Freedom Planet: Faith & Shock

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    Capítulo 23

    Conhecendo a Agência

    Spoiler, Violência

    Hoje conheceremos melhor como funciona a Agência.

    Como vimos anteriormente, por uma atitude totalmente... Bem, como poderia dizer? Uma atitude “fofinha” talvez? De qualquer forma, Milla sendo ela mesma conseguiu convencer Asuka a aceitá-los no alojamento da Agência.

    Depois de voltar atrás em sua decisão, a jovem grã mestra da organização secreta apresentou as instalações aos novos habitantes provisórios do lugar, usando seu cartão de acesso e entregando-o a Lilac. E assim que a dragão abriu a porta, pode ver uma grande sala de estar, causando espanto a todos.

    — OH GLORA A DUXX! Olha esse lugar, Lilac! – Disse Carol, com seus olhos brilhando.

    — Nossa! Aqui é bem confortável mesmo! – Disse Milla, entrando as pressas.

    — Nunca imaginei que o alojamento seria uma casa! Espera... Eu disse casa?! – Viktor logo entrou, as pressas, até os fundos.

    — Asuka, esse lugar é muito bem arrumado pra moradores que só vão ficar um tempo – Disse Lilac, olhando para Asuka.

    E não era pra menos. O alojamento era mesmo espaçoso e bem equipado, com dois sofás bem confortáveis e, a frente, um enorme televisor LED de 75”. Ao fundo havia uma grande mesa redonda, com pelo menos oito cadeiras luxuosas, com um frigobar. Mais para dentro do alojamento podemos ver dois quartos, sendo que cada um haviam pelo menos três camas cada um e bem confortáveis, com armários para guardar roupas. Ao longo do corredor, onde Viktor dou correndo, o jovem finalmente encontrou o que esperava ver:

    — UMA COZINHA, LILAC! E TEM TUDO QUE EU PRECISO!

    — Nossa! É sério, Viktor?! – Disse a dragão, entusiasmada.

    — Sim! Tem até um grande forno! Que cozinha, Asuka! Vocês da Agência sabem mesmo das coisas!

    Asuka olhou bem para Viktor, sem entender do porquê de tanta empolgação, dizendo:

    — Ok... Quem é ele? Ou melhor... O que é ele?

    — Ah sim... Otomezinha, o piá não é daqui. Ele é um alien e...

    — Um alien?! ARTHEMIS!

    Sem perder tempo, Arthemis se materializou na frente de Viktor, o assustando. Até mesmo Lilac e Milla estranharam isso.

    — Mas o que... Como ela fez isso?

    — Lilac, eu pensei que ela fosse uma gata... – Disse Milla, olhando para a felina vermelha.

    Arthemis, olhando para o jovem humano, fez com que seus olhos se iluminassem, passando luzes por todo o corpo de Viktor, que diz:

    — Senhorita Asuka... O que significa isso?

    — Arthemis está fazendo um scanner corporal em você, alien.

    — Hã? Mas... Eu não sou um alien.

    — Você é desse planeta?

    — Não... Quero dizer... Eu não sou daqui, mas..

    — Então você é um alien sim! E eu estou muito entendida do que um alien representa.

    — Asuka-chan, se eu encontrar alguma anomalia eu devo eliminá-lo? – Perguntou Arthemis.

    — Certamente.

    — O que? Você está louca?! Eu não sou uma ameaça! – Disse Viktor, desesperado – Carol, isso é culpa sua!

    — Ih piá, tenho nada com isso não. Se vira aí, champs – Disse Carol, caminhando até a sala.

    Embora Arthemis estivesse mesmo levando a sério a varredura corporal no jovem, ela se aproximou do jovem e disse:

    — Viktorius Ashem... Relaxe. Eu não vou te fazer mal algum.

    — O-obrigado. Eu não sou uma ameaça. Eu sou um humano.

    — Humano? É sua espécie?

    — Sim.

    — Estou catalogando no meu banco de dados.

    — Mas o que é você afinal?

    E Asuka então diz:

    — Argonus Thermal Eletric Mistakeness. Arthemis. Ela foi criada por mim a partir de uma outra criação minha: nanites.

    — Nanites? O que seria isso? – Perguntou Lilac, curiosa.

    — São nanorobôs que, juntos, podem formar qualquer coisa. Arthemis é a união de tudo que eu criei de mais tecnológico em nanites de toda Avalice.

    — Então a diva aí é uma máquina? – Perguntou Carol, comendo uma maçã.

    Mas a felina verde quase se engasgou com a fruta, já que Arthemis a colocou contra a parede, olhando bem dentro de seus olhos dizendo:

    — Eu não sou uma máquina! Eu estou viva, eu tenho sentimentos e eu sou bem sensível! Então me chama pelo nome, do gueto!

    — Tá! Tá! Malz aí, kawaiizinha.

    — Agora que tamo no lero, fica sussa aí.

    — Ih... Olha só! Tu fala que nem eu!

    — É, tô por dentro das coisa. Tu é firmeza, gata.

    — Caraca! Já gostei de você! Best Friends!

    — Já é! – Disse, apontando seu punho para Carol.

    — Oh loco! Tamo junto, fera! – Encostando seu punho ao de Arthemis.

    Como Asuka e Arthemis devem ter estranhado, Lilac logo explicou sobre o comportamento de Viktor.

    — Asuka, Viktor é um cozinheiro.

    — Nani?! Viktorius Ashem é um chef de cozinha?! Sugoi!

    — Eu estou com meus dados corrompidos ou eu ouvi que Viktorius Ashem é um chef de cozinha? – Disse Arthemis, olhando para Viktor.

    — Eu sou sim. E estou com muita vontade de cozinhar que vocês não tem ideia – Disse o jovem, dando um sorriso.

    — Asuka-chan, eu quero ver isso. Preciso ter certeza que Viktorius Ashem é mesmo um chef de cozinha.

    — Tudo bem, Arthemis.

    Viktor logo se animou e foi imediatamente fazer o que queria, indo até a cozinha e examinando todos os condimentos, frutas, legumes, verduras... E isso tudo sendo observado por Arthemis, errar como uma inspetora. Lilac logo ficou curiosa e, se aproximando de Asuka, perguntou:

    — Asuka, porque a Arthemis está tão interessada assim no Viktor?

    — Ah... Gomen nasai! Arthemis é minha cozinheira.

    — O que? Ela? Mas...

    — Eu não sou boa fazendo comida.

    — Novidade... Nem eu e nem a Lilac também... – Disse Carol.

