Freedom Planet: Faith & Shock

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    Capítulos:

    Capítulo 26

    Companhias na Agência - Parte final

    Spoiler, Violência

    E lá vamos para a conclusão dessa mini saga.

    Enquanto isso...

    Alojamento, noite.

    Como combinado mais cedo no ginásio, Lenzin estava a caminho do alojamento onde os garotos deveriam estar. A panda guardiã logo adentrou pelo pátio central e foi até a porta onde estavam alojados. Não demora muito e Viktor abre a porta. Com um sorriso no rosto, ele diz:

    — Senhorita Lenzin! Nossa... Você é bem pontual.

    — Sou uma pessoa de honra. Diferente de muitos que aqui residem...

    — É, estou bem. Venha, pode entrar...

    Ela então caminhou parte dentro, indo atrás de Viktor, que diz:

    — Como eu sabia que...

    — Onde está Noah? – Disse, interrompendo Viktor.

    — Ah... Bem... Ele ainda não voltou.

    — NÃO VOLTOU?! COMO PODE...

    — Ei, calma. Ele disse que ia ficar até fechar o ginásio. E ele já deve estar voltando. Fica fria.

    — O que demônios entre está fazendo por lá?

    — Ele está treinando. E se esforçou muito...

    — Hm... Isso tudo é desnecessário.

    — Mas logo ele estará aqui. Bem, continuando... 

    Durante as palavras de Lenzin, a panda guardiã logo pensou:

    — *Noah Hibiki... você nunca aprende. Seu sucesso no torneio deve ter... Hm... Esse aroma... Eu conheço esse cheiro... Não... Não acredito que...*

    E Viktor continuou o que iria dizer:

    — ... eu sabia que você estaria aqui e, como as garotas estão na festa, preparei um jantar que acredito que você vai gostar muito.

    — Jantar? Viktorius Ashem, formalidades culinárias não são necessárias... *Esse cheio é... Não, ele não seria capaz de...*

    — Bem, eu estou faminto. Treinei muito mais cedo e estou mesmo precisando recobrar as energias, hehe. Eu já vou servir. Pode se sentar a mesa.

    Lenzin até iria se opor, mas Viktor entrou na cozinha no mesmo instante. Polida como ela era, uma pessoa cheia de si, se sentou a mesa, aguardando o retorno do jovem. Não demora muito e Viktor trouxe consigo duas bandejas, as colocando a mesa em seguida. O cheio irresistível aromatizante impregnou o recinto, com Lenzin se manifestando:

    — Viktorius Ashem... Esse cheiro...

    — Hehe... Pelo visto você é muito boa em olfato... – Disse, retirando a tampa das duas bandejas – tah dah! Esta aí!

    — Isso... É o que eu estou pensando?

    — Não sei. Deve ser, hehe.

    — Tofu empanado ao molho shoyo e barcas de pimentões ao molho de tofu... Viktorius Ashem...

    — Aceitou! Nossa, você entende mesmo de comida.

    — Isso... Eu... *Eu definitivamente estou impressionada. Era a refeição que meus pais faziam desde Shuigang... Mas como ele sabia disso?*

    — Ei, não se acanhe. Pode comer. Quer que eu te sirva?

    — Não é necessário. Eu mesmo porei mina refeição... *Eu desejo mesmo comer, mas é muito suspeito saber desse detalhe da minha vida...*

    Ela então colocou um pouco de cada um dos pratos e, já pronta para degustar sua comida, diz:

    — Onde aprendeu a cozinhar?

    — Bem, minha avó me ensinou tudo. Ela tinha um restaurante até.

    — Entendo. Vejamos então... – Disse, começando a comer.

    Só que no mesmo momento que sentiu o gosto da comida, Lenzin praticamente ficou muda. Por alguns segundos sua costas até chegou a lacrimejar, talvez por estar sentindo algo.

    — *Eu... Essa comida... Eu não estava preparada pra... Pelos deuses do oriente, Viktorius Ashem... Eu nunca provei um tofu empanado tão delicioso em toda a minha vida!*

    Viktor chegou a se preocupar, olhando para a guardiã. Ele então diz:

    — Senhorita Lenzin... Esta tudo bem?

    — Viktorius Ashem, eu estou bem.

    — Gostou da comida?

    — Sim.

    — Ora, que bom. Esta do jeito que você queria?

    — Sim...

    — E a barca de pimentão?

    — Você sempre pergunta para as pessoas o que acharam de sua comida? Isso é desagradável...

    — Mil per-perdões, senhorita Lenzin. Eu não queria te...

    — Não, tudo bem... *Ele merece minha sinceridade...* Está ótima sua comida.

    — Nossa! Isso vindo de você significa muito pra mim!

    — O que quer dizer?

    — Você é uma guardiã. Deve comer de tudo do melhor por onde anda. Se você gostou da mina comida é porque eu consegui melhorar!

    — Hm... Talvez como compensação pela sua falta de competência em combate – Provocou, continuando sua refeição.

    — Ah você se lembrou logo agora disso...

    — Nunca se esqueça... Sempre esteja alerta. Você é frágil, Viktorius Ashem.

    — Se você diz... Bem, posso a acompanhar no jantar?

    — Fique a vontade...

    — Obrigado.

    Ele então se sentou, pegando um pouco da comida que preparou. Lenzin, com um semblante sério, diz:

    — Você é suspeito de ser o traidor, Viktorius Ashem.

