The Last A: O Último Anis

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    Capítulo 2

    Mudança de ares

    Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    E Jason enfim chega a Etofuru.

    Sul de Etofuru, 11:50 am

    O vôo transcorreu sem problemas para Jason, e ao sair do avião e respirar o ar, Jason aparenta sentir alívio.

    — Ah... finalmente de volta pra casa.

    Já mais tranquilo, caminha em direção ao saguão do aeroporto, onde a sua espera estava sua tia, Azika Hawoen, a qual segurava uma placa com seu nome. Ela, ao avistá-lo, grita de forma amistosa:

    — JAY! AQUI!

    Ele logo se aproxima e é recebido por um forte abraço de sua tia, que diz:

    — Como é bom te ver. Como você cresceu!

    — Obrigado, tia. Como você está?

    — Estou muito bem. E você, como está? Como foi de viagem?

    — Estou muito bem, ainda mais por ter voltado pra casa. A viagem foi rápida. Dormi o tempo todo...

    — É um pouco longe mesmo. Dá tempo pra descascar bastante.

    — Sim.

    — Bem, vamos andando pois sua prima ficou em casa preparando o almoço.

    — Ah e como vai a monstrinho?

    — Ela vai bem... mas não chame ela sim!

    — Eu sou sincero. Ela é monstrinho.

    — Percebi que certas coisas não mudam nunca...

    — Hehe. Relaxa. Eu vou pegar leve.

    — Bom saber que tem consideração com sua prima.

    — Não, com ela eu não vou pegar leve. 

    — Jason...

    — Calma, estou brincando.

    Depois do ocorrido, os dois seguem então para o estacionamento do aeroporto, chegando ao carro da tia de Jason. Lá, já com suas malas colocadas na mala do carro, partem para a cada de Azika.

    Ao contrário da movimentada Tokyo, a pequena cidade de Yutsuka, no interior do Japão, em uma de suas ilhas, Etofuru, era cercada de muito verde. Florestas e mata densa poderiam ser vistas por todos os lados, em contraste com a estrada bem sinalizada e com pavimentação de excelente qualidade. O ar era limpo e o ambiente era calmo e ordeiro. Jason observava tudo isso, mostrando satisfação em seu rosto de enfim ter voltado a sua cidade natal.

    Passados alguns minutos de viagem, logo eles chegam até a cada de sua tia. Prontamente, Jason retira sua bagagem do carro, com a ajuda de sua tia, e adentram a casa, que tinha sua fachada como as demais casas japonesas interioranas. Lá, um delicioso aroma era sentido no ambiente, evidenciando que o almoço estava pronto. Jason diz:

    — Era disso que eu estava sentindo falta!

    E eis que de uma das portas de correr surge uma bela jovem, com cabelos ruivos e longos, presos com uma presilha na ponta, olhos castanhos e trajando um kimono de karatê. Era Iamiko, que mostrava em seu rosto um leve sorriso amistoso. Jason, ao vê-la, fiz:

    — Oi monstrinho. Você cresceu e ficou mais monstrinho ainda.

    E imediatamente após a provocação de Jason, a jovem muda seu semblante para algo quase próximo a de um predador que estava prestes a atacar sua presa, e foi exatamente isso que Iamiko fez. Correndo ensandecida contra Jason, ela diz:

    — EU VOU ENCHER TANTO SUA CARA DE SOCO QUE NENHUM CIRURGIÃO PLÁSTICO VAI DAR JEITO!

    E quando estava prestes a desferir um soco, logo sua mãe a interrompe e diz:

    — Iamiko, pare agora!

    Antes de atingir Jason ela consegue evitar o choque, e diz:

    — Mãe, você ouviu do que ele me chamou? Eu deveria encher ele de porrada!

    — Seu primo acabou de chegar depois de uma longa viagem e é assim que você o recebe?

    — Não quero saber. Se ele veio de tão longe pra me provocar é melhor que volte então. Eu vou quebrar todos os dentes dele!

    — Não, você não vai fazer nada.

    — Mas mãe...

