O Mago Das Espadas Livro 1: Aqueles que Buscam seus Sonhos

Tempo estimado de leitura: 4 horas

    12
    Capítulos:

    Capítulo 11

    Aquela que traz Esperança

    Violência

    Um vento forte e frio cortava as planícies brancas de Arendelle, o céu claro daquele belo dia era tomado por uma tenebrosa massa negra. O reino sempre teve as estações do ano bem definidas, mas depois de alguns anos atrás o inverno parece durar muito mais tempo, o Sol já era pouco visto e o reino ficava cada vez mais frio. Muitos aldeões que viviam em vilas mais pobres sucumbiram a onda de frio e morriam, aqueles que tinham condições se mudavam para mais próximo do castelo, outros tentavam a sorte e deixavam o reino e iam para o mais próximo, Corona, que por sinal começou a receber muito mais refugiados nos últimos meses. O rei claro, não se importava com isso.

    Na sala secreta escondida nos subterrâneos do castelo, o salão de pedra os cavaleiros estavam reunidos e debatiam.

    – Volto afirma irmãos, o rei está cada vez mais louco é só notar por suas últimas ações, não podemos simplesmente ficar calados e espera que algo pior aconteça! – Exclama um dos cavaleiros que recebe o apoio dos demais que batem na mesa.

    – Deveríamos depor esse fanático o quanto antes, nosso povo está morrendo, os campos estão se congelando devido ao longo inverno é como se maldição do rei de Ariendel estivesse voltando para nos assolar! – Exclama outro cavaleiro, porém dessa vez os outros ficaram quietos e pensativos.

    Um longo silêncio se seguiu sem que ninguém dissesse uma só palavra, até que a pesada porta de madeira é aberta chamando a atenção de todos que rapidamente colocam suas mãos sobre os cabos de suas espadas, mas aquele não era um inimigo.

    – Fiquem tranquilos meus irmãos sou eu! – Diz o Capitão Link adentrando o recinto.

    – Capitão! – Os cavaleiros se levantam e batem no peito em sinal de respeito pela chegada de seu superior.

    Link é o mais jovem cavaleiro a ocupar o posto de capitão na Ordem dos Cavaleiros, sua origem é desconhecida, mas desde muito novo demonstrou força e habilidades nunca antes vista para um novato, chamando assim a atenção do antigo comandante da ordem... O Cavaleiro Sagrado Vargas.

    – Estão todos aqui? – Pergunta o jovem.

    – Sim senhor! Só estávamos no seu aguardo! – Responde o primeiro cavaleiro.

    – Muito bem... serei breve, não podemos deixar que os Sábios notem nossa ausência.

    Todos os cavaleiros se sentam nas cadeiras, doze contando com Link.

    – Como vocês sabem a princesas Anna fugiu do castelo logo após Richard mandar açoita-la, sei que todos vocês sem exceção ficaram indignados com tal demonstração de crueldade por parte de nosso “monarca”.

    Todos os cavaleiros estavam sérios, gostavam de Anna pois ela nunca os tratou com diferença, sempre fugia de suas lições e passava um tempo com eles, os fazia ri e esquecer a triste situação que viviam.

    – Estamos preocupados com ela Link. – Diz um dos cavaleiros. – Aquele menino que veio aqui, tinha realmente informações sobre ela?

    O jovem capitão junta as mãos e as apoia sobre a mesa.

    – Sim meu irmão... ele tinha. Alguns que estão aqui viram e ouviram seu testemunho, mas por via das dúvidas conversei com ele em particular e confirmei que aquele jovem não só tinha informações como salvou nossa pequena princesa.

    – Oh!!! – Todos exclamam espantados.

    – Mas... a salvou de que?

    – De lobos. – Responde outro cavaleiro. – A pobrezinha foi atacada por uma matilha, se não fosse o menino ela não... – O cavaleiro se calou, não conseguia pensar ou imaginar a princesa sendo devorada pelos animais.

    O silencio se instaurou novamente pela sala, Link ao ver aquilo retomou a palavra.

    – Irmãos sei como se sentem! – Exclama o jovem capitão. – Eu mesmo queria ir até o tal casebre que o menino disse onde nossa princesa está e traze-la de volta para nós, no entanto...

    Os cavaleiros encaravam o capitão atentos, parecia que ele estava para dizer algo difícil.

    – Link?

    O jovem respira fundo e diz:

    – Meus irmãos... eu tenho fortes indícios de que... esse infeliz incidente pode não ter sido um mero acidente.

    Os olhos de todos os presentes se arregalaram ao ouvirem aquilo.

    – C-Como disse?! – Pergunta um dos presentes incrédulo.

    – Acreditem... não foi fácil para mim também, mas se formos ligar os fatos eles se encaixam! – O jovem se levanta. – O menino me contou que depois que salvou Anna, ele levou as carcaças dos lobos ao comerciante de peles ao qual ele sempre negociava e para sua surpresa ele ganhou muito mais dinheiro do que poderia imaginar. O menino questionou o porquê da alta quantia recebida e sabem o que o vendedor disse?

    Os cavaleiros estavam em silencio e temerosos com o que poderiam ouvir, até que um deles toma coragem e pergunta:

    – O que o vendedor disse?

    E Link responde com ênfase:

    – Que aqueles lobos não são nativos de Arendelle!

    – O QUÊ?! – Bradam os cavaleiros.

    – Pior... eles tinham marcas de grilhões nas patas, dentes faltando e marcas de ferimentos que aparentam ter sido feitas por um ferro em brasa!

    Os cavaleiros começam a murmurar e olhar uns para os outros.

    – Link... o que você está tentando nos dizer?

    O jovem respira fundo e responde sem dúvidas:

    – Nossa princesa não foi vítima de um incidente, mas sim de uma tentativa de assassinato!

    O silencio se instaurou pela sala assim como o porto em que a pequena princesa adentrava.

    – Nossa... – Sussurra a princesa ao ver aquela paisagem desoladora.

    As casas em volta estavam velhas e se desfazendo, redes de pesca tremulavam ao vento frio. Pessoas se arrastavam pelo chão, alguns estendiam a mão pedindo esmolas e outros estavam caídos no chão com ulceras e chagas pelo corpo.

    – O que aconteceu aqui? – Questiona a princesa que anda com cuidado para não pisar em ninguém. Tal visão lhe embrulhava o estomago e lhe apertava o coração. Se recordava do porto de Arendelle como um lugar belo e muito movimentado, onde peixes, especiarias, produtos de vários lugares aportavam e eram vendidos por todo o reino. Um lugar animado e cheio de vida que agora parecia um cemitério. – Pela Deusa...

    – Anna o que tá acontecendo aí fora? – Pergunta a gatinha alada de dentro da mochila.

    – É melhor você não ver Ruby. – Foi a resposta que a pequena princesa deu a sua amiga e continuou a caminhar pelo porto chegando até o píer e a visão que teve com fez que cobrisse sua boca em espanto e medo.

    A frente da princesa vários barcos, navios de pequenos e grandes portes estavam destroçados, alguns parcialmente afundados, outros à deriva, um verdadeiro cemitério de navios jazia a frente de seus olhos turquesas.

    – Minha Deusa!!!

    – O que, que ouve? – Ruby não se contém e bota sua cabeça pra fora da mochila, apenas para arregalar sua boca e olhos. – Santa mãe dos peixinhos!

    Aquela visão deixou a pequena princesa paralisada, sua mente tentava processar aquela visão terrível, vários navios que eram usados para o sustento e comercio de seu reino estavam arruinados. O vento frio volta a corta o ar, fazendo as velas rasgadas das embarcações tremularem em solidão e abandono e um barulho como de um urro de uma ferra ferida ecoa das embarcações, como gigantes que gritavam se recusando a morrer.

    – Como... como isso foi acontecer?!

    – Ei, o que faz aqui?!

    A princesa estremece ao ouvir uma voz a chamando, sua amiguinha rapidamente se escondeu dentro da mochila de novo para ninguém a vê-la. Então a pequena princesa virou-se devagar e seus pequenos olhos da cor do mar virão um grupo de quatro pessoas a encarrando, todos usando roupas velhas e rasgadas, pés descalços e todos tinham ferimentos pelo corpo. Seus olhos eram sem brilho e suas feições de puro rancor.

    Um dos homens se aproxima e brada:

    – Perguntei o que faz aqui menina?

    Anna junta suas mãos perto do peito, estava com medo, sentiu Ruby se mexer dentro da mochila e sua cabecinha sair fora e ela sussurra:

    – Anna diz alguma coisa, esses caras tão me dando medo!!!

    – Em mim também Ruby, mas você tá certa é melhor me explicar. – A pequena princesa suspira, dá um passo à frente e responde. – B-Bom dia senhores... eu estou aqui à procura de um barco para sair de Arendelle.

    Silencio, nenhum dos homens respondeu, se entreolharam até que o mais jovem deles pergunta:

    – Você está nos fazendo de bobos?

    Anna se assusta.

    – Não, não senhor! Estou apenas respondendo à pergunta que os senhores me fizeram.

    Mais uma pausa, os quatro olhavam Anna com desconfiança, a fazendo se tremer.

    “Se eles souberem que eu sou a princesa, vão tentar me levar de volta ao castelo, não posso deixar isso acontecer... não posso!”

    A menina dá um passo para trás.

    – Fique para aí mesmo menina! – Rosna um dos quatro. – Você é muito suspeita!

    – Serio! Eles que estão mais pra zumbis do que pessoas e acham a gente suspeitas, vou te contar viu? – Exclama Ruby de dentro da mochila e Anna agradeceu por eles não a terem ouvido.

    – Senhores, eu não sou suspeita. Eu fugi do castelo e não sei quase nada sobre o que acontece aqui... – Foi então que ela percebeu a besteira que fez.

    – Espere, você disse que fugiu do castelo?! – Pergunta o mais velho dos quatro.

    Anna começou a tremer, pois a mão na boca e começou a se xingar:

    “Anna sua burra, burra, burra, tanta coisa pra falar e tinha que dizer que fugiu do castelo... eu e minha boca!”

    – Depois não quer que eu reclame de te chamar de burrinha! – Resmunga a mini babá de dentro da mochila.

    Anna por sua vez tremia de medo, estava perdida, aqueles homens iriam pega-la e leva-la para o castelo sem dúvida nenhuma... sua liberdade havia acabado.

    “Mana me desculpa!”

    E fechou os olhos esperando se agarrada, mas não sentiu nada, nenhum toque violento ou cordas a amarrando, somente ouviu essas palavras:

    – Como conseguiu tal proeza minha criança?

    – Ah? – E abriu os olhos e presenciou incrédula os quatro homens que sorriam para ela. – Mas o que?

    Os quatro desfizeram suas carrancas e assumiram feições mais brandas, conversaram entre si e o mais velho tomou a palavra.

    – Minha criança, peço seu perdão por nossa truculência, não estamos acostumados a ver alguém que conseguiu fugir do castelo do maldito rei... e viva!

    Os olhos de Anna se arregalam em surpresa e espanto.

    – Desculpem, mas acho que não entendi?

    – Eu explicarei. – Responde o mais jovem. – O rei tirano nos tirou vários de nossos familiares, os mais saudáveis e de boa aparência para que pudesse servi-lo e os levou para o castelo!

    Uma expressão de espanto cobre o rosto da menina.

    – Muitos amigos e familiares nossos foram levados e isso já há faz muito anos, se você diz que fugiu do castelo então entendemos por que não sabe do que acontece aqui fora.

    A princesa não responde, mas sua mente começava a clarear.

    “Eles pensam que eu sou uma serva... então ter mudado de roupa não foi uma má ideia no fim das contas.”

    Pensa a princesa.

    “Mas essa história de serem levados para o castelo... isso me intriga.”

    Foi então que sentiu uma pequena cutucada em seu ombro e uma vozinha dizendo:

    – Aproveita!

    A menina meneia a cabeça em confirmação e responde aos homens.

    – Sim, eu vivia no castelo, mas consegui fugir com muito custo, então pensei em sair do reino, mas ao ver esse cenário desolador... – Se volta para o mar. – O que aconteceu aqui?

    Os quatro homens abaixam suas cabeças, parecia difícil para eles dizerem sobre aquilo.

    – Foram os malditos! – Brada um deles.

    – Malditos?

    – Os homens do castelo que usam magia, eles vieram e destruíram nossos barcos e navios usando o pretexto que era para nos proteger de um reino chamado Niflheim, mas sabemos que isso foi para evitar que fugíssemos!

    – Fugirem? – Questiona a princesa.

    – Exato! – Responde um deles. – Muitos de nós estão sendo forçados a trabalhar em minas em busca de mineral para o rei e sua corja de magos! Então para evitarem nossa fuga destruíram nosso amado porto, acabando assim com a esperança de muitos de nós tentar recomeçar nossas vidas em um lugar melhor!

    A princesa ouvia aquilo atônita, seria possível que seu pai tenha feito tamanha maldade.

    “Ele sumiu com minha mãe... é claro que ele é mau!”

    Pensa a menina serrando os punhos.

    – Isso é horrível, eu fiquei trancafiada no castelo e não sabia de nada disso!

    – É compreensivo. – Reponde outro. – Muitos servos que ficam no castelo dificilmente voltam para suas vilas, são quase como prisioneiros. Novamente pedimos perdão por desconfiarmos de você mocinha.

    – Está tudo bem... eu entendo vocês. – Anna diz isso mais para si mesma do que para os homens a sua frente. Olhou em volta aquela paisagem desoladora e sentiu um grande peso sobre seus pequenos ombros. Ela era a princesa de Arendelle, podia ser a mais nova, mas será que poderia mudar alguma coisa? Poderia passar pela autoridade de seu pai o rei? Será que sua irmã poderia fazer alguma coisa?

    “Preciso encontra minha irmã, não podemos deixar nosso reino nessa situação, se isso continuar... Arendelle perecerá!!!”

    Só de pensar em seu reino deixando de existir a fazia tremer, podia odiar seu pai e aquele monte de puxa-sacos, mas o povo não tinha culpa e eles eram os mais afetados. Por isso ela tomou essa decisão, não sairia apenas para achar sua irmã, mais sim salvar seu reino!

    “Preciso achar Elsa! Juntas podemos resolver isso! Mas primeiro...”

    A pequena princesa olha para os homens e pergunta:

    – Senhores... por acaso tem outra maneira de sair de Arendelle sem ser por este porto?

    Os quatro se entreolham, conversam entre si até que o mais velho se manifesta:

    – Até tem minha criança, mas não é nada fácil!

    A pequena princesa os olha espantada.

    – Como assim?

    – Eu explico. – O mais jovem se pronuncia. – Vê os fiordes a oeste?

    A princesa acompanha a indicação do homem.

    – Sim, estou.

    – Existe uma passagem no pê do fiorde, ele leva para dentro de uma caverna que cruza toda a montanha, lá boa parte de nosso povo está sendo forçada a trabalhar na extração de minério para uso pessoal dos nobre e magos do reino como dissemos.

    Anna ouvia tudo atentamente.

    “Devem ser gemas que os amigos do Chanceler Barba Branca usam.”

     Pensa a princesa que de imediato se lembra do suplicio que passou nas mãos do velho chanceler.

    “Coragem Anna, você tomou essa decisão não vai voltar atrás agora!”

    – Tudo bem? – Pergunta o jovem.

    – Ah? Sim é que me lembrei de algo ruim relacionado a minério, mas continue, por favor.

    O jovem parecia espantado ao ouvir aquilo, mas ignorou e continuou:

    – Então... lá dentro exatamente no final da mina existe um porto subterrâneo onde os barcos dos magos partem rumo a outras terras para venderem seus lucros que deveriam ser do povo! – Brada o jovem. – Sua única chance de fugir deste reino é entrar em um desses barcos, somente assim poderá deixar Arendelle.

    Anna ficou paralisada ao ouvir tudo aquilo, quer dizer que para deixar seu reino teria que embarcar em uma missão de risco, invadir uma mina e entrar em um barco sem ser vista e pronto, liberdade!!!

    “Como se isso fosse fácil... tô perdida!!!”

    Pensa chorosa a menina que pergunta:

    – Eu devo imaginar que vai ter gente malvada lá né?

    E para a infelicidade da princesa os quatro meneiam a cabeça em confirmação, fazendo mais lágrimas escorrerem que nem cachoeira de seus olhos.

    “Perdida, perdida, perdidíssima!!!”

    – Lamento não haver outra maneira minha criança, mas esse é único jeito de deixar o reino.

    – Tá bom. – Diz a menina de cabeça baixa. – Os senhores não querem vir comigo?– Pergunta a menina de maneira esperançosa, no entanto...

    – Gostaríamos de acompanhá-la criança, mas no estado em que estamos seria impossível. – Responde o ancião mostrando os braços e o corpo coberto por chagas e feridas. – Enquanto tivermos estas marcas pelo corpo estamos condenados a permanecer em Arendelle... para sempre, por isso muito cuidado criança, para não ser pega por eles!

    Anna engole seco.

    – Eles... quem?

    – Os homens de mascaras pontudas e com tochas verdes... eles vigiam a mina e quem desobedece receber este castigo.

    – QUÊ?! – Aprincesa brada sem entender.

    – Estas marcas em nossos corpos não são de uma doença que pegamos pela falta de comida ou pelo tempo, mas sim por que tentamos nos rebelar! – Exclama o mais jovem.

    – Jogaram em nós um liquido verde e ficamos assim. – Explica o outro. – Eles usam isso para intimidar o povo e os forçar a trabalhar para eles, são como coleiras... se nós deixarmos o reino... pioramos até finalmente....

    – Morremos.... – Completa o mais jovem. – Isso é uma maldição e não temos como escapar dela... 

    A princesa ouve aquilo horrorizada.

    – Minha Deusa...

    – Coitados. – Murmura a gatinha alada de dentro da mochila.

    – E na não há cura para isso?! – Pergunta a princesa de imediato.

    – Existe... mas fica com os magos para caso sejam infectados e possam se curar. – Responde o mais velho. – Lamento minha criança, mas essas são todas as informações que temos... estaremos rezando para a Deusa que zele por você... ira precisar.

    Anna suspira, estava triste e de coração partido, tinha tanta fartura em seu castelo, comida, roupas, banho, tudo o que precisasse, mas agora tudo parecia tão insignificante comparado a dor daquelas pessoas. A pequena princesa abaixa sua cabeça, seus cabelos ruivos cobrindo seus olhos enquanto lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto e caiam no chão morto. Os quatro moradores se viram para irem embora foi quando o mais velho sentiu algo sobre suas costas, pequenos braços envolvendo sua cintura e o calor de uma Aura o preenchendo. Olhou para baixo e viu as pequenas mãos da menina lhe apertarem e ela dizer:

    – Eu vou salvar vocês... todos vocês... eu prometo! – As lágrimas da princesa molhavam as roupas do velho que segura as mãos da criança. Quem seria tão corajosa a ponto de tocar em alguém doente com chagas e feridas e não ter medo de se contaminar.

    – Minha criança... o que está fazendo?

    A menina responde fungando:

    – Agradecendo a ajuda... e me desculpando também, pensei que vocês iriam me fazer algum mal, mas eu tava errada, vocês são boas pessoas que merecem ser felizes assim como o resto do povo! – Se afasta do senhor e abraças os outros três que ficam sem reação. – Agradeço do fundo do meu coração pela ajuda, eu vou indo, que a paz e a luz de Althena lhes guie! – E chorando a pequena princesa se afasta correndo, deixando os quatro moradores atônitos e surpresos, mas acima de tudo felizes.

    – Que menina boa... não teve medo de tocar em nos chagados, isso é raro! – Comenta um deles.

    – Muito... nem mesmo um sacerdote da Deusa teria essa coragem, quem será ela? – Questiona o outro.

    – Não sei... mas se uma criança dessas existe, talvez Alrendelle tenha salvação. – Comenta o mais jovem sorrindo. – Engraçado tô me sentido mais leve e você vovô... vovô?

    Quando o jovem se virou para o velho seu coração parou, o senhor erguia suas mãos e as chagas e feridas que cobriam seus braços e rostos começavam a clarear!

    – MAIS O QUE?!

    E não era apenas do velhinho as do jovem e dos outros dois também, aos poucos as feridas tão anormais e terríveis começavam sumir. Olharam envolta e as pessoas doentes começaram a se levantar visivelmente abaladas, pois suas feridas também sumiam.

    O velhinho caiu de joelhos em prantos, olhou para o céu e erguendo as mãos gritou.

    – UM MILAGRE, A DEUSA FEZ UM MILAGRE!!!

    E todos se ajoelharam e rezaram agradecendo a Deusa Althena e sua pequena enviada que lhes trouxe a paz e a cura.

    Enquanto isso na sala secreta dos cavaleiros o clima era tenso.

    – MAIS ISSO É IMPERDOAVEL!!! – Brada um dos cavaleiros.

    – Isso sem dúvida tem dedo dos sábios! – Exclama outro. – Eles tramaram tudo isso! Desde da fuga da princesa até o incidente, fizeram tudo para que parecesse um acidente!

    Os outros cavaleiros concordam com aquela afirmação.

    – Isso é a prova de que eles estão dispostos a tudo para se apossarem do trono! Link precisamos fazer alguma coisa! – Brada o cavaleiro mais próximo do capitão que responde de prontidão.

    – E vamos! – Mas não com presa e desenfreados, pois é isso que eles querem!

    Os cavaleiros ouvem seu líder.

    – Meus irmãos, esse ato dos sábios só prova uma coisa... eles estão desesperados!

    Todos arregalam os olhos surpresos.

    – Pensem comigo, tentar matar Anna agora justamente quando ela recebeu a carta de Draconia, só pode significar uma coisa... eles estão com medo!

    Todos na sala entenderam.

    – Claro... – Murmura um deles. – Eles nunca esperariam que a princesa que eles consideram “estorvo”, seria apta para apreender magia!

    – Isso deve ter sido um golpe entanto para eles! – Comenta outro.

    – De fato! – Responde Link. – Por isso o atentado, mas eles receberam outro golpe fulminante... o menino que a salvou! – Link faz uma pausa e continua. – Esse menino foi o ponta pé inicial para que possamos reergue nosso reino, ele não só salvou Anna, como também se mostrou determinado a protegê-la, ouso dizer que ele foi enviado pelo próprio Artorias para tal missão! – Brada o capitão apontando para a estátua do lendário herói sendo seguindo pelos olhares dos outros que ouviam aquilo.

    – Artorias? – Murmuram os cavaleiros.

    – Seria possível?

    – Eu acredito! – Exclama Link. – Orei para o Grande Sif, para que protegesse nossa princesa e de repente esse menino aparece... eu não tenho dúvidas que o grande Artorias interviu!

    Rostos espantados e alguns até começavam a chorar de emoção, acreditavam que estavam sozinhos na luta pelo reino, mas talvez estivessem enganados, havia alguém que estava os olhando e lhes concedendo forças!

    – Mesmo morto ele ainda continua a proteger o reino. – Diz um dos cavaleiros que coloca a mão sobre o peito.

    – Sim meu irmão, é nisso que eu acredito. – Responde o capitão visivelmente emocionado.

    – Mas e agora Link, o que faremos? Trazer nossa princesa de volta seria um risco!

    O capitão meneia a cabeça em confirmação.

    – Sim... com certeza os Sábios tentariam outra artimanha contra a princesa caso ela voltasse ao castelo, por isso eu fiz um pedido ao menino que a salvou.

    Os cavaleiros se entreolham e perguntam:

    – Qual pedido? 

    O capitão junta as mãos sobre a mesa e diz:

    – O pedido foi...

    Caminhando a passos firmes um jovem de cabelos alvos adentra o porto, sabia que o lugar era miserável e quase sem vida, mas a visão que ele teve agora era bem...

    – Eita!

    Todos se abraçavam e sorriam, cantavam e dançavam, não aprecia nem de longe o lugar perdido e abandonado que era.

    – Mas o que aconteceu aqui? – Se pergunta o menino sem saber que sua protegida ia em direção ao perigo das cavernas dominadas pelos sábios!


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