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Já passava das duas da tarde e o rei não havia saído de sua sala desde a reunião de mais cedo com os representantes dos Sábios e dos Cavaleiros. Recusou comida e companhia, estava trancado, isolado e sozinho naquela enorme e fria sala. Seus grossos dedos batiam no braço do trono e seus olhos turquesa fitavam o nada. A imagem do cavaleiro que surgiu atrás do menino de nome Gládius não saia de sua mente, teve certeza que sentiu o aço daquela longa espada penetrar não só sua carne, mais também sua Aura. Fechou os olhos por um momento, no entanto aos abri-los viu-se em uma sala tomada pelas chamas, de imediato se levanta, viu a parede de sua sala ser destruída pela investida de uma imensa fera branca. O rei caiu para trás em pânico, o grande Dragão o fitava friamente enquanto sua Aura imponente o subjugava, mas o que mais apavorou o monarca foi à visão do cavaleiro em cima das costas da grande besta. Deu um salto e caiu perto do rei, Richard não conseguia ver os olhos do cavaleiro devido ao elmo, mas aquela Aura que sentia era impossível de esquecer.
– Ramsus...
– Você achou mesmo que eu não viria salvar minha esposa e filho? – Questiona o cavaleiro. –Eu viria de qualquer jeito, nunca abandonaria as pessoas que me são caras... ao contrário de você!
O rei de Arendelle arregala os olhos em pânico.
– O quê disse?!
– Você sabe muito bem o que eu disse Richard! Você pode posar de valente e invencível, mas nós sabemos o que se esconde por trás desta grande armadura... – Ao dizer isso o cavaleiro desembainha sua espada tão rápido que Richard só viu um flash, segundos depois sua tenebrosa armadura estava toda destruída.
– NÃO!!!
– Jaz um homem fraco e atormentado! – Brada o cavaleiro que dá as costas para o rei que tentava inutilmente recompor sua armadura. – Você é patético Richard sempre foi e sempre será!
Então o cavaleiro se afasta enquanto o Dragão Branco ergue seu longo pescoço, abri sua boca e um mar de chamas da mesma cor de suas escamas irrompe encobrindo o rei que grita em pura agonia.
– Você que tento desejou a chama... torne-se cinza como os outros! – Essas foram as últimas palavras que o rei ouviu antes de gritar em desespero e acordar sentado em seu trono.
Sua respiração era acelerada, seu rosto suado e seus olhos em pânico. Estava vivo e sentado em sua sala do trono, tudo estava no lugar, nada ardiam em chamas e ele continuava vivo, mas por quanto tempo?
– Maldito Arauto!!! – Pragueja o rei que se levanta. – Mesmo nos meus sonhos você não me deixa em paz!!! – Desce as escadas de seu trono, sua respiração era acelerada, seu coração batia descontroladamente, odiava se sentir daquele jeito, tão fraco e tão vulnerável. – MALDIÇÃO!!! – Brada o rei que invoca uma bola de fogo e a joga contra uma estátua a fazendo explodir.
Então caminhou até a janela e olhou par seu reino.
– Maldito reino! – Se vira e caminha em círculos. – Malditas facções que tramam contra mim! – Serra os punhos com força. – Maldita seja você Maria e sua filha!!! – Intensifica sua Aura fazendo o salão tremer. – MALDITA SEJA VOCÊ... ANNA!!! – E soca o chão com toda sua força fazendo todas as janelas da sala se quebrarem. O próprio castelo tremeu pela força do rei. Os cavaleiros, sábios, servos, todos os habitantes se apavoraram sem saber de onde tinha vindo aquele súbito tremor. Somente um jovem sentiu aquele tremor e não se acovardou, pois sabia que aquilo era uma demonstração de que seu “rei” estava perdendo o controle.
“Isso Richard, sinta se acuado, ferido e acima de tudo sozinho, resguarde-se em sua “protegida” sala, se alimente de ódio, medo e desespero, para que sua queda seja ainda maior!”
Pensa o jovem capitão que sorri e volta a caminhar como se nada tivesse acontecido.
Dentro da grande sala o rei jazia ajoelhado, seu punho afundando no meio do chão, os cacos de vidros espalhados por toda a sala, pilastras, cortinas, quadros e obras de artes destruídas. Seus cabelos ruivos cobriam sua face enquanto o próprio rei arfava tentando recuperar o folego.