    — Carol! Eu sei cozinhar? Que papo é esse? – Disse Lilac, nervosa.

    — Mommy, eu gosto da tua comida. Mas depois que o piá começou a cozinhar, então...

    — CAROL!

    — Nyah! :3

    Asuka, olhando para Viktor e Arthemis, logo teve que intervir:

    — Vocês dois aí... Principalmente você, Viktorius Ashem.

    — Hã? O que foi?

    — Acho bem fofinho você gostar de cozinhar, mas antes de fazerem qualquer coisa há normas a serem seguidas.

    — Como o que? – Disse Lilac, entrando na conversa.

    — Hora de mostrar a vocês seus uniformes de locatários da Agência.

    — Opa! Espera... Peraí! Qual foi dessa aí de usar uniforme, hello kitty? – Disse Carol, esboçando descontentamento.

    — Vocês precisam usar os trajes que vestimos aqui na Agência. Suas roupas civis só podem ser usadas em recreação ou treino. 

    — Então a gente vai mudar de roupa? – Disse Milla, com os olhos brilhando – Eu quero! Eu quero!

    — Hm... E a roupa é bonita, Asuka? – Disse Lilac, com um sorriso no rosto.

    — Sim! Vocês vão adorar!

    Terminado de dizer, Asuka então levou a todos até o vestiário de visitantes, para lhes entregar os uniformes. Mas antes disso, talvez vocês estejam se perguntando “locutor, onde está o Noah?”. Bem, houve uma condição para que o jovem pudesse ficar. E é justamente quanto a isso que iremos tratar agora.

    Aposento oficial da grã mestra da Agência.

    Sentado em uma poltrona bem confortável, Noah era somente paciência ao esperar por definições acerca de sua presença na Agência. Não demorou muito e Arthemis se materializou a sala, andando até Noah, que diz:

    — Muito bem, vermelha... O que eu devo fazer pra você mudar sua opinião quanto a mim?

    — Noah Hibiki... Lenzin me disse a seu respeito.

    — Então pelo visto já sabe de toda a minha vida. Típico.

    — Hm... Eu não gosto de você.

    — Devo me preocupar com isso?

    — Deveria sim.

    — E porque?

    — Já pensou que posso desintegrá-lo com o levantar de um dedo?

    — Você é uma IA. Deveria agir como uma e não ser tão agressiva.

    — Você é bem observador para um praticante do Kaipasu.

    Noah logo levantou, irritado ao extremo com Arthemis. Ele, nervoso, diz:

    — CHEGA!

    — Noah Hibiki, não se atreva a...

    — O QUE? A ME DEFENDER? Eu estou aqui dentro da sala pacientemente a mais de uma hora e você vem aqui me ofender e espera que eu fique quieto? Que espécie de computador é você?

    — EU NÃO SOU UMA MÁQUINA!

    — Ah não é? Não é uma máquina... Tudo bem, eu respeito isso. Você quer que eu te veja como uma garota de carne e osso? Tudo bem. Posso fazer um esforço e tentar te tratar assim. Só que eu quero o mesmo esforço a se referir a mim. Então apague de sua “mente” esse rótulo desagradável de “praticante de Kaipasu” e eu vou te tratar com o mesmo respeito!

    — Noah Hibiki...

    — Só me chame de Noah. Precisa de mais natural a dizer nomes.

    — Meus sensores dizem que está com sua pressão acima do normal. Recomendo se acalmar. Gostaria de uma bebida refrescante como um chá de camomila?

    — Hã? Mas... Porque mudou assim do nada?

    — A vibração de sua voz mostrou-me sinceridade e honestidade. Você está frustrado por não poder fazer nada e, dentro dos meus parâmetros da teoria estequiométrica, não deseja criar mais problemas com isso. Está também receoso em faltar com as expectativas de seus amigos e, analisando seu olhar até agora, principalmente a Sash Lilac. Durante todo esse tempo que esteve aqui me esperando não se levantou e manteve a serenidade, característica de alguém que não tem nada a esconder.

    — E o que quer dizer com isso?

    — De que posso confiar em você. Vejo que realmente o que fez a minha Asuka-chan foi de fato um acidente.

    — Então eu poderei ficar na Agência?

    — Sim. Sem sombra de dúvidas. Asuka-chan confia em meus julgamentos.

    — Hm... Devo te pedir desculpas.

    — Embora perceba que está agindo novamente com honestidade, eu não consigo analisar o porquê. Gostaria de saber o motivo. 

    — Porque eu gritei com você, fui preconceituoso e te tratei de uma forma que você não gosta.

    Durante um tempo Arthemis ficou imóvel, olhando para Noah, que não entendia o que estava acontecendo. Mesmo com a IA felina parecendo agir como uma garota, muito de sua natureza artificial ainda era evidente. Então, frente a Noah, ela diz:

    — Pedir desculpas é reconhecer seu próprio erro e um sinal de empatia com o próximo. Analisando essa natureza, devo fazer o mesmo.

    — Fazer o mesmo? Mas...

    — Noah... Peço desculpas como lhe tratei e não voltarei a fazê-lo.

    — Ah tudo bem. Você se chama Arthemis, não?

    — Sim.

    — Tudo bem. Mas tenho uma última pergunta a fazer sobre você.

    — Sinta-se a vontade.

    — Porque está falando comigo como se fosse uma máquina?

    — De acordo com minhas leituras de comportamento, percebi que você se relaciona melhor com pessoas as quais são sistemáticas. Ou seja, estou conversando com você de forma clara e coesa, respeitando sua inteligência.

    — Hm... Então eu tenho um pedido a fazer.

    — Qual seria.

    — Haja comigo como agiria com qualquer pessoa.

    — Isso iria desagradá-lo.

    — Sabe o que me desagrada de verdade? Pessoas que não agem como são. Que usam máscaras.

    — Eu não entendo plenamente figuras de linguagem e culturas as quais não tive contato.

    — Seja você mesma. Eu quero que você sempre seja você. Só isso.

    — Tudo bem.

    — E então, posso sair?

    — Eu o levarei até o alojamento. Asuka-chan está preparando os uniformes.

    — Hã? Uniformes?

    — Sim. Vamos.

    Mas antes que saíssem da sala, a IA felina voltou a olhar para jovem albino, dizendo.

    — Noah, sobre o que eu disse agora a pouco, de eu não gostar de você...

    — O que tem?

    — Seu status foi atualizado.

    — Ah é? E para qual?

    — “Tolerável” lhe agrada em saber?