    — Não vou falar de novo. E se continuar já sabe. E Jason, trate sua prima como ela merece.

    Jason, com um sorriso no rosto, diz:

    — Então, hehe..  eu fiz isso, hehehe.

    Iamiko quase explodiu depois dessa.

    — OLHA AÍ! ESTÁ VENDO? ELE MERECE UMA PORR...

    Azika, quase explodindo tanto quanto Iamiko, coloca Jason em seu lugar:

    — JASON, TRARE BEM SUA PRIMA!

    — Tudo bem. Desculpa, prima.

    Ela, já mais contida, mas longe de estar calma, diz:

    — Ah vai se ferrar, seu babaca. O almoço está servido, seu peste...

    Depois da conturbada boas vindas, todos se sentam a mesa e se deliciam com o almoço. Logo sua tia começa a conversar.

    — Está gostando, Jason? 

    — Fazia tempo que não comia algo tão bom desde que minha mãe fazia minha comida.

    — Eh... sua mãe me ensinou muito quando éramos jovens. Passei para a Iamiko seus ensinamentos.

    — Pelo visto sim. A monst... digo, a Iamiko cozinha bem.

    Iamiko, visivelmente envergonhada, tentava disfarçar, mostrando em seu rosto certa irritação.

    — Não quero elogios, tudo bem? Só quero respeito, seu peste.

    Azika continuava a conversa:

    — Me diga Jason: amanhã você já começa a estudar no colégio daqui, não?

    — Sim, porque?

    — Eu pensei que iria terminar seus estudos em Tokyo. Na verdade o ensino por lá deve ser melhor.

    — Não acho. Nada troca minha casa. Aqui é meu lugar, meu lar. E estou louco pra encontrar meu melhor amigo.

    — Está falando do Hakiro?

    — Sim. Eu não consegui mais falar com ele já faz 2 anos. O ruim é que ele mora longe daqui agora, não?

    Iamiko, até então calada, diz:

    — Jason, preciso te contar um lance...

    — Que lance? Foi ao veterinário e não gostou do que ouviu?

    Iamiko quase pulou em Jason, onde sua mãe a impediu logo em seguida. Mesmo assim, ela estava esbravejando horrores:

    — SEU BABACA! EU VOU TE QUEBRAR TODO!

    — Iamiko, chega disso. E Jason, tenha modos!

    — Ok... Tudo bem... Que lance é esse, Iamiko?

    — Eu não vou contar. Você não merece saber.

    — Conta logo. Deixa de ser chata...

    — Chata eu? Vai se ferrar!

    E Azika, olhando para os dois, diz:

    — Iamiko namorou com o Hakiro.

    Um silêncio tomava o lugar no momento, com Jason atônito, olhando fixamente para sua prima. E surpreendendo até sua tia, começa a rir.

    — Hahahahaha! Minha nossa... Hakiro ficou com minha prima. Sério... Hahahahaha... Só ele mesmo, meu Deus... Hahaha!

    Embora até mesmo sua tia estivesse achando graça, o sentimento de Iamiko não condizia com o momento. Logo Jason olha para seu rosto e nota que seu semblante era de preocupação e um pouco triste. Logo pergunta:

    — O que houve? O que aconteceu?

    — Jason, ele sofreu um acidente faz quase um ano...

    No mesmo instante Jason se assusta e diz:

    — O QUE? COMO ASSIM, IAMIKO? O QUE ACONTECEU COM ELE?

    — Ei... Calma. Ele está bem agora, eu acho.

    — O que aconteceu com o Hakiro?

    — Eu... eu não sei ao certo. Eu estive com ele depois que sofreu o acidente na floresta do Centro. Ficou internado um bom tempo mas depois se recuperou.

    — Eu preciso falar com ele...

    Sua tia tenta o tranquilizar

    — Jason, acalme-se. Hakiro está bem.

    — Mas eu quero falar com ele, saber como está...

    — Eu entendo. Se quiser pode usar nosso telefone.

    — Não. Eu vou na casa dele agora.

    — Hoje você não vai conseguir.

