Enquanto continuavam caminhando tranquilamente pelo caminho que levava ao templo, Maeti os liderava e ficava a todo momento olhando para Kaede que, incomodada com o fato, diz:
— O que foi, Maeti? Por que me olha tanto?
— Nada... Para mim é novidade receber visitas, especialmente de garotas.
— Você nunca teve contato com uma? Que isso cara... - Comentou Ryoga, surpreso.
— Para falar a verdade, é muito raro eu ter um contato muito maior com hu... digo, pessoas. E quando ocorre é quando peço informações na cidade e nos estabelecimentos. Sou eu quem supre o templo, pois minha mãe não gosta de sair daqui.
— Você deve ser bem solitário, não é? Mas porque é assim, isolado de tudo? - Perguntou Ethan, curioso.
— Deve ser por cauas de seu sobrenome, não é? - Disse Kaede, olhando nos olhos de Maeti.
— Também, mas... eu não sou muito sociável. As pessoas ficam receosas em se comunicarem comigo por causa de minha aparência.
— E o que tem demais? - Perguntou novamente Ethan.
— É, o que tem demais? Teu visual é o maior style! - Disse Ryoga, espirituoso.
— E é belo também, devo admitir... Nunca havia visto alguém com olhos desta cor - Disse Kaede, sincera.
— É... Bem... eu não estou acostumado a receber elogios. Me desculpem por ficar acanhado - Tentou desconversar Maeti.
— Fica frio, cara. Logo você acostuma - Continuou Ryoga, tentando deixar Maeti a vontade.
— Bem... Obrigado, gente... vamos, então...
Depois da breve conversa, continuavam a caminhar, mas logo Ryoga faz um comentário:
— Maeti, que perigos são esses que todos dizem? Pô, se só for morcegos, é só chamar as autoridades para acabar com eles.
—Não é isso. Primeiro que os morcegos são responsáveis pelo equilíbrio ambiental desta floresta. Segundo que está de dia. A noite que as coisas acontecem...
— O que, por exemplo? - Perguntou Kaede, preocupada.
— Pessoas entram na mata e não saem.
— Porque?
— Possivelmente obra de algum monstro.
— O QUE? Como assim, gzuis?! - Disse Ryoga, preocupado.
— Calma, brincadeira minha. Hehehe... - Maeti tinha sendo de humor.
— Que senso de humor, cara. Quer me matar do coração?
— Me desculpe. É que, como disse, não tenho jeito com pessoas...
— Se desculpa não! Ele mereceu! - Dust Ethan, brincando com seu amigo.
— Ah, é? Botando pilha, não é? Depois reclama porque eu brinco a beça... - Disse Ryoga, não gostando.
— Fica na sua, Ryoga. O cara só fez uma brincadeira inocente e você foi mais inocente ainda. Agora aguenta a zuera!
— Hehehe... Ethan está certo - Completou Kaede.
— Vocês são soda... cáustica! - Disse Ryoga, irritado.
Mesmo com a conversa ainda continuando, Maeti andava a frente de todos. Olhava para todos os lados, mostrando que estava tendo todos os cuidados para manter a segurança do grupo. O jovem tinha um olhar calmo, que demonstrava ser alguém sereno e gentil. E de e tanto caminharem, logo chegam a um pequeno riacho, onde Kaede para por alguns instantes e recorda-se de seu passado.
— Ah este lugar... Lembro-me que treinava muito aqui perto. E quando tinha vontade de beber água, vinha até aqui. Bons tempos de infância...
— Sei o que você sente. Também gosto daqui - Disse Maeti, olhando para Kaede.
— Tô falando... Você vai perder a parada Disse Ryoga, falando baixo em um dos ouvidos de Ethan.
— Ah cara... Me deixa quieto.
— Só tô te avisando... Depois não vai ficar coçando a cabeça no meu lado...
E continuam seu caminho. Passa-se um pouco mais de meia hora desde que entraram na floresta e já começava a escurecer. Maeti, se preocupando com os outros, diz:
— Bem, vamos nos apressar pois já está escurecendo. E temo por nossa segurança.
— Ué?! Você não tinha dito que era brincadeira? - Disse Ryoga, confuso.
— E era mesmo. Mas eu não disse que não havia perigo.
— Aí é... Eu sabia!
— Para de reclamar, medroso! - Disse Ethan, chamando a atenção de seu amigo.
— Fica na sua Ethan! Vocês que me trouxeram pra esta joça aqui!
— primeiro que foi você quem quis vir e segundo que isso aqui não é nehuma joça! Deixa minha tia ouvir isso!
— Deixa ela, ueh... Só tô dizendo...
Depois do aviso de Maeti, todos então passam a andar um pouco mais rápido. Kaede já havia visto o templo ao longe inclusive.
— Lá está ele. A quanto tempo não o via assim reluzente...
— Onde? Não vejo nada... - Disse Ethan, sem entender.
— Deu uma de Légolas agora? - Perguntou Ryoga a Kaede.
— Eu o vejo por causa do... - Disse Kaede.
— ...símbolo que reflete a luz da lua! Este símbolo é como um... - Continuou Maeti.
— ... tipo de brasão, que identifica a família Rayka! - E terminou de explicar Kaede.
— Exatamente!
— Puxa, é como se fôssemos ligados por algo...
— Sim. É muito bom saber que você manteve suas lembranças daqui...
— É Ethan... A coisa é séria mesmo. Tu vai perder a causa e a questão, se é que me entende... - Disse Ryoga, voltando a zombar de Ethan.
— Cala a boca, Ryoga! Cala a boca...
— Hahaha! Você sempre reage!
— O que foi aí vocês dois? - Perguntou Kaede.
— Nada não, fica fria...
— Vamos, já estamos quase chegando - Disse Maeti.
