Freedom Planet: Faith & Shock

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    Capítulo 17

    O torneio T.O.R.M.E.N.T.A - segunda fase: Noah vs Ingris

    Spoiler, Violência

    A segunda luta vai começar. E agora veremos como Noah não se sair em uma luta oficial.

    E Lilac e Carol? Não há boas notícias...

    Palácio do reino de Shang Tu, um ano atrás.

    Durante um dos muitos treinamentos de Milla por Neera Li, a bela panda, observando sua pupila treinar, logo tratou de começar uma conversa:

    — Milla, pare um pouco. É necessário deixar seu corpo descansar para uma melhor adaptação ao treinamento.

    — Tudo bem, mestra! Eu estou meio cansadinha mesmo.

    — Mas Milla, gostaria que me respondesse uma coisa...

    — O que, Neera Li?

    — Porque se uniu a Lilac e Carol? Essas desordeiras não tinham nada para te oferecer a princípio, embora reconheça que aquela dragão e sua amiga de boca grande tenham sido de muito útil a der Brevon...

    — Ah bem... Eu nunca tinha visto uma dragão e isso me chamou atenção. Então eu salvei a Carol e...

    — Não é disso que eu estou falando.

    — O que então?

    — Porque você estava sozinha desde sempre?

    — Eu não sei.

    — Não sabe? Mas como...

    — Sabe, por muito tempo eu estive sozinha. Mas foi só eu ter contado com a Lilac e Carol que comecei a ter uma visão diferente... Eu passei a me importar com todo mundo e... Bem... Todo mundo passou a se importar comigo... Então...

    — Milla...

    — Eu fiquei muito feliz quando me convidou para me treinar, pois... Bem... É... Eu... Eu sabia que com isso eu iria me tornar uma pessoa melhor...

    Neera Li por algum momento ficou em silêncio, olhando para o belo rosto da pequena canina. Nesse momento a panda sacerdotisa tinha entendido perfeitamente o grande caráter que estava ajudando a construir em Milla. Ela sabia que a pequena não tinha conhecimento do seu passado e por onde andava seus pais e, com isso, tomou para aí própria uma forte responsabilidade por ela. E logo após ouvir o que Milla disse, Neera Li, contrariando seu temperamento, diz: 

    — Não, Milla... Não diga isso. O que você pensa é errado.

    — Hã? Mas... Mas e sua força? Como a conseguiu? E como todo mundo te respeita tanto? Foi com muito treinamento, né?

    — Não, você está enganada. Não consegui o que tenho por ser uma mestra, muito menos por eu ser forte.

    — Então?

    — Você está muito no início... Artes marciais tem em sua base pura filosofia. E eu vou te ensinar...

    — Por favor! Por favorzinho! Me ensina!

    — Eu irei. Muito bem, hora de voltar ao treinamento.

    — Tudo bem! Milla, a monge do palácio de Shang Tu de volta ao treinamento, mestra!

    O tempo passou. Milla se mostrou uma excelente discípula, o que de certa forma trouxe a Neera hum pouco de admiração pela canina fofinha. Por muitas noites Milla teve pesadelos e, por estar mais próxima do que nunca de sua aluna, a bela panda a acudiu, acariciando sua cabeça, para que se acalmasse em seu sono. Neera, nesses momentos de intimidade com sua discípula, ficou a seu lado todas as noites acordada para se certificar que estaria bem. De fato a panda sacerdotisa, contrariando sua natureza temperamental, carinhosamente cuidou de Milla.

    Semanas depois, com o fim dos treinamentos, Milla havia recebido sua graduação. E ao se despedir, ela diz:

    — Até logo, mestra! Em breve vamos nos ver de novo. Ah como eu estou com saudades das minhas amigas...

    — Que os bons ventos a levem em paz e segurança, Milla.

    — Pode deixar. Eu prometo que eu vou ser bem forte e...

    — Ei... Devagar com esse espírito. Não te ensinei pra você pensar assim.

    — Hã?! Mas então?

    E respeitando seu lado como mestra, Neera Li logo se portou como tal:

    — Não viva querendo ser melhor que alguém e sim ser melhor que ontem. Pessoas normais buscam respeito dos outros, mas pessoas honrosas conseguem isso naturalmente.

    Essa última frase iria mudar completamente a forma com que Milla iria viver. E o resultado não demorou para aparecer, como todos vocês sabem muito bem...

    Shang Mu Arena, 16:00 pm.

    A arena estava uma loucura só. Mina havia acabado de vencer uma luta duríssima. A euforia tomou conta de todos, principalmente depois de Viktor a colocar em suas costas, caminhando próximo a arquibancada. Tudo isso foi um somatório a comemoração deles de uma luta tão intensa e desgastante. Por terem um intervalo de cinco minutos entre uma luta e outra, era o tempo necessário para colocarem as ideias em dia.

    Porém as coisas não estavam tão tranquilas assim. Viktor, Noah e Milla estavam dentro das dependências da arena, estando no centro médico. Lá, com Milla sendo examinada, um dos médicos diz:

    — Ela... Bem, Milla sofreu algumas contusões...

    — Doutor, mas isso é sério? Ela está... – Perguntou Viktor, acariciando o alto da cabeça de Milla, que estava deitada a cama.

    — Não se preocupem. Ela está bem, mas precisa mesmo de um bom descanso.

    — Eu entendo...

    — Bem, vou deixá-los a vontade. Preciso voltar a sala de planejamento do centro médico. Com sua licença...

    E logo após o médico sair, Milla diz:

    — Eu lutei bem, Viktorius?

    — Bem? Você foi incrível! Nunca imaginei que você fosse tão forte!

    — Ah você está me deixando envergonhada...

    — Desculpa! Não era minha intenção...

    — Não, tudo bem... É que eu não sou de receber elogios, sabe? Hehehe...

    — Você é muito fofinha, isso sim.

    — Ah... Não sou não!

    — É sim! Uma lutadora bem poderosa e bem fofinha! – Disse Viktor, fazendo cafuné sob o alto da cabeça da canina.

    — Hehehe! Tá... Para! Está me deixando mais envergonhada agora...

    — Hehehe...

    Depois do momento de descontração, Milla mudou seu semblante, estando agora um pouco mais séria. Ela então diz:

    — Viktorius... Cadê a Lilac? E cadê a Carol?

    — Eu... Eu não sei, Milla. Eles sumiram e a gente nem pode falar com alguém ainda. Não quero estragar tudo.

    — Mas se elas sumiram é porque houve algo. Não acha que deveríamos informar ao Mayor Zao sobre isso?

    — Deveríamos, mas...

    — Mas o que?

    — Você conhece ele melhor que eu... Se disséssemos a ele o que aconteceu, como será que ele iria reagir?

    A pequena canina pra alguns instantes logo percebeu que a preocupação de Viktor em esconder esse detalhe era compreensível. Ela então diz:

    — Na certa isso iria fazer com que ele investigasse em toda a cidade, com tudo que tem de melhor. Você tem razão... Lilac não iria gostar disso.

    — Por isso mesmo.

    — Ah... Você pensou igual a Lilac.

    — É verdade... Será que estou sendo influenciado pela dragão? Hehehe... Eu vejo isso como um elogio.

    — Viktorius... Posso fazer uma pergunta?

    — Claro. Diga.

    — Você gosta da Lilac?

    No mesmo instante Viktor ficou tão envergonhado que foi impossível esconder isso da canina, que insistiu:

    — Hein?! Você gosta dela?

    — Mi-Milla... De que se-sentido você es-está falando? Eu...

    — Você gosta dela ou não?

    — Eu gosto da Lilac... É uma amiga fabulosa... Forte e justa. Natural de dragões... – Disse Viktor, um pouco mais relaxado.

    — E da Carol? Gosta dela também?

    — Mi-Milla... Não estou te en-entendendo... E sim, eu gosto da Carol... Tomara que seja do jeito que eu estou imaginando que você quer dizer...

    — Ah eu também. E é bom saber que vê gosta delas... Mas minha nossa, porque você está tão vermelho?! Viktorius, você está bem? Acho melhor chamar um médico...

    — Nã-não precisa... Eu estou bem, hehehe...

    — E de mim, você gosta?

    — Cla-claro, Milla! Como que eu não vou gostar de uma pessoa tão fofa como você?

    — Eu também gosto muito de você, Viktorius. E eu posso te dizer um segredo?

    — Hã? Segredo? Bem, pode sim... – Disse Viktor, curioso.