    — É, melhorou...

    Pelo visto Noah e Arthemis se entenderam, mesmo que parcialmente.

    E lá vamos para a “Saga do uniforme”...

    Vestiário do alojamento, minutos depois.

    Já com todos presentes, inclusive Noah e Arthemis, logo foi entregue a todos uma mala com os uniformes casuais da Agência. E o lugar era exatamente como os provadores de lojas de roupas, porém com mais ornamentos. E Asuka, impaciente, diz:

    — E aí, pessoal? Como é?

    — Asuka-chan, eles entraram não faz nem dez minutos.

    — Arthemis, eu tô impaciente. Meu termômetro de “tsunderice” já está estourando...

    — Eu percebi. Fique calma.

    Não demora muito e Lilac, ainda de dentro do vestiário, diz:

    — Olha, eu já acabei. Estou saindo...

    — Ah finalmente! Eu quero ver como ficaram...

    Por fim, matando a curiosidade de Asuka, Lilac apareceu vestida com uma saia estilo colegial xadrez de cores preta e bronze, usando um blazer feminino bege, com um lenço vermelho em seu pescoço. Definitivamente Lilac estava linda, causando uma reação bem espontânea em Asuka:

    — MEU KOKORO! OH QUE COISA LINDA DEMAIS! MUITO MUITO MUITO! AH LILAC... VOCÊ TÁ MUITO LINDA!

    — hehehe... É... Eu fiquei, né? Hehe – Disse a dragão, um pouco envergonhada.

    Logo em seguida foi a vez de Viktor, que diz:

    — Tipo, essa roupa foi feita sob medida? 

    — Alien, foi sim – Disse Asuka, rindo.

    — Eu não sou um alien! Olha, estou saindo...

    — Isso, pode sair! Vai...

    O jovem então começou a caminhar para fora do vestiário, se mostrando vestindo uma calça preta, usando um blazer bege e camisa social beba por baixo, com uma gravata preta. Viktor estava bastante elegante e, como esperado, a reação de Asuka definiu bem isso:

    — OH! MAS... é... Tipo... VOCÊ ESTÁ UM PERFEITO GENTLEMAN! AI MEU KOKORO... QUE VONTADE DE TE...

    — ASUKA-CHAN! – Gritou Arthemis – Ele é um alien!

    — Eu não sou! Parem de me chamar assim vocês duas! – Esbravejou Viktor.

    Mas Lilac não tirava os olhos do jovem que, percebendo, voltou também seus olhares para a bela dragão púrpura, compartilhando sua reação:

    — Eh... Lilac... você está linda... Hehehe...

    — Vo-você também está, Viktor...

    — Hehehe... Nunca te vi vestida com outra roupa...

    — E nem eu tinha te visto tão elegante assim.

    — O-obrigado... É... Ca-cadê os outros?

    — Nã-não sei...

    E logo Asuka apressou os atrasados:

    — Vamos, pessoal! Só no aguardo. Sério...

    E eis que, por unanimidade, todos se impressionaram com Milla que, vestindo as mesmas roupas de Lilac, porém usando uma meia calça por baixo da saia, causou uma reação bem “espontânea” em Asuka:

    — AI EU TÔ MORRENDO... MEU DESU MEU DESU MEU DESU! MEU KOKORO VAI SAIR PELA BOCA! MOE DEMAIS! AI... EU QUERO VOCÊ PRA MIM, MILLA! MUITO MUITO MUITO UM MILHÃO DE VEZES MUITO FOFINHA! AHHH! – Disse a grã mestra da Agência, quase surtando.

    — Eh... Eu estou bem bonita, né? Eu me vi no espelho... Será que a minha mestra ia aprovar também? – Disse Milla, bastante corada e um pouco sem jeito.

    — Você está linda, Milla! Nossa, me surpreendeu! – Disse Viktor, sorrindo.

    — Ai, Viktorius... Para! Estou com vergonha agora!

    E Asuka não parou:

    — Me ajuda, Arthemis... Eu não estou bem... Ela é kawaii até quando está corada, meu desu...

    — Milla Basset está muito bonita, é verdade. Asuka-chan, seria melhor Acalmar-se pois sua pressão aumentou – Disse a IA felina.

    E dessa vez, saindo do vestiário já vestindo o uniforme, era Noah, que causou a mesma reação que Viktor causou a Lilac, que diz:

    — Nossa... Noah, você está tão elegante vestido assim...

    — Eh... Lilac... O-obrigado... Mas... Você ficou muito bonita vestida assim também.

    — Ah... Bem... Obrigada... Hehehe...

    E caso tenham curiosidade, Asuka olhou para Noah, deslumbrada. Porém logo tratou de esconder esse sentimento, dizendo:

    — É, fi-ficou mais apresentável... – Disse, enquanto tossia disfarçando – *O desgraçado tinha que ficar logo tão elegante? Ero-albino bonito do caramba...*

    Mas também faltou a reação da pequena canina:

    — Você está muito bonito, Noah – Disse Milla, desviando o olhar, esfregando seus dedos indicadores um ao outro.

    — Ah... Obridado, Milla. Você também está linda.

    Mas Asuka não conseguiu resistir a Milla novamente:

    — AH MEU DESU! OLHA ELA, ARTHEMIS! ELA TÁ ESFREGANDO OS DEDINHOS QUE NEM NAQUELE ANIME! MOE DEMAIS! MUITO KAWAII ESSA FOFINHA LINDA! – Disse, abraçando Milla com força, levantando ela foi chão – Eu quero você pra mim, sua fofa! Ah meu desu! Que lindinha!

    E já com todos prontos (?), Lilac logo diz:

    — Bem, então é isso. Já estamos todos arrumados, Asuka.

    — Isso. Tamo todo mundo bunito. Vamo nessa – Disse Carol, já próxima a saída.

    Eles então começaram a andar para saírem do... Esperem. Carol?! Ela está vestindo a mesma roupa que de costume! Asuka não deixou por menos:

    — Carol, cadê seu uniforme?

    — Tá lá dentro dobradinho.

    — E porque você não está vestida com ele?

    — Eu, vestir aquilo? Nem ferrando!

    — Porque?

    — Porque? Eu sou Carol Tea, a badgirl número um de Avalice. Tenho um nome a zelar e não vou me vestir que nem uma patricinha. Tá louca, mulher? Dá não.

    — Carol, não é um pedido. É uma ordem você vestir o uniforme. Todo mundo está arrumado. Não tem desculpa.

