Bom dia, pessoal! Tudo bem com vocês?
Desculpe a demora em postar.
Eu tbm estou refazendo essa postagem pois publiquei o capítulo na outra história por engano.
Segue mais um capítulo para vocês!
PS: Gente, essa fic é sob outra ótica e apesar de eu manter acontecimentos do anime, reforço que a intenção não é replicar o trabalho do Tite Kubo. A obra pertence a ele! Todo o mérito a ele.
Tem surpresinha no final, nas notas finais.
Boa leitura!
Minha caminhada começava em um profundo silêncio. O céu aberto, em um azul tão lindo e calmo, conseguiu me fazer aceitar minha punição. Havia me rendido.
Minhas vestes, brancas e simples, significava que eu já tinha perdido qualquer direito de ser novamente uma shinigami.
De cabeça erguida, com as mãos amarradas para trás e uma coleira vermelha presa em meu pescoço, com quatro pontas, eu seguia pela Soul Society sendo escoltada por quatro oficiais, todos escondendo os seus rostos.
Ao deixar o Palácio da Penitência, Senzaikyu, cruzamos com a ponte, onde eu pude ver todo o Seireitei por uma última vez. Consegui ver todas as divisões do Gotei 13 e em especial o meu Esquadrão.
Todas as lembranças boas, de tudo o que vivi e aprendi em meu primeiro emprego, vieram com tudo. Meu primeiro dia de treinamento, em que conheci meu amigo e tenente Shiba Kaien; todas as vezes em que ganhava doces de Ukitake-Taichou; a disputa por atenção de Kiyone e Sentaro, sempre querendo impressionar o nosso amado Capitão...
Um filme curto era transmitido na minha mente instável.
Ah, que saudades daqueles tempos...
Senti a pressão espiritual de Renji, ou pensei ter escutado ele me chamar.
Renji.
Por mais ignorante que fosse, eu sei que ele sentia muito afeto por mim. Renji foi a minha família antes de eu escolher viver com os Kuchikis.
Quando perdemos nossos irmãos e sobraram apenas nós, decidimos nos tornar shinigamis. Tínhamos o mesmo objetivo. Era a nossa chance de sermos alguém.
Desculpe, Renji, por ter te abandonado.
Chorei ao sentir a fraca pressão espiritual daquele que nunca me abandonaria. Eu sabia que ele estava tentando me salvar.
Teria enfrentado Byakuya?
Uma angústia passou por mim, ao mesmo tempo em que meus olhos me fizeram voltar a realidade.
A minha frente, com um olhar perverso, cruzava a pessoa que eu mais odiava.
— Bom dia, Rukia querida. — Como era possível me chamar ainda de querida? O Capitão do Terceiro Esquadrão, Ichimaru Gin, sorria para mim ironicamente como se fossemos amigos.
Fiquei perplexa quando ele se aproximou mais. Seus passos firmes conseguiram me amedrontar.
— Gin... — o chamei em um sussurro assustado.
— Gin? — Ele ousou me corrigir — para você, Capitão Ichimaru. Ah, Rukia... O que aconteceu com seus modos? Rude como sempre — ele levou a mão ao queixo, em sinal de constatação — o que o seu irmão pensaria de você? Levaria uma bronca do Byakuya.
Um crispamento nos meus lábios fez com que eu tentasse manter a postura.
— Minhas desculpas, Capitão Ichimaru — ele estava brincando comigo.
Percebi ao ver seu falso riso tentar quebrar a tensão entre nós.
— Ah, Rukia. Pensou que eu estava falando sério? Imagina! — Sua voz maliciosa tentava me atingir — eu não vou contar para o seu irmão. Não me importo, já que nos conhecemos há tempos — não suportava esse homem. O que ele queria?
— Eu sei que não veio até aqui para conversa fiada. Por que você veio? — Não me controlei.
— Por nada especial — me respondeu com desdém — eu estava só de passagem, então eu te vi e provoquei — meu coração começou a disparar de nervoso. Esse homem era cínico.
Ichimaru Gin nunca me enganou. Desde quando o conheci, sempre senti uma sensação de medo. Meu corpo inteiro suava frio, minhas mãos tremiam em sua presença.
Ele era cínico e astuto. Eu conhecia pessoas dessa espécie. Nunca me conformei como oficiais, que se relacionavam com ele, ignoravam essas características para manter a boa comunicação. Como era possível que apenas eu, exclusivamente eu, enxergasse as sombras dentro daquele homem?
Como poderia ele ser um Capitão?
Sempre me questionei.
— Rukia? — Fui desperta das minhas divagações — o que aconteceu com você? Até parece que você estava em transe.
— É... — Não consegui responder.
Notei que ele estava buscando um ponto fraco em mim, destilando mais veneno.
— Seu amigo está quase morto. Renji — foi direto e preciso, olhando para o lado, em direção ao Seireitei.
Me concentrei em localizar a reatsu. Estava tão fraca e imperceptível.
— Logo ele morrerá — olhei para aquele homem, desprezando seu comentário banal — tão engraçado. Renji ainda acredita que pode te salvar — só consegui odiá-lo cada vez mais.
— Como se atreve a falar dele? — Recriminei, o fazendo mudar de assunto.
— Ah... Rukia. Já notei a sua insegurança. Só me responda uma coisa. Você está com medo? — Ele se aproximou de mim e ousou a tocar a minha cabeça, como se eu fosse apenas uma criança.
— O que? — Respondi por instinto.