    — Lilac e Carol também gostam muito de você.

    O jovem entendeu bem a mensagem. Milla, com toda sua bondade e gentileza, deixou claro que de fato Viktor era querido pelas garotas, embora nenhuma tenha sido isso abertamente. Mas porque minha está dizendo isso? Sendo assim, Viktor esboçou um grande sorriso, beijando a testa de Milla e, com a voz um pouco embargada, diz:

    — Milla... Eu... O-obrigado. Muito obrigado mesmo por esse carinho...

    — Não tem que me agradecer, Viktorius. Eu que devo muito a você. Me chamou lá na luta, pedindo pra eu levantar... Eu estava te ouvindo o tempo todo.

    — E eu sabia que você iria levantar... Até Noah depois me ajudou...

    — Falando nisso... Cadê ele?

    Como Milla mesmo frisou, Noah estava no lado de fora onde Milla estava sendo atendida. Sentado e com os olhos fechados, estava de braços cruzados, parecendo estar se concentrando. Logo, pela porta, saiu Viktor que, se sentando ao lado do jovem híbrido, diz:

    — E aí, Noah?

    — E Milla... Como está?

    — Está bem. Vai ficar legal. Só precisa descansar.

    — Hm... Fico feliz com isso.

    — Bem, porque não vai lá falar com ela? Tenho certeza que...

    — Eu sou o próximo a lutar, Viktor... Estou me concentrando... E me perdoe por não ir ver a Milla. Tenho pouco tempo pra me preparar. E agora estou me sentindo melhor ao saber que a pequena está bem...

    — Entendi. Bem, está nervoso também?

    — Um pouco... Mas estou bem.

    — Quer conversar?

    — Não é necessário...

    — Feng Shui... Então esse é o nome que vocês dão a habilidades especiais... Estou certo?

    — Sim. De onde você veio não há isso?

    — Não... De onde venho isso é tido como mito.

    — Seus costumes são estranhos. Todo guerreiro de Avalice tem habilidades especiais. Está longe de ser um mito...

    — Espera... Não estou querendo te ofender... Só que é algo inacessível a mim. Eu não conheço essa doutrina ou seja lá o que for... No meu entendimento ver essas coisas me causa estranheza demais.

    — Hm... Acho que Sheng Zian estava certo a seu respeito.

    — Como assim? O que quer dizer?

    — Viktor, deixemos esse assunto para depois da minha luta. No momento quero me concentrar...

    O jovem humano tina percebido algo no ar. Entendia o porquê de Noah querer um pouco de privacidade em seu momento, mas tá noção que o híbrido estava mais tenso que de costume. Algo o incomodava e Viktor sabia o motivo.

    — Então é isso...

    — Hm? Então é isso o que?

    — O olhar dela... A encarada... Ela mexeu com você, não foi?

    — Do que é que está falando?

    — Eu reparei lá na arena... A Ingris te encarou. E você devolveu essa “gentileza”...

    — Você está falando best...

    — Não é besteira. Ela mexeu com o seu brio. Noah, não caia nessa provocação. Eu conheço aquele tipo de olhar. Ela está desdenhando de você e tenho certeza que você não gostou. Cara, não caia nas provocação. Uma vez dentro da “zona densa”. 

    — Zona densa? O que seria isso?

    — É quando o adversário te coloca dentro de uma zona de provocação. A estratégia é manter o oponente preocupado com sua moral e, na verdade, o interesse é desestabilizar psicologicamente o adversário. Em outras palavras, se você mergulhar nessa zona vai ser difícil sair...

    Noah se surpreendeu com o que ouviu de Viktor. Não por ter explicado a zona densa e sim por ter percebido que o jovem humano era de fato entendido em lutas. O híbrido, fitando Viktor com um sorriso amistoso, diz:

    — É, agora percebi que Lilac estava certa em te trazer pra cá... Obrigado, Viktor.

    — Hã? Mas...

    — Não se preocupe. Eu entendi o que você quis dizer. Bem, vamos... Chegou a hora.  

    — Sim... Verei se a Milla tem condições de ir com a gente...

    E com o fim do tempo de descanso, eis que mais uma luta estava prestes a começar.

    Enquanto isso, em algum da Shang Mu Arena...

    Carol praticamente lutava pela sua vida e a de Lilac. Sob ataques sem misericórdia dos membros da The Red Scarves, a felina dava tudo de si para se esquivar. O terror de ter tudo a perder estava ilustrado no rosto da gata selvagem, carregando sua amiga nas costas. Como Carol era bem forte, se movimentar com Lilac não era um grande problema mas, por assim estar, era impossível um contra ataque, já que ficaria exposta e fatalmente seria atingida, assim como Lilac.

    Sabendo que não tinha muito o que fazer e que o salão era intransponível, a felina verde diz:

    — Vocês são muito covardes! Tudo bando de fracassado!

    Era inútil Carol tentar provocá-los. Poderiam estar sendo covardes, mas todo ninja por natureza luta contando em ter a maior vantagem possível sucre seu oponente. E para piorar, Mury Low também entrou em combate, tentando atingir Carol com sua corrente, dizendo:

    — Justamente, hoje vocês duas irão cair. Traição a The Red Scarves só tem um preço: a morte.

    — Aí, atalaia jurubeba... Tu é muito vigarista, sabia? Mas tu vai ver... Tu vai tombar primeiro, vagabundo!

    — Não conte com isso...

    E era melhor que Carol se concentrasse no que estava fazendo, mas como tinha um gênio em forma de uma granada, caiu na provocação do panda vermelho negro: um simples devido foi o suficiente para que um dos minhas a atingisse em seu braço ao arremessar uma kunai em sua direção, fazendo-a estar com que Lilac caísse.

    — Lilac?! LILAC! NÃO! EU NÃO POSSO DEIXAR VOCÊ CAIR! – Disse Carol, pegando impulso usando uma parede próxima, bom um curtir em seu braço esquerdo.

    Embora Carol fosse pavio curto em combate, suas habilidades felinas eram extraordinárias o suficiente para se movimentar acrobaticamente em direção a dragão púrpura e, por um tris, conseguiu agarrá-la antes que fosse só encontro do chão e, possivelmente, pudesse ser fatal. Entretanto, por ter machucado seu braço, não conseguiu evitar o choque contra uma parede, mas protegeu Lilac com seu próprio corpo, segurando sua amiga.

    A felina estava tonta por causa do choque, enquanto vários ninjas iam a seu encalço. Percebendo a aproximação de seus inimigos, Carol colocou Lilac encostada a parede, ficando a sua frente. Mesmo ferida, ela diz:

    — Beleza... Agora a parada vai ficar bem séria. Não vou pegar leve com nenhum de vocês... Hora de mostrar porque eu sou a felina selvagem do norte de Avalice!

    Carol então concentrou-se, emanando uma aura branca, com raios serpenteando por sua pelugem verde. Ao mesmo tempo, pela primeira vez mostrou suas garras, que pareciam bem afiadas. E logo um bando de pelo menos cinco ninjas a atacou, com Carol se desdenhando como podia para se esquivar. E de fato ela estava falando sério ao dizer que não iria pegar leve: a cada esquiva que executava desferia um golpe com suas garras que, eletrificadas, causavam um dano tremendo aos atingidos, que iam ao chão em seguida, sentindo todo o corpo se contorcer, ficando desacordados. Isso chamou a atenção de Mury Low que, surpreso, diz:

    — Mas... Mas o que significa isso? Como pôde derrotá-lo tão facilmente um um mísero golpe?

    — Tu deve achar que eu sou uma qualquer, né? Champs do mal, eu sou Carol Tea. Acha mesmo que eu não sei como esses ninjas de araque lutam? Já fiz parte desse bando e me arrependo, mas conheço os atalhos...

    — Sua miserável!

    — Ah vai chorar, é?

    — Não se iluda, gatinha... Só estamos começando... – Disse Mury Low, cruzando seus braços – Ataquem todos ao mesmo tempo!

    Dezenas de ninjas então aparecem a frente de Carol, que se surpreende com a quantidade de inimigos que terá de lutar. Com a certeza que teria muita dificuldade, ela diz:

    — Mané... A barreira inteira do Vasco desceu. Tô ferrada...

    A situação das duas só piorava. E poderia piorar ainda mais...

    Voltando ao torneio...