    — Otome kawaii, eu não vou vestir aquilo. Olha só a Lilac! Ela tá muito lindona, qual é. E até a Milla tá muito fofinha... O piá e o trev... digo, o Noah tão bonitões e o escambau. Mas euzinha não vou ficar engomada assim... mas não vou mesmo.

    — Ah você não vai, é? Muito bem... Arthemis, mande uma mensagem para você sabe quem...

    — Imediatamente, Asuka-chan!

    — Ueh? Mas que...

    Em menos de um minuto a tal praia já estava a porta do vestiário: era Lenzin, que diz:

    — O que está acontecendo?

    — Olá, pandinha mais linda dessa Agência. Eu estou com um pequeno probleminha com uma certa badgirl que não quer vestir o uniforme.

    — Nem precisa dizer quem é... – Disse a guardiã, caminhando até Carol – Venha, sua delinquente... – Disse, enquanto aplicava uma chave de braço na felina verde.

    — O que... Aí, tu vai quebrar meu braço, fofinha...

    — Se você tiver sorte eu só irei quebrar seu braço. Agora, VENHA! – Disse, carregando Carol até o interior do vestiário.

    — SOCORRO, LILAC! VÃO TIRAR MINHA IDENTIDADE! HELP-ME!

    Minutos depois, vemos Lenzin sair, com um rosto de poucos amigos, dizendo:

    — Que felina maluca e chata dos demônios... Preferiria exorcizar centenas de demônios que ser a babá dela...

    — Lenzin, o que você... – Tentou dizer Lilac.

    — Coloquei um vestido na sua amiga. Só isso. Bem, meu trabalho aqui terminou... – Disse, voltando para o centro da Agência.

    Mesmo após Lenzin sair, nada de Carol dar as caras. Isso logo chamou a atenção de todos, com Asuka dizendo:

    — Carol Tea, está aí?

    — Tô! – Disse, meio irritada

    — Tudo bem. Porque não sai?

    — Porque eu estou com vergonha de mim mesmo.

    — Vergonha de quê?

    — Tô com meu orgulho ferido.

    — Porque diz isso?

    — Porque tô parecendo a Emília do sítio do Pica-Pau amarelo.

    — Mas do que ela está falando? – Disse, sem entender nada.

    — Ah... É essas maluquices dela de novo... – Disse Lilac, indo até a porta – CAROL, DEIXA DE FRESCURA E SAIA JÁ SAÍ!

    — NÃO! – Respondeu a felina, irritada.

    — Eu vou chamar a Lenzin outra vez então...

    — NÃO! NÃO FAÇA ISSO! Eu... Pera... Eu vou sair... Só não chama ela de novo...

    — Então sai logo!

    A muito custo, e andando toda dura, Carol finalmente saiu do vestiário. Estava vestida exatamente como Lilac e, a exemplo da bela dragão, estava linda, como Asuka teve o dever de dizer:

    — AHHH! OLHA, ARTHEMIS! DIZ PRA MIM... NÃO É A BADGIRL MAIS MOE KAWAII LINDINHA DA AGÊNCIA?! MEU DESU! COMO VOCÊ TÁ LINDINHA! MOE LEVEL GODDESS! – Disse a felina, abraçando Carol com força.

    — Ah eu quero morrer... Lilac, isso é muito vergonhoso...

    — Deixa de ser boba, garota. Você está um amor vestida assim... Hahahaha! – Disse Lilac, olhando para Arthemis – Ei, Arthemis... Vai... Tira uma foto!

    — O que?! Lilac, não se atreva a fazer isso!

    Mas qualquer tentativa de Carol foi em vão em tentar se esconder, como Arthemis disse:

    — Sash Lilac, já havia feito assim que Carol Tea saiu do vestiário.

    — Isso não é justo! Cara, se essa foto vazar eu vou te destruir, Lilac!

    — Carol, eu não fiz nada... Quem fez foi a Arthemis – Disse a dragão, rindo.

    Mas ainda não tinha terminado. Viktor logo se aproximou da felina e:

    — Carol... Você está muito linda, sabia?

    — Ei, qual foi, piá? Postura, hein!

    — Nada. Só estou te elogiando.

    — Tá, tô kawaiizinha, lindona, diva, princesinha... Pronto. Já foi.

    — Ainda bem que você sabe, hehehe.

    — Ah vai pastar! Cara, que situação... *Eu vou te matar, locutor! Tu fica na atividade quando cruzar a esquina!*

    Continuando a história (e ignorando o comentário desnecessário), os jovens, adequadamente uniformizados, foram levados por Asuka e Arthemis para conhecerem as regiões da Agência. Caminhando pelos corredores movimentados do lugar, a felina grã mestra da Agência diz:

    — Bem, vamos lá. A Agência é praticamente uma cidade embaixo das terras de Shang Mu. Somente indivíduos altamente gabaritados tem a honra de entrar nesse lugar.

    — Então tamo no topo, olha só. E faz tempo que eu li meu último livro... – Disse Carol, se gabando.

    — Carol! Pare com isso. O livro que você leu era sobre peças de motos! – Indagou Lilac.

    — Também vale! Nyah!

    — Bem, continuando... *Ah como ela está kawaii com esse uniforme. Parece uma colegial fofis!* ... a Agência é dividida da seguinte forma:

    Ala norte – Ichi

    É a região da Agência relacionada a inteligência e pesquisa. Somente agentes autorizados podem entrar. É onde são traçadas as estratégias de campo para algum ataque a fim de proteger Shang Mu. É nesse lugar também que discutimos entre nós teorias e medimos nossos conhecimentos. Ou seja, seminários.

    Ala Sul – Ni

    Região responsável pela parte mais importante da vida de todos na agência: alimentação e saúde. É nega onde ficam os restaurantes. Junto a isso temos o centro de saúde, a policlínica e o hospital. Além disso, já um laboratório de pesquisas e afins. Somente membros com credencial médica podem circular livremente pela area de saúde. E, como esperado, é onde também encontramos diversão. Cinemas, jogos eletrônicos, praças, bosques simulados, riachos... Vocês terão uma boa vivência.

    Ala Oeste – San

    Nessa região o ponto chave é: quietude. É aqui que estudamos, pois lá é onde temos nossa própria universidade. Temos também uma biblioteca com livros de toda Avalice, junto com computadores com informações restritas ao nosso reino. É uma ala liberada a quem tiver um white card, onde a pessoa pode ir a qualquer lugar por lá.