    — Hã? Mas...

    — Diga o que sabe... Tudo.

    — E se eu disser a você que eu não sei muita coisa?

    — Se você disse isso é porque sabe de poucas coisas, o que já é muito.

    — Você sabe mesmo jogar com as palavras.

    — Alguém aqui precisa fazer seu trabalho. Estou aqui pra tirar a prova vocês dois...

    — Senhorita Lenzin, com o devido respeito...

    — Sua refeição não irá me cegar.

    — Hã? O que quer dizer com isso?

    — Como você sabia que eu gostava de tofu empanado e barca de pimentão? Isso é amigo muito íntimo a mim, para ser bem sincera...

    — Ah... Bem... Você é uma exorcista oficial, não?

    — A melhor da minha linhagem.

    — Por isso... De onde eu vim também já pessoas como você... Bem, tem um país por lá que leva muito a sério esses rituais e costumes. Certa vez mina avó recebeu visitantes da China e...

    — China? Esse é o país que se refere?

    — Sim, eles tem costumes como o seu.

    — Muito bem. Continue.

    — Bem, minha avó foi avisada por um dos intérpretes para preparar esse prato. Ela sabia mentir do que ninguém. Nesse dia eu aprenda fazer pratos a la carte. Em outras palavras, eu faço minha comida de acordo com quem vai comer. Eu presumi que esse prato tinha tudo a ver com você, então...

    — ... o preparou exclusivamente pra mim? É isso?

    — Sim!

    — Mas... *Ele teve todo o cuidado para me preparar um prato? Não, isso está ainda mais suspeito...* Isso é uma idiotice. Você não tem que me agradar para nada!

    — Mas senhorita Lenzin...

    — Viktorius Ashem, eu não gosto de receber gentilezas em trabalho. Como você ousa em fazer isso?

    — Senhorita Lenzin...

    — Chega! Eu quero que você me diga o que sabe sobre...

    — Não!

    — O que?

    — Eu fiz esse prato pra te agradar, não nego. Fiz com todo o carinho que um chef tem a obrigação de fazer.

    — O que quer dizer com isso?

    — Que você está me ofendendo ao insinuar que eu estou querendo te agradar por interesse. Senhorita Lenzin, antes de eu ser um carateca eu sou um chef de cozinha. Caso você não tenha percebido, eu estava trabalhando. Fazer uma comida saborosa e que agrade a quem vai comer é meu trabalho!

    Lenzin percebeu que havia cometido um equívoco. Sem querer Viktor passou uma informação que ela desconhecia do jovem e estava mesmo sendo injusta com o jovem. Ela, sabendo que estava cruzando uma linha errada, diz:

    — Hm... Devo lhe pedir desculpas então.

    — Desculpas aceitas. Não foi tão difícil, não é?

    — Não abuse de minha paciência. Eu errei, mas não gosto de ser cobrada, entendeu?

    — Tudo bem.

    Com os dois jantando, Lenzin novamente voltou a conversar.

    — Noah está demorando...

    — É. Ele me disse que ficaria até fecharem o ginásio...

    — Hm... Isso soa suspeito...

    — Porque tudo pra você é suspeito?

    — Você é um stranger.

    — A senhorita Liane Saber também me disse isso... Vocês chamam assim as pessoas que vem de fora, não?

    — Não só isso...

    — Então?

    — Você é de uma raça única. Por isso o chamados de stranger, Viktorius Ashem. Não é uma ofensa.

    — Tudo bem. Eu me acostumo com isso...

    — Você aceita muitas coisas... Isso não é bom.

    — Porque está me dizendo isso?

    — Ordeiro. Você é muito ordeiro. As pessoas vão tirar proveito de sua inocência.

    — E novamente a senhorita me ofende...

    — Hm? Você é sempre tão sensível assim?

    — Não... Eu só não gosto que as pessoas me rotulem.

    — Difícil não fazê-lo...

    — Mais difícil que responder contrário a ser chamado de coisas que eu não sou? – Disse, aumentando um pouco a voz.

    — Está mesmo aumentando seu tom de voz pra mim?

    — Devo, porque eu não aceito ser chamado de certas coisas, mesmo vindo de uma guardiã.

    — Viktorius Ashem...

    — Escuta: você é sempre tão estressada assim? Estou conversando numa boa com você mas sempre vem com provocações... Isso me irrita, sabia?

    — Eu não me importo.

    — Ah legal... Maravilha...

    — E agora está caçoando de mim? Está passando dos limites, Viktorius Ashem...

    — Muito bem... Me desculpe.

    — Hm...

    — Espera, deixa ver se eu entendi bem: eu peço desculpas e você responde resmungando?

    — É o suficiente.

    — Mas como pode... Ah quer saber? Também vou parar de me importar...

    — Hã? O que quer dizer com isso?

    — Eu estou sendo o mais gentil que eu posso com você, mas eu recebo só provocações e ignorância da sua parte. Porque você é sempre assim? Relaxa... Pega leve pelo menos uma vez...

    Lenzin novamente refletiu um pouco. Terminado de comer, voltou a pensar:

    — *Ele me ofereceu um jantar, está conversando comigo, está tendo paciência... Eu o tratei com grosseria e ele não esboçou nenhuma reação agressiva. Embora continue suspeito, eu não posso ser tão dura com ele...*

    Ela então, olhando para Viktor, diz:

    — Mais uma vez peço desculpas, Viktorius Ashem. Só estou fazendo o meu trabalho. Espero que entenda...

