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E Jason enfim chega a Etofuru.
Sul de Etofuru, 11:50 am
O vôo transcorreu sem problemas para Jason, e ao sair do avião e respirar o ar, Jason aparenta sentir alívio.
— Ah... finalmente de volta pra casa.
Já mais tranquilo, caminha em direção ao saguão do aeroporto, onde a sua espera estava sua tia, Azika Hawoen, a qual segurava uma placa com seu nome. Ela, ao avistá-lo, grita de forma amistosa:
— JAY! AQUI!
Ele logo se aproxima e é recebido por um forte abraço de sua tia, que diz:
— Como é bom te ver. Como você cresceu!
— Obrigado, tia. Como você está?
— Estou muito bem. E você, como está? Como foi de viagem?
— Estou muito bem, ainda mais por ter voltado pra casa. A viagem foi rápida. Dormi o tempo todo...
— É um pouco longe mesmo. Dá tempo pra descascar bastante.
— Sim.
— Bem, vamos andando pois sua prima ficou em casa preparando o almoço.
— Ah e como vai a monstrinho?
— Ela vai bem... mas não chame ela sim!
— Eu sou sincero. Ela é monstrinho.
— Percebi que certas coisas não mudam nunca...
— Hehe. Relaxa. Eu vou pegar leve.
— Bom saber que tem consideração com sua prima.
— Não, com ela eu não vou pegar leve.
— Jason...
— Calma, estou brincando.
Depois do ocorrido, os dois seguem então para o estacionamento do aeroporto, chegando ao carro da tia de Jason. Lá, já com suas malas colocadas na mala do carro, partem para a cada de Azika.
Ao contrário da movimentada Tokyo, a pequena cidade de Yutsuka, no interior do Japão, em uma de suas ilhas, Etofuru, era cercada de muito verde. Florestas e mata densa poderiam ser vistas por todos os lados, em contraste com a estrada bem sinalizada e com pavimentação de excelente qualidade. O ar era limpo e o ambiente era calmo e ordeiro. Jason observava tudo isso, mostrando satisfação em seu rosto de enfim ter voltado a sua cidade natal.
Passados alguns minutos de viagem, logo eles chegam até a cada de sua tia. Prontamente, Jason retira sua bagagem do carro, com a ajuda de sua tia, e adentram a casa, que tinha sua fachada como as demais casas japonesas interioranas. Lá, um delicioso aroma era sentido no ambiente, evidenciando que o almoço estava pronto. Jason diz:
— Era disso que eu estava sentindo falta!
E eis que de uma das portas de correr surge uma bela jovem, com cabelos ruivos e longos, presos com uma presilha na ponta, olhos castanhos e trajando um kimono de karatê. Era Iamiko, que mostrava em seu rosto um leve sorriso amistoso. Jason, ao vê-la, fiz:
— Oi monstrinho. Você cresceu e ficou mais monstrinho ainda.
E imediatamente após a provocação de Jason, a jovem muda seu semblante para algo quase próximo a de um predador que estava prestes a atacar sua presa, e foi exatamente isso que Iamiko fez. Correndo ensandecida contra Jason, ela diz:
— EU VOU ENCHER TANTO SUA CARA DE SOCO QUE NENHUM CIRURGIÃO PLÁSTICO VAI DAR JEITO!
E quando estava prestes a desferir um soco, logo sua mãe a interrompe e diz:
— Iamiko, pare agora!
Antes de atingir Jason ela consegue evitar o choque, e diz:
— Mãe, você ouviu do que ele me chamou? Eu deveria encher ele de porrada!
— Seu primo acabou de chegar depois de uma longa viagem e é assim que você o recebe?
— Não quero saber. Se ele veio de tão longe pra me provocar é melhor que volte então. Eu vou quebrar todos os dentes dele!
— Não, você não vai fazer nada.
— Mas mãe...
— Não vou falar de novo. E se continuar já sabe. E Jason, trate sua prima como ela merece.