    Ala Oeste – Yon

    O quarto quadrante. É nele onde fortificamos nosso físico. Já uma imensa academia com toda a aparelhagem possível, assim como centros de treinamento de tiro, projéteis diversos e, como de praxe, artes marciais. A família Omna é responsável pela filosofia do local, mantendo em ordem a harmonia. Não pensem que só praticamos luta corporal por lá. Fortificamos nossa mente também.

    Ala Mestra – Go

    É onde nós moramos. Vocês estão nos alojamentos, que são moradias mais simples. Os demais blocos da ala tem outros tipos de instalações de acordo com a hierarquia, pois muitos precisam ter mais contato que os demais. Então a estrutura de suas moradias é proporcional a sua importância. Por exemplo: Lenzin é na única que tem um apartamento com comunicando também com o reino de Shang Mu, ou seja, o castelo. Eu tenho um laboratório e centro de comando onde eu estou alojada. E seus alojamentos tem acesso restrito ao centro da Agência. Entenderam?

    Ala Restrita – Seigen

    A ala Seigen é somente para emergência em Shang Mu. Nós a usamos para sairmos em missão de forma imediata. Todos os agentes que atuam em campo de combate levam em média cinco minutos para pegarem seus equipamentos e receberem as instruções da missão emergencial. Somente indivíduos altamente treinados a utilizam, pois é necessário precisão e muita responsabilidade nesse momento.

    Terminada a apresentação, Lilac comentou:

    — Nossa, isso aí é mesmo uma cidade. A estrutura desse lugar é impressionante.

    — Sim. E adiantando que vocês tem acesso a programação escolhida a dedo na televisão do alojamento. Não se preocupem.

    — Peraí... Nós temo TV por assinatura? É isso? – Disse Carol, com os olhos brilhando. 

    — Quase isso, badgirl fofinha kawaii da mãe – Brincou Asuka, abraçando novamente Carol.

    — Aí sim, hein. Fechou!

    — Mas a gente vai poder andar normalmente pela Agência? – Perguntou Milla, da forma mais doce possível, esfregando seus dedos indicadores.

    — Ah meu desu... Ela tá esfregando outra vez, Arthemis! Olha! Si-sim, kawaiizinha lindinha. Porém terão de ter cuidado pra não estarem em área restrita – Disse Asuka, ainda deslumbrada por Milla.

    — Ah tá bom... – Disse a pequena, escondendo o rosto com suas orelhas.

    — AH NÃO! ELA FEZ ISSO MESMO, ARTHEMIS? MAS QUE LINDINHA, MEU DESU! VOU FICAR LOUCA COM TANTO MOE, GENTE... – Disse Asuka, surtando.

    — Asuka-chan, sua pressão está aumentando. Deveria tomar algo relaxante, como um suco de maracujá. Posso providenciar pra você... – Disse Arthemis, abraçando Asuka.

    — Não, tudo bem... Nossa, tenho que parar de surtar assim *É muito lindinha essa Milla, meu desu...* Bem, agora que eu apresentei a vocês as instalações da Agência, de acordo com o que a lindinha daquela panda guardiã disse, vocês estão liberados para fazerem o que quiser.

    Carol, ainda se acostumando a sua roupa, diz:

    — Pera... Peraí... Nós podemos ir away? Liberou geral?

    — Isso mesmo... – Disse Asuka, olhando sem parar para Carol.

    — Cara, aí sim! Firmou! Agora assim que... Pera... Porque tu tá me olhando assim, otome?

    — Ah... Como eu poderia dizer... Carol... Você... ESTÁ MUITO FOFINHA, MEUDESU! Essa sua roupinha caiu muito bem em você...

    — Sem essa, Asuka! Tu fica o tempo todo fazendo a gente de personagem de anime escolar... – Disse a felina verde, com um olhar bastante “yandere”.

    — AH NÃO NÃO NÃO! OLHA ARTHEMIS! ELA TÁ EMBURRADA! MUITO FOFINHA! NYAH NYAH! – Disse, abraçando com força Carol.

    — Socorro, Lilac! Esse anime louco que essa otome tá imaginando não vai ter ending song! – Disse Carol, tentando se soltar.

    — Hehe. A Asuka realmente gostou do seu novo visual, Carol. Eu também amei – Disse Lilac, com uma risada tendenciosa.

    — Tu tá curtindo isso tudo, né? Tá beleza... Vai ter volta!

    — Hahaha! Você está muito lindinha, Carol! De saia que nem eu e a Milla.

    — Ah vai ver se eu estou na esquina, super heroína!

    Mas no meio da conversa e brincadeira inocente de Asuka, eis que sua pulseira eletrônica começa a vibrar, mostrando em seu visor um chamado diretamente da central. E surpreendendo a todos, só esse detalhe já foi suficiente para fazer mudar seu semblante, pois a jovem felina amarela parecia uma outra pessoa. Com um rosto sério, soltou Carol, dizendo:

    — Vocês estão livres por hoje. Porém fazer o que quiserem. Se precisarem de algum suporte é só chamar pela Arthemis usando suas vozes.

    — Hã? Mas... Asuka... – Perguntou Lilac. 

    — Sash Lilac, basta chamar pela Arthemis. Não há mais o que explicar.

    — Sim, mas... O que houve?

    — Estou indo trabalhar, Sash Lilac. Em breve nos veremos.

    Asuka então deixou o grupo de jovens o quanto antes, mas foi seguida por Noah, que sequer avisou que faria a Lilac. Quando justamente a felina percebeu o jovem albino, ela se virou e disse:

    — Noah Hibiki, seja breve.

    — O que aconteceu?

    — Pretensioso.

    — Hã?

    — Estou falando de você. Pretensioso.

    — Mas porque está...

    — Pretensioso. Veio próximo a mim para tentar mostrar empatia, mas logo se nota que você só quer saber o que eu irei fazer.

    — Hm... Você é mais...

    — Inteligente? Noah Hibiki, Arthemis me disse sobre a conversa de vocês e o exame dela. Você pode ter passado pelo juízo dela, mas isso não muda como o vejo.

    — Então acha que eu sou um tarado? Eu pensei que sua inteligência disse além de um mal entendido acidental.

    — Você não compreende...

    — O que eu não...

    — Cale-se.

    — Asuka, o que...

    — Cale-se. É uma ordem. Não ouse dizer mais uma palavra. Se você ainda está aqui é por causa de Milla e dos outros. Mas você... Não quero que dirija a palavra a mim a não ser que eu a autorize, fui bem clara?

    — ... – Noah simplesmente respeitou as ordens de Asuka.

