ANUON 9999

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    Capítulo 30

    Aprontando no templo - Parte 3

    Violência

    E veremos o que o santuário representa de tão importante.

    Era uma agradável manhã que começava em Kyoto. O orvalho que escorria pelas folhas das árvores mostrou que a noite foi de temperaturas baixas. Um cheio doce e agradável é sentido por todos no templo. Com Kaede e Anuon despertando depois de uma boa noite de sono, eis que ela sentiram na hora.

    — Anuon, que cheiro bom é esse?

    — Hum... Acho que é chá que Kitsune fez...

    — Vamos lá, então...

    — Espere! Preciso saber como está Ethan.

    — Não, você não pode.

    — Porque? Vocês não deveriam...

    — Isso é contra as normas. O treinamento dele é prioridade aqui.

    — Bem, irei respeitar. Mas eu não concordo...

    — Não se preocupe. Ele está bem. Vamos, então. Estou faminta...

    Kitsune de fato já havia servido a refeição matutina! Em uma mesa farta com pães, frutas e chá, havia um bilhete deixado pela raposa sacerdotisa:

    — "Anuon e Kaede, por favor, comam a vontade. Não esperem por mim. Maeti está comigo. Temos coisas a fazer. Em breve voltaremos.

    Kitsune"

    — Não entendo... Porque não nos levaram? - Disse Anuon, confusa.

    — Talvez por não ser de nossa conta. Minha tia fazia isso e estou vendo que Kitsune também herdou isso dela...

    — Deixemos que faça o que tem que fazer, então. Kitsune tem o meu respeito.

    — Da minha parte também. Bem... vamos comer.

    E sentam-se a mesa, que era no estilo japonês. Ou seja, estavam sentadas ao tatame próximo a mesa, com Kaede sentada sobre suas pernas. Como estavam sós, Anuon logo começou a conversar com a humana.

    — Kaede, onde está aquele humano amigo de vocês?

    — O Ryoga? Olha, bem lembrado. Cadê ele?

    — Deve estar dormindo!l. Pelo gênio dele, aposto que vive dormindo.

    — Hahaha! O Ryoga é uma figura...

    As duas continuaram conversando enquanto se alimentavam. A manhã estava correndo tranquilamente.

    Enquanto isso, nos arredores do templo...

    Maeti trazia Ryoga em seus braços enquanto Kitsune ia na frente acendendo as tochas que estavam pelo caminho. Adentravam em um corredor com armaduras de samurais e espadas japonesas. Desenhos ilustravam uma batalha já a muito tempo travada pela família Rayka. Chegam então a uma porta imensa onde, para se abrir, era preciso colocar uma das mãos sobre uma tábula, a fim de reconhecimento. Kitsune a abre, colocando sua mão sobre a marca e a porta se abre lentamente. Assim que entram, Maeti parecia apreensivo.

    — Mãe, estou certo que isso é o que devemos fazer mas...

    — É o único jeito, meu filhote. O que lhe preocupa?

    — Ele pode... Você sabe... Desde que eu li em suas escrituras...

    — Eu sei, mas é para o bem dele.

    — Sei disso, mãe. Ele merece ter paz interior. Mas tudo tem sua hora e talvez essa não seja a dele.

    — Maeti, não diga isso. Ryoga deve lutar contra isso todos os dias. Nada vai fazer o seu pai voltar, isto é fato. O que deve fazer é não desistir da vida. E ele quer fazê-lo se portando do jeito que ele se comporta.

    — Você acha que é tão grave assim?

    — Por enquanto não. Agora ele não passa de um jovem descerebrado que quer fugir de seus problemas.

    — Ele a seu ver é louco?

    — Sim e não... Sim pois, como disse, quer fugir de seus problemas, e não, pois ele luta contra sua dores internamente. Pelo jeito, amava seu pai...

    O levam para um altar, que flutuava em uma pequena fonte. O colocam então com todo cuidado. Logo a fonte começa a se iluminar e envolve Ryoga por completo. Kitsune, se surpreendendo, diz:

    — Já começou. sabia que queria isso...

    — Nossa! Só foi colocá-lo e... Não esperava por isso. Força, Ryoga!

    Ryoga definitivamente não esperava o que o aguardava nesse lugar estranho. Sua mente se envolveu em um grande sonho, onde o jovem estava envolto em uma densa leblina. Ele, confuso, diz: 

    — Caraca, que droga de lugar é esse?

    Caminhava sem saber para onde ir. Tudo estava dominado por leblina. Ryoga continuou a caminhar e diz:

    — Pô, tem alguém aí? Caraca, que lugar estranho esse... Kaede... Gata "não lembro o nome"... Maeti... Kitsune... TEM ALGUÉM NESTA DROGA DE LUGAR?

    E a leblina dá lugar na cidade da onde veio!

    —Hã? Que droga é essa? Não estava no templo daquela raposa? Que lugar zuado do caramba é esse?

