|
Tempo estimado de leitura: 10 horas
14 |
Jason não irá gostar de quem vai conhecer hoje.
Jason estava mesmo disposto a golpear o canino, que nada fazia a não ser observar seu movimento ofensivo. Ele, então, indaga:
— Muito bom, você não teme a morte. Você é tolo, mas não é um covarde... Sua morte é iminente, mas não a encontrará hoje...
E um imenso clarão emana do canino, iluminando todo o quarto, cegando totalmente Jason que, surpreso, protege seus olhos:
— Mas o que está acontecendo? Essa luz...
E de forma inesperada, Jason acorda em sua cama, com um grito:
— O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
Imediatamente sua tia e prima aparecem em seu quarto, todas assustadas. Iamiko diz:
— Tá maluco, seu demente? O que houve?
Jason olhava atônito, tentando raciocinar o que de fato havia ocorrido. Com uma das mãos tapando sua boca, pensa:
— *Então... foi um pesadelo... ou não. Se eu insistir que não foi um pesadelo na certa vão falar que estou com algum problema e irão se preocupar e com certeza terei de voltar ao hospital... Bem, então vamos...*
Ele, tentando disfarçar, diz:
— Eh... Bem... tive um pesadelo horrível. Pensei que meu quarto estava sendo atacado por raios e tal... Mas agora estou bem, não se preocupem. E desculpem por isso.
Sua tia, já mais aliviada, diz:
— Ufa. Ainda bem. As vezes acontece mesmo...
— Mas mãe, esse demente tá agindo estranho. Melhor levar ele ao médico.
— Calma, Iamiko. Esse tipo de coisa costuma acontecer. Jason está se adaptando ainda...
Com Jason sentado a cama, as duas deixam seu quarto. O jovem, reflexivo, pensa:
— *Fato... Aquilo não foi um pesadelo...*
Mais tarde...
Colégio de Aplicação de Yutsuka – 12:00 am
Durante o intervalo, Jason caminhava em direção ao ginásio. Estava ocorrendo um jogo amistoso entre a equipe de basquete de Yutsuka contra a equipe de uma cidade vizinha. Logo o jovem encontra Kazu, que estava sentado em uma das cadeiras da arquibancada no ginásio. Ele se aproxima e se senta ao lado do rapaz.
— Olá Kazu.
— E aí, tudo bem?
— Mais ou menos...
— O que houve?
— Kazu, a quanto tempo você se mudou para esta cidade?
— Hum... Fazem uns três anos, porque?
— Tenho algumas perguntas a fazer.
— E quais seriam?
— Soube que aconteceu certas coisas na floresta. O que sabe sobre?
— Bem, dizem que houve um tipo de virose por lá... mas faz tempo.
— Isso tem a ver com o que aconteceu a Hakiro?
— Não... bem, soube somente que ele sofreu um acidente. Ele estava machucado quando o encontraram.
— Então ele lutou.
— Hã? Como disse?
— Esqueça. Ele sofreu algum ferimento que chamou a atenção?
— Hã? Como assim?
— Algum ferimento gerado por raios, luz, sei lá...
— Não sei de nada disso, mas porque você está me perguntando isso?
— Por nada... Estou somente investigando.
— Investigando o que?
— Desconfio que Hakiro foi atacado por alguém... ou alguma coisa.
— O que? Mas... como assim? E porque pensa isso? Já investigaram até, não houve nada disso. Pelo que soube, a polícia investigou por mais de um mês.
— Podem estar errados...
— Pega leve com nisso, Jason. Seu amigo está bem.
— Eu não aceito a condição dele. Ele merecia mais, muito mais nessa vida. Eu vou investigar. Tem coisas muitos estranhas acontecendo por aqui.
— Mas porquê quer tanto investigar? E que coisas são essas?
— Hakiro é um cara forte. Nós não treinávamos só basquete. Também éramos bons alunos de karatê. E ele lutava melhor do que eu. Eu sei que ele tinha parado de treinar, porque se empenhou mais no basquete, mas...
— Mas?
— O que não encaixa é porque ele foi encontrado na floresta. E como ele perdeu a memória? Como uma virose poderia causar isso?
— Eu não sei. Mas acho melhor você pegar leve, cara. Investigaram sobre tudo e pouco descobriram.
— Ainda assim, eu vou investigar.
— Bem, mudando de assunto... Lembra da Shizuka?
— Quem?
— Aquela garota que você esbarrou na cant...
— Ah sim, Sei. O que tem?
— O irmão dela ficou sabendo o que aconteceu.
— E daí?
Kazu, mudando completamente seu semblante, diz:
— Fique longe dele.
— Porque?
— Para evitar problemas.
— Você acha que eu sou de fugir de problemas? Não me conhece direito, Kazu.
— Falo sério. Não se meta com ele. Peça novamente desculpas e o esqueça.
— E porque eu deveria pedir desculpas novamente? Eu me desculpei com a irmã dele, então já fiz minha parte.
— Você não entende. Somente peça desculpas e tudo vai ficar bem.
— Tô pouco me importando com isso. Nem conheço o mané e já acho ele um "péla saco"...
E surpeendendo Kazu, duas mãos aparecem sobre os ombros de Jason, que fica sem ação. Jason se vira rapidamente a fim de olhar quem era. Com um sorriso suspeito no rosto, era um jovem com cabelo longos de cor azul, com olhos da mesma cor e com estatura alta, trajando o uniforme escolar como os demais. Jason de forma violenta, retira as mãos de sobre seus ombros e diz:
— Tu deve estar me estranhando, né cara? Não pertenço a essa turma, tá sabendo? Nada contra, mas comigo você não vai conseguir nada.