    A detona então voltou a caminhar, dando as costas a Noah, que ficou alí quieto, pensando coisas:

    — *Essa maluca... O que será que ela está indo fazer? Lilac confia demais nessa gente... e eu respeito sua decisão. Mas eu tenho uma intuição de que essa gente está nos observando... eu sei...*

    Noah suspeitava, com certa razão, ao o que poderiam estar planejando por detrás dos panos. Sabendo que nada poderia fazer, retornou então para junto dos outros.

    Enquanto isso...

    Corredores do centro – Ala Ichi

    Asuka caminhava com certa seriedade estampada em seu rosto. Arthemis, levitando por trás da felina, a acompanhando, diz:

    — Asuka Tenjoin... Mensagem do SMT: Missão cumprida. Dados coletados.

    — Resultados?

    — Coordenadas 00775436.99658734.000988000.

    — Noroeste das montanhas...

    — Precisamente.

    — Então é mesmo um assunto sério. Arthemis, meu traje.

    — Afirmativo, Asuka Tenjoin – Disse a IA felina, com seus olhos brilhando em direção a Asuka.

    Conforme Asuka caminhava, uma camada de nanorobôs começava a se concentrar sobre sua pelugem, cobrindo até mesmo suas roupas. Na verdade houve uma materialização de seu uniforme para seu traje de trabalho, que se tratava de um bodysuit com predomínio da cor vermelha com linhas brancas e pretas nas laterais. E, lhe cobrindo seu tronco, uma jaqueta de couro bege com um emblema em firma de estrela nas costas com as letras ATT.

    Asuka, já devidamente vestida, adentrou a uma câmara descompressora após passar por um imenso portão. Era visível que o ligar onde estava indo era muito bem protegido, digno de uma base cheia de tecnologia e aparatos. Com a felina grã mestra caminhando em um corretor escuro e frio, vemos ela chegar até um tipo de sala de controle, com vários computadores e monitores que mostravam gráficos e várias áreas de toda a área de Shang Mu e, ao fundo, observando um dos vídeos, estava Lenzin.

    Com Asuka se aproximando da panda guardiã, a felina diz:

    — Lenzin, eu recebi o relatório.

    — Hm... Asuka. Bom saber que é bem proativa. Gosto de trabalhar com vocês da Agência pela competência e seriedade.

    — Agradeço os elogios em nome de toda a Agência. Mas voltemos ao assunto...

    — Sim.

    Logo frente as duas, em um enorme monitor, é mostrado um vídeo onde mostram os últimos momentos de quando havia comunicação no carro forte onde era levado o resquício da jóia do reino que havia sido roubado. Juntamente com outras três imagens, há então uma ilustração que mostrou uma triangulação de métodos e teorias. Logo Lenzin diz:

    — Juntamente com a guarda do reino, conseguimos algumas imagens de onde indivíduos suspeitos estavam próximos ao Gigante de Shang Mu Hotel e a Shang Mu Arena. Tão logo achamos, relacionamos com o horário onde ocorreu o suposto roubo...

    — Hm...

    — E membros da Agência conseguiram encontrar Dyona Taz andando pela cidade. Nenhum membro do Team Red estava com eles...

    — Hm...

    — E agora essa coordenada que...

    — Nas montanhas de Shang Mu.

    — Como sabe disso? Ainda não havíamos...

    — Arthemis.

    — Hm... Entendo. Se adiantou ao assunto, grã mestra.

    — Sempre. Esses indivíduos... Eles vestem cetim.

    — Como sabe?

    — Não foram cuidadosos. Roupas vendidas em Shang Mu são feitas de algodão ou liga sintética.

    — E como sabe que...

    — Arthemis.

    — Ela fez essa leitura então?

    — Não. Ela me mostrou o vídeo antes que eu entrasse nesse salão. Eu percebi só em olhar. Iremos pegá-los. Está fácil.

    — Pode ser fácil falar, grã mestra. Mas não seja tão apressada... – Disse Lenzin, pegando algo de seu bolso.

    A guardiã então mostrou a Asuka um tipo de pedaço de pano, muito parecido com o que os tais indivíduos suspeitos vestiam. Logo a felina pergunta:

    — O que é esse pano?

    — Pensei que iria me dizer só ao vê-lo.

    — Hm... Sinto um certo sarcasmo mas suas palavras, Lenzin. Diga-me logo.

    — Esse é o mesmo material da roupa deles.

    — Hm? E como pode afirmar isso?

    — Eu capturei um deles.

    — Como é? Não tinha ideia de que a guarda real tinha essa autonomia de simplesmente...

    — Não... A guarda real sequer tem ideia que ele foi capturado.

    No mesmo instante Asuka logo percebeu que quebras de normas haviam ocorrido. Surpresa, mas mantendo a calma, diz:

    — O que aconteceu? Porque...

    — Cara grã mestra... Pensei que esse detalhe já a faria ligar os pontos.

    — Guardiã, gostaria que fosse direta ao ponto – Disse Asuka, visivelmente incomodada com a guardiã.

    — Eu o capturei e o fiz dizer informações.

    — VOCÊ... O QUE VOCÊ FEZ, LENZIN!

    — Abaixe sua voz, grã mestra. Não se esqueça de seu lugar.

    — Espero que não se esqueça do seu lugar também, guardiã. Você tem informações... compartilhe-as.

    — Eu sei muito bem do meu “lugar”, Asuka Tenjoin. E o meu lugar é proteger nosso reino.

    — Então temos algo em comum. Diga.

    Ao dizer isso, entrando a sala era Joshy que, segurando uma pasta, diz:

    — Asuka, Lenzin descobriu que membros infiltrados da The Red Scarves conseguiram extrair informações durante todo o torneio. Lilac e os outros também foram grampeados. Não havia ninguém seguro com sua privacidade no hotel, arena e até mesmo nas ruas.

    Asuka quase esmurrou o monitor tamanha era sua irritação. Ela, olhando para Joshy, diz:

    — Isso... Isso é imperdoável! Meu plano estava correndo perfeitamente. Meu sistema é infalível. E vocês do Team Omna... Vocês estavam o tempo todo por lá.

    — Exato. Aprendemos lições com tudo isso...

    — LIÇÕES?! VOCÊ ESTÁ DIZENDO QUE EU DEVO EXTRAIR APRENDIZADO DE UM ERRO GROTESTO COMO ESSE? NÃO! EU NÃO ERREI!