— Quer que eu salve você, pequena Rukia? — Ele olhou dentro dos meus olhos e eu vi as sombras daquele homem — posso aliviar o seu sofrimento e ajudar seus amigos humanos.
O que ele queria?
Não fazia sentido ele oferecer a sua ajuda.
— Quer? — Ele insistiu tentando obter a minha resposta, ou tentando me dar uma sensação de esperança.
Eu já tinha aceitado tudo. Por que este homem tinha que cruzar o meu caminho e me oferecer uma ajuda? Aquilo estava me balançando.
— Acha que estou brincando? — Eu só queria saber o que ele estava tramando — e estou...
Sua última palavra ecoou e paralisou na minha mente. Tudo a minha volta ficou turvo até escurecer.
Algo dentro de mim explodiu e eu me senti caindo em pedacinhos. Como eu pude cair nessa brincadeira de mal gosto.
Esse homem...
— Tchauzinho, Rukia. Logo nos veremos.
Não posso ser vencida. Esse homem não pode me destruir. Não pode!
AHHH...
Gritei para o nada para me libertar desse inferno.
Como eu fui ingênua! Senti um pingo de esperança remoendo dentro de mim.
Eu não posso... eu não posso...
Não vou chorar. Só me resta a força. Eu sou forte e serei até o final.
Despertei de meus devaneios após sentir um ar mais respirável. Gin havia desaparecido.
Consegui sentir um pouco da pressão espiritual de Renji. Respirei aliviada ao perceber apenas a força dele, assim que Gin sumiu de vista — tudo ficava embaçado na presença dele.
Caminhei e assim eu cheguei ao ponto mais alto da cidade. Estava em frente ao Monte Sokyoku. Naquele momento eu senti medo por não imaginar o que me aguardava.
Uma alabarda, a arma com uma haste ponte aguda, estava estendida em um poste, bem a minha frente. Minhas pernas tremeram diante daquilo.
Alguns capitães e tenentes chegaram com seus rostos sérios. Unohana-Taichou e Isane, seu tenente e irmã de Kiyone, eram as únicas mulheres presentes. O Capitão Komamura também estava lá.
Meu fim já estava na fase final ao chegar o Comandante Geral, Capitão do Primeiro Esquadrão, Yamamoto Genryuusai Shigekuni, para dar a ordem de execução.
Eu só não estava preparada para o que vinha a seguir. Depois que fui transferida para o Palácio da Penitência Senzaikyu, não tivemos mais contato algum. Um sentimento dúbio se instalou em mim. Se era alguma forma de esperança misturada com tristeza e felicidade, esse não tinha nome. Paralisei ao ver meu irmão vindo em minha direção, com seus passos cada vez mais audíveis, marcando sua presença ilustre.
— Nii-sama... — Sussurrei para o vento, que não chegou até ele.
Este não ousou a olhar para mim, mantendo-se firme e imponente. Me ignorou por completo. Eu era um pequeno inseto inútil naquele momento, indefeso e inofensivo.
Byakuya ficou ao lado dos outros Capitães, sem demonstrar nenhum comportamento adverso. Apenas um ar de serenidade e com os olhos levemente curvados.
— Rukia Kuchiki — ouvi ser chamada pelo Comandante, iniciando minha sentença — você entregou seus poderes a um humano e isso é considerado gravíssimo. Sua pena será a execução — ouvia tudo isso sem deixar de olhar para Byakuya, que permanecia da mesma forma — eu, Yamamoto Genryuusai, lhe concedo um último desejo — olhei para o além e pedi.
— Comandante, desejo que os humanos não sejam mortos. Por favor, peço que eles possam ir para casa ilesos — Byakuya olhou para mim naquele momento, por segundos.
— De acordo — o Comandante concordou — Gostaria de dizer suas últimas palavras?
Eu só sei que depois de tudo que fiz, e ainda consegui externar dos meus sentimentos, a única palavra que deveria, por mim, ser dita era...
— Arigatou. — falei por um fio de sussurro.
O selo de Sokyoku foi liberado, assustando outros que estavam ali. Mas meu coração estava calmo. Após o Capitão Geral prometer que nada aconteceria aos meus amigos humanos, senti paz. Eu poderia deixar de existir com certa dignidade.
Até mesmo Byakuya Nii-sama, tinha serenidade em seu olhar. Ele, nem mesmo ele, foi capaz de olhar para mim novamente. Por uma última vez...
Entendo.
Ele aceitou a minha partida ou simplesmente já não sou mais um problema para ele.
Minhas mãos foram libertas, alargando os meus braços logo em seguida. Me senti ser elevada para o céu.
Era fim de tarde e o vento soprava cada vez mais forte.
Quando cheguei ao topo, o Sokyoku se materializou. Uma bola de fogo explodiu se dissipando em forma de lâminas, prontas para me dilacerarem.
Eu a encarava tranquilamente e me orgulhei por ter sido forte e corajosa em não derrubar uma única lágrima até nossos olhos se encontrar.
Byakuya olhava intensamente para mim. Eu enxerguei algo diferente nele. De todas as vezes e raras, havia um olhar reconfortante. Talvez um “adeus”.
Mais uma vez esse olhar perdurou por um minuto, para mim: uma eternidade. Após isso senti-me totalmente vencida.
Fechei meus olhos me rendendo, porém nada aconteceu. Eu que esperava ser cortada pelas lâminas.
Abri meus olhos e estendi minha cabeça, vendo a minha frente, em suas vestes negras, que balançavam ao vento e a corrente de ar quente, uma figura conhecida.
— Ichigo?
Continua...