    Já com todos os preparativos em dia, eis que é chegado o momento da luta. A vantagem ainda era do Team Omna, que ainda detinha superioridade no momento. Bastava uma vitória para que pudessem ir a final. No outro lado, o Team Lilac estava pressionado por não poder perder mais uma luta sequer. E seguindo para a arena, caminhando, estavam Viktor e Milla, que havia se recuperado. Com algumas bandanas em sua cabeça e dorso, a pequena canina acompanhava Viktor até próximo da arena.

    No outro lado da arena, lá estava os integrantes do Team Omna que, já com Pawa sentado em um dos acentos, também com curativos em seu corpo, somente acompanhava o andamento do tento. E tomando a palavra, Sheng diz:

    — Então é isso... Agora é a vez da Ingris.

    — Garoto, você deveria ficar de boca fechada... – Disse Ingris, ajeitando seu cabelo enquanto guardava seus óculos.

    — Ueh... Eu pensava que você usava óculos porque tinha visão ruim...

    — Joshy, sério mesmo que ele não tem problemas mentais?

    — Ei! Trate de me respeitar, Ingris!

    — Difícil, garoto... Difícil. Você sempre quer dar uma de espertinho, eu já percebi. Mas veja bem: Pawa foi dar uma de espertalhão e veja como aquela criança o deixou... Patético.

    Pawa quase se levantou para tirar satisfações, mas Joshy interveio, pedindo parte que se sentasse com um gesto de sua mão, indo diretamente a tri híbrida, dizendo:

    — Ingris, pare de ser tão inconveniente.

    — Ah ok ok... Ok... Vocês são tão chatos com isso... A Tats é um exemplo. Fica quieta na dela...

    — Grr... Eu não vou tolerar que...

    Mas antes que o lobo completasse o que iria dizer, ele percebeu que Ingris havia mudado de semblante de uma hora pra outra. Percebendo isso, indagou:

    — Ingris, você está...

    — Focada? Sim, estou... Eles conseguiram uma vitória. Uma alchemist tem muitas cartas na manga, mas um bibliotecário não tem como por livros nas mangas...

    — Você disse isso mais cedo...

    — Sim. Estou dizendo outra vez porque... Bem, eu conheço muito bem Noah

    — Hm... Então o conhece de fato.

    — Sim. E irei usar isso para destruí-lo.

    — O que? Mas Ingris...

    — Não pense besteiras. Eu não irei eliminá-lo, mas eu tenho certeza que depois dessa luta Noah nunca será como o mesmo... 

    — E porque quer fazer isso? É só um anônimo.

    — Não... Bem, Joshy... Somos de monastérios rivais e você não tem conhecimentos como eu.

    — E o que isso tem a ver?

    — Existe uma linha que delimita o que devo ou não contar a meus rivais. E essa é uma delas. Então, caso não tenha mais nada pra me dizer, então não diga mais nada.

    — Vocês do Monastério Aoi Omna tem muitos segredos. Pois bem, isso deixar em suas mãos.

    — Sábia decisão, líder. Em troca disso irei lhe trazer a vitória em dois minutos.

    — Você também já me disse isso.

    — Bom saber que vive não esquece as coisas. Bem, com sua licença... Hora de dizimar falsas coisas...

    As últimas palavras de Ingris trouxeram um pouco de estranheza por parte dele. Não pela certeza de vitória mas em como a tri híbrida tratava dessa luta.

    — *O jeito que ela fala... Essa luta pra ela parece até algo... hm... Algo pessoal, isso mesmo. Mas porque ela faria isso?*

    Caminhando até o centro, Ingris era observada por Milla que, preocupada, diz:

    — Viktor, ela está vindo. Onde está o Noah?

    — Não sei... Bem, deve estar trocando de roupa, aposto...

    Mas ao contrário que Viktor suspeitava, Noah apareceu caminhando pelo corredor das dependências, adebtrabdo ao espaço da arena. O jovem humano, estranhando, diz:

    — Noah... Onde está seu traje de luta?

    — Eu sempre estou vestindo meu traje de luta.

    — Mas você... Bem, eu sempre te vi vestido assim e... Não imaginava que...

    — Já uma simbologia para que eu use essa roupa.

    — Hã? Como assim?

    — Eu sempre estou em luto – Disse Noah, olhando para a arena, subindo pela escada ao lado.

    — Hã? Luto? Mas Noah, se você está sempre assim, é porque...

    — Viktor, não se meta na minha vida. Por favor...

    — Ah... Tudo bem. Me desculpe. Mas...

    — Hm? O que foi?

    O jovem então se aproximou de Noah e, apertando sua mão, diz:

    — Vamos torcer por você. Você não está sozinho aqui.

    Por alguns segundos, o jovem albino sentiu tontura, perdendo um pouco da razão. Milionésimos de segundos foram o suficiente para que ouvisse vozes em sua mente:

    “Você não está sozinho aqui...

    Você não está sozinho aqui...

    Você não está sozinho aqui...

    Você não está sozinho aqui...

    Você não está sozinho aqui...

    Você não está sozinho aqui...”

    Um forte e insistente eco realçou-se na mente de Noah naquele momento, junto com outras frases.

    “Todos estão lá...

    A batalha final é a mais difícil...

    Faça isso e... você terá tudo...

    Não há amor... Não há ternura...

    Faça isso por mim, meu favorito...

    Noah, eu estou te vendo... E eu quero que você me veja...”

    Ao dar mais um passo, Noah quase se desequilibrou, trazendo preocupação a Milla, que diz:

    — Noah, você está bem?

    — Estou sim... Porque pergunta? – Disse, enquanto se colocava são novamente.

    — Você parece tonto.

    — Noah, o que está... – Se preocupou Viktor.

    — Eu estou bem! Não se preocupem. Bem, vamos com isso. Hora da luta...

    Enquanto caminhava, Noah não deixava de olhar nos olhos de Ingris um instante sequer, assim como a bela tri híbrida. Já com os dois próximos um do outro no centro da arena, o juiz diz:

    — Quero uma luta justa e limpa. Agora... LUTEM!

    Ao sinalizar o início da luta, ambos ficaram imóveis. Noah e Ingris já estavam travando uma batalha de egos, se encarando em silêncio. A platéia logo entendeu o clima tenso e hostil entre os lutadores. E quem tomou a palavra primeiro foi Ingris, que diz:

    — Então você se atreveu mesmo a sair de trás do balcão daquela biblioteca mordulenta para vir participar de um torneio? Acho que te devo um elogio...

    — Pensei que não me reconheceria, já que seu Monastério não é muito popular em Shang Mu...

    — Haha... Então me conhece também... Que coisa interessante...

    — Eu não estou aqui para conversar. Trate de...

    — Você é um praticante do Kaipasu.

    Noah não esperava por essa. O que Ingris disse lhe tirou totalmente a concentração.

    — Como você sabe di...

    Como informado antes, a perda de concentração fez com que o jovem albino fosse golpeado em sua barriga por um fortíssimo soco desferido por Ingris. Sendo jogado para trás por causa da intensidade do golpe, Noah se equilibrou a tempo, se colocando em base de luta em seguida. Com uma das mãos a frente e outra próxima a seu dorso, ele diz:

    — Como você sabe? Responda!

    — Você é um rapaz bem curioso... Eu gosto disso, sabe?

    — Eu não estou brincando!

    — Ah mas... Quer saber? Eu não irei dizer mais nada a não ser que me mostre o que pode fazer. Que tal?

    — Grr... Isso é um jogo pra você? Como sabe sobre o Kaipasu?

    — Hahaha! Estou adorando vê-lo assim, com dúvidas e curioso... Parece um filhote descobrindo um mundo novo. Newbie, você me diverte.

    — CALE A BOCA!

    A luta mal havia começado e Noah já estava irritado com o comportamento inconveniente de Ingris. Claro, isso desde o início era uma estratégia da tri híbrida. O jovem então, furioso, correu em direção a ela, tentando acertá-la com um soco em seu rosto. Mas embora Noah tivesse uma velocidade acima do normal nesse seu último movimento, Ingris conseguiu se esquivar facilmente com um salto para trás. Ela, em base de luta, com uma das mãos a frente e a outra em seu dorso, copiava exatamente a mesma base de Noah, que prontamente percebeu.

    — Essa mulher... Ela está tripudiando de mim... SUA MISERÁVEL!

    — O que foi, garoto? Não gostou dessa base ridícula? Nossa, como você consegue lutar com tantas fragilidades? Muitas brechas... Muitas...

    Na lateral da arena, Viktor e Milla observavam a luta. E o jovem não estava gostando nenhum pouco dói que estava vendo.

