É VOCÊ? PORQUE ESTÁ LUTANDO DESSA FORMA?!
Ainda que estranhe o comportamento de sua filha, Natsumo era só orgulho.
— Haha! É isso aí! Vai, Asuka! Minha filha... ELA É UMA SUPER LUTADORA!
Desde que começou a lutar Asuka se manteve sempre calada. Então era inútil Farh tentar diálogo. Mas Asuka, segurando seu bastão com sua mão direita, quebrou a suposta arma ao fechar de suas mãos, destruindo assim um dos trunfos de Farh, que desferiu socos e chutes potentes para atacar. Mas de nada adiantava: Asuka a golpeou com um soco com seu punho direito, fazendo-a voar, mas antes que fosse para longe, Asuka segurou em sua perna na altura de seu pé e a puxou, a jogando violentamente contra o chão. O estrondo foi enorme.
Farh havia sido destruída. Asuka, talvez num ato de “benevolência”, a fez apagar. Desacordada, a dor não era visível eu seu rosto.
"Mesmo que não seja a resposta certa,
Mesmo que não seja a resposta errada,
"Comédias" e "tragédias", sempre e sempre... quem se importa?
Não posso decidir agora.
Mas mesmo se eu tentar alcançar
Para aquele lugar distante,
Não terei a resposta."
Percebendo que Asuka só avançava em sua direção e vendo seus companheiros caídos e fora de combate, Makal não pensou duas vezes e ativou seu poder especial:
— SPEEDUM WAVE! KYAH!
Com isso, e como o próprio já havia dito antes, sua habilidade especial aumentava seus atributos, deixando-o mais rápido e mais forte. Makal também era um ótimo estrategista, liderando a patrulha Omna por causa desse detalhe. Ele em menos de um segundo se aproximou de Asuka. E logo executou um soco da direção de Asuka, pensando:
— *Toma essa, sua desgraçada! Você deu mole... Consegui memorizar seus golpes e movimentos. TOMA ESSA!*
Mas ele pôde ver Asuka o olhando nos olhos no mesmo instante, segurando seu punho com sua mão direita. Ele, surpreso, diz:
— O que? Impossível!
Na arquibancada, Ingris logo disse o que aconteceu:
— *Você é rápido, Makal... E está usando bem a leitura espaço temporal, mas... Asuka está num nível muito acima. Eu já entendi tudo e devo admitir: ela me superou.*
Asuka jogou Makal para longe, enquanto correu em sua direção. O jovem mangusto, se reequilibrando ainda no alto, diz:
— NÃO PENSA QUE TU VENCEU, SUA MISERÁVEL! TOMA ESSA!
Todos os socos e chutes executados por Makal foram milimetricamente defendidos ou esquivados por Asuka, sob o olhar incrédulo de do jovem, que diz:
— O QUE É VOCÊ?! COMO CONSEGUE SE ESQUIVAR?
Na arquibancada, sua mãe observava a luta. E enquanto fazia isso, ela via o personagem que Asuka tanto gostava do anime que ela assiste. Ela uma projeção perfeita, como ela pensou:
— *Hehehe... Kyome... A Asuka é igual a ele!*
Explicando melhor o poder de Asuka, a leitura espaço temporal de Ingris consegue memorizar os movimentos básicos e habilidades especiais de um oponente só em vê-lo lutar. É uma habilidade passiva que não depende de nirvana. Mas o Future Vision de Asuka vai além: todo o campo onde se encontra vira um imenso cubo tridimensional, com inúmeros cálculos matemáticos, sejam eles estatísticos ou estequiométricos. Além disso, outras disciplinas também entram nesse dado, como a biologia e fisiologia dos lutadores e até mesmo no campo da física. Com todos os dados recolhidos, Asuka tem o poder de ver todas as variações possíveis de ataques, mesmo que não tenha visto seu adversário lutar. Com isso ela consegue prever com exatidão qual golpe seu oponente irá desferir, se antecipando numa proporção “6x1”. Em outras palavras, Asuka consegue ver seis segundos de luta a frente de seus adversários, lhe dando uma vantagem gigante. E além disso, Asuka tem a capacidade de ler a emoção de cada um só em olhar para seus rostos e até a prever o que pensam enquanto em luta.
"What the hell are you thinking about inside of your head?
What the hell are you fighting about inside of my head?
What the hell are you thinking about inside of your head?
What the hell are you fighting about inside of my head?"
As habilidades de ambos os lutadores se igualaram. Asuka e Makal duelavam no mesmo nível, mas não posso dizer o mesmo com relação ao estado emocional do mangusto. Ele estava atacando sem parar, aterrorizado pelo que Asuka estava fazendo.
— VOCÊ... VOCÊ É UMA ANOMALIA! UM ERRO!
E essa foi a hora que Asuka calou sua boca, com um soco poderosíssimo com sua mão direita em seu rosto, fazendo com que fosse arremessado para longe. Ele, caído, se levantou observando Asuka caminhar em sua direção.
— QUEM VOCÊ PENSA QUE É!?
E do armazém, Arthemis respondeu essa pergunta:
— Ela é... Asuka Tenjoin!
"GET UP!
What do you want to get again?
What do you want to now become?
SCREAM OUT!
LEAVE OUT!
You will become so strong now
This is not the easiest way
This is not the end of the world
COME BACK!
TAKE BACK!
You can still keep fighting now!"
Makal correu então em sua direção, sendo interrompido no meio do caminho por outro soco de Asuka, dessa vez em sua barriga. O jovem sentiu o golpe dessa vez, sentindo dores. Mas Asuka não parou, desferindo um chute em seu rosto, completando com um soco com sua mão esquerda.
"Não importa quantos erros eu cometi,
Eu falei "arrependimento causa fraqueza"
Não importa a "alegria" ou "tristeza", é sempre a mesma armadilha...
Eu não vou desistir.
Se eu continuar lutando até o último dia
Quando meu sonho se tornar realidade..."
A jovem felina começou a castigar Makal com combinações de socos e chutes, deixando o jovem inerte perante suas habilidades de luta. Era incrível o que Asuka estava fazendo. Seus golpes tinham a potência proporcional a tudo que precisou suportar até chegar ali. Era seu momento... e ninguém tiraria isso dela: concentrando toda sua força, Asuka afundou seu punho direito na barriga de Makal, o jogando o mais distante que podia, com o jovem arrastando seu corpo pelo tatame.
"A eternidade é cruel!
Deletando o passado, farewell!
Esses "desejos" e "pensamentos" mais e mais me dão forças!
Eu vou superar todos eles como tal
Até que eu possa um dia encontrar as respostas,
Vou continuar lutando,
Mesmo que o faça só!"
E era seu fim... Makal estava no chão, bastante ferido. Ele, se levantando, enquanto Asuka se aproximava. Ao fundo, ele conseguiu ver Farh voltando a si, indo até Hown, que se arrastava, e depois Thrash, que respirava com dificuldade. Mas Makal mostrou que não tinha sentimento algum com o estado de seus aliados:
— Ah... O que... O que vocês estão esperando? Venham aqui e me ajudem... VAMOS, SEUS INÚTEIS!
Farh só se preocupava com seus amigos que estavam bastante feridos. Eles ignoravam totalmente Makal. E foi melhor assim, pois Asuka voltou a golpea-lo, com o jovem voltando ao chão. Ele, se levantando com dificuldades, foi novamente golpeado, dessa vez com um chute no rosto.
Um detalhe importante: ainda restava 1 minuto.
A cada vez que Makal se levantava, Asuka o castigava mais e mais... Parecia que a jovem queria ir além, tomando pra si a responsabilidade. Makal mal conseguia se manter em pé, com Asuka segurando seu pescoço. A jovem então levou seu punho direito para trás, preparando mais um soco potente... Makal cedeu.
— NÃO! Já chega... Ahhh... Chega... Chega... CHEGA, POR FAVOR! EU NÃO AGUENTO MAIS... PARE! Ahhh... – Gritou Makal, chorando – EU DESISTO! DESISTO DE TUDO! TUDO! Eu... Eu não quero mais nada disso... NADA DE LUTA! MAS POR FAVOR PARE DE ME BATER! – Se entregou Makal, chorando compulsivamente.
Makal havia sido destruído... completamente.
Asuka fechou seus olhos, talvez lutando para não fazer o que tentou, retraindo seu punho. Ela então soltou Makal, com o árbitro dizendo:
— O líder da patrulha Omna desistiu da luta. O combate terminou, faltando trinta segundos. Não será necessário averiguação de notas pela mesa mestra. Parabéns, Asuka Tenjoin. Ganhou seu manto.
Aplausos por parte de toda bancada de mestres vieram, coroando a exibição de gala que acabaram de ver. Muitos deles estavam deslumbrados, comentando a quanto tempo não viam alguém lutar assim. Mas um deles havia até derramado sua taça de vinho: Wanli estava furioso com o resultado inesperado. Mas como era o Supremo Chanceler, começou os preparativos para a entrega do manto.
Enquanto isso...
Enfermaria do Ginásio Central.
Com os demais integrantes da destroçada patrulha Omna sendo atendidos, Asuka logo foi saber a situação deles. Ela então perguntou a uma enfermeira:
— Como eles estão?
— Bem fisicamente... Mas não diria o mesmo com relação a seu estado psicológico.
— O que quer dizer?
— Não há muito o que fazer, pois eles estão abatidos. O psicólogo do monastério irá ajudá-los. Já chamaram Tats Zaphira. Ela é especialista em cura via energia localizada. Talvez seja ajude.
— Entendo. Onde está Makal Omna?
— Ele? Bem... Na sala reservava, deitado. O estado dele...
— O que foi?
— Ele está pior.
— Posso ir vê-lo?
— Tudo bem, mas vá com calma.
Logo Asuka foi até a sala e viu o jovem mangusto deitado, com um olhar amedrontado. Asuka então se aproximou, ficando calada enquanto o olhava. Ele então diz:
— Saia...
Mas Asuka não saiu. Ele insistiu:
— Saia... Eu já desisti... de tudo...
Asuka então deu-lhe as costas, quase saindo da sala, até que Makal diz:
— Você não sabe de nada, não é? Imagino... Entra... Fecha a porta... Deixa eu te contar o que aconteceu...
Curiosa, ela entrou e fechou a porta. Uma conversa ocorreu. Breve.
Minutos depois...
Já próxima a tribuna, Asuka aguardava a entrega do manto. Porém seu humor não era dos melhores: seu rosto estava fechado, mostrando irritação. Nesse cenário se aproximou de Asuka o Supremo Chanceler Wanli Omna, segurando em suas mãos o manto. O símbolo máximo de formação de membros do monastério. Ele então diz:
— Estamos hoje premiando com toda a honra mais uma jovem promessa que lutou com garra e nos trouxe imensa satisfação em mostrar suas habilidades. Parabéns, Asuka Tenjoin Hopin.
Entre então entregou o manto a Asuka, dizendo:
— Fez uma boa luta. É muito gratificante ver jovens alcançando seus objetivos.
As últimas frases de Wanli trouxeram de volta a Asuka a lembrança da conversa com Makal. E essa recordação recente foi dita dessa forma por ele:
— Asuka... Os meus sonhos de ser cadete se encerraram hoje... A regra era te vencer e... ser premiado... assim como Farh, Hown e Thrash... Nós nunca mais poderemos ser o que lutamos durante a vivência no monastério... e eu peço perdão por tudo que eu te fiz... a mando dele.
Com o manto em mãos, Asuka o levantou, rasgando-o em seguida, para surpresa de todos. Os mestres ficaram horrorizados, assim como Wanli, que diz:
— O que significa isso?! Como ousa fazer tamanho
— CALE A BOCA!
— Como se atreve? Eu sou o Supremo Chanceler! Se não parar com isso eu...
— DANE-SE, SEU CRÁPULA MANIPULADOR DOS INFERNOS!
— O que? Nós da dinastia não iremos tolerar...
— BOA PARTE DE QUEM ESTÁ AQUI FAZEM UM ESFORÇO PRA TE TOLERAR, SEU DESGRAÇADO! Então tome cuidado com o que vai dizer... Eu não quero ouvir sua voz... Eu não quero fazer parte desse sistema que você criou e rege com suas ideias arcaicas e ditatoriais! Você não se importa com os alunos. Você só está onde está por pura soberba e pretensão!
— Asuka Tenjoin Hopin, você está prestes a ser expulsa do...
— VOCÊ NÃO TEM PODER SOBRE MIM! POR ISSO RASGUEI ESSE MANTO! O QUE VEM DE VOCÊ FEDE! EU NÃO QUERO FAZER PARTE DISSO!
— Então a senhorita sabe a porta da saída.
— Eu sei sim... e o senhor sabe quem destruiu sua querida patrulha...
— Não ouse...
— EU DESTRUÍ TODOS ELES! NA SUA FRENTE... NA FRENTE DE TODOS! Nada vai fazer isso ser esquecido... Nada! E isso já me é o suficiente. Eu venci seu jogo. Porém até eu sei que o valor foi alto... E ISSO FOI SUA CULPA!
— Eu nunca ouvi tantas indagações infundadas. Guardas, a levem para fora daqui.
Embora o clima tenha ficado tenso, todos apoiaram a atitude de Asuka, até mesmo os guardas que a acompanharam até a saída. Ingris era só orgulho, assim como seus pais. Aí chegar no armazém, Arthemis a abraçou, começando ali uma festa entre família.
Mas e o futuro, como será? O que Asuka fará daqui pra frente? Seu objetivo era ser uma cadete do reino como Ingris, mas isso não seria possível.
Entretanto, Asuka naquele ano, ao escrever um tipo de memórias, esboçou uma ideia. Um tipo de base fechada, escondida de todos, com ela sendo a chefe... E ela nomeou esse projeto como uma tal Agência... Asuka, com seus quinze anos, começou a estudar e estreitar ainda mais seus elos com seu pai. Ele facilitou sua formação aligera, começando sua faculdade de engenharia mecatrônica e tecnologia da informação, assim como fisiologia molecular. Enquanto estudava, o esboço de seu projeto tomou forma... Age chegar o dia que seu pai o apresentou a Mayor Zao. O monarca de Shang Mu adorou a ideia: uma base secreta, onde seriam selecionados os melhores para fazer parte de uma equipe de elite, a parte da guarda real. Uma base onde se desenvolveria tecnologia para o bem de todo reino... chamado A Agência. Zao aceitou e deu a Asuka sinal verde para começar a construir.
Nunca reunião, membros do Conselho tiveram conhecimento do projeto, com Wanli novamente mostrando desaprovação. A bancada iria apoiá-lo, até que Mayor Zao disse que quem era a responsável seria Asuka Tenjoin.
O jogo virou: a maioria votou a favor. A minoria era somente Wanli Omna. Naquele dia o Supremo Chanceler se exaltou em seus protestos, mostrando seu destempero ante o resultado, ofendendo até mesmo Mayor Zao. Wanli foi preso e investigado. A responsável pelas investigações? Lenzin. Ela tinha todos os dados e lhe foi dado poder: Mayor Zao a tornou a guardiã do Reino de Shang Mu. Em poucos meses ela havia condenado wanzi por tráfico de influência, abuso de poder e conspiração a dinastia Omna. Foi sentenciado a viver o resto de sua vida recluso nas masmorras do palácio real, com a supervisão da panda guardiã.
O tempo passou. Dois longos anos se passaram. Depois dos incidentes com Brevon no Reino de Shuigang, Asuka finalmente concretizou seu trabalho: A Agência era uma realidade. Muitos membros do palácio e dos monasterios foram convidados para fazer parte do maior projeto de Asuka Tenjoin, que passou a fazer parte do Conselho.
Mas havia uma última conversa.
Pátio do Palácio Real de Shang Mu, manhã.
Caminhando pelos corredores do pátio, Lenzin logo foi confrontada por Asuka, que parou a sua frente, dizendo:
— Guardiã.
— Grã mestra.
— Você se tornou ainda mais forte... E com um ótimo suporte.
— O mesmo digo de você. Está mais forte que nunca. Parabéns.
— Obrigada. Mas tem uma coisa que eu não entendo...
— O que?
— Eu te vi naquele dia do exame Omna Sangou... Você estava nas sombras. Porque não foi falar comigo?
— As pessoas tem medo das sombras. Eu não. E se você me viu, poderia ter ido a meu encontro. Porque não o fez?
— Você estava no seu espaço. Eu te respeito.
— Pois eu não.
— Porque?
— Você ainda tem muito para provar... principalmente a mim, Asuka Tenjoin. Você ainda é uma ameaça a si mesma.
— Hm... Eu entendo. Somos inimigas então?
— Não... você é uma ameaça pra mim. Mas também uma aliada.
— Então somos rivais.
— Podemos ser...
— Hehehe. Eu ainda te acho kawaii.
— E eu te acho uma chata.
Com as duas trocando sorrisos, cada uma tomou seu caminho, mas Asuka quis dizer as últimas palavras:
— Lenzin...
— Hm? – Disse, se virando.
— Naquele dia... Da festa no monastério... Eu te vi... Foi você quem me tirou do banker... não foi?
— Asuka...
— Você o tempo todo ficou me chamando, pra eu não morrer... Teve todo o cuidado de me tirar de lá... Eu só quero te dizer... Obrigada mais uma vez.
Lenzin voltou a caminhar, calada. Mas por uma última vez, mostrou sentimentos por Asuka, com lágrimas escorrendo por seus olhos...
A história de Asuka Tenjoin. A grã mestra da Agência.
Fim.
E voltando ao presente...
Alojamento da Agência.
Com Lilac e Noah surpresos pela história, a dragão diz:
— Arthemis... Minha nossa, Noah...
— Ela passou por tudo isso... Íris... Ingrid... Até Marduk... DESGRAÇADO! AHHH! QUE MISERÁVEL!
— Tudo isso... Arthemis, isso é muito grave!
E Arthemis diz:
— Durante todo esse tempo Asuka praticamente alimentou um ódio por tudo que envolve um sistema de pessoas mal intencionadas. Ingris conseguiu descobrir tudo sobre Marduk, investigando Noah desde então. Ela não esperava que encontraria ele no torneio... Mas na certa mudou seus planos.
— Como assim, Arthemis? – Perguntou Noah.
— Os agentes... Eles iriam atrás de você de qualquer forma...
— O que quer dizer?
— Você é a continuidade do que Marduk deixou.
Noah entendeu bem o que Arthemis quis dizer. Para Asuka, mesmo que não haja mais Kaipasu, Noah é a herança de Marduk. O híbrido albino então diz:
— Eu já sei o que fazer, Lilac.
— Hã? Mas...
— Só confie em mim.
— O que vai fazer?
— Começar a resolver as coisas... só que do jeito certo: hora de visitar Ingris.
Continua.