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Jason agora vai conhecer melhor o colégio.
Cantina do colégio, 11:55 am
Jason, ao ouvir as palavras da bela jovem, se surpreende. Ela, fitando-o nos olhos, parecia mesmo querer cometer tal ato. Ligeiramente, Kazu, até então acompanhando o ocorrido, se coloca entre os dois, vira para a jovem dizendo:
— Calma, Shizuka. Foi somente um acidente.
Ela, ainda mostrando a mesma calma em seu rosto mas mantendo suas intenções, diz:
— Isso pouco importa. Eu vou matá-lo...
— Não, calma. Não fale essas coisas.
— Saia da frente, Kazu.
Mas foi somente Kazu dar um passo para o lado que Shizuka logo muda seu olhar e semblante, se surpreendo com o que acabara de acontecer a sua frente. Jason estava de joelhos, de cabeça abaixada frente a jovem. Ele diz:
— Me perdoe por tê-la sujado. Não era minha intenção.
Ela, já percebendo que todos no salão os estavam observando, diz:
— Vocês humanos não sabem a dádiva que receberam. Muito bem, aceito suas desculpas.
Ela então deixa o lugar, ignorando totalmente a sujeira em sua roupa, seguindo para a saída. Kazu, visivelmente impressionado, diz:
— Você realmente é imprevisível. Meus parabéns. Sério mesmo.
— Garotas como ela gostam disso. Eu entendi isso nas palavras dela.
— Não... sério, falando bem sério, você se livrou de um baita problema.
— Porque diz isso? E porque ela me chamou de “humano”? Por acaso ela é uma daquelas extremistas protetoras dos animais?
— Jason, recomendo que esqueça tudo isso.
— Mas porq... Ah deixa pra lá... mas isso é no mínimo estranho...
— Somente esqueça. Vamos, o último turno de aula vai começar.
Logo os dois colegas regressam para sua sala de aula. Kazu, antes mais espirituoso, pensava, enquanto caminhava até sua mesa.
— *Só espero que ela não conte para... não, é melhor nem pensar nisso. Jason se saiu bem lá no refeitório, mas foi por pouco...*
Horas depois
Colégio de aplicação, 6:00 pm
Já havia terminado mais um dia de aula. Kazu e Jason caminhavam pelos corredores conversando. Kazu diz:
— E aí, gostou do seu primeiro dia?
— Na verdade não.
— E porque?
— Não aceito o fato do Hakiro estar nessa situação.
— Olha, eu entendo perfeitamente os seus motivos mas ele está bem. Claro, dentro de suas limitações, mas mesmo assim o que aconteceu já foi. Todos ficaram sentidos com isso, acredite.
— Eu havia feito uma promessa... Nós iríamos jogar uma partida única valendo a supremacia no basquete e não poderei cumprir.
Já em frente ao colégio, Jason se despede de Kazu, que diz:
— Valeu, cara. Amanhã nos falamos. E desencana, tudo bem? Está tudo bem.
Logo depois de Kazu se despedir, Iamiko aparece, se aproximando de seu primo. Ela diz:
— E aí, mandachuva. Conseguiu sobreviver.
— Iamiko... você sabia, não é?
— Sabia de que?
— Que Hakiro está usando cadeira de rodas e com problemas. Porque você não me disse antes?
— Ora, seja lá como estivesse, ele não deixaria de ser seu amigo, não?
— Mas você deveria ter me avisado.
— Falou com ele?
— Falei com ele sim. Ele não se lembra de mim.
— O que? Como assim?
— Tentei conversar com ele mas... sabe, vamos pra casa? Não quero mesmo falar sobre isso...
— Mas ele é seu melhor amigo. Porque você não...
— Eu sei... mas sério, não quero mesmo falar sobre isso agora. Um dia desses eu vou na casa dele pra conversar com os pais deles. Sei lá, posso ajudar em algo.
— Tudo bem. Você quem sabe. Mas porque você não faz isso agora?
— Kazu me disse que todos no colégio estão evitando de fazer muitas perguntas a ele. Eu quero muito conversar com ele mas eu sei que isso lhe teria mais problemas. Ele parecia que nunca havia me visto na vida.