    — Droga... O Noah está caindo no jogo sujo dela pelo visto...

    — Hã? Como assim, Viktorius? – Disse Milla, concentrada na luta.

    — Nos não conseguimos ouvir o que eles estão conversando, mas em ver o Noah ficar assim estressado é porque ela está o provocando... Só pode.

    — Mas isso é permitido?

    — Faz parte de uma luta haver interferência no psicológico. Vários lutadores mexem no brio do oponente para desestabilizá-lo. Ou seja, ele perde o foco na luta e parte para o pessoal. É uma tática muito suja, mas em muitos casos é eficaz contra oponentes temperamentais...

    — Mas o Noah é tão tranquilo...

    — Sim, mas nós não o conhecemos bem, Milla. E ele não se abre, fica se esquivando sempre... *Ele duvidou de mim várias vezes, mesmo Lilac confiando em mim... Devo confiar nele? Não, Viktor... Não tenha preconceitos... Isso não é certo... Depois eu irei conversar a sério com ele...*

    Voltando a luta, Noah partiu novamente para o ataque, desferidos diversos socos contra Ingris. A tri híbrida conseguia evitar os golpes com facilidade... Porém, Noah, depois de tanto tentar, executou uma manobra com suas mãos: ajustando seu dorso, colocou-se de lado e juntou suas duas palmas como se fosse empurrar Ingris, dizendo:

    — KAI’S MONK’S TWO PALMS! (As duas palmas do monge de Kai)

    Pela primeira vez Noah atingiu em cheio a barriga de Ingrid, jogando-a para longe. Arrastada por uma força que não compreendia, conseguiu então frear sei deslocamento, colocando um de seus pés para trás. Surpresa, ela diz:

    — Por essa eu não esperava... Conseguiu me atingir e me jogar para longe...

    — Diga... Como sabe sobre o Kaipasu?

    — Hm... Ainda está pensando nisso? Que rapaz insistente...

    — DIGA!

    Noah parecia transtornado, voltando a correr em direção a Ingrid. Começou então a atacá-la com diversos socos e chutes. Sua agilidade era impressionante, talvez tão rápido quando Carol e talvez, pasmem, Lilac. Entretanto, em um outro contraponto, Ingris conseguia acompanhar, mesmo que com um pouco de dificuldades, seus movimentos. Mesmo com esse problema, o jovem albino não cessou seus golpes, se aproximando ainda mais de Ingris conforme continuava. Mas durante esse embate, a bela tri híbrida pensou:

    — *Ele é ágil e forte... Tem estamina suficiente para permanecer com seus golpes consecutivos... Se mantém próximo ao adversário e, o que me irrita, é belo... Admitir isso me incomoda... Muito bem, garoto... Está lutando bem, mas... Eu prometi para Joshy te destruir em dois minutos...*

    E enquanto Noah se mantinha ofensivamente, algo inesperado ocorre: querendo estava prestes a atingir o dorso de Ingris, ela, em um lance rápido, movimentou-se em espiral por entre seu braço, levando suas duas mãos a envolvê-lo. Mas Noah percebeu uma intenção maliciosa de Ingris, puxando seu braço e executando um salto para trás. O jovem cessou seu ataque para se esquivar de uma ameaça. O que poderia ter sido?

    Ao ter seu movimento frustrado, Ingris diz:

    — Ah que pena... Você percebeu no último momento. Preciso treinar mais...

    — Sua desgraçada! *Ela tentou agarrar meu braço, mas... Ela não iria me arremessar nem nada. Ela...*

    E interrompendo os pensamentos de Noah, Ingris diz:

    — Eu iria quebrar seu braço.

    — O que?

    — Hahaha! Não não... Acalme-se. Eu não iria ser tão malvada assim... Mas acredite: se eu tivesse o agarrado, a essa hora você estaria sentindo muitas dores.

    — LUTE A SÉRIO! PORQUÊ ESTÁ FAZENDO ESSE JOGO TODO!?

    — Jogo? Rapaz... Você é patético.

    — Eu não vou aceitar mais isso! *Ela é forte, eu sinto isso. Ela seria perfeita para eu desenvolver os Três Pontos do Triângulo de Kai, mas... Qualquer vacilo meu e ela... Essa miserável arrogante...*

    Ingris continuava a provocar Noah, mantendo a mesma base padrão do jovem, que cansou de esperar e correu novamente para próximo dela. E num único movimento, Noah executou mais um ataque:

    — KAISHIN-CHIRINGU-NĪDORU! (Agulhas Cintilantes de Kai)

    Usando uma das mãos, Noah atingiu com seus cinco dedos a barriga de Ingris que, surpreendendo Joshy e os demais membros do Team Omna, sentiu o suposto golpe, que lhe causou dor ao toque de Noah. Não foi um golpe forte, mas o suficiente para lhe causar danos. A bela lutadora, com uma das mãos sobre o local atingido, diz:

    — O que... O que você fez?! Esse golpe insignificante não tinha poder suficiente para me causar tanta dor...

    — E você se diz conhecedora do Kaipasu... Eu consigo fazer que suas sinapses aumentem de velocidade em cada centímetro de seu corpo só em te tocar se eu quiser. E foi o que eu fiz, Ingris!

    — Não! Isso nunca aconteceria! Você fez algo diferente...

    — Tola! Eu não conto mentiras... Mas está longe de acabar... EU VOU TE VENCER AGORA!

    Noah então levou suas duas mãos para trás, executando um salto para frente e dizendo:

    — TSŪ KAI WINDU! (Dois ventos de Kai)

    Noah bateu então suas duas palmas a frente de Ingris que, a princípio nada viu. Porém, surpreendendo a todos, uma rajada de energia começou a emanar das mãos de Noah, o que fez formar um tipo de deslocamento de ar, que envolveu Ingris por completo. A lutadora sequer teve tempo de fazer algo: tudo seu corpo foi atingido com milhares de pressões de ar, que tocavam seu dorso com bastante força. A intensidade do golpe Impressionante era tanta que Ingris foi jogada para longe, próximo onde seu time estava. Por muito pouco ela não saiu do octógono.

    Visivelmente surpresa, caída de costas para o chão, ela diz:

    — O que... Mas... Esse garoto...

    Joshy, com um sorriso no rosto, diz:

    — Ingris, acho que você está perdendo essa luta...

    — Hm...

    — Já se foram seus dois minutos, sabia? O que vai fazer agora?

    Lentamente Ingris se levantou, limpando sua roupa. Noah, ao fundo, logo se mostrou atônito ao ver sua adversária se levantar como se nada tivesse acontecido. A bela tri híbrida, já com um semblante bem mais sério, diz a Joshy:

    — Eu nunca fui muito boa com promessas... Mas sempre cumpri com minha missão...

    — Então só estava se fazendo de desentendida? Típico de você...

    — Você me conhece bem, Joshy...

    — Claro. Quem poderia derrotar a exímia sub comandante da Agência de Inteligência, Estratégia e Táticas das Forças Especiais de Shang Mu? Um garoto?

    — Falou bem... Lhe devo um Yakisoba por isso.

    Caminhando até Noah, Ingris parecia uma outra pessoa. Era como se estivesse subjugando o jovem do com o olhar. E Noah percebeu esse sentimento.

    — *Essa sensação... Ela está me encarando daquela forma mais cedo... Não é um olhar de lutador... É como se eu estivesse sendo julgado... Quem é essa mulher? E como sabe sobre o Kaipasu? Eu a atingi com o Dois Ventos... Não era para ela sequer estar de pé...*

    Mesmo que Noah estivesse concentrado aí extremo não conseguiria evitar o inesperado: um violento soco foi acertado em seu maxilar, quase o deslocando. Mas mesmo que o dano não tivesse sido grave, o golpe fez com que recuasse. Ao voltar ao normal, percebeu que Ingris se manteve no mesmo lugar ainda com seu punho a frente, após executar o golpe. Ela, imóvel, diz:

    — Deslocamento: cinco metros. Velocidade de reação: quase nula. Velocidade do golpe: 200km/h. Danos: sensíveis. Em outras palavras, eu errei.