– Maldição... – Resmunga ainda no chão.
– Praguejar não vai te levar a lugar nenhum Richard... você sabe bem disso?
O rei ao ouvir aquela conhecida voz arregala os olhos, ergue seu rosto e seus olhos turquesa encaram os vermelhos cor de sangue do homem de negro que estava encostado em uma pilastra e de braços cruzados o encarrando.
– Olá, Richard! Sentiu minha falta? – Debocha o homem.
O rei por sua vez se levanta e encara serio o sujeito.
– Armatas?!
– O primeiro e único! – Exclama o homem de negro fazendo uma reverencia para o monarca. – E então meu velho amigo... como tem passado? – Questiona sorrindo para Richard que encara o outro com frieza.
Fora do castelo nas planícies alvas de Arendelle...
– Agora falta pouco Ruby, já, já a gente chega ao porto! – Exclama Anna para sua amiguinha.
– Que bom! Estava começando a ficar preocupada, pensei até que você tinha se perdido... de novo, he, he.
Ao ouvir aquilo a princesa infla as bochechas.
– Há, há, há muito engraçado Ruby!
– Ué? Tô mentindo?
E o pior é que ela não estava, Anna tinha um sério problema de direção, se perdia com facilidade até mesmo dentro do castelo.
– Você podia esquecer esse meu probleminha, sabia?
– E perde a chance de tirar sarro da sua cara... jamais!!! – Depois dessa a gatinha cai na gargalhada e nem percebe a princesa se agachando, pegando um pouco de neve, amassando-a até virar uma pequena bola ao qual arremessa sem dó na gatinha alada que cai na hora.
– Quem manda dar bobeira, hein Ruby! – Exclama a princesa que cai na gargalhada.
– ORA SUA!!! – Brada a pequenina que sai voando por de baixo da neve e começa a perseguir a menina que correr rindo da outra.
Enquanto isso novamente no castelo, mais precisamente na sala do trono.
– O que você está fazendo aqui?! – Brada o rei para o homem recém-chegado. – E como conseguiu entrar sem passar pelos meus guardas?
Um sorriso brota na face do homem.
– Ora Richard! – Caminha para perto do rei. – Desde quando preciso de portas para entrar onde eu quero?
O rei encara o homem com fúria nos olhos.
– Seu idiota se alguém nos vir juntos...
– Eu mato, não se preocupe. – Responde o homem com calma como se matar fosse à coisa mais normal para ele. – Mas enfim, infelizmente não trago boas notícias.
Richard encara o homem sério.
– O que aconteceu?
O homem de negro por sua vez caminha até a adega que fica próxima a parede, pegou um cálice quebrado, faz um pequeno movimento circular em volta dele o reconstruindo em segundos. Depois pega uma garrafa de vinho, a abre e derrama seu conteúdo no cálice refeito, se volta para seu parceiro de negócios e diz:
– O ataque a Burg falhou. – Responde calmamente bebendo o vinho.
Os olhos de Richard se desfocaram ao ouvir aquilo, sua boca fica semiaberta para depois serrar os dentes e gritar furioso:
– COMO DISSE?!
– Richard na boa, se você não parar com esses surtos vai acabar tendo um ataque no coração... relaxe! – Diz o homem sentando-se na escadaria do trono.
– Me acalmar?! – O rei se volta para o mesmo. – Como vou me acalmar! Essa era minha grande chance de me vingar de Ramsus e de sua maldita ilha, o plano era perfeito, o que foi que deu errado?!
O homem de nome Armatas bebe mais um pouco do vinho e responde ainda tranquilo:
– Digamos que ouve um imprevisto. – Se levanta. – O mago que mandamos fez tudo como combinado, atacou o filho do Arauto o deixando a beira da morte, no entanto sua linda e graciosa filha apareceu justamente e salvou o fedelho.
Os olhos de Richard encararam confuso aquelas palavras.
– “Minha graciosa filha”? – Repetiu as palavras do mago, pensou um pouco e se deu conta de quem ele estava falando. – Elsa?!
– A primeira e única! – Exclama o mago que toma mais um gole de vinho. – E Richard tenho que te dizer... ela é uma gata! Não puxou nadinha a você!
Os olhos de Richard se inflamaram em puro ódio e avançou contra o homem o segurando pelo colarinho do manto surrado que usava.