    Logo Arthemis se materializou a frente de Asuka, dizendo:

    — Asuka Tenjoin, sua pressão está acima do normal. Recomendo repouso e uma bebida calmante. Posso providenciá-la agora.

    — Ah... Sim, Arthemis. Por favor.

    Lenzin estava tranquila, indo contra a mudança repentina de comportamento de Asuka. A guardiã, indo até Joshy, diz:

    — Tem ciência que isso vai totalmente a favor da teoria de um traidor, não?

    — Concordo, Lenzin. E quanto aos...

    — Já foi providenciado isso. Asuka Tenjoin, eles já estão juntos, não?

    Com a felina amarela sentada, sendo servida por Arthemis, ela responde:

    — Sim... Sim... Todos eles estão devidamente uniformizados. Ah obrigada, Arthemis. Esse chá está ótimo.

    — Asuka Tenjoin, necessita de mais cuidados. Sua musculatura está contraída e sua temperatura corporal aumentou. Recomendo banhar-se ao fim de seu expediente. Sugiro sais de banho e essência de leite de rosas.

    E Lenzin voltou para próximo de Asuka, que ainda tomava seu chá.

    — Grã mestra... coloquemos nossos egos de lado. É de conhecimento mútuo que há mesmo um traidor entre nós. Se seu sistema é infalível como todos dizem, a única chance de...

    — Há um traidor entre nós. Não há dúvidas. Não existe outra possibilidade de termos falhado. Alguém com inteligência suficiente para executar meu sistema operacional o deixou offline. A única forma é sabendo o prompt de comando... Muito bem... Então esse é o plano: vigiem o Team Avalice. Deixe-os a vontade. Sem limitações. Todas as nossas paredes tem ouvidos.

    — Você se refere a Arthemis? – Dar Joshy, entregando a pasta a Asuka.

    — Exatamente. Ela mantém a privacidade de todos aqui preservada, mas não haverá quaisquer segredos guardados com relação ao Team Avalice. Eles são nossos hóspedes... e nossos enclausurados.

    — O que quer dizer com isso?

    — Se um deles for o traidor, ninguém sairá daqui. Nunca mais.

    — Asuka...

    — Joshy, não misture sua afinidade com eles com nosso trabalho. Estamos protegendo nossa nação. Cometemos muitos erros no passado e Brevon quase nos fez entrar em guerra com Shuigang. Estamos em temos de paz. E lutamos todos os dias para que isso seja por toda a eternidade. Porém só iremos manter a paz com seriedade.

    — Você está certa, Asuka. Muito bem, eu concordo com o plano.

    — Lenzin, e qual sua opinião?

    — Faça o que for preciso. Eu concordo – Disse a guardiã, cruzando os braços.

    — Então está decidido. Com isso terminamos? Estou liberada?

    — Creio que não tão rápida, grã mestra... 

    — Qual outro assunto?

    — Venha... Levante-se.

    Juntamente com Asuka e Joshy, Lenzin levou-os até outro lugar da mesma dependência.

    E enquanto isso, a minutos dali...

    Setor C da Ala Ichi.

    Em uma sala abarrotada de pastas e computadores, vimos que alguém conhecido estava lá, a só, trabalhando. Este alguém era Ingris, que escrevia ao monitor usando seu teclado. Mas o rosto da jovem integrante do Team Omna não estava como antes. De um semblante seguro de si e confiante, com até um pouco de arrogância, ela agora se apresentava abatida, quase como estar submissa a algo. E enquanto escrevia, a todo instante se lembrava da sua luta contra Noah.  

    Desde o início até seu fim.

    Cara detalhe...

    Cada momento...

    Cara golpe recebido por ela era lembrado. Não só em seu físico invejável, mas principalmente em sua mente. Não havia um instante que essas lembranças paravam de a torturar e, com o grau de danos causados em sua moral, ela ouvia sempre a mesma voz: a de Noah.

    “Hahaha... Você é toda minha... Toda!”

    "Sensu taiho"

    "Primeira prisão: Koe"

    Segunda prisão: Takuro

    Você vai entender o que eu quero... 

    Você é minha boneca de sparring...

    Ingris...

    Ingris...

    Ingris...

    Durante todas as horas de seu dia, Ingris ouvia essas vozes em sua mente. Sussurrando, causando a jovem uma tortura psicológica, a deixando incomodada a cara segundo que passava. Ela chegava a ranger os dentes para tentar suportar essa sua angústia:

    — *Essas vozes... Essas malditas vozes... Não saem da minha cabeça... E essas marcas no meu corpo... Não somem... Eu não consigo esquecer de nada daquele dia... Eu lembro como se fosse agora... Eu sinto as dores até hoje... *

    A jovem vivia tremendo, com o nervosismo estampado em seu lindo rosto. Até seus colegas se incomodavam com seu comportamento, e isso era um fardo muito grande. Ingris era muito orgulhosa do que fazia e, pela primeira vez em sua carreira de sub comandante de Inteligência, Táticas e Estratégia da Agencia, Ingris não conseguia exercer sua função de forma satisfatória. E para piorar, principalmente ao ouvir novamente a voz, ficará mais evidente sua falta de controle:

    "KAI NO SAN SANKAKKEI NO HINTO!"

    Bastou essa única frase se ecoada em sua mente para que se levantasse ensandecida, caçando pelo frasco de comprimidos de calmantes. Sim, Ingris se tornou viciada em calmantes, pois somente quando os usava que suas vozes internas se calavam. Ela tinha tirado ciência do mal que estava causando ao seu corpo, mas seus medos interiores a faziam ingerí-los.

    Colocando dois comprimidos as pressas a boca, buscou então um copo d’água no bebedouro. E assim que se sentou para relaxar, lá estava Asuka, de pé, olhando para sua sub oficial. Ela, mostrando irritação, diz:

    — Ingris Soul Omna... O que está fazendo da sua vida consumindo esses remédios?

    — Asuka Tenjoin, eu...

    — Inadmissível. Você não pode deixar que...

    — Asuka... Eu não quero deixar. Por isso os tomei.

    — Não me interrompa quando eu estiver falando com você!

    — Me perdoe...

    — As vozes. Você ainda as ouve.

    — Eu não quero falar sobre isso.

    — Você as ouve. Não fuja de seus problemas.

    — O que? Eu nunca faria isso.

    — Você não está com suas capacidades cognitivas em harmonia. Sua saúde mental inspira cuidados especiais, Ingrid Soul Omna.

    — Você não tem noção do que...