    O jovem albino não estava entendendo absolutamente nada do que estava acontecendo. E não teve tempo para pensar: novamente Ingris executou um golpe, dessa vez com um chute, o acertando em seu dorso. Noah também voltou a sentir que escapou por centímetros de ser atingido em pontos de pressão. Entendido do assunto como ele era, compreendeu bem as intenções de Ingris em seu golpe:

    — *Ela... Ela tentou pressionar meu ponto de vitalidade. Por muito pouco eu não apaguei... Mas...*

    Tendo seu corpo arremessado para trás, conseguiu manobrar ao ar, ficando ainda de pé, porém com uma intensa dor. Ingris então diz:

    — Força do golpe: trinta e seis megatons. Precisão de pontos críticos: setenta e sete por cento. Danos: sensíveis. Eu errei novamente...

    O jovem albino estava sendo pressionado por Ingris. Mesmo paralisando seus movimentos assim que os desferia, sua velocidade estava muito acima do normal, coisa essa que Milla tratou de dizer:

    — Essa moça... Ela é rápida quase como a Lilac.

    — O que? Mas... Pensando bem, eu não consegui ver seus movimentos... *Como a Lilac. Milla está analisando tudo certo. Mas o que está acontecendo? Porque essa mudança de postura?*

    Evidenciando melhor os pensamentos de Viktor, Joshy, do outro lado da arena, explica a seus aliados:

    — Ingris sempre foi de fazer isso...

    — O que, Joshy? – Perguntou Sheng.

    — Ela é terrível. Quando diz que vai destruir alguém, não é a toa...

    — Mas ela vai fazer alguma maldade com o Noah? – Perguntou Tats, acudindo Pawa.

    — Não chegaria a tanto, mas eu tenho certeza que esse rapaz vai ter uma derrota bem desonrosa e humilhante.

    — Ingris faria isso? – Disse novamente Sheng.

    — Se existe uma coisa que ela odeia é ser tocada durante uma luta. Seja recreativo ou sombra, não importa. Noah nunca teve chances nessa luta...

    — Joshy, porque a chamou parte fazer parte do nosso time? Ela é do Monastério Soul Omna.

    — Eu sei... O clã dela é militar, vinculado ao reino de Shang Mu, mas ela é extraordinária em luta. Chega a ser um desperdício mantê-la em uma sala cheia de burocracia... Eu sinto muito, Noah. Mas essa luta já está definida...

    Porque Joshy mostrou tanta confiança na vitória? É até compreensível pelo resultado que tem, mas nunca deu sinais tão confiantes assim. Voltando então a luta, Noah ainda se encontrava confuso, tentando raciocinar direito o que estava a sua frente.

    — *Ela... Ela está com uma energia diferente. E esses dados que ela diz... O que está fazendo?*

    E quase como uma vidente, Ingris diz:

    — Eu acabei de medir todas as suas coordenadas, Noah. Deveria ter recebido meus golpes diretamente. Isso iria lhe poupar de algo ainda mais doloroso...

    — Do que você está falando?

    — Tudo será explicado a partir de agora. 

    Pela primeira vez Ingris mudou de base, agora arranjada de um jeito completamente diferente. Estava com suas duas mãos abertas assim como seus braços, só que para frente. Suas pernas estavam mais dobradas. No mesmo momento que olhou para essa base, Viktor quase surtou:

    — Ela luta jiu-jitsu! MILLA, A INGRIS LUTA ESSA ARTE MARCIAL?!

    — Hã? Mas o que significa isso? Eu nunca ouvi falar.

    — Ainda é cedo, mas eu tenho quase certeza que sim! *Mas ela estava aplicando socos e chutes e... Mas o que...*

    O jovem humano parecia estar no carrinho certo em analisar bem o estilo de luta de Ingris. Mas haviam mais coisas a serem descobertas. Noah estava agora mais cuidadoso, sabendo que dessa vez a luta iria começar de vez. Sabendo que não poderia deixar que ela tomasse a iniciativa, partiu para cima da lutadora, dizendo:

    — TSŪ KAI WINDU! AHHH!

    E enquanto Noah iria juntar suas palmas, Ingris o surprendeu, segurando seu pulso esquerdo. Com a guarda completamente aberta, ela diz:

    — Seus braços medem exatos um metro e quinze centímetros. A velocidade que arrume ao fazer essa técnica é de aproximadamente 150km/h. Minha velocidade de reação superou você.

    — O que? Mas como...

    E Ingris não teve pena alguma em aplicar a Noah um se seus golpes:

    — KOWARETA BUKI! (Arma quebrada)

    Com um simples movimentar de sua mão, Ingris torceu o braço de Noah, o deslocando em três partes. Sem sequer sair do lugar, a bela lutadora foi capaz de causar um dano tremendo a Noah que, puxando seu braço, começou a se contorcer de dor. E parecia ser intensa. Mas mesmo com sai adversário nessa situação Ingris não o chegou a poupá-lo, desferindo um violento chute em suas costas, lhe causando ainda mais danos internos. E a força do golpe o fez ir ao chão. Ainda se contorcendo, a reação da plateia foi de total estranheza. O tom mudou, o clima se tornou mais pesado e, com isso, uma onda de tensão tomou conta da arena. A reação de Viktor demonstrou isso.

    — NOAH?! NÃO! NOAH! Milla... Ela... A Ingris...

    — O que foi?

    — Ela realmente luta jiu-jitsu, mas não é simplesmente isso...

    — Viktorius, eu não entendo nada disso...

    — É jiu-jitsu tradicional! Minha nossa... Isso quer dizer que... Quer dizer que Noah está lutando contra uma oponente que é a prova de suas técnicas de ponto de pressão!

    Jiu-jitsu tradicional é uma arte marcial que utiliza alavancas, pressões e projeções para derrubar, dominar e submeter o oponente, usando golpes traumáticos. Normalmente os praticantes de jiu jitsu tradicional cultivam o Budô & Bujutsu,[22] uma filosofia de vida aliada a profundos estudos em ciência nas artes marciais. Resumidamente, seus mestres tem pleno controle e tato de ponto vitais e não vitais, pontos de pressão ou não e de pontos de dor. 

    E Viktor continuou:

    — NOAH! CARA, LEVANTA! LEVANTA! NÃO DEIXA ELA FICAR PRÓXIMA DE VOCÊ!

    — Mas Viktorius... O Noah precisa lutar próximo a ela. A técnica dele é corpo a corpo!

    — Não dá, Milla. Se ela luta mesmo isso... Lutar próximo a lutadores dessa arte marcial é pedir para ser derrotado!

    Ingris, caminhando na direção de Noah, diz:

    — Seu braço... Você não o tem mais.

    — Sua... AHHH... Sua desgraçada... SUA INFELIZ!

    — Eu nem irei pedir para que você desista dessa luta. Eu sei que idiotas como vocês nunca farão isso... Então eu vou continuar te golpeando até que você tenha um lapso de sensatez e desista...

    — ISSO NUNCA IRÁ ACONTECER! – Disse Noah, segurando seu braço.

    E a visão não era das melhores. A contusão do jovem albino parecia ser um imenso empecilho, já que dependia de suas mãos para lutar e usar de suas técnicas. Entretanto não havia tempo para bolar uma estratégia. Ingris estava em cima de Noah praticamente. E sem perder tempo, ela se movimentou em direção ao jovem com um único salto, parando atrás de suas costas. Logo tornou a segurar o outro braço de Noah, o jogando contra o chão sem soltá-lo. E sem mais nem menos, voltou a usar sua técnica:

    — KOWARETA BUKI!

    Ingris anulou totalmente o braço esquerdo de Noah, causando-lhe o mesmo dano que outrora. Seus dois braços estavam deslocados em três pontos. Noah caiu em dor, com seus gritos ecoando pelo ambiente. Até mesmo o juiz se aproximou, tremendo pelo pior. Mas Ingris logo diz:

    — Não se preocupe. Ele não vai morrer... 

    — Mas o jovem está sentindo muitas dores!

    — Eu só desloquei seus braços. Ele vai sobreviver e vai se recuperar... *O mesmo não posso dizer de sua dignidade... Então ele deve desistir dessa luta. Agora*

    A arena estava muda, horrorizada pelo sofrimento de Noah. Até mesmo crianças que assistiam ao embate foram poupadas pelos seus pais, que tamparam seus ouvidos. Viktor e Milla logo correram pelas laterais por fora do octógono, para tentar acudir Noah de alguma forma, mas... Como mais cedo, durante seu momento de dor interna, o jovem voltou a ouvir vocês em sua mente.

    “Você sofre... E não é com essa dor que sente...

    Você quer me libertar... Eu sei...

    Está sem saída... Precisa de mim...

    Me liberte, Noah... Me liberte...