    — Tudo bem. Não se preoc... Ei, espere... – Disse Viktor, depois de olhar para o rosto da panda – Deixa eu pegar uma toalha...

    — Hã? O que foi?

    Logo Viktor deu a volta a mesa, indo até Lenzin. Munido com uma toalha, gentilmente a levou até o canto da boca da guardiã, limpando seu rosto. Ele então diz:

    — É que estava sujo. Mas agora está bem limpo...

    Lenzin mal tinha reação após Viktor limpar seu rosto. Sem cerimônia alguma o jovem a ajudou. Ela, ainda sem ação, e levemente corada, pensou:

    — *Ele... Ele limpou meu rosto... Ele me tocou sem pedir permissão... E eu aceitei? Ele... Ele se atreveu a me trocar?*

    A guardiã havia sido surpreendida. Viktor estava somente sendo um gentleman como ele sempre foi. Em isso causou mesmo reações a bela panda guardiã.

    Enquanto isso...

    Apartamento de Asuka.

    A festa estava bombando. Depois da sessão de animes e filmes, muita dança imperou por um bom tempo. E após alguns minutos houve uma calmaria, com as garotas reunidas em uma roda formada por elas. Logo Carol comentou:

    — Cara, ela varreu o chão com os agentes sem nem suar. Aquela tal de Tayce é uma deusa nórdica!

    — Hm... A Tayce é mesmo forte. Por isso eu a chamei para ser a líder do pelotão de fuzileiros. Ela é a mestra Arsenal – Disse Asuka, com um sorriso no rosto.

    — Carol e Milla... Nada de ficarem exaltando as confusões de vocês! – Disse Lilac, em um tom sério.

    — Ah Lilac... A Zoey é muito legal. A gente deveria ter chamado elas pra você conhecer também! – Disse Milla, animada.

    — Olha, a Milla tá certa! Caraca, era pra eu ter chamado mesmo... – Disse Carol, movimentação sua cauda mais rápido.

    — Vocês duas... A Asuka quem decide isso, ok? – Disse Lilac, olhando para a felina.

    A conversa se estendeu um pouco, com todas as garotas contando experiências de missões e aventuras que tiveram no último ano. Porém, numa altura da conversa, Asuka diz:

    — Hm... Agora que estamos um pouco mais íntimas... Me diz, Lilac: quem você já olhou com “outros olhos”?

    — Hã? Mas... Bem... Eu... Eu não entendi o que você quis dizer, hehe... – Disse a dragão, desconversando.

    — Ela quer saber quem tu já teve crush, heroína! – Disse Carol, sem rodeios.

    — Carol!

    — Hihihi! Tamo esperando sua resposta, Lilac...

    — Mas eu? Eh... Eu... Eu não tenho crush algum. 

    — Ah é? E o menudo felpudin de duas cores que usa um cachecol vermelho e óculos estilosos? Ele não te...

    — CALA A BOCA, CAROL!

    — Hahaha! Tá, vou fingir que eu tô errada...

    — Grrr...

    A Milla, entendendo a brincadeira, diz:

    — O Viktorius gosta da Carol.

    Sabem aquele momento que todo mundo fica calado e olham pra você quase te culpando? Pois bem, fizeram isso com Carol, que logo se manifestou: 

    — MAS QUE CARÁCULIS DE IDEIA SEM NOÇÃO É ESSA, MILLA?!

    — Hahaha! Toma, sua boba! Então você e o Viktor estão em crush? Partidão, hein! – Disse Lilac, brincando com sua amiga.

    — Nananinanão! Eu não tô em crush com ninguém! Tô liberta e livrinha da Silva!

    — Está sim! Admita!

    — Não tô, sua bobona! Milla, desmente isso!

    — Tudo bem... O Viktorius gosta de nós três, tá? 

    — Hã? Como assim? – Perguntou Asuka, curiosa.

    — Eu perguntei pra ele... Perguntei se ele gostava de cada uma da gente... Ele disse que gosta. 

    — Viktorius Ashem... De onde ele veio?

    E em um tom um pouco mais sério, Lilac diz:

    — Não sabemos, mas com certeza ele não é de Avalice.

    — Um viajante espacial? Como o Torque?

    — Eu acho que sim. Mas ele não veio em uma nave espacial.

    — E como você sabe?

    — Nós o salvamos na Unshine Forest. Estávamos procurando por resquícios da jóia do reino e ele apareceu precisando de ajuda. Não havia nada além de sua mochila.

    — Então ele simplesmente apareceu do nada?

    — Sim. Desde então os cientistas de Shang Tu estão tentando achar uma forma dele voltar...

    — Hm... Eu posso tentar ajudar nisso.

    — Sério? Isso seria muito legal de sua parte.

    — A Asuka-chan gosta muito de descobrir segredos... – Disse Arthemis, abraçando Asuka.

    A boa notícia animou Lilac e as garotas, embora tenha trazido um pouco de tristeza a Milla, devido ao grau emocional que ela tinha com Viktor.

    Porém essa seria uma noite longa.

    Minutos depois...

    Corredores da Agência – Entre a Ala Yon e Ala Go

    Já eram por volta das 20:30 da noite. Noah, ao fechamento do ginásio, se viu obrigado a voltar para o alojamento. Visivelmente esgotado por tanto treinar, pensava consigo mesmo sobre seu rendimento:

    — *Eu... Eu estou mesmo cansado. Nunca treinei tanto o mesmo fundamento... Viktor tinha razão. Eu posso ser rápido, mas minha resistência precisa mesmo ser melhorada... Não vejo a hora de tomar um banho e...*

    Mas para surpresa e espanto do jovem albino, havia alguém conhecido encostado em uma parede com os braços cruzados e com sua cabeça baixa, de olhos fechados: Era Sheng. Noah no mesmo instante pensou:

    — *Sheng?! Hm... O que ele está fazendo aqui? Acho que isso não é problema meu...*

    Noah continuou a caminhar, tentando ignorar a presença do felino alaranjado, mas isso não foi em concordância com o que Sheng pensou. O felino, ao ver Noah passar ela sua frente, diz:

    — Pare, Noah...

    O jovem albino interrompeu sua caminhada e, sem se virar, diz:

    — O que quer?

    — Siga-me... e não faça perguntas e nem diga nada.

    Como Sheng havia pedido, Noah o acompanhou, caminhando para uma área mais afastada do centro, como um beco escuro. Noah desconfiava a cada passo que dava, tendo em vista que pouco havia conversado com Sheng anteriormente.

    Não demorou muito e chegam mesmo a um lugar totalmente desabitado, possivelmente uma área de descarte de materiais, pois haviam caixotes de produtos da Agência. Com Sheng se virando, ele diz:

    — Você pode me fazer duas perguntas, Noah Hibiki... Ou melhor dizendo: praticante do Kaipasu.

    — Grrr... Eu não sou mais um praticante dessa doutrina.

    — Não me importa. Pra mim você continua sendo.

    — O que você quer de mim?

    — Quero fazer você deixar de existir. Você tem uma pergunta sobrando, praticante de Kaipasu.

    — Sheng, o que você está fazendo não tem lógica nenhuma. E você está me irritando...

    — Estou aqui pra te irritar... Na verdade, estou aqui pra te destruir.

    — Mas o que...

    — Não gaste sua última pergunta com amigo que você já sabe do que se trata.

    — Acontece que eu não sei do que se trata, seu miserável! Quer saber? Estou indo embora. Boa noite...

    Mas Sheng era tão ágil que em segundos se colocou a frente de Noah, impedindo que saísse. O jovem albino não perdeu tempo:

    — Saia, Sheng...

    — Creio que não tenha entendido...

    — Não entendi mesmo. Eu não tenho nada a tratar com você.

    — Mas eu tenho... e será agora.

    Sheng surpreendeu Noah com um soco em sua barriga, fazendo com que o jovem fosse arrastado para trás. Com Noah colocando uma de suas mãos sobre o local atingido, Sheng diz:

    — Eu peguei bem leve nesse golpe, que fique bem entendido.

    — *Ah... Grrr... Ele pegou leve?! Foi um golpe forte... *

    — Sim, eu sei o que você está pensando... Você é fraco fisicamente, Noah. Você teve muita sorte de eu não ter lutado contra você no torneio. Porém eu tive um imenso azar disso não teu acontecido...

    — Ah entendi... Você está frustrado por Viktor ter te derrotado, não? Eu pensei que você fosse um lutador honrado, Sheng. Não esperava que...

    — CALE A BOCA! – Gritou Sheng, segurando no pescoço de Noah, o pressionando contra uma parede.

    O segurando, Sheng executou mais dois socos na barriga de Noah, fazendo quase com que desacordasse. Com a vista um pouco embaçada, Noah pensou:

    — *O que... O que está acontecendo aqui? Ele... Ele está me atacando para... para me matar?! Eu estou tonto... O punho de um membro da família Daiyomondo Omna são terríveis. Como Viktor foi capaz de suportar?! Ele não tem habilidades especiais...*

    Com Sheng ainda o segurando, o felino alaranjado diz:

    — Grrr... Seu desgraçado... Você não tem ideia de como eu queria continuar te golpeando até abrir um buraco no meio da sua barriga... Eu só vou dizer isso uma vez: nunca mais diga o nome do Viktor na minha frente. Eu não gosto de ouvir o nome dele com a sua voz...

    — Sheng...

    — CALE-SE! Você é um ser amaldiçoado, Noah! O meu azar foi não ter lutado contra você! Eu teria te destruído sem remorso nenhum... Aceitaria até ficar preso pelo resto da minha vida!

    — Di-diga o que você quer de mim!

    — Sua vida, Noah...

    — Eu não entendi o...

    — Eu quero fazer uma troca...

    — Isso o que você...

    — Sua vida pela de Ingris.

    Sheng então arremessa Noah contra o chão, caindo sobre os caixotes alí próximos. Com o jovem albino tonto, Sheng continuou:

    — Ingris está sofrendo por sua causa... – Disse, se aproximando de Noah.

    O felino parecia descontrolado, pois aplicou um chute no dorso de Noah com ele ainda no chão, fazendo com que disse jogando contra uma parede. Com Noah se contorcendo, Sheng continuou:

    — Isso dói, não? Você não sabe de nada, Noah... VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO COM O QUE SUAS AÇÕES TROUXERAM A INGRIS! Ela... Ela não é mais a mesma pessoa... Você não tem ideia de como isso é muito revoltante... VOCÊ É UM LIXO! UM MONSTRO QUE SE ATREVE A DESAFIAR PESSOAS DECENTES!

    Noah se levantava lentamente. Não só pelos golpes fortes tinha dificuldades, mas ele já estava cansado por causa do treinamento. Noah, se apoiando a parede, diz:

    — Agora eu entendi... Você veio aqui para me matar... Mas antes... Mas antes de fazer, quer me humilhar e colocar tudo pra fora...

    — CALE-SE! GRRR... SEU DEMÔNIO!

    Sheng estava tomado pela ira. Sua fúria o fez correr até Noah com toda sua velocidade e força. Já prestes a golpeá-lo com um violento soco, se lembrou de algo que lhe foi dito anteriormente, em um diálogo durante a recuperação de Viktor depois que lutaram:

    — Viktor... Você superou tudo o que eu imaginaria.

    — Sheng... Obrigado...

    — Eu que devo te agradecer também. Você me perdoa?

    — Claro! Só que eu tive que te mostrar que você estava errado quanto a mim te ferindo. E isso eu não gosto.

    — Ossos do oficio. Somos lutadores.

    — Sim, hehe...

    — Hehehe, exato.

    E antes que pudesse atingir Noah, ele anulou seu próprio golpe, com seu punho a poucos centímetros do rosto de Noah. O jovem albino estava ainda mais confuso, e se surpreendeu ainda mais ao perceber que lágrimas saiam dos olhos de Sheng, que diz:

    — Eu... O Viktor... Ele se sentiu mal em ter me machucado quando eu... Eu o machuquei ainda mais... Mas ele não guardou nenhum rancor e me deu a resposta aos meus preconceitos lutando... Ele se entregou a dor dos meus punhos só pra mostrar que eu estava errado... E agora estou eu aqui, tentando te matar por motivos pessoais...

    — Sheng...

    — Eu sou um lutador, não um assassino... A Ingris que eu conheci não gostaria disso... Noah, me ajuda.... Eu não quero te matar, mas uma parte de mim quer... pela Ingris. Eu te odeio, mas eu não consigo ser o que eu não sou.

    Sheng então se entregou aos prantos, chorando compulsivamente. Noah, entendendo a gravidade da situação, sem perda de tempo o abraçou, fazendo companhia ao felino naquele momento de dor.

    Enquanto isso...

    Ala Go

    Alojamento

    Viktor e Lenzin ainda continuavam no jantar. Com os dois terminando de comer, o jovem cozinheiro diz:

    — Ufa... Que comida boa. Mas eu acho que eu estou saciado porque estava com muita fome, hehe.

    — Fez uma boa comida, Viktorius Ashem.

    — Obrigado, senhorita Lenzin.

    — Hm... Noah Hibiki está demorando...

    — É, também acho. Bem, faz meia hora que o ginásio fechou, não? Ele deve estar chegando já...

    — Suspeito...

    Viktor então se levantou e caminhou até o meio da sala, surpreendendo Lenzin. O jovem começou a se alongar, fazendo movimentos que arremetia a artes marciais. Logo a guardiã diz:

    — O que está fazendo?

    — Ah isso? Bem, eu sempre me alongo e faço Tai Chi depois de comer. Ajuda na digestão.

    — Hm... Desnecessário.

    — Hã? Porque?

    — Logo se nota que você não confia na sua própria fisiologia. Por isso compensa em fazer esses movimentos. Você pode saber cozinhar, Viktorius Ashem. Mas você não tem confiança no seu corpo.

    — Não concordo com você. Eu me sinto bem em fazer isso.

    — Pense o que quiser. Você está errado. Fato.

    — Ah é? E se eu te provar que você está errada? 

    — Você me diverte ao dizer isso, Viktorius Ashem.

    — Então eu vou entender isso como um desafio. E então, vai aceitar?

    — Que desafio?

    — Eu vou te provar que movimentos corporais podem sim ser benéficos depois das refeições. Isso me foi ensinado pelo meu mestre!

    Lenzin estava olhando sério para Viktor, mas não pôde segurar por muito tempo seu riso:

    — Hahaha! Você é uma pessoa muito divertida, Viktorius Ashem. Me fez até rir...

    — Ah então eu estou na vantagem!

    — Hã? Do que está falando?

    — Eu te fiz sorrir. E me desculpe a sinceridade, você fica mais bonita assim!

    As palavras de Viktor tiveram um um galanteador em Lenzin, mas de forma involuntária. A guardiã, um pouco corada, diz:

    — Isso... Eu não me orgulho disso! – Disse, desviando o olhar.

    — Tudo bem... Mas é aí? Aceita o desafio? Pelo menos a gente se distrai até o Noah chegar.

    — Muito bem... Desafio aceito. Me dava pensar diferente. Vejamos o que você é capaz de fazer, Viktorius Ashem.

    — Hahaha! Pode crer que eu vou!

    Viktor caminhou rapidamente para até onde Lenzin estava e, estendendo a mão, diz:

    — Venha comigo.

    — Hã? Onde você vai me levar?

    — Aqui na sala mesmo... Venha, sente-se nesse banco. Não se preocupe, ele é confortável...

    — Ah... Eh... Mas porque isso? Viktorius Ashem, você está agindo de forma suspeita.

    — Ei, calma! Eu não vou fazer nada demais.

    — Hm... – Resmungou, se sentando ao banco.

    A bela panda guardiã, já acomodada, só aguardava ao que Viktor iria fazer. Ele, de pé atrás dela, diz:

    — Olha, do pra você ficar ciente: eu vou encostar em você. Mas eu quero que você confie em mim, tudo bem?

    — Encostar em mim? Mas o que é que você pensa em fazer? *Isso está ficando cada vez mais suspeito... Viktorius Ashem, no menor desconfiar meu sua vida será ceifada...*

    — Calma. Só confie em mim. No fim disso tudo você vai estar se sentindo muito melhor. Palavra.

    — Hm... Pode começar então...

    Lenzin, ao saber que seria tocada, já colocou uma de suas mãos sobre a bainha de sua espada. Desconfiava que o jovem poderia fazer algo. Sua desconfiança aumentou ao saber que Viktor começou a esfregar suas mãos com força uma contra a outra.

    — *Ele está esfregando uma não a outra... Isso não é algo para relaxar. Todos os praticantes de artes marciais fazem isso antes de lutarem numa guerra... Ele vai tentar me atacar. Eu sabia! Ele pensou mesmo que eu iria me...*

    Mas antes que pudesse ter mais pensamentos conspiratórios, Viktor encostou suas duas mãos nas costas de Lenzin, com ela tendo uma reação imediata:

    — *Ahhh... O que está acontecendo? Suas mãos estão quentes... e tudo esse calor está me trazendo um bem estar tremendo... Viktorius Ashem, o que está fazendo? Eu nunca havia sentido tamanho bem estar só em sentir calor...*

    — E aí, está se sentindo melhor?

    — Isso... Isso me parece uma tramóia, Viktorius Ashem... *O calor ainda me faz sentir bem, mas tenho certeza que é uma estratégia...*

    — Tramóia?! Ficou louca?

    — Hm... – Resmungou, franzindo seu rosto.

    — Tudo bem... Vou subir o nível.

    — Subir o nível? Mas o que...

    E para sua surpresa, Viktor começou a fazer massagem em seus ombros. Instantaneamente Lenzin ficou muda, deslumbrada com as sensações que pariuia sentir, como ela mesma detalhou em seus pensamentos:

    — *Ah... Não... Não... Isso... Essa sensação... É boa... Eu sinto como que cada portão de meus chakras se abrissem, recebendo toda a energia possível e... mais e mais... mais e mais... Sem limites... Eu... Eu nunca senti meu corpo assim. Eu como revigorar todo o meu espírito e... já estar recuperada de todo o cansaço... Ahhh... Viktorius Ashem... você é um homem misterioso...*

    Ele continuou com as massagens, indo até às costas da guardiã, que continuou a pensar:

    — *Eu... Ele... Pelos deuses orientais... Eu estou sentindo meu poder aflorar ainda mais... Eu sinto minha energia aumentar cada vez mais, com cada centímetro de meu corpo revitalizado! Ele... Viktorius Ashem... Ele estava certeza em...*

    Mas antes que pudesse de fato pensar em concordar que uma boa massagem de fato era benéfica, eis que Viktor, numa atitude inocente, retirou o chapéu de Lenzin e, a surpreendendo, começou a fazer massagem em suas orelhas felpudas de panda. Porém isso causou uma reação bem espontânea de Lenzin, que agora chegava a apertar seus dois punhos, já fechamos, contra duas pernas, que se entortaram diante a massagem de Viktor:

    — *Ahhh... ELE ESTÁ TOCANDO NAS MINHAS ORELHAS! Ele... Eu devo matá-lo agora! Eu vou sacar minha espada e lhe cortar a cabeça...*

    Mas alí como estava ficou. O rosto corado de Lenzin demonstrava que Viktor estava tocando em um ponto muito sensível de seu corpo, causando ainda mais frisson em Lenzin, que continuou a pensar:

    — *PORQUE EU NÃO CONSIGO SACAR MINHA ESPADA E ACABAR COM ISSO?! Ahhh... Porque estou me sujeitando a sentir isso... e porque estou aceitando essa massagem?! Eu sinto todo o meu corpo esquentar e...*

    Lenzin estava até mesmo soltando ar pela boca, franzindo ainda mais seu rosto. Seu corpo começou a tremer por tanta coisa que estava acontecendo.

    — *Eu não... Eu não posso ficar parada aqui, deixando que ele faça essa massagem... Essa massagem... ela me faz sentir bem... mas... Ahhh... Eu tenho que matá-lo... mas eu não consigo me mexer... Será uma estratégia dele para me ludibriar? Não... Isso não pode...*

    E de forma inesperada, Viktor interrompeu sua massagem, voltando a colocar o chapéu de Lenzin no alto de sua cabeça. Ele, ficando a sua frente, diz:

    — E então, se sente melhor?

    — Ah... Viktorius Ashem... Eh... *Porque parou?! Eu não falei pra parar... PORQUE EU ESTOU PENSANDO ASSIM?! ISSO É MUITO ERRADO!* Eu... Eu estou melhor, Viktorius Ashem... Você estava certo.

    — Hahaha! Eu sabia! Que bom que agora concorda comigo!

    — Ah... Acho melhor eu ir embora... Já está tarde...

    — Opa, tudo bem. Ah tem uma coisa aqui pra você levar.

    — Hã? Mas...

    Logo o rapaz, sorridente, vai até a cozinha, voltando com uma vasilha. Ele então entrega a guardiã que, confusa, diz:

    — Mas o que é isso?

    — É que eu tinha feito sobremesa. Como você disse que já vai embora, eu embalei pra você. Eu acho que você vai gostar.

    — Hm... Tudo bem. Não se meta em encrencas, Viktorius Ashem...

    E querendo e ela iria sair do alojamento, Viktor diz:

    — Ei, Lenzin!

    — Hm?

    — Me chame só de Viktor. Fica melhor assim.

    Ela então fechou a porta em seguida, caminhando em direção a sua residência na Agência. Mas em sua mente se colocou em pensamentos:

    — *Viktorius Ashem... Viktor... Ah... O que aconteceu comigo?! Porque ainda estou me sentindo tão bem por dentro?*

    E partiu para sua moradia, segurando a vasilha.

    Enquanto isso...

    Apartamento de Asuka

    Uma guerra de travesseiros estava acontecendo. Com Lilac e Carol travando uma luta épica, com Asuka ajudando a felina. Em auxílio a Lilac, Milla interveio, atingindo Asuka sem pena. As risadas diziam por si só que a diversão era a única coisa que estava acontecendo na festa, que foi um sucesso. As garotas estavam mesmo entregues a algazarra, coisa essa que fazia tempo que não tinham. Só estavam se divertindo, como sempre almejaram.

    Horas depois, já com as poltronas reunidas, já enunciava que estavam prestes a irem dormir. Com Milla e Carol exaustas, Lilac e Asuka conversavam na sacada do prédio, com a dragão dizendo:

    — Muito obrigada, Asuka.

    — Pelo o que, linda?

    — Pela festa. Estávamos mesmo estressadas com tudo que vinha acontecendo.

    — Ah que bom que pude ajudar nisso.

    — Sim, ajudou. Mas tem uma coisa que eu queria te perguntar.

    — Diga.

    — Porque Lenzin escolheu nos enclausurar? Imagino que vocês duas agem juntas para proteger Shang Mu...

    — Não, Lilac. Embora tenhamos a proteção da nossa nação em comum, agimos paralelamente uma com a outra.

    — Vocês tem algum tipo de rixa?

    — Sim. Nós temos.

    — Sério? Mas...

    — Foi a um tempo atrás. Mas hoje nos respeitamos. Você sabe como é, não? Ninguém é obrigado a gostar de alguém... Não tenho nada contra ela. Só não quero sua amizade. Mas eu acho ela muito fofinha mesmo assim, aquela pandinha lindona. Estilosa nível SUGOI!

    — Hahaha! Sabe, eu gosto do jeito que você age. Bom saber que você é sincera e espontânea.

    — Ah minha dragão púrpura lindona... Te adoro, sabe? Você é muito linda, meu desu. Adoro seu cabelo!

    — Hehehe... Mas devo ser sincera com você também. Eu pensei que você escondia algo de nós, mas vejo que você só está fazendo seu trabalho.

    — Estou sim. Tudo que eu faço é pra ajudar. E proteger.

    — Isso é legal de saber. Bem... Acho que vou dormir... Até amanhã, Asuka. E dê boa noite a Arthemis também. Ela cozinha muito bem.

    — Pode deixar. Boa noite!

    Mas antes de Lilac entrasse, Asuka diz:

    — Lilac, espera.

    — O que?

    — Eu esqueci. Amanhã teremos o Fighting Challenger.

    — Hã? Mas o que é isso?

    — Uma exibição de luta. Tipo, é só uma recreação. Eu escrevi você e a Carol, tudo bem?

    — Sério?! É que... É só uma exibição, né?

    — Isso. Nada sério. Só pra descontrair.

    — Hahaha! A Carol vai adorar isso! Eu aceito! E ela eu sei que vai...

    — Tudo bem. Até amanhã então.

    — Até.

    E assim que a dragão foi para a cama, rua observou Asuka ir até seu quarto, perguntando:

    — Asuka, não vai dormir?

    — Vou sim. Mas antes eu preciso ver os relatórios da Agência. Só vai levar cinco minutos. Logo eu estarei com vocês.

    E logo após a breve conversa, Asuka entrou em seu quarto.

    Enquanto isso...

    Corredores da Agência

    Beco de suprimentos

    Com Noah e Sheng sentados no chão lado a lado, o felino alaranjado logo deu o teor de uma conversa que já acontecia a alguns minutos:

    — Então Lenzin selou seu Kaipasu.

    — Sim. Totalmente. Eu nunca mais poderei manifestar esse poder... para o bem de todos e... para mim.

    — Hm... É duro acreditar que a guardiã fez esse serviço. E ela não me disse nada.

    — Lenzin age do jeito que ela achar melhor. Ela não liga para o que sentimos nem escolhemos. É uma pessoa odiosa, mas justa. Só está fazendo seu trabalho...

    — Eu entendo...

    — Você tem assuntos com o Ashem, não?

    — O Viktor, você diz?

    — Exato...

    — Sim. Mas não é da sua conta.

    — Tudo bem... E Ingris?

    — Ela perdeu seu posto na Agência... Está afastada... E viciada em calmantes.

    — Eu sint...

    — Isso também não é da sua conta, Noah Hibiki.

    — Olhe, eu sei que não seremos amigos nem nada, mas... Eu não sou seu inimigo também. Se você tem algo contra mim, eu vou embora e não vou mais sequer olhar pra sua cara, tudo bem?