    — Tenho total noção do que estou dizendo, Ingris. Porém noção é algo que não faz mais parte de sua competência. Eu preciso de agentes sólidos em caráter e decência. Você tentou enganar com sua conversa cheia de escapes.

    — Você está usando Arthemis para...

    — Fui eu. Arthemis nada tem a ver com isso e você sabe muito bem. Somente alguém orgânico pode ajuizar alguém orgânico. É a diretriz número dez de privacidade dos agentes. Só eu posso inquirí-la a respeito. E irei.

    — O que pensa em fazer?

    — Será rebaixada. Pegue suas coisas e as leve até a secretária. Ficará sob cuidados médicos até recuperar sua saúde.

    — Você... Asuka... Você... VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO!

    — Eu acabei de fazer. Você sabe das normas.

    — Esse lugar... Eu... Eu lutei para estar aqui... EU ME ESFORCEI PARA SEMPRE DESEMPENHAR MEU PAPEL!

    — E veja agora você. Uma viciada em calmantes. Como mantê-la no seu posto? Me diga.

    — Eu vou melhorar... Eu...

    — Que você irá melhorar eu tenho certeza. Porém você é alguém doente que precisa de ajuda no momento. Essa é minha última palavra, Ingris Soul Omna. Pegue seus pertences e vá imediatamente ao centro médico. Você está dispensada até segunda ordem.

    Frustrada, Ingris só se viu no momento como uma subalterna obediente. Seu posto precisou de ser desfeito, deixando um buraco na equipe de inteligência da Agência. E ela, caminhando até fora de sua renomada sala, viu Lenzin e Joshy no lado de fora. Mas mesmo observando seus aliados, tratou de seguir seu caminho, sem olhar para trás sequer. Ao Ingris tomar o elevador, eis que Asuka saiu da sala, indo até os dois, dizendo:

    — Joshy... Não se passou nem um dia inteiro depois daquele torneio. Porque ela está assim?

    — Asuka, meu relatório explica tudo isso.

    — Noah Hibiki. Sua ficha é simplória. Único destaque foi ser um praticante do Kaipasu. Um bibliotecário simplório como ele nunca poderia ter causado isso a Ingris.

    Mas Lenzin logo discordou:

    — O mundo lá fora é diferente dos livros que você lê, grã mestra. No meio da ação se descobre muitas coisas desagradáveis...

    — Guardiã, está tentando me insultar?

    — Eu não preciso fazer isso. Você mesmo já se entrega.

    — Não ouse discutir comigo. Você certamente perderia.

    — Arrogância... Eu sei exatamente como é não saber de tudo. Eu consigo lidar com a ignorância. Mas você não...

    — Lenzin...

    — Noah fez isso a ela. Ele poderia ter feito mais...

    — Do que está falando? Joshy, esse tópico não está em seu relatório.

    — Deixe-o. Fui eu quem deu essa ordem. 

    — O que?

    — Asuka Tenjoin, você disse anteriormente para que eu me colocasse no meu lugar. Pois bem, meu lugar é proteger meu reino... Nosso reino. E todos vocês respondem ao reino. Joshy, fora desse lugar e sob minha jurisprudência, é um cidadão que responde a mim o que fazer. O mesmo diz respeito a você.

    — Cale-se - Disse Asuka, olhando de forma seca para Lenzin.

    — Como é?

    — Cale-se. Eu não quero ouvir sua voz.

    — Acho que devo...

    — CALE-SE, GUARDIÃ!

    No mesmo momento que Asuka gritou, Lenzin sacou sua espada, a colocando a poucos centímetros do pescoço de Asuka. Porém a guardiã não era a única a ameaçar, com a felina amarela grã mestra da Agência segurando seu pescoço com sua mão direita. Com ambas paradas, sem aplicar mais nenhuma força em seus ataques, Lenzin diz:

    — Vá em frente. Eu sempre te vi como uma aberração.

    — Vá em frente, então. Eu sempre te vi como um monstro.

    Os nervos estavam mesmo descontrolados, com uma fitando a outra sem desviar seus olhares. Sabendo que amigo de muito ruim poderia acontecer, Joshy diz:

    — Vocês duas... Não deveriam estar fazendo isso. Eu sei que num passado inglório vocês duas não se entendiam bem, mas a vida segue. O ego de vocês não pode ser maior que a responsabilidade de protegermos nosso povo. Vocês duas aliadas são mais fortes e mais importante que inimigas. Eu não quero ser um da turma do “deixa disso”, mas deveriam mesmo pensar racionalmente. Escutem: eu não irei separá-las, sequer encostar em vocês. São adultas e sabem se comportar como tal. Se me dão licença...

    O lupino estava coberto de razão. Ele cumpriu com o que disse, deixando as duas ali, paradas, enquanto deixava a sala. Como uma delas teria de se manifestar, restou a Lenzin fazê-lo, ainda com sua espada a pino:

    — Vou te dizer uma coisa... Eu gosto do Joshy. Ele tem mesmo competência para ser um líder. Você escolheu bem.

    — Obrigada. Eu também preciso compartilhar esse sentimento de agrego. Joshy foi muito assessorado pela guarda real. Todos os guardas o ajudaram durante o torneio. E eu sei que isso foi uma ordem sua.

    — Sim... Ele segue fielmente com o que lhe foi proposto. É um exemplo. Mas...

    — Eu sei o que vai dizer. “E veja só nós duas”, não é?

    — Exatamente. Estou prestes a matar a maior inteligência de Shang Mu.

    — E eu de aniquilar a excelentíssima guardiã do reino de Shang Mu.

    — Isso faz sermos criminosas.

    — Concordo plenamente.

    — Posso começar a fazer a coisa certa ou quer ter a honra?

    — Prefiro deixar alguém mais experiente tratar de mostrar o exemplo.

    Lenzin então voltou sua espada para sua bainha, com um movimento rápido. Asuka fez o mesmo, soltando sua mão direita do pescoço de Lenzin. E a guardiã, a olhando, diz:

    — Desculpe. Não irei repetir esse ato arbitrário.

    — Desculpas aceitas. E digo o mesmo. Nunca mais levarei minha mão a você.

    Com ambas se encarando, se aproximaram e, surpreendente, se cumprimentaram com um gesto, levando seu punho direito até a palma da mão esquerda, em sinal de respeito. Após isso Lenzin deixou o lugar, voltando ao centro de comando. Asuka falou a Ala Ichi em seguida, mudando seu traje para o uniforme casual da Agência com o auxílio de Arthemis.

    Era só o começo da convivência na Agência...

    Continua.


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