    Eu sou a resposta pra tudo... Essa é sua essência...

    Você tem todo o conhecimento dentro de sua mente... E eu estou aqui também...

    Você partilha seus conhecimentos comigo e... Eu com você...”

    E por um breve momento de extrema superação, Noah abriu seus olhos. A voz enigmática havia sumido e, surpreendendo a todos, mesmo com os seus dois braços arriados, se levantou. Noah estava mal, mas seu espírito de luta o mantinha de pé, o que impressionou Ingris, que diz:

    — Vai continuar lutando sem seus dois braços? Não me faça rir...

    — Eu... Eu não serei derrotado por uma pessoa como você... Eu irei te derrotar... EU IREI TE DERROTAR!

    Uma aura começou a emanar do corpo de Noah, mostrando que iria de fato executar um movimento especial. Era tudo ou nada pelo visto. Ele, a frente de Ingris, que estava imóvel, diz:

    — EU SOU NOAH HIBIKI! DETENTOR DA DOUTRINA KAIPASU! E VOCÊ SERÁ VÍTIMA DO MEU GOLPE MAIS PODEROSO! *Mesmo sem meus braços eu irei usar... Eu irei usar minhas pernas! Sim... Eu irei usar...* KAISUPURENDĀ! (Esplendor de Kai)

    Noah correu como nunca, quase igualando a velocidade de Lilac. Isso era fato pois Milla percebeu a aproximação a velocidade de sua amiga. Ao se aproximar de Ingris, executou uma voadora e, impressionando a todos, sua aura que envolvia seu corpo tomou a forma de um corvo! Toda a arena quase veio ao chão, tamanha foi a empolgação. Algo inesperado assim, ainda mais sendo demonstrado por um anônimo, trouxe de volta o clima festivo. Até mesmo o locutor oficial vibrou com o talento do jovem:

    — MINHA NOSSA! OLHA O QUE O NOAH ESTÁ FAZENDO, MINHA GENTE! É INCRIVEL! UMA HABILIDADE ESPECIAL SENDO MOSTRADA AQUI, AO VIVO! ESPETACULAR!

    Viktor e Milla logo se animaram, reavivando a esperança de vitória.

    — É ISSO AÍ, NOAH! NOSSA, QUE INCRÍVEL! OLHA COMO ELE É FORTE! Viktorius, o Noah é demais!

    — Sim, Milla. VAI, NOAH! *Cara, o que é isso que eu estou vendo? Isso é mesmo normal pra todo mundo desse mundo?!*

    O golpe mais poderoso de Noah era uma força impossível de se esquivar. O suposto corvo praticamente engoliu a bela tri híbrida com seu bico. Com isso uma explosão de energia aconteceu, fazendo com que uma cortina de poeira subisse, impedindo a visualização. Mas não era preciso esperar que ela se dissipasse, pois o sorriso de satisfação de Joshy já dava sinais do resultado.

    — Hm... Hehe... Ela é terrível mesmo...

    Ingris anulou novamente Noah, impedindo seu mais poderoso movimento com somente uma das mãos. Ela segurou a perna do jovem, que simulava o bico do corvo. E como esperado, ela segurou com força a perna de Noah e o jogou contra o chão com força extrema. Ao fazer isso, não soltou a perna do jovem, dizendo:

    — Seu poder especial é estrondoso. Mas tem muitas falhas. Velocidade do golpe: 357 km/h. Poder: cento e um megatons. Eficácia: dez por cento. Explicando melhor, é poderoso mas medíocre.

    Noah tinha usado uma grande quantidade de Chi em seu último golpe. Era o que o mantinha são, se baseando que suas dores ainda continuavam sendo um incômodo. Com seus braços anulados, estava a beira da derrota. Ingris, ainda segurando sua perna, diz:

    — Se estivéssemos em uma guerra, você já estaria morto, praticamente do Kaipasu... Assim como sua “arte” está morta, tudo em você é motivo de piada.

    — Sua des... desgraçada... Eu vou acabar com você... – Disse Noah, em frangalhos.

    — Acabar comigo? Você está prestes a perder uma de suas pernas... Eu deveria quebrá-la, mas eu não sou má pra te fazer isso... Mas eu poderia deslocá-la como seus braços... Os médicos irão dar um jeito, não irá ficar com sequelas... *Mas seu espírito de lutador será destruído se o fizesse. É tentador, mas...*

    Ingris então solta a perna de Noah que, imóvel, sequer tinha forças para se levantar. Mas não foi preciso tanto esforço, já que a lutadora o pegou pelas costas, ainda no solo. Ela então diz:.

    — Hadaka... Jime!

    O posicionamento dos braços de Ingris em volta do pescoço de Noah era o suficiente para Viktor perceber o enorme problema que o jovem albino teria.

    — NÃO! NÃO, NOAH! SAI DAÍ!

    — Viktorius, ela...

    — Esse golpe dela no meu mundo se chama “Mata Leão”. É infalível e impossível de escapar...

    — Isso quer dizer que...

    — NOAH, SEJA FORTE! CONTROLE SUA OXIGENAÇÃO! PENSE NUMA MANEIRA DE SAIR!

    O desespero de Viktor era compreensível. Decerto, este golpe, se bem aplicado, era impossível de se evitar. Com Ingrid asfixiando Noah, era questão de tempo até que apagasse por completo. A estratégia da bela lutadora parecia ter funcionado. Mas ela não estava satisfeita. Com Noah se debatendo e tentando se soltar, ela logo tratou de dizer em seu ouvido:

    — Eu sei o que aconteceu a ilha...

    — O que... – Tentou dizer Noah, perdendo o fôlego.

    — Tudo sumiu... Aquela ilha deixou de existir... E eu sei que você tem responsabilidades, senão não teria se tornado o único sobrevivente de Big Sea Island...

    — Você...ah... Não sabe... de... nada...

    — Eu sei o suficiente. E o que nós dois sabemos agora é...

    Noah estava quase desfalecendo, perdendo cada um de seus sentidos aos poucos. Sua boca logo ficou dormente, com sua vista fechando, com uma escuridão tomando conta. Sua respiração se tornou fraca e, como último adendo, pode ouvir Ingris sussurrando em seu ouvido uma última coisa:

    — ... A doutrina Kaipasu será extinta agora, junto com seu espírito e sua alma de lutador. Você nunca mais irá lutar... e jamais se colocará em conflito novamente... Quero que pense bem no que deixou pra trás, aquelas pessoas de Big Sea Island...

    O brilho nos olhos de Noah se extinguiu. O golpe de Ingris foi efetivo, o fazendo desmaiar. Bem foi preciso que o juiz dissesse: Ingris se levantou e começou a puxar Noah pela perna, em direção a lateral do octógono. Seu objetivo era jogar Noah para fora, como diz a regra.

    — Hm... Não resistiu por muito tempo, como o esperado. Posso ter exagerado na dose, mas o resultado seria o mesmo...

    O fim havia chegado?

    A derrota de Team Lilac era iminente mais uma vez...

    Noah foi completamente dominado por Ingris, sem ter muitas chances de vitória...

    Isso era esperado? Ingris era poderosa a tal ponto que subjulgou um praticante a doutrina Kaipasu facilmente.

    Mas era mesmo o fim?

    Mergulhado em suas mais profundas lembranças, Noah tornou a se entregar a devaneios. Imaginava que estava junto a Ingrid e Íris durante uma missão. Ele mal acreditava que estava só lado de sua amigas novamente... Tudo parecia real.

    Mas só foi tentar dizer uma palavra que o cenário se modificou. Suas lembranças logo começaram a perder cor, até que sumiram por completo, fazendo com que Noah ficasse entregue a mais tenebrosa escuridão.

    Entretanto, aquela voz... Aquela mesmo voz de outrora... Noah voltou a ouví-la.

    “Abrace-me... Convide-me... Aceite-me...”

    E logo uma mesma palavra começou a ecoar.

    Ira...

    Ira...

    Ira...

    Ira...

    Ira...

    Ira...

    Ira...

    E então, surpreendendo o jovem Noah, uma figura conhecida apareceu a sua frente. O albino logo disse seu nome:

    — Marduk?!

    — Noah... Você nunca me esqueceu... E eu nunca o esqueci...

    — Seu infeliz... SEU DESGRACADO!

    — Não... Você me chamou aqui... Só estou aqui por sua causa.

    — EU O ODEIO! SAIA DA MINHA MENTE! 

    — Isso não será possível... Porque você me procurou sempre...

