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Meus pulmões se enchem de ar bruscamente. Levo minhas mãos ao peito, outra vez o mesmo sonho, sempre o mesmo pesadelo. Me sinto sem forças, amedrontado e triste. Não saberia dizer se por medo ou saudade, é sempre o mesmo sonho... que me traz de volta a realidade. De todas as coisas para se pensar, é sempre você que me vem primeiro. É por você que me ponho à sonhar, seja dormindo, ou mesmo após despertar.
''A maneira como eu falava com você se foi
Ainda assim, eu sempre caminhei com você.
Eu imagino se eu poderei encontrar você algum dia''
Saindo de casa, sozinho, tento imitar nossos antigos passos... Percebo que o inverno tornou tudo branco, como nossas promessas que agora se foram. Sei que é normal pensar em você, e sei que você é tudo para mim, ainda hoje. Mas o que me resta neste momento são apenas as memórias das nossas promessas, e já não ter você aqui, é para mim como não ter a mim mesmo.
''A neve cai suavemente numa colina
Mesmo que eu não possa te alcançar, eu entendo
A flor no seu quarto, que você amava agora está...
O dia da neve do ano passado.
As promessas que eram difíceis de se trocar
Quando eu lembro delas, elas se derretem e se derramam das minhas mãos''
Posso compreender, tal como são estas flores que vejo sem vida, cores, ou alegria, e que se espalham ao chão neste momento. E de suas pétalas, frias e secas, quase posso sentir seu choro. Tudo na vida morre, pessoas, plantas e até mesmo o amor... e em seu esvaecer, é possível guardar seu último momento como uma lembrança viva, mesmo que esta reminiscência viva apenas dentro de você.
''Sozinho junto à janela, somente olhando a neve
Enquanto me lembro de você,
Vejo você no vidro.
Eu lhe dou um último beijo''
Sempre estive com você, então as vezes me pego sozinho em casa, ouvindo sua voz doce... Ainda posso sentir seus lábios nos meus, suas mãos quentes deslizando em minha nuca, até me dar conta de que não há nada lá. Apenas meu próprio reflexo no vidro da janela, e a neve pura lá fora. Um arrepio gélido então toma o lugar das mãos quentes em minha nuca, e me vejo tão só, que quase chego a sufocar em meio ao silêncio lúgubre que se segue.
''Vamos, sorria, não chore mais
A partir de agora, eu estarei sempre olhando por você
A neve cai suavemente numa colina
Mesmo que eu não possa te alcançar, eu entendo
A flor no seu quarto, que você amava agora está...
Uma luz que suavemente começa a colorir de branco o interior da cidade
Você viu as últimas cores da estação''
Não vou te esquecer, me recuso. Mas o que faço agora? Se já não está aqui para me ouvir chorar...
''O som das lágrimas que caem é cruel, não é?
Você viu as últimas cores da estação''
Nunca pude dizer, o que sentia verdadeiramente em meu coração. Não saberia me expressar, sequer poderia tentar...
''As quatro estações, e as suas cores, logo vão desaparecer
A neve se derrete, e as flores florescem no canto da rua
O dia das últimas cores deste ano.
As cores que você viu logo começam a derreter''
Você era a única naquela época, que gostava tanto, de ver estas cores até seu último instante. O frio do inverno não podia lhe incomodar. Você faz parte destas cores para mim desde então, e hoje sou eu que permanece até o final, apenas a observar as cores que morrem. Queria que estivesse aqui... Queria estar com você...
''Uma única flor no canto da rua
Quando eu olho para o céu, a última neve derrete da minha mão''