    Olha para os lados e repara algo familiar.

    — Perái... CARACA! É MINHA CASA!

    Entra imediatamente em sua residência. Olhou para todos os lados e cômodos mas não encontrou ninguém. Ele ficou ainda mais confuso.

    — Cadê todo mundo? Putz... isso tá muito estranho. Daqui a pouco vai acabar aparecendo os irmãos Winchester e...

    E faltou então o jovem entrar em seu quarto. Com a máxima cautela, ele caminhou até o interior, que estava um pouco escuro.

    — Depois dizem que assistir filmes não ajuda. Essa coisinha de botar medo eu manjo... Manjo desde "O Chamado", "O Grito" e o que tiver de "O" por aí...

    E ouve, no lado de fora, uma gritaria que lhe parecia familiar.

    — Putz... QUE DROGA É ESSA?

    E saiu rapidamente para trás de sua casa. Lá, encontra um garoto pulando seu muro e correndo feito um louco. Ryoga tenta chamá-lo, mas em vão. O garoto não o ouve se segue em disparada pelas ruas...

    Ryoga então ouve uma ligeira movimentação por de trás do muro. Por estar preocupado, decide averiguar. E, para seu espanto, encontra uma uma pessoa que não esperava encontrar: era seu pai. Ryoga recuou Não acreditando no que via. A situação já tinha fugido a seu controle.

    — Caraca... meu pai?! Aqui?! 

    Logo todos os fatos da vida de Ryoga entram em ação: o jovem então começa a observar em pequenos flashes em sua mente toda sua vida, desde que nasceu até o dia fatídico que presenciou a morte de seu pai. Ele pensava que estava delirando. Não sabia o que fazer. E Vozes diziam:

    "Ryoga, cala a boca..."

    ..."Eu te disse..."

    ..."Não, você está errado mais uma vez..."

    ..."Sua mãe morreu em um acidente..."

    ..."Desejo fazer de você muito feliz, Ryoga!"

    ..."Quando se dirigir a mim, faça-o com modos, seu..."

    ..."A muito não o via, Ryoga!"

    ..."Desejo a ti um feliz aniversário e um..."

    ..."Ryoga, nada tenho com Lupa"

    ..."Seu pai... ele morreu faz tempo..."

    ..."Não sofra, Ryoga!"

    — AH CALEM A BOCA! O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? SOCORRO!

    Enquanto isso...

    No lado de fora do devaneio de Ryoga, Kitsune e Maeti observam a fisionomia do rapaz, que mudava a todo instante. Agora presentava nervosismo, pois não parava de se mexer.

    — Mãe, é perigoso. Ele pode enlouquecer... 

    — Devemos deixá-lo escolher. Depende dele.

    — Mas mãe, a mente dele pode ser destruída por completo e, se isso acontecer, ele vai morrer.

    — Bem, se ele realmente quiser ficar livre desses seus fantasmas do passado, que trate de lutar contra eles. Senão a sua morte será questão de tempo!

    — Mãe, você estaria disposta a permitir que Ryoga morra se não conseguir ter forças? 

    — Ele a tem. Por isso estamos nessa situação. Para um ser humano viver com esses seus pensamentos e modos, é porque ele tem seus méritos.

    — Mãe...

    — Não me entenda mal, meu filhote... Eu gosto dele. Lembra-me a mim quando cheguei aqui no templo...

    — Você... confia nele...

    E voltando a mente de Ryoga...

    O jovem já não respondia por si. Estava babando, gritando sem conciência do que fazia e o que estava acontecendo. Mas logo, com o pouco que lhe restava, levanta-se e vê mais uma vez seu pai, que estava lutando contra aquele lobo. Desesperado, diz:

    — CANSEI! JÁ BASTA TUDO ISSO! PAI, EU VOU TE SALVAR!o

    Ryoga correu em sua direção, mas infelizmente não chega a tempo de evitar o fim trágico de seu pai que estava caído.

    — PAI!

    — Ryoga... é... você?

    — Sim, eu vou te ajudar!

    — É muito tarde... pra mim...

    — NÃO PAI!

    — Escute, meu filho... nunca desista da sua vida... seu bem mais precioso. Lute contra tudo... e contra todos... caso ela esteja ameaçada... não desista... nunca...

    — PAI!

    Ryoga se levanta e olha para o lobo, que olhava para o jovem, tentando o intimidar.

    — O que houve, humano? Veio morrer também? Seu genitor morreu de forma tão fácil que nem senti prazer em fazer isso... Espere, eu tive sim! Foi ótimo e você será o próximo! O que prefere? Os braços e pernas mutilados? Morrer asfixiado na terra? Escolha, vamos lá!