Jason, com um sorriso no rosto, diz:
— Então, hehe.. eu fiz isso, hehehe.
Iamiko quase explodiu depois dessa.
— OLHA AÍ! ESTÁ VENDO? ELE MERECE UMA PORR...
Azika, quase explodindo tanto quanto Iamiko, coloca Jason em seu lugar:
— JASON, TRARE BEM SUA PRIMA!
— Tudo bem. Desculpa, prima.
Ela, já mais contida, mas longe de estar calma, diz:
— Ah vai se ferrar, seu babaca. O almoço está servido, seu peste...
Depois da conturbada boas vindas, todos se sentam a mesa e se deliciam com o almoço. Logo sua tia começa a conversar.
— Está gostando, Jason?
— Fazia tempo que não comia algo tão bom desde que minha mãe fazia minha comida.
— Eh... sua mãe me ensinou muito quando éramos jovens. Passei para a Iamiko seus ensinamentos.
— Pelo visto sim. A monst... digo, a Iamiko cozinha bem.
Iamiko, visivelmente envergonhada, tentava disfarçar, mostrando em seu rosto certa irritação.
— Não quero elogios, tudo bem? Só quero respeito, seu peste.
Azika continuava a conversa:
— Me diga Jason: amanhã você já começa a estudar no colégio daqui, não?
— Sim, porque?
— Eu pensei que iria terminar seus estudos em Tokyo. Na verdade o ensino por lá deve ser melhor.
— Não acho. Nada troca minha casa. Aqui é meu lugar, meu lar. E estou louco pra encontrar meu melhor amigo.
— Está falando do Hakiro?
— Sim. Eu não consegui mais falar com ele já faz 2 anos. O ruim é que ele mora longe daqui agora, não?
Iamiko, até então calada, diz:
— Jason, preciso te contar um lance...
— Que lance? Foi ao veterinário e não gostou do que ouviu?
Iamiko quase pulou em Jason, onde sua mãe a impediu logo em seguida. Mesmo assim, ela estava esbravejando horrores:
— SEU BABACA! EU VOU TE QUEBRAR TODO!
— Iamiko, chega disso. E Jason, tenha modos!
— Ok... Tudo bem... Que lance é esse, Iamiko?
— Eu não vou contar. Você não merece saber.
— Conta logo. Deixa de ser chata...
— Chata eu? Vai se ferrar!
E Azika, olhando para os dois, diz:
— Iamiko namorou com o Hakiro.
Um silêncio tomava o lugar no momento, com Jason atônito, olhando fixamente para sua prima. E surpreendendo até sua tia, começa a rir.
— Hahahahaha! Minha nossa... Hakiro ficou com minha prima. Sério... Hahahahaha... Só ele mesmo, meu Deus... Hahaha!
Embora até mesmo sua tia estivesse achando graça, o sentimento de Iamiko não condizia com o momento. Logo Jason olha para seu rosto e nota que seu semblante era de preocupação e um pouco triste. Logo pergunta:
— O que houve? O que aconteceu?
— Jason, ele sofreu um acidente faz quase um ano...
No mesmo instante Jason se assusta e diz:
— O QUE? COMO ASSIM, IAMIKO? O QUE ACONTECEU COM ELE?
— Ei... Calma. Ele está bem agora, eu acho.
— O que aconteceu com o Hakiro?
— Eu... eu não sei ao certo. Eu estive com ele depois que sofreu o acidente na floresta do Centro. Ficou internado um bom tempo mas depois se recuperou.
— Eu preciso falar com ele...
Sua tia tenta o tranquilizar
— Jason, acalme-se. Hakiro está bem.
— Mas eu quero falar com ele, saber como está...
— Eu entendo. Se quiser pode usar nosso telefone.
— Não. Eu vou na casa dele agora.
— Hoje você não vai conseguir.
— Porque não?