    — Do que você está falando?

    — Caro Noah... Não consegue entender? Eu o ensinei o Kaipasu... porque eu sou Kai.

    Essa verdadeira bomba não foi bem recebida por Noah, que logo se manifestou:

    — NÃO! ISSO É IMPOSSÍVEL! NÃO! NÃO! 

    — Você sabe que é verdade... e não existe nada que você possa fazer... Na verdade você quer fazer algo... Eu sinto... Eu sei o que você quer fazer...

    — CALE A BOCA! EU...

    — Você quer fazê-la sofrer, Noah... Você quer devolver toda essa humilhação que ela te causou... E eu posso te dar poder para isso. Aliás, eu irei lhe dar. Você sempre foi tão leal a mim...

    — NÃO! EU NÃO SOU NENHUM MONSTRO PARA QUERER FAZER ISSO COM ALGUÉM!

    — Você não é um monstro... Você é um praticante do Kaipasu. E você me venera... Eu sei...

    — EU NUNCA FARIA ISSO! EU TENHO NOJO DA SUA EXISTÊNCIA!

    — Hehehe... Irei lhe mostrar como posso ser importante em sua vida. Seu corpo está fraco... Creio que devo lhe dar uma pequena vantagem... – Disse a suposta entidade Kai, envolvendo o corpo de Noah com sua aura vermelha por completo.

    — O que? NÃO! NÃO FAÇA ISSO! NÃO!

    Um silêncio imperou na mente de Noah...

    A sua pulsação acelerava...

    Sua força rapidamente voltava...

    O brilho de seus olhos retornava...

    A chama de sua alma estava ardendo...

    E seu espírito imediatamente se manifestou.

    Voltando a realidade, Ingrid estava quase próximo a lateral do octógono. Ela caminhava confiante e, de certa forma, com uma arrogância estampada em seu belo rosto. E dizia:

    — Pawa poderia ter me poupado de fazer essa coisas... Não me agrada entrar em ação contra anônimos inúteis. E agora precisei destruir o espírito de um garoto...

    Orgulhosa como só Ingris era, ignorou totalmente uma mudança drástica quando sentiu que o corpo de Noah estava mais pesado e, ao olhar para o jovem, percebeu que ele estava a acordado, olhando-a nos olhos de uma forma intimidadora. E seus olhos... Naturalmente eram verdes, mas agora estavam em um tom vermelho. E não um tom simplesmente vermelho: seus olhos estavam brilhando, assim como uma aura que encobria seu corpo aos poucos, sob a mesma cor.

    Ao vê-lo dessa forma tão estranha, imediatamente o soltou, executando um salto para trás. Igual a Ingris, toda a platéia ficou atônita, se calando frente a uma mudança repentina de semblante de Noah. O jovem então, lentamente, se levantava e, continuando a fitar sua adversária, diz:

    — Ingris... Ingris... Ingris... Ingris...

    — Noah?! Mas o que está acontecendo aqui? Como você está ainda...

    — CALE A BOCA! Grr... CALE A BOCA! Ahh... Grr... – Gritou o jovem, rangendo seus dentes.

    Noah parecia estar dominado por uma irá descomunal. A aura vermelha que envolvia seu corpo aumentou de intensidade e, com isso, começou a caminhar em direção a Ingris. Com seu olhar para a lutadora, ele diz, com uma voz grossa e temerosa:

    — KAI... NO REDDORAITO! (A Luz Rubra de Kai)

    Ao dizer essa frase, colocou seus braços deslocados para frente e, Fernando seus punhos, encaixou suas articulações no lugar. Com um simples gesto Noah havia recuperado seus braços, para surpresa de Ingris.

    — *Impossível! Ele recuperou seu braço?! Não... Tem algo errado nisso... Não é possível!*

    Sem perder tempo, Ingris partiu para cima de Noah, mas já não era uma simples luta: no último segundo, o jovem se esquivou de um chute desferido por ela, que visava seu rosto. O olhar de incredulidade por parte de Ingris explicitou bem esse seu sentimento. Por sua guarda estar aberta, Noah não teve misericórdia alguma e, juntando dois dedos de sua mão direita, a golpeou certeiramente em sua barriga, jogando-a para longe. Mas mesmo diante seu vôo era possível ver seu rosto demonstrar uma dor absurda. Ao tocar o chão, Ingris tornou a gritar desesperada por uma sensação angustiante, como se estivesse sem controle.

    — AHHH! EU NÃO... AHHH! O QUE VOCÊ.... AHHH! Eu não consigo... Essa dor... AHHH! ESSA DOR É TORTURANTE! AHHH!

    Sob o olhar tênue de Noah, Ingris sofria. E com isso a última batalha estava pra começar.

    Music“Dusky Vision” by DEVILOOF

    Noah vs Ingris - The highest corrupted genius

    The Battle is Begin

    Noah não parecia se importar com com a integridade de Ingris. Tanto que a chutou para o meio da arena, causando estranhamento por parte de Viktor, que diz:

    — NOAH?! CARA, ERA PRA VOCÊ TER JOGADO ELA DA...

    Mas o jovem humano foi interrompido por em detalhe: Milla segurou forte sua mão, encostando em seu corpo. Não demorou muito e Viktor percebeu que a pequena canina estava tremendo, escondendo seu rosto com suas orelhas. No mesmo instante, ele diz:

    — Milla?! Mas o que está acontecendo com você? Está tremendo e...

    — Eu estou tendo um mal pressentimento, Viktorius.

    — Hã? Mas porque?

    — Tem algo errado com o Noah. Eu sinto um cheiro muito ruim, que eu senti na nave do Brevon...

    — Que cheiro, Milla?

    — Cheiro de sangue... sofrimento... e morte...

    Viktor logo começou a pensar, estranhando a situação.

    — *Ele... Noah está mesmo diferente. Ele voltou a luta, mas... A Milla não teria esse comportamento se as coisas estivessem bem... Eu... Eu terei de ver isso a limpo. Nossa, queria mesmo que Lilac estivesse aqui...*

    “Do you remember... what you said to me in the past?

    It's... stuck in my head.

    Estou na escuridão onde os raios de luz não alcançam...

    E enquanto me aconchego à solidão e ansiedade que eu suportava...

    Meu coração, que foi distorcido por causa da servilidade, se dissolve...

    E eu perambulo, pedindo descanso e silêncio”

    Ingris se colocou em base de luta, mesmo sentindo fortes dores. Ela tinha noção que suas sinapses estavam descontroladas. Mas não havia tempo para pensar, pois Noah se tornou implacável, a atacando com fortíssimos socos e chutes. Ela até mesmo conseguiu atingir seu rosto com um soco potente, mas dá mesma forma que a cabeça de Noah se deslocou para trás, ele voltou-a contra o rosto de Ingris, a atingindo com muita força. Ela então recuou, sentindo a dor mais uma vez. O jovem estava indócil, voltando a golpear sua barriga por diversas vezes.

    — *Ele está me atacando com tudo! Não estou conseguindo prever nem calcular nada... O que está acontecendo aqui?*

    “" I don' t want to be alive anymore"

    Pegando um pouco...

    Eu cortei as pessoas fracas por deserção...

    Eu estava transbordando de positividade...

    Mas as palavras às vezes podem ser cruéis...

    Olhando para o pedaço de corda branca que peguei, eu esperava a salvação...”

    Noah então começou a correr em volta de Ingris, tirando totalmente sua noção de espaço. Um contra ataque era Impossível nesse estado, ela sabia disso. Mas a surpreendendo outra vez, sua velocidade era abismal: o jovem albino começou a deferir dezenas de golpes por todo o corpo da bela lutadora, causando ainda mais danos. Com a ponta dos dedos Noah atacou cada ponto de pressão dela como se estivesse planejando algo. E, ao fim, desferiu um poderoso soco novamente em sua barriga, dizendo:

    — Você é toda minha... TODA! HAHAHA! GRR...

    O terror tomou conta de Ingris, que não conseguia pensar no que fazer. Sentiu então que sei corpo estava diferente, como se estivesse perdendo as forças. Ela então, sacudindo sua cabeça, negou em estar sendo tão subjulgada por um simples anônimo, correndo então em sua direção.

    — VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO DO QUE ESTÁ FALANDO! TRATE DE SE COLOCAR NO SEU DEVIDO LUGAR, SEU ENERGÚMENO!