    — Eu... nunca senti tanto ódio por alguém como estou agora... Você... além de matar meu pai... BRINCA COM AS NOSSAS VIDAS! VOCÊ É DESPRESÍVEL! NÃO TEM O DIREITO DE JULGAR NENHUM SER DESTA TERRA! VOCÊ... VOCÊ... É A CRIATURA MAIS DESPRESÍVEL E CRUEL QUE JÁ TIVE O DESPRAZER DE CONHECER! NÃO SEI ONDE EU ESTOU E COMO VIM PARAR AQUI, MAS AGRADEÇO A OPORTUNIDADE DESTA CHANCE! EU QUERIA VÊ-LO NOVAMENTE NA MINHA FRENTE! E AGORA CONSEGUI!

    — Hahaha! Humano... gritar estas asneiras não lhe levará a lugar algum. Ah sim, levará a morte! 

    E neste intervalo de tempo, Ryoga consegue acertar o lobo com um taco de beisebol, que milagrosamente apareceu em sua mão. Agora indefeso, pois o golpe havia lhe deixado tonto, Ryoga tinha a chance que sempre desejava. O lobo, agora acuado, diz:

    — Vamos... humano... Faça o que tem que fazer...

    Ryoga estava prestes a fazê-lo quando lembrou de algo que seu pai falou. Uma lembrança quase esquecida, mas que o momento trouxe a tona. Essa palavras perdidas só ficaram em conhecimento do jovem. Ele, refletindo bem, diz:

    — Não...

    — Porque? Chance igual nunca terá! Lembre-se disso, humano...

    — Não importa. Apesar de odiar você, eu não tenho o direito de matá-lo. Você deve pagar sim, mas não desta forma...

    —Hahaha! Acha mesmo que pode falar assim comigo?

    — Bem, fiz algo que nunca poderá mudar. 

    — O que? Você não me matou e agora matarei você...

    — Você nunca poderá esconder de que foi vencido por um humano.

    — O QUE? Você me vencer?

    —Eu venci vc e sabe disso. E mesmo que me mate, não poderá esconder de sí mesmo o que acaba de acontecer. Isso é fato.

    — Mas eu matei seu pai. Eu acabei com ele!

    — Sim, isso já é passado. Trevo noção que isso já aconteceu a muito tempo atrás e eu superei isso... já superei a perda. Mas, enquanto estava vivo, ele me disse para valorizar a vida, não desistindo de suas responsabilidades, não temendo a morte e sim lutando pela vida.

    Neste momento, tudo some em sua volta e aquela leblina densa toma conta do lugar.

    — Pronto... Ao menos fiz alguma coisa de útil... Agora voltou essa joça de novo... Sentindo os vapores, like D2 rapper...

    E retornando a realidade, Ryoga abriu seus olhos e no mesmo instante estava lá Maeti. O jovem então diz:

    — Cara, isso foi real?

    — Foi para você!

    — Ah... bem... Isso foi um pouco... Ah sei lá... Onde eu estou?

    — No santuário - Disse Kitsune, acariciando o alto da cabeça do jovem.

    — Santuário?

    — Só as pessoas que não conseguem lutar contra seus fantasmas entram aqui. Não são muitas que voltam...

    — Quem teve essa idéia de me trazer aqui?

    — Fui eu... - Disse Maeti, olhando nos olhos de Ryoga.

    E olhando para Kitsune, levanta-se da fonte e vai em direção a ela, dizendo:

    — Raposa, tu deixou esse cara de menina aqui pra fazer este monte de coisa só pra me fazer ficar todo molhado?

    — Ryoga... O que você está dizendo é muita...

    — Relaxa, tia. Estou de zoa. Calma. Fica sussa!

    — Hã? Eu não entendo nada do que ver diz.

    E, de surpresa, lhe dá um forte abraço.

    — Obrigado por tudo isso, Kitsune! Nem sei como pagar isso tudo que você fez pela gente aqui!

    — Sua volta já é meu prêmio!

    — Toma seu prêmio - Disse Ryoga, beijando-a no rosto, fazendo-a ficar envergonhada.

    — Ryoga... não faça isso de novo, está bem?

    — Hahaha! Tá de boa. Ei, Maeti...

    — Uh? O que?

    Ryoga então corre até o jovem raposa, o abraçando. E Ryoga até chegou a dar um beijo em seu rosto, causando a mesma reação que em Kitsune. Maeti, bastante envergonhado, diz:

    — O que você pensa que está fazendo, Ryoga? Eu não sou uma me...

    — Relaxa, parça. Eu sou chegado em mulheres, mas como você me ajudou... Bem, só tô zoando com sua cara, hahaha! Tu tá vermelho! Hahaha!

    — Você... Você é maluco!

    — Hahaha! Ei... Não me estranha não, hein! Quero uma mina com a beleza da Kaede e com a devoção da Lupa, hahaha!

    Com os dois novos amigos brincando um com o outro, Kitsune olhando-os de umas forma mais aliviada. Ela então diz:

    — Ele venceu... Ele foi o primeiro a voltar. Se ele fez isso, é porque é alguém especial... e sábio. Estou orgulhosa de você, Ryoga. Me surpreendeu.

    Continua.


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