— Eu entendo... Bem, namoramos por um ano.
— E porquê terminaram?
— Muitos treinos. Ele não tinha muito tempo pra mim.
— Mas isso não justifica.
— Eu sei, mas Hakiro passou a dar uma atenção muito maior ao time. Até minhas amigas sentiram isso. Até os garotos. Eu ainda tenho sentimentos por ele, mas... Bem, melhor irmos...
Ao término da conversa, os dois tomam um ônibus a fim de voltarem para casa.
A noite segue tranquila, onde o céu mais uma vez encontrava-se nublado mas sem perspectiva de chuva, apesar da baixa temperatura. Jason e Iamiko conversavam quando o ônibus para, surpreendendo a todos dentro do coletivo. O motorista, visivelmente irritado, diz:
— Atenção a todos. Infelizmente não poderei seguir com esse ônibus. Já chamei via rádio para que venha outro. Por favor aguardem dentro do ônibus pois em breve virá outro para pegar a todos.
Jason não perde tempo e diz:
— Iamiko, estamos perto de casa. Vamos andando.
— Mas seu maluco, tem pelo menos uns 3 quarteirões pra gente chegar em casa.
— Você vai morrer então, não? Depois não quer que te chame de monstrinho...
— Eu vou é quebrar a sua cara feia se continuar, ok?
Os dois desembarcam do ônibus e seguem a pé. A distância realmente não era muita, mas aquela parte da cidade já era mais escura e quase desabitada aí longo da estrada. Uma mata densa ilustrava o ambiente quase inóspito.
Jason e Iamiko continuavam seu caminho até a jovem dizer:
— E essa sua ideia de fazer isso... Não sei onde eu estava com a cabeça por lhe dar ouvidos...
— Está com medo?
— Eu não. Mas estou com frio...
Porém a conversa é interrompida por Jason que, ao avistar algo, diz:
— Olhe... o que é aquilo alí na água?
A região onde se encontrava a cidade era semi costeira, onde uma parte do continente era banhada pelo oceano asiático, e era próximo a uma praia onde Jason avistou algo. Ele imediatamente corre até o local, com Iamiko o acompanhando, de longe.
O objeto se tratava de uma espécie de cápsula de metal com uma tampa de vidro, aparentemente lacrada, apesar da cápsula estar amassada. Jason, preocupado, diz:
— Mas o que é isso? E como chegou até aqui?
Iamiko diz:
— Jason, melhor não mexer nisso. Sabe-se lá de onde veio...
Jason, ao utilizar a lanterna de seu celular logo percebe que há algo dentro da cápsula. Surpreso, ele diz:
— Iamiko, tem algo aqui dentro...
—O que? Mas como?
— É... É um gato... eu acho.
— UM GATO?
— Sim. Me ajude a abrir isso.
Após incessantes tentativas, finalmente conseguem abrí-la. Era de fato um felino com pelugem cinza, porém Jason percebeu que o felino não estava acordado, e nem mesmo depois de apalpá-lo o mesmo não acordou. O jovem, percebendo algo errado, diz:
— Iamiko, ele não está acordando. Não estou gostando disso. Rápido... sabe onde tem algum veterinário por aqui?
— Eh... bem...
— Rápido, Iamiko! Pense!
— Calma... espera. Eu sei onde. A nossa vizinha é estudante de medicina veterinária. Ela deve ajudar.
— Rápido, vamos até lá.
As pressas, Iamiko guia Jason, que levava em seus braços o felino, este ainda desacordado. Por alguns metros mais, eles finalmente chegam até a casa da moça e Iamiko logo trata de chamá-la. Assim que os avista, a mulher diz:
— Iamiko, o que ouve?
— Achamos esse gato lá perto da margem. Ele não está acordando.
— Rápido, tragam-lo para dentro.
Jason o coloca sobre a mesa da sala da mulher, que apressadamente pega seu estetoscópio e seus utensílios clínicos. Examina o felino, levando o instrumento para sobre seu dorso. Ela, ao ouvir, se desespera e diz:
— Ele está com pulsação fraca. Rápido, me dêem a maleta que está ao lado da estante.