E assim que avistam a entrada do templo, Ryoga vê uma pequena névoa que desaparece, entrando na floresta.
— Ah... Cara... cara... cara... cara...
— O que foi? - Disse Ethan, confuso.
— Esse lugar tá com encosto!
— Do que você está falando, Ryoga?
— Não... é que.. que... que... uma névoa... floresta... entrou... sumiu...
— Pronto... Ficou louco de vez.
— Você disse névoa? - Perguntou Maeti.
— Sim! Porque, cara? Cê sabe de algo?
— Não, nada não... - Disse o jovem, indiferente.
E entram pelas portas do templo. Eram incrivelmente altos os portais que levavam ao lugar e, ao passarem da entrada, avistam um bonito jardim, repleto de flores. Podia-se ver perfeitamente, pois estava bem iluminado. E o templo propriamente dito, era enorme. Uma contrução feita a muitos séculos totalmente conservada. E a sua fachada tinha uma inscrição que dizia: "Aos inimigos, compaixão. Aos amigos, união. Paz a todos os seres." Ethan logo disse:
— Sábias palavras.
— Como aqui está bem cuidado. Foi você que fez isso, Maeti? - Perguntou Kaede.
— Sim, é um de meus deveres manter em harmonia todas as partes do templo.
— E pelo jeito fez muito bem, cara! Tu é sinistro! - Disse Ryoga, sorrindo.
— Muito obrigado. Bem, vamos entrar...
E entram no templo. Tudo estava límpido: assoalhos, mesas, armaduras de samurais, espadas... Praticamente impecável. A dedicação de Maeti era admirável.
— Maeti, você é maravilhoso. Como foi que fez isso com este lugar? - Disse Kardec, impressionada com a limpeza.
— Eu.. Eu... Sabe, eu não consigo receber bem elogios...
— Pode ficar a vontade, Maeti. somos amigos agora. Nada de timidez com a gente. fez um ótimo trabalho mesmo - Disse Ethan.
— Pode crer, cara! Você é dez! - Disse Ryoga, colocando uma das mãos sob um dos ombros de Maeti, sinalizando com o polegar.
— Muito obrigado, pessoal.
E Kaede logo perguntou algo que iria mudar completamente a noite:
— Mas onde está minha tia, Maeti? Ela deveria ter nos recebido. Aconteceu algo?
— Sua tia? Só moram aqui eu e minha mãe. E acho que ela seja sua tia...
—Sua mãe?
— Sim.
—Mas como?
— Ela é minha mãe. Por isso.
— Mas eu morei aqui por dez anos e nunca vi minha tia namorando...
— Muito estranho... - Disse Ethan.
— Cara, quantos anos você tem? - Perguntou Ryoga.
— Dezessete anos, porque?
— Mas como pode ser? Se eu tenho dezeseis, saberia ao menos que você existia - Kaede estava ainda mais confusa.
— Bem, talvez minha mãe explique.
— Vamos falar com ela então.
E Maeti os levam até o quarto de sua mãe. Chegando próximo a uma porta estilo japonesa (aquelas feitas de papel arroz de correr para os lados), o jovem entrou sozinho e diz:
— Mãe, cheguei... E temos visitas...
E de dentro do quarto, ainda longe de todos, puderam ouvir uma voz com um tom de veludo:
— Você trouxe visitantes?
— Sim, mãe... Bem, acho que é melhor que a senhora se vista.
— Como você pôde fazer algo tão irresponsável? Sabe que não pode trazer ninguém aqui, pelo bem de todos - Disse a pessoa, com sua silhueta podendo ser vista pela porta, que parecia colocar um kimono estilo kendo.
— Mas mãe, eles são jovens aventureiros. E não zombaram e nem me evitaram.
-Bem... um ato nobre da parte deles, mas... eles estão prontos para me ver? Você os avisou sobre minha natureza?
— Não os avisei, mas... Não parecem como aqueles visitantes que queriam roubar as escrituras do Maratsu-Kyoken. Aliás, acho que temos um parente entre eles.
— Como? E quem é?
— Espere que irei trazê-los...
Ethan, Kaede e Ryoga esperavam por Maeti no corredor que levava ao quarto. estavam conversando.
— Muito estranho este rapaz. Apesar de ser muito bonito, ainda assim tem algo estranho nele... - Estranhou Kaede.
— Você tá tão na dele, Kaede... - Ryoga não deixou por menos.
— Que isso Ryoga. Nem nos conhecemos.
— Tá... Eu reparei que ele tava olhando direto pra você quando estávamos caminhando para cá.
—Ryoga... Seu peste! Deixa ela em paz, cara! - Disse Ethan, nervoso.
— Calma, não precisa ter ciúmes... Hehehe...
— Você é muito chato mesmo...
E Maeti logo volta ao corredor e os chamam. Eles então se dirigem para o quarto da mãe do jovem, que diz:
— Pronto, mãe. Aí estão eles...
— Podem entrar. E não se assustem.
Ryoga logo fala:
— Ué?! O que tem demais? E essa voz, caramba... Que voz bela...
E logo que entram, se surpreendem com o que viram. Um silêncio tomou conta do lugar, enquanto Kaede quebrou o clima:
— Mas o que está acontecendo aqui? O que significa isso?
— BARALHO! Gente, que tá acontecendo? Porque ela tá... MINHA NOSSA! - Disse Ryoga, completamente assustado.
— Meu Deus! O que está acontecendo aqui? - Ethan não estava conseguindo lidar com a situação a exemplo de seu amigo.
E Anuon, que estava se escondendo todo esse tempo, não se conteve e sai da mochila de Ethan. A ferina então olhou para a mãe do jovem e disse:
— Eu conheco você! Mas como... O que aconteceu com você?!
Continua.