    Dito e feito, Ingris começou a agredir Noah abertamente com socos e chutes, estes todos sendo acertados no jovem. Mas havia amigo anormal nisso tudo: não havia causado dano algum em Noah, o que trouxe ainda mais desespero a lutadora.

    — O que?! Mas como? O que está... Minha força? O que você fez?

    — O golpe proibido do Kaipasu: Sensu taiho. (Prisão de sentidos)

    — O que? O que isso...

    — A cada dois minutos perderá cada um de seus sentidos...

    — O que?

    Enquanto dizia, Ingris foi interrompida pois sua voz sumiu. E Noah disse:

    — Primeira prisão: Koe. (Voz)

    Ingris havia perdido a fala. Com um soco, Noah voltou a jogar a bela lutadora para o meio da arena novamente. Viktor, ao perceber isso, diz:

    — Milla, você está certa. Tem algo errado. Noah teve duas oportunidades de jogá-la para fora e não o fez. Rápido, temos que ir até onde ele estão...

    — Tu-tudo bem, Viktorius...

    “I will never. forgive…

    Where are you now ?

    O perfil do rosto que, ao entardecer...

    Olhou para algum lugar que parecia triste...

    Where are you now?

    A linha de contorno ficou vaga, dissolveu-se e desapareceu...

    Por favor me diga o significado e a razão de viver...

    Do you remember... what you said to me in the past?

    It's... stuck in my head.”

    Noah se aproximou de Ingris, que estava fraca, sentindo dores. Seu rosto não só demonstrava sofrimento mas também medo. A cada passo que Noah se movia, ela recuava.

    — *Chega disso... Eu vou acabar com esse miserável! Estou pouco ligando se ele vai sofrer... EU VOU DESTRUÍ-LO!*

    Ingris ainda estava preparando seu golpe quando Noah diz:

    — Segunda prisão: Takuto. (Tato)

    As sensações do corpo de Ingris cessaram, fazendo com que seu golpe fosse em vão, com Noah voltando a golpeá-la novamente. Ele, ensandecido, diz:

    — Você ainda não entendeu o que eu quero... Muito bem, eu explicarei. Nós não estamos em uma arena. Isso aqui é um Dojoh e você é a partir de agora a minha boneca de sparring... HAHAHA! Yahh!

    “Estou na escuridão onde os raios de luz não alcançam...

    E enquanto me aconchego à solidão e ansiedade que eu suportava...

    Meu coração, que foi distorcido por causa da servilidade, se dissolve...

    E eu perambulo, pedindo descanso e silêncio”

    Viktor e Milla então correram até onde Noah estava, bastante preocupados e assustados. Noah, pelo contrário, estava com total controle da luta, com Ingrid sem poder falar e sem poder sentir absolutamente nada. Sob esse cenário, o jovem albino colocou-se em base de luta, exatamente como com a luta com Lilac na cidade. E é o que vocês, leitores, se lembrarão:

    — KAI NO SAN SANKAKKEI NO HINTO! (Os três pontos do triângulo de Kai)

    Com as pontas dos dedos, Noah desferiu diversos golpes em pontos de pressão específicos de Ingrid. Por ela não estar sentindo nada, a dor não era mais um problema. Mas por entender de pontos de pressão, sabia exatamente o que isso iria lhe trazer:

    — *Ele... com certeza ele está fechando toda os meus tendões e nervos! Meu corpo está todo dormente e eu não vou conseguir contra atacar...*

    Noah então se aproximou de um dos ouvidos de Ingris e disse:

    — Tenho uma simbologia que talvez a interesse. Sabe minha roupa, essa que eu visto? Essa lista branca simboliza a minha bondade... Como você é inteligente, deve saber o que significa toda a parte preta... HAHAHA! KAI NO SAN SANKAKKEI NO HINTO!

    Novamente Noah voltou a tentar aplicar com exatidão seu golpe que ainda desenvolvida. Mas, ao ver sua reação, sem sucesso.

    — Ah... Ainda não... Eu ainda não consegui... KAI NO SAN SANKAKKEI NO HINTO!

    O corpo de Ingris voltou a ser castigado pelo jovem, que não mostrava misericórdia alguma. Ao fundo, Joshy também desconfiança que algo ia mal.

    — Vocês fiquem aqui. Vou até onde eles estão. Ingris nunca foi golpeada dessa forma. Ela nunca se deixaria fazer isso!

    O lupino então correu até o outro lado, parte próximo dos lutadores. A platéia assistia tudo aquilo inerte, como se estivesse incomodada. Não era para menos: Noah estava aplicando a ela a uma verdadeira tortura e de uma forma que não levantasse suspeitas por parte do árbitro.

    “What do you see?

    What are you thinking?

    What are you doing?

    Say something!”

    Com Viktor já próximo de onde Noah estava, ele diz:

    — Noah, joga ela pra fora! Já acabou! Você venceu!

    — CALE A BOCA!

    — Ei... O que deu em você? Joga ela pra fora!

    — NÃO! ELA É MINHA! É MINHA COBAIA!

    — Hã? Cara, do que você está...

    E Milla logo se dirigiu ao juiz:

    — Moço, acaba com essa luta! Não está vendo que ela nem ataca mais?

    — Senhorita, a lutadora Ingris pode desistir a qualquer momento que quiser. Ela está de pé e lúcida.

    — Mas senhor...

    Porém essa conversa foi útil para uma pessoa: Ingris. Percebendo a desatenção que Noah cometeu por prestar atenção a Viktor, foi a oportunidade de fazer o que lhe sobrou: a lutadora, até então orgulhosa e segura de si, começou a correr para o outro lado da arena, onde Joshy estava. Sim, Ingris estava fugindo, correndo para fora da arena parte de salvar.

    — *AHHH! ESSE LOUCO... AHHH! ELE QUER ME MATAR! ELE QUER ME MATAR! AHHH! SOCORRO... ALGUÉM ME AJUDE! AHHH!*

    Noah de fato havia destruído todo o consciente e inconsciente dela. Ingris corria desnorteada, buscando qualquer um dos flancos para enfim fugir de seu agressor. A platéia olhava o ocorrido sem entender, assim como Joshy. Mas Noah não estava satisfeito, correndo atrás de Ingris, dizendo:

    — NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! VOCÊ É MINHA! EU VOU TERMINAR MEU GOLPE EM VOCÊ!

    “Where are you now ?

    O perfil do rosto que, ao entardecer...

    Olhou para algum lugar que parecia triste...

    Where are you now?

    A linha de contorno ficou vaga, dissolveu-se e desapareceu...

    Por favor me diga o significado e a razão de viver...”

    Mas para alívio de Ingris, ela tocou o chão de fora do octógono. Imediatamente a isso, o juiz anuncia:

    — Ingris saiu da arena. A vitória é de Noah!

    Embora a platéia tenha comemorado, em nada isso era um sentimento dos que estavam envolvidos na luta. Com Ingrid caída, cansada depois de tanto correr por sua vida, Joshy a acudiu, dizendo:

    — Ingris, o que aconteceu? Ingris? Ingris?

    Mas as coisas ainda não estavam resolvidas. Noah foi até onde estavam e não parecia nenhum pouco feliz com o resultado.

    — Saia de perto dela... AGORA!

    — Rapaz, essa luta acabou!

    — Só acaba... QUANDO EU QUISER!

    Viktor, junto com Milla, logo chegam até próximo do grupo reunido. O momento era tenso, já que Noah não parecia querer conversar. Mesmo com esse sentimento, Viktor diz:

    — Noah... Cara... Pare! Você venceu!

    — EU PRECISO DESENVOLVER MEU GOLPE! GRR!

    — Cara, o que aconteceu? Se acalma!

    — Não já motivos! Ela é minha! Ela é o porquê de eu continuar lutando! Será nela que eu...

    E interrompendo Noah, Milla o abraçou forte. Os dois nunca tiveram um pouco de diálogo entre eles, mas a pequena canina se sentiu na liberdade de dizer:

    — Você está com ira no seu coração... Isso não é bom...

    — O que? Pare de...

    — O que a Lilac faria nessas horas? Noah, acabou. Volta... Vai, volta... Eu sei que esse não é você... Eu sei que tem algo muito errado acontecendo... Vai, volta...

    A ternura de Milla era algo acima de qualquer gentileza que uma ideia poderia fazer. Seu gesto honesto e cheio de amor parecia ter dado certo. O efeito foi imediato: Noah logo recordou do momento que Lilac o aceitou como integrante de seu time e confiou a ele seu lugar. Toda sua raiva havