ANUON 9999

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    Capítulo 34

    O treinamento começa

    Violência

    E Ethan conseguiu o que queria.

    Como será agora?

    Ethan estava animado, pois não é sempre que recebe uma segunda chance. Kitsune pede para que a acompanhe e todos acabam os acompanhando também. Lhes apresenta a um Do-joh no andar de cima do que estavam. Era imenso: Tinha armaduras, espadas reais, escrituras nas paredes e um grande tatame. Kitsune, estampando seu rosto com um leve sorriso, diz:

    — Este é o Do-joh Rayka. Aqui foram treinados muitos samurais de renome do Japão durante a era Tokugawa Por favor, não pisem no tatame calçados.

    — Puxa, como você conservou este lugar. Está até melhor de quando treinei aqui com minha tia - Disse Kaede, impressionada.

    — Obrigada, Kaede, mas quem merece elogios é Maeti, que cuida do Do-joh. 

    — Bom trabalho, Maeti! Me impressoinou outra vez.

    Ethan logo olha para Ryoga, que fica quieto, mudo. O jovem então diz: 

    — Que foi, Ryoga?

    — O que?

    — Não vai dizer nada?

    — Dizer o que?

    — Nada, esquece...

    — Depois eu que sou maluco...

    E Ethan logo é chamado por Kitsune, que diz:

    — Ethan, agora vamos começar o treinamento. Maeti, leve-o para o vestiário e lhe dê um kimono.

    — Kimono? Mas já?

    — Sim. Temos pouco tempo e lhe ensinarei o Maratsu-Kyoken em ritmo acelerado.

    — Tenho a impressão de que isso vai ser difícil...

    — Vai medrar, champs? - Provocou Ryoga.

    — Não, nem pense nisso!

    — Você terá de ser forte, Ethan. As primeiras aulas são sofridas - Disse Kaede.

    — O que disse? Sofridas?

    — Você verá...

    Ethan seguiu então com Maeti ao vestiário para se trocar. Lá, ele diz:

    — Maeti, que treinamento acelerado é esse?

    — Bem, foi o mesmo que tive.

    — Mas você é uma raposa! E sei de que é mais ágil que mim por ser um Anis.

    — Gosto de ser chamado como um Rayka, Ethan. Esse nome Anis não me cai bem...

    — Desculpe. Mas não muda meu modo de pensar...

    — É melhor se preparar. Minha mãe quando leciona não se preocupa com o estado de espírito ou habilidade do aluno. Sugiro que a ataque com tudo que pode.

    — ATACAR? Caramba... Isso não é uma aula?

    — Sim. Como é em ritmo acelerado, minha mãe irá identificar todos os seus pontos fracos. E ela fará isso... atacando você.

    — ME ATACAR? MAETI, COMO É QUE É?

    — Bem, estaria mentindo se não acontecesse isso... Minha mãe não é fácil de mudar.

    — Não acredito. Não pode ser...

    — Ethan, não ataque somente. Tente se defender também. Não mostre nervosismo e nunca, jamais, em hipótese alguma, diga que não bateria em mulheres. Cavalherismo não deve ser usado em uma batalha. Todos são iguais nestas circunstâncias.

    — Porque?

    —Simples: seu oponente, sendo mulher, não estará ali só para que sintam pena do esforço dela. Ela com certeza tem capacidade de lutar de igual para igual com você.

    — Mas me sentiria mal em machucar Kitsune.

    — Pode deixar que isso não irá acontecer... Ela não se sentirá não em te agredir.

    — Obrigado, cara... Com essa sua motivação...

    — Desculpe. Estou ficando perto demais de Ryoga...

    — Logo se nota isso.

    Deles da conversa, Maeti e Ethan, já vestido com seu kimono de Kendo, se apresenta ao tatame. Todos o observam.

    — Ethan, é você mesmo? - Disse Anuon, surpresa.

    — Puxa, como está bonito. Me enganaria se não conhecesse você direito - Disse Kaede, também surpresa.

    — Tu tá style, cara! Samurai na veia... - Brincou Ryoga.

    — Ficou ótimo de kimono. Já causou boa impressão - Gostou Kitsune.

    — Pessoal... que isso? É só um kimono... - Disse Ethan, sem jeito.

    — Tu tá coradin, também! Hehehe... - Não perdeu tempo Ryoga.

    — Tss... vocês são chatos mesmo, hein... - Ethan não parecia a vontade.

    Logo Kitsune toma um comportamento sério e diz a Maeti:

    — Maeti, pegue bokens (espadas de madeira) para mim e Ethan.

    — Sim, mãe.

    E ele vai até uma sala ao lado do tatame e volta trazendo consigo duas espadas, com um lacre cada, sendo que uma das espadas era de cor preta.

    — Porque estes lacres, Kitsune? - Perguntou Ethan, curioso.

    — Tudo o que é usado aqui é purificado por águas de uma fonte abaixo deste templo. Este lacre as protege de qualquer força malígna que venha tentar entrar neste Do-joh.

    — Puxa, não sabia que zelasse tanto para o bem estar espiritual de seus visitantes.

    — Isso é o mínimo que posso fazer. Alunos novos sã raros de se encontrar e devo, quando os mesmos aparecerem, protegê-los de qualquer influência malígna. Mentes fracas se corrompem com facilidade.

    — E porque sua espada é preta?

    — Minha energia está em equilíbrio com esta Boken. Sua cor modificou-se por tanto usá-la em treinamento. Não se preocupe, nada demais além da cor.

    — Se diz...

    E o convida até o meio do tatame.

    — Ethan, tire o lacre da espada.

    O jovem retirou com cuidado o lacre, dizendo:

    — Estranho, estou sentindo algo no meu corpo... É como se tivesse tomado um banho revigorante.

    — Está em perfeiro equilíbrio com a espada agora. Parabéns, pois ela o escolheu para ser seu dono.

    — Verdade? Caramba...

    —Ethan, iremos começar o treinamento agora.

    — Tudo bem! Estou pronto!

    E como um raio, Kitsune some no ar e o acerta em cheio na barriga, fazendo-o voar uns três metros de onde estava. Ethan, agora caído, respirava com dificuldades por causa do golpe sofrido. Mostrava até uma expressão de dor e olhava para Kitsune de uma forma nunca vista. E Kitsune diz:

    — Você tem um sério problema de concentração. Furei facilmente sua defesa, pois ficou imóvel por dois segundos.

    — Ah... Kitsune... porque me bateu com tanta força?

    — Isso não é nada! levante-se!

    E com um pouco de dificuldade, Ethan se levanta e diz:

    — Kitsune, eu não sei lutar! Como poderia ter me defendido de um golpe tão forte como esse?

    Ao longe, observando o treinamento, Kaede e Anuon conversavam sobre o treinamento. A felina diz:

    — Sim, Ethan está certo! Se não sabe lutar, como se defender?

    — Anuon, pode parecer loucura, mas Kitsune diminuiu muito a intensidade do seu golpe.

    — O QUE? Com aquela força e nem foi um golpe forte?

    — Sim! Atacar com rapidez, feito por um iniciante, perde-se em força. Mas Kitsune domina o Maratsu-Kyoken com tanta maestria que ela pôde fazer com que o golpe fosse ilustrado como se fosse forte!

    — E o que isso quer dizer?

    —Que ela está lutando contra o psicológico de Ethan, que não sabe diferenciar golpes pelo seu movimento. Se baseia mais no que sente.

    — Sendo assim, ela o está enganando?

    — Mais ou menos. Apesar do golpe ter sido ilustrado como forte, a mente de Ethan o fez ser forte. E os danos serão os mesmos que se levasse um golpe poderoso.

    — Então Ethan sofrerá danos que na verdade são bem menores do que pensa?

    — Sim. Basicamente é isso.

    Voltando ao treinamento, Ethan se coloca novamente em base de luta frente a Kitsune.

    — Defenda-se melhor agora, Ethan! Espero por isso!

    — Mas eu já disse que ainda não sei lutar! 

    — Isso não é desculpa! Todo ser sabe se defender! Num mundo caótico onde a lei da natureza manda, qualquer ser indefeso se torna forte.

    — Tudo bem, então! Venha!

    E Kitsune some ao ar novamente. Ethan olha para todos os lados e não consegue vê-la.

    — Para onde foi? Como pode se esconder tão bem assim?

    E mais uma vez, Ethan sofre outro golpe violento, que o atingiu em seu ombro. Kitsune havia saltado e enganou Ethan do jeito que queria. O jovem, com a força do golpe, vai a encontro do chão, caindo de cara. Sua espada sai de sua mão, indo parar quase fora do tatame. Estava se contorcendo de dor, que até fez com que saísse lágrimas de seus olhos.

    — Ki-kitsune... isso está doendo...

    Kitsune, de pé, só observa Ethan, ainda no chão, dizendo.

    — Ao menos melhorou sua atenção aos seus flancos! Parabéns!

    — Kitsune... ai... ah... Por favor, não me bata tão forte... assim... ah... - Disse Ethan, se levantando, com dificuldade.

    — Eu não o golpeei forte...

    — Mas... eu não sei lutar ainda...

    — NÃO DIGA MAIS ESTAS BESTEIRAS! NÃO JUSTIFICA SUAS FALHAS! - Disse raposa, irritada, dando-lhe um soco no rosto.

    Erhan havia caído mais uma vez por causa do golpe. Pasmo e um pouco amedrontado, diz:

    — Kitsune... você... porque me bateu? - Se levantou mais uma vez, colocando uma das mãos no local onde recebeu o soco.

    — Odeio ver meus alunos choramingar como faz agora. Isso não é atitude de alguém que quer mudar o mundo!

    — Mas Kitsune...

    —Cale-se, Ethan! Levante-se, pegue sua espada e me atinga!

    — Mas...

    — FAÇA ISSO AGORA!

    E Ethan, com muita dficuldade, se levanta mais uma vez e pega sua espada. Coloca-se em base de luta novamente e parte para cima de Kitsune. Correu e, com a espada ao alto de sua cabeça, desfere um golpe e Kitsune, facilmente defendido com somente um movimento. A raposa chegou até o desarmar. Ele então fica atônito, olhando sua espada voar para longe mais uma vez. E Kitsune lhe aplica outro golpe, este em sua barriga novamente, fazendo-o voar para o tatame. Ethan, já mostrando fraquesa e tontura, tenta se levantar mas acaba caindo novamente. Kitsune se aproxima de Ethan, andando calmamente, enquanto diz:

    — Gostei de sua iniciativa. Atacar-me de baixo para cima, vindo de você, foi inteligente. Não esperava que faria isso.

    — Ki-kitsune... Doi muito... - Dizia Ethan, com uma das mais na barriga.

    — Ethan, levante-se! Pegue sua espada!

    — Mas... ah... eu não consigo me levantar...

    — Se não se levantar agora, irei lhe aplicar outro golpe. E será mais forte...

    Depois desta motivação, Ethan, com o pouco que lhe resta, levanta-se e segue até sua espada. Coloca-se novamente em base de luta e olha para Kitsune. Ela, porém, não mudava sua façe de seriadade. Parecia, inclusive, que estava lutando para valer.

    — Está pronto, Ethan?

    — Es-estou...

    E mais uma vez Kitsune some. Ehan desta vez olha para todos os lugares. Já sabido que era mais uma estratégia da raposa, Ethan diz:

    — Não... Desta vez... eu não vou cair em suas ilusões...

    Apesar de sua dificuldade de ficar de pé, Ethan consegue se concentrar no que ocorre em sua volta. Colocou a Raíssa a frete de seu dorso, se concentrando ao máximo. Ao fundo, Kaede e Anuon continuam conversando. A jovem humana diz:

    — Algumas coisas que Kitsune faz eu nunca havia visto no Maratsu-Kyoken.