O rapaz, ainda com as mãos suspensas, diz:
— Então você é o Jason. Esperava alguém mais educado.
— Vá a m*rda com isso! Tu vir assim do nada é ser educado? E como me conhece?
Kazu ainda estava atônito, fora de si. Observava a conversa dos dois daquela mesma forma. O rapaz de cabelos azuis diz:
— Muito bem Kazu... Diga a ele quem sou, e eu sei que você quer fazer isso.
Jason, ficando ainda mais irritado, diz:
— Deixa o Kazu fora disso. O lance aqui é entre eu e você!
Kazu, com o semblante mais baixo, segura no braço de Jason e diz:
— Jason, ele é Kuon. Ele é o irmão de Shizuka. E pare de agir assim, por favor.
— Ah então esse é aquele que você disse que era problema, é?
Kuon, olhando para Kazu, diz:
— Problema? Kazu e sua mania de querer ajudar a todos. Pelo visto Jason não vai te dar ouvidos, Infelizmente.
Jason estava ainda mais irritado. Era possível ver isso em seus olhos.
— Qual é a sua, cara? Já estou de saco cheio desse seu jeito de falar, sabia?
— Prazer em conhecê-lo. Me chamo Kuon.
— Mas pode ter certeza que eu não digo o mesmo.
Kazu, mostrando estar irritado com as palavras de Jason, diz:
— JASON, PARE DE AGIR ASSIM!
Kuon, mostrando a mesma calma de antes, diz:
— Quer que eu conte como seu amigo ficou daquela forma?
Jason se surpreende ao ouvir o que Kuon disse.
— Como é, cara? Você sabe?
— Sei sim...
— Beleza, então. Tem minha atenção agora. Fale.
Kuon, demonstrando ironia em seu rosto e na forma de falar, diz:
— Ele não passava de um curioso que não soube se segurar. Nós avisamos para que não entrasse naquela floresta, mas ele sempre foi cabeça dura.
— COMO É QUE TU FALA ASSIM DO HAKIRO NA MINHA CARA DESSA FORMA, SEU DESGRAÇADO?
— Só estou falando a verdade. Ele surtou, deixou a quadra, o time, seus amigos e do nada foi para aquela floresta de noite. Ninguém aqui sabe o que aconteceu por lá, mas seu amigo foi um idiota em ter feito isso.
— CALA A BOCA, P**RA!
Jason, ao ouvir as palavras de Kuon, estava quase explodindo de tanta raiva que sentia. Ele iria partir para cima de Kuon, mas Kazu o impede e o segura. Jason diz:
— Kazu, me largue. Eu vou esfolar esse desgraçado!
— Pare com isso, Jason. Não faça nada que vá ser arrepender depois.
— Ele que vai ser arrepender por ter falado assim do Hakiro!
Kuon continuava dizendo:
— Seu amigo foi o principal culpado. Nós avisamos... Ele foi naquela floresta sozinho e... simplesmente surtou. Ficou batendo a cabeça contra uma árvore e depois se jogou em um buraco.
Jason estava transtornado. Kazu mal conseguia segurá-lo:
— Jason, controle-se! Todos estão olhando pra nós!
— MENTIRA! HAKIRO NUNCA FARIA ISSO! ALGUNS COISA ACONTECEU ALÉM DISSO!
Kuon termina seu relato:
— Eu estava lá. Eu vi seu amigo surtar, do nada. A polícia investigou. Seu amigo foi mais uma vítima da Virose Maldita. Aquela área estava isolada de noite e ele a invadiu, mesmo sabendo disso. Seu amigo foi imprudente e pagou caro por isso. Aceite esse fato.
Jason, refletindo com o pouco de consciência que tinha no momento, pergunta a Kazu:
— É verdade, Kazu?
— Sim. Queria poupá-lo disso.
— Deveria ter me contado.
— Isso não importa mais. Mas mesmo assim peço desculpas.
Kazu, percebendo que Jason estava mais calmo, o solta. Kuon, se aproximando do rapaz, diz:
— Sinto muito pelo seu amigo.
— Eu não quero falar com você...
— Mas eu quero... Eu ainda não terminei.
— Não me importo.
— Não se importa... Hum... Sua educação é um exemplo, sabia?
— Vá a m*rda!
Kuon se aproxima lentamente de Jason e, fitando-o nos olhos, diz, com uma voz ameaçadora:
— Seu comportamento não poderia ser mais insuportável, mas irei relevar pela minha irmã. Ela me disse o que você fez e eu vim agradecê-lo pelo que fez. Mas creio que não deva fazer isso, principalmente depois desse seu comportamento. Você é um problema, e eu odeio problemas...
Kuon fitava Jason de forma ameaçadora. Tanto que até mesmo Kazu temia, pensando pelo pior.
— *Droga... Primeiro a Shizuka e agora Kuon... Essa situação não é adequada, preciso mesmo fazer alguma coisa pra evitar o pior.*
Jason, naquele momento, sentia-se como daquela última vez com a irmã de Kuon.
— *Essa sensação outra vez... Ele está falando sério... Eu... Eu não sei o que dizer... Eu não... Essa sensação... Me incomoda...*
Kuon continuava, já com um semblante ainda mais ameaçador que sua voz:
— Quero que fique longe dela. Para sempre.
Kazu, mostrando desespero em seu olhar, só observava os dois. E Kuon, mostrando ainda mais seriedade em suas palavras, conclui:
— E fique longe dos meus amigos. Melhor, quero que fique longe de tudo que me envolva. Caso desobedeça, você vai lamentar muito com o que vai acontecer com você, humano...
Continua.