— Ontem tivemos fortes chuvas na região. A ponte central foi interditada por segurança. Irão libera-las somente amanhã.
— Que droga. Bem, vou ligar para ele então. Não estou gostando dessa situação...
Logo ele vai até o telefone da casa e liga para seu amigo, sem sucesso. Depois de várias tentativas, a frustração em seguida o domina.
— Que desgraça!
Sua tia, preocupada, diz.
— O que houve?
— Só dá sinal de ocupado.
— Deve ter sido por causa da chuva de ontem. Muitas árvores caíram em fiações. Eles devem estar sem telefone por isso...
— Sim, eu entendo. Mas ainda assim, essa situação só me deixou ainda mais preocupado.
Iamiko toma a palavra:
— Ele deve ir para o colégio amanhã. Não se preocupe tanto. Já avisei que ele está bem.
— Não pedi sua opinião, monst... digo, Iamiko.
— Oh que educação a sua, hein. Ah vai pastar, seu peste!
Logo a seguir, terminado o almoço e já mais calmo, Jason se dirige então até seu quarto e, arrumando suas coisas, diz:
— Está do jeito que deixei faz oito anos. Boas lembranças...
Jason calmamente desfazia suas malas, colocando suas roupas e calçados dentro de seu guarda roupa. Ao término, se sentou em sua cama e se deitou, apoiando sua cabeça sobre seus braços e com as pernas para fora da cama, apoiadas no chão. Logo começa a pensar:
— *Hakiro... Tô preocupado com você, cara... Pô, a gente passou poucas e boas aqui no fundamental... Destruímos no basquete... Na verdade, eu quero jogar contra você porque nunca consegui te vencer no "um contra um"... Espero que esteja bem...*
Porém, essa calmaria parecia terminar. Podia-se ouvir um barulho estranho, como se fosse passos, só que descontínuos. Jason imediatamente se senta a cama, olhando para a porta, que estava entre aberta. Eis que surge a fronte de um canino. Jason no mesmo instante se assustou pois aquela face não expressava amistosidade. Ele o fitava, imóvel, até que continua seu caminho e ignora o jovem. Jason, por sua vez, correu até a porta a fim de ver o suposto animal que o observava, sem sucesso. Ele diz:
— Mas o que era aquilo? Azika não me disse que tinha cachorro na casa.
Andando pelo corredor, ele chama pelas duas, mas sem resposta.
— IAMIKO! AZIKA! Droga... onde elas estão... O que diabos era aquilo?
Andando pelos corredores da casa, passou a procurá-lo, até que chegou ao jardim, bem arborizado e com mata um pouco densa mas bem aparada.
Já se passaram das quatro horas da tarde e nuvens carregadas já começavam a se acumular, e trovões já podiam ser ouvidos ao longe. Jason continuou a caminhar, ainda curioso por saber o que de fato o observava. O tempo ficou ainda mais instável, já com uma forte ventania dominando o jardim. Jason continuava a procurar, mesmo sabendo da iminente chuva que perigava cair na cidade. Ao fim, chegou a uma árvore, que parecia ser a principal do lugar e, ao fundo da casa, avistou entre a mata densa e tremulante aquela mesma fronte que antes o observava. O jovem então pôde ver que se tratava de fato de um cachorro, de porte grande, quase como um lobo. Já mais tranquilo, Jason diz:
— Ufa. Era mesmo um cachorro. Por um momento pensei que... ah deixa pra lá...
Ele então retornava para dentri da casa quando, para sua surpresa, uma voz estridente e ameaçadora e ouvida, dizendo:
— Deixe os aposentos dela, seu opressor...
Jason imediatamente se vira e, de forma impressionante, um raio vai sobre a árvore central. Com a propagação do choque, seu corpo é arremessado para dentro da mata densa, caindo de costas ao chão. Quase desacordado, ele diz:
— O que houve... quem é...
Logo a chuva começa a cair...
Continua...