Ela rapidamente pega uma seringa e uma ampola, a fim de ajudar o felino. Ela o aplica e em seguida volta a ouvir seu dorso.
— Hum... acho que funcionou.
Jason, preocupado, diz:
— O que houve, e o que você deu a ele?
— Adrenalina, mas...
— Mas o que?
— A dose que eu apliquei normalmente faria qualquer felino desse porte teria uma resposta imediata. Mas eu somente percebi que ao menos seus batimentos estão próximos dois normais...
— Então aplica outra.
— Não funciona dessa forma. Se eu aplicar outra vez ele pode sofrer uma overdose. Isso é muito estranho...
Apesar da aparente melhora do felino, como a veterinária havia diagnosticado, ela toma o gato em seus braços e o leva até um pequeno cerco, improvisando um leito. Tomando todos os cuidados, diz:
— Eu no momento não poderei fazer muito. Por hoje, é melhor que o deixe aqui repousando. Mas vou ser sincera com vocês dois: eu não sei mesmo se poderei de fato ajudar. Não temos nenhum hospital de animais aqui na cidade e mais de duas horas nos separam da cidade próxima daqui que teria mais estrutura. Bem, vou ficar de olho nele está noite.
Jason, olhando para Iamiko, percebeu que as coisas não estavam boas e se reservou.
— Tudo bem... eu entendo. E muito obrigado.
Logo os dois deixam a casa e seguem para a moradia deles, que ficava a dois quarteirões de onde estavam.
Casa de Jason, 11:00 pm
Jason estava em seu quarto, lendo um dos livros do colégio. Por um momento, ele interrompeu sua leitura, refletindo um pouco sobre seu dia conturbado no colégio.
— *Hakiro... aquela garota... esse gato... e... aquele cachorro... As coisas estão um pouco estranhas aqui desde a última vez que morei nessa cidade... Eu adoro este lugar... passei por bons momentos com eles aqui... Mas, muita coisa mudou aqui...*
Jason fecha seu livro e se prepara para dormir. Porém, ao se virar para ajustar o abajur de seu quarto, todas as luzes da casa se apagam e, para surpresa de Jason, um vulto salta da janela para o ponto mais escuro de seu quarto. O jovem, surpreendido com o fatol, levanta-se da cama, já em estado defensivo, e diz:
— Eu sei que há alguém aí... apareça!
E eis que das sombras surge aquele suposto cachorro que Jason havia visto naquela noite chuvosa. O jovem, ainda mais surpreso, diz:
— O que? É você outra vez. O que quer comigo?
O cachorro lentamente começava a caminhar para encontro a Jason, que diz:
— O que quer comigo? Quer um osso ou coisa do tipo?
E parando em frente ao jovem, o cachorro diz, com aquela mesma voz estridente e ameaçadora:
— Eu estou aqui para pôr um fim em sua petulância. Um ser desprezível...
Jason parecia não acreditar no que estava acontecendo. O canino de fato estava falando com ele, que continuava a falar:
— Aquela humana é a única coisa que me resta nessa vida. Nenhum ser enquanto eu viver irá ferí-la, tampouco desrespeitá-la. Tais palavras que sua carcaça podre e fétida ante a ela disse me motiva ainda mais pôr fim a sua existência.
Logo vários raios conheçam a ser expelidos pelo canino, se chocando contra as paredes do quarto de Jason. O canino, ainda mais ameaçador, diz:
— Lhe permitirei lutar por sua vida, pois todo ser, por mais desprezível que seja, merece esse direito. Corra... tente se for capaz, e não será. Corra e condicione sua existência com a morte ou lute e morra com orgulho.
Jason estava confuso. Na verdade não conseguia raciocinar de forma devida. Continuava a fitar o canino, e nem mesmo frente ao iminente embate, evitou a encará-lo, olhando-o nos olhos. Jason estava mostrando-se determinado a continuar alí, e diz:
— Eu não sei o que está acontecendo, mas eu nunca fugi dos meus problemas. Se pensa que irei fugir está muito enganado.
— Orgulho... Você priva por isso. Há uma esperança. Porém é tarde...
— DANE-SE!
E Jason corre em direção ao canino.
Continua...