    — Porque não?

    — Ontem tivemos fortes chuvas na região. A ponte central foi interditada por segurança. Irão libera-las somente amanhã.

    — Que droga. Bem, vou ligar para ele então. Não estou gostando dessa situação...

    Logo ele vai até o telefone da casa e liga para seu amigo, sem sucesso. Depois de várias tentativas, a frustração em seguida o domina.

    — Que desgraça!

    Sua tia, preocupada, diz.

    — O que houve?

    — Só dá sinal de ocupado.

    — Deve ter sido por causa da chuva de ontem. Muitas árvores caíram em fiações. Eles devem estar sem telefone por isso...

    — Sim, eu entendo. Mas ainda assim, essa situação só me deixou ainda mais preocupado.

    Iamiko toma a palavra:

    — Ele deve ir para o colégio amanhã. Não se preocupe tanto. Já avisei que ele está bem.

    — Não pedi sua opinião, monst... digo, Iamiko.

    — Oh que educação a sua, hein. Ah vai pastar, seu peste!

    Logo a seguir, terminado o almoço e já mais calmo, Jason se dirige então até seu quarto e, arrumando suas coisas, diz:

    — Está do jeito que deixei faz oito anos. Boas lembranças...

    Jason calmamente desfazia suas malas, colocando suas roupas e calçados dentro de seu guarda roupa. Ao término, se sentou em sua cama e se deitou, apoiando sua cabeça sobre seus braços e com as pernas para fora da cama, apoiadas no chão. Logo começa a pensar:

    — *Hakiro... Tô preocupado com você, cara... Pô, a gente passou poucas e boas aqui no fundamental... Destruímos no basquete... Na verdade, eu quero jogar contra você porque nunca consegui te vencer no "um contra um"... Espero que esteja bem...*

    Porém, essa calmaria parecia terminar. Podia-se ouvir um barulho estranho, como se fosse passos, só que descontínuos. Jason imediatamente se senta a cama, olhando para a porta, que estava entre aberta. Eis que surge a fronte de um canino. Jason no mesmo instante se assustou pois aquela face não expressava amistosidade. Ele o fitava, imóvel, até que continua seu caminho e ignora o jovem. Jason, por sua vez, correu até a porta a fim de ver o suposto animal que o observava, sem sucesso. Ele diz:

    — Mas o que era aquilo? Azika não me disse que tinha cachorro na casa.

    Andando pelo corredor, ele chama pelas duas, mas sem resposta.

    — IAMIKO! AZIKA! Droga... onde elas estão... O que diabos era aquilo?

    Andando pelos corredores da casa, passou a procurá-lo, até que chegou ao jardim, bem arborizado e com mata um pouco densa mas bem aparada. 

    Já se passaram das quatro horas da tarde e nuvens carregadas já começavam a se acumular, e trovões já podiam ser ouvidos ao longe. Jason continuou a caminhar, ainda curioso por saber o que de fato o observava. O tempo ficou ainda mais instável, já com uma forte ventania dominando o jardim. Jason continuava a procurar, mesmo sabendo da iminente chuva que perigava cair na cidade. Ao fim, chegou a uma árvore, que parecia ser a principal do lugar e, ao fundo da casa, avistou entre a mata densa e tremulante aquela mesma fronte que antes o observava. O jovem então pôde ver que se tratava de fato de um cachorro, de porte grande, quase como um lobo. Já mais tranquilo, Jason diz:

    — Ufa. Era mesmo um cachorro. Por um momento pensei que... ah deixa pra lá...

    Ele então retornava para dentri da casa quando, para sua surpresa, uma voz estridente e ameaçadora e ouvida, dizendo:

    — Deixe os aposentos dela, seu opressor...

    Jason imediatamente se vira e, de forma impressionante, um raio vai sobre a árvore central. Com a propagação do choque, seu corpo é arremessado para dentro da mata densa, caindo de costas ao chão. Quase desacordado, ele diz:

    — O que houve... quem é...

    Logo a chuva começa a cair...

    Continua...


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