    Sheng, se levantando, começa a dizer:

    — Noah Hibiki... Deixemos as coisas bem claras: eu te odeio. Mas eu te odeio pelo o que você foi e não pelo o que você é agora. Ingris lutou contra você para te destruir, acabar com seu psicológico. Eu não aprovo isso, mas ela sabe se defender e responde pelo que faz. Ponto.

    — Concordo.

    — Porém as coisas não acabam por aí.

    — Hã? Aonde quer chegar?

    — O que irei dizer aqui só vai chegar a conhecimento de Asuka só daqui vinte quatro horas, então não fará diferença se eu te contar...

    — O que foi?

    — A Agência, cara... Esse lugar é sinistro. Tão sinistro que todas as pessoas prestam contas com a grã mestra mesmo com ela longe. Sabe porque? A Arthemis. Ela está em todo lugar... E ninguém que está aqui tem privacidade cem por cento respeitada.

    — Mas porque isso?

    — A Asuka. Ela não é só a grã mestra... É renda quem diz quem fica e quem sai... E quem sai não é “sair da agência”.

    — O que quer dizer?

    — Você deixa de existir... Literalmente.

    — Mas como assim? E porque você está me dizendo isso?

    — Tenho dois pedidos pra você, Noah Hibiki. Esses dois pedidos que irão me dar uma certa paz e, com isso, um certo respeito a sua pessoa. Pelo menos até você ainda estiver “inteiro”.

    — O que seria?

    — A primeira: não quero você entre Viktor e eu. E a segunda: não procure pela Ingris. Você entendeu? 

    — Sim. Eu irei respeitar isso. E a minha resposta?

    Sheng então, decidido a dizer, se colocou a frente de Noah.

    Enquanto isso...

    Apartamento de Asuka.

    Quarto da grã mestra.

    Vários monitores ligados.

    Uma imensa poltrona cheia de apetrechos tecnológicos.

    Uma taça de suco de uva.

    Arthemis servia para Asuka, que estava sentada em sua poltrona, segurando a taça. Com a grã mestra já trajando seu bodysuit, uniforme de trabalho, Arthemis deu o sinal de que as coisas estavam bem mais sérias:

    — Asuka Tenjoin... O relatório.

    — Pode começar.

    E Arthemis começou:

    — Enclausurados:

    Sash Lilac: seu papel de líder é inquestionável. Manteve todos os membros de seu time unidos e todos a respeitam. Nível de desconfiança: 0,2%. Prognóstico: confiável.

    Carol Tea: embora tenha condutas questionáveis, é fiel a causa de Sash Lilac. É sincera com o que pensa e todos gostam dela e a respeitam. Nível de desconfiança: 0,3%. Prognóstico: confiável.

    Milla Basset: indiscutivelmente a mais ordeira membra do Team Avalice. Todos adoram ela, inclusive a própria grã mestra. Nível de desconfiança: 0%. Prognóstico: completamente confiável.

    Viktorius Ashem: sua origem é desconhecida e não tem históricos criminosos em meus registros. Lilac, Carol e Milla tem muita estima por ele, que cuida de todas elas e as alimenta. Porém a falta de dados sobre sua pessoa é um viés considerável. Nível de desconfiança: 1,5%. Prognóstico: confiável, porém com ressalvas.

    Noah Hibiki: seu passado é limitado a ser encontrado por um pescador no cais de Shang Mu, vivendo como um bibliotecário até então. Se uniu a Lilac a fim de vencerem o torneio. Foi bem sucedido, porém deixou a ex sub comandante da Agência de Inteligência, Estratégia e Táticas das Forças Especiais de Shang Mu em estado catatônico. Porém, durante sua estada na Agência, não foi encontrado nenhum evento contra sua pessoa. Nível de desconfiança: 3,6%. Prognóstico: confiável, porém com ressalvas.

    Porém Asuka, usando um tom de voz mais intenso, diz:

    — Minha querida amiga... Ingris Soul Omna. Arthemis, você sabe que eu sou uma justiceira, não?

    — Sim, Asuka Tenjoin.

    — Muito bem... Então Noah Hibiki é confiável, mas com ressalvas de acordo com sua avaliação?

    — Perfeitamente, Asuka Tenjoin. Eu recomendo que...

    — Não.

    — Asuka Tenjoin, creio que...

    — Não.

    — Asuka Tenjoin, o que...

    — Não.

    — Asuka Tenjoin...

    — Arthemis... Você sabe muito bem o que farei amanhã.

    — Sim, Asuka Tenjoin. Você não vai me ouvir.

    — Exatamente, minha querida amiga. Amanhã é o dia da justiça acontecer... Eu estou pouco ligando para relatórios os quais eu já sabia do resultado. Eu tenho um forte convívio social... E depois de hoje eu passei a adorar ainda mais Sash Lilac e suas amigas... Elas são minhas também agora. Então ignoremos o stranger sem valor chamado Viktorius Ashem...

    — Sim, Asuka Tenjoin. Porém eu gosto do Viktor-kun.

    — Hm... Estamos trabalhando no momento, Arthemis.

    — Perdão, Asuka Tenjoin.

    — Noah Hibiki... Ex praticante do Kaipasu... Hm... Amanhã... Amanhã será um lindo dia para...

    E voltando ao beco...

    Sheng então respondeu a pergunta de Noah:

    — Você será destruído amanhã, Noah Hibiki.

    Continua.


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