    — Como assim?

    — O treinamento é duro mesmo. Mas nunca vi nenhum mestre usar tanta finta assim. Parece estar usando alguma habilidade especial...

    — Mas Kitsune não poderia ser mais flexível com Ethan? Ele não sabe lutar ao nível de um iniciante ainda...

    — É assim mesmo.

    — Assim mesmo? Ela está destruindo ele!

    — A importância disso é medida pelo comprometimento do aluno em evitar golpes. Ethan está recebendo todos esses golpes mas seu aprendizado será mais rápido assim.

    — Kitsune está acabando com ele, humana! Eu nunca vi um treinamento assim.

    — Confie, Anuon. Confie...

    Voltando ao combate, Kitsune havia aparecido a Ethan, bem na sua frente. Olhava-o nos olhos, mostrando um certo orgulho do jovem. Ela então diz:

    — Foi bem em sua primeira aula, Ethan. Conseguiu se concentrar em algo que não tinha idéia o que fazer.

    — Mas o que você...

    Imediatamente depois do que Kitsune disse, ela mudou sua base de luta. Colocou então sua espada como se a estivesse a enfiando em sua bainha. Tomou então uma postura mais defensiva aos olhos de Ethan. Porém, ao longe, Maeti ficou deseperado.

    — Não... Ela não vai fazer isso... Não ouse ser... MÃE, NÃO FAÇA ISSO! TENHA DÓ!

    Anuon e Kaede olham para Maeti, sem entenderem o porque de seu manifesto! E logo Kaede percebe.

    — Mas o que... Espere, essa postura... Minha nossa! ETHAN, JOGUE A BOKEN NO TATAME E DESISTA!

    — Kaede, o que tá acontecendo? - Perguntou Ryoga, assustado.

    — Essa base de luta... Ela vai usar o...

    Voltando ao tatame, Ethan logo solta sua espada e se ajoelha, colocando suas mãos em seu abdômen e cai, agonizando de dor. Kitsune o olhava de forma fria. Maeti naão perdeu tempo e correu para perto de Ethan, a exemplo de todos os outros que estavam ali presentes.  Lá, Maeti diz:

    — Mãe, como pôde usar esta técnica em Ethan? Ele não sabe se defender ainda...

    — Foi um golpe fraco, sabe disso.

    — Golpe fraco? Ethan não sabe a diferença disso. Seu psicológico não raciocina como um Rayka!

    — Maeti, isso faz parte do treinamento.

    E, vendo Ethan gemer de dor, Kitsune pergunta:

    — Porque tudo isso, Ethan? Já disse que não foi um golpe forte.

    — Kitsune, nunca pensei que seria capaz de uma coisa dessas! - Disse Kaede, tentando acudir Ethan.

    — Peraí, deixa eu ver uma coisa! - Disse Ryoga, pedindo licença para examinar seu amigo.

    Chegando perto de Ethan, pergunta a ele:

    — Ethan, se conseguir falar, consegue respirar direito? Diga sim ou não com a cabeça se não conseguir falar, então...

    Sua resposta foi negativa. Logo Ryoga coloca suas mãos sobre o abdômen de Ethan e diz, desesperado:

    — MINHA NOSSA! RÁPIDO, ALGUÉM PEGUE ATADURAS! RÁPIDO!

    — O que foi, Ryoga? O que está acon... - Perguntou Maeti, surpreso.

    — NÃO PERCA TEMPO! EU PRECISO IMOBILIZAR O TRONCO DELE O QUANTO ANTES! VAI!

    — Ryoga, nos diga o que está... - Indagou Kaede, preocupada.

    — ETHAN ESTÁ COM COSTELAS QUEBRADAS! Eu não sei quantas, mas isso pode ser muito mal...

    Kitsune, se ajoelhando diante todos, coloando as mãos no rosto, diz:

    — Pelos ancestrais dessa casa... Tikai, o que fui fazer?!

    Continua...


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