– O que a minha filha fazia em Burg?! – Rosna o monarca. – Ela devia estar em Berk, aprendendo magias daquela ilha infestada de wyverns e drakes... o que a minha filha fazia naquela maldita ilha?!
O homem de negro parecia nem se importar com a expressão furiosa do rei, simplesmente terminou de beber seu vinho, jogou a cálice no chão e com sua mão esquerda segurou o pulso do rei o apertando, na mesma hora Richard sentiu seu pulso ser esmagado.
– Gaaahhhh!!!
– Já te disse Richard... não gosto que me toquem! – Exclama o misterioso dessa vez sem sorri, seus olhos vermelhos cor de sangue brilhavam ao encarra o monarca que se ajoelhava perante ele.
– P-PARE!!! – Rosna o rei.
– Como se diz?
– Grrrrr!
– Como se diz Richard?! – Inquere o apertando ainda mais o pulso do rei já quase o torcendo, nem mesmo sua poderosa armadura suportava a força daquele homem.
– Por... favor...
– Não ouvi?
– Por favor... me solte... Senhor Armatas!
Um sorriso de satisfação brota no rosto pálido do homem.
– Bem melhor! – E solta o pulso do monarca que o segura tentando conter a terrível dor que sentia. – Viu? Não foi difícil pedir, por favor, foi? – E se senta no trono do rei cruza as mãos sobre seu colo e continua; – Mais voltando ao assunto inicial, sua amada filha foi para Burg com uma pequena comitiva de amigos, a última comunicação que tive com o assassino foi deque... sua amiga e a trupe estavam indo para encontrar o Dragão Branco... interessante isso, não acha?
– O quê? – Pergunta o rei ajoelhado segurando o pulso. – Mas o que ela iria querer falar com aquele maldito réptil alado?!
O homem de negro sorri.
– Ora vamos lá Richard, pense um pouco? O que você acha que uma princesa covarde e chorona como VOCÊ iria fazer ao encontra o grande Dragão Branco?
Richard teve que conter sua língua, estava louco para insultar e atacar o mago, mas isso era arriscado, além de forte ele era a chave para seu grande plano.
– Não faço ideia. – Diz o rei se levantando.
Aquilo deixou Armatas decepcionado.
– Você é realmente um idiota mesmo, hein Richard?– Se levanta do trono. –Sua amada filha foi tentar se encontrar como Dragão Branco para quem sabe... retirar os poderes que ela ganhou de nascença... fascinante não acha?
O ar faltou para o rei que quase caiu para trás.
– Impossível...
– Nada disso meu caro... nada é impossível neste mundo, se lembra? – Comenta o mago.
– Por que ela faria isso. – Diz desnorteado o rei. – Ela tem um dom superior aos das princesas de Corona e Dumbroch! Supera até o do primogênito de Berk, porque ela faria isso, POR QUÊ?!
E o mago negro responde:
– Sei lá!
O rei perde a paciência!
– Não brinque comigo Armatas, o dom de Elsa é a chave para que eu possa alcançar meu objetivo! Ela é minha espada, minha mais poderosa arma, ela é...
– Sua vadia, tinha me esquecido disso.
Os olhos de Richard são tomados pela fúria, sem pensar em mais nada saca sua espada que brilha em três cores distintas, azul, vermelho e branco, então labaredas de fogo, gelo e trovão se fundem na ponta da lâmina até assumirem uma coloração alaranjada e com toda sua força o rei lança sua magia.
– Cataclisma!!!
Um enorme esfera voa em direção ao mago que sorri e salta, fecha seu punho esquerdo que é tomado por glifos negros, seus olhos vermelhos brilham e sua Aura negra trasborda para fora de seu corpo. O mago das trevas soca a magia de Richard que observa atônito sua poderosa esfera rachar, perder a cor pouco a pouco até se transformar em uma orbe pálida e sem vida que se espatifa no chão se quebrando em centenas de pedaços. O rei encara atônito aquele feito e principalmente o mago que voltava ao chão. Limpou a poeira de seu manto levantando-se, seu gorro estava para trás revelando todo seu rosto que era pálido como o de um cadáver. Não havia cabelos em sua cabeça, no lugar estava desenhando uma mandala negra. Seus braços e peito também eram repletos de gravuras, glifos que o próprio mago desenho em si mesmo assim podendo usar magia sem a necessidade de catalizadores, uma vantagem combinada a suas técnicas marciais que faziam dele um dos mais tenebrosos magos das trevas do mundo da magia. Diante de Richard estava Armatas Aristarte... O Alquimista das Trevas!
– Tsc, tsc... isso foi muito feio Richard, muito feio mesmo! – Responde o Alquimista recolocando seu gorro. O rei por sua vez estava estático, não conseguia mexer um músculos sequer, já havia sentido aquilo antes, o sentimento de impotência e de completa derrota, o mesmo sentimento que lhe aterrorizou a mais de onze anos estava de volta.
– Como... você fez...
– Será que é isso mesmo que você quer me pergunta meu caro? – Interrompo o homem de negro. – Se você não fosse meu amigo sua cabeça estaria no chão agora! – Exclama o mago. – É melhor ter cuidado com os inimigos que faz grande rei... você já teve uma grande lição no passado... não queira que ela se repita de novo!
Um calafrio percorre a espinha de Richard ao ouvir aquilo, um turbilhão de sentimentos invade seu mais completo ser, só de imaginar passar por aquele tormento de novo lhe drenava todas as força e também a sanidade.
– Não sei onde estava com a cabeça... me perdoe... isso não se repetira. – Diz o rei e o Alquimista sorri.
– Bom ouvir isso... agora vamos aos negócios! – O mago mexe seus dedos e uma mandala roxa se forma no piso de mármore por onde um saco de cor marrom fechado por uma corrente se materializa na frente deles. – Aqui está mais Amrita como havia prometido. Cinco quilos! – Pega o saco e joga nos pés do rei. – Vê se não desperdiça tão rápido!
O rei nem ouve as palavras do mago, quando o saco cai em seu pés o rei se ajoelha, rompe a corrente e abrindo o saco revelando seu conteúdo que faz seus olhos brilharem.
– Tão... lindas...
– Pois é, são mesmo! – Exclama Armatas que caminha para próximo do rei. – Mas te dou um conselho Richard, ou melhor, um aviso! – O rei volta seu rosto para o mago. – Controle-se mais, pois você é meu único comprador destas belezinhas, e eu odiaria ter que vender para seus rivais, fui claro?
O rei meneia a cabeça em afirmação.
– Sim! Mas eu duvido que aqueles idiotas saberiam usar tais tesouros com tanta perfeição quanto eu! – E ri, como se fosse à coisa mais perfeita do mundo, uma risada insana vindo de um homem perturbado que só se importa consigo mesmo.
O mago torce os lábios ao ver tal cena.
“É um verme mesmo... se bem que são vermes como esse que me dão lucro!”
E dá as costas.
– Bom já terminei o que vim fazer aqui, espero meu pagamento no lugar de sempre... duzentos e cinquenta mil gils, até... Rei de Arendelle!
– Sim... como combinado! – E continua a rir olhando para o conteúdo do saco, enquanto o mago agita seu braço direito e uma nova mandala se forma a sua frente por onde ele atravessa sumindo da sala do insano rei.
Longe do castelo, mas ainda no reino de Arendelle, uma mandala roxa surge no alto de uma árvore, dela o mago das trevas surge e olha a paisagem.
– Um reino a beira da ruina, isso é revigorante! – Um vento frio passar por ele fazendo suas roupas balançarem. – Que isso espirito guardião, não precisa ficar bravo, estou mentindo por acaso?
A pergunta do mago foi respondida por um longo e distante uivo.
– Há, há... aguarde espirito do lendário lobo e reze para que seu escolhido seja realmente digno de suceder Artorias! – Ao final de sua frase uma intensa Aura negra cobre todo seu corpo, o céu escurece e o ar fica mais frio, para os moradores de Arendelle, aquele era o presságio de mais uma tempestade que chegava, mas para o grande lobo que repousava sobre o tumulo de seu grande amigo, aquele era o começo do fim de Arendelle, se algo não fosse feito o quanto antes!
“Jovem lobo... proteja nossa preciosa princesa.”
Fecha seus grandes olhos dourados.
“Rogo também a você filho de Gaia... Salve-nos!!!”
Logo em seguida o grande lobo uivou para o céu, cristais de gelo emanam de seu grande corpo que são soprados para longe indo para além das montanhas, oceanos e vales, na esperança de que alguém ouvisse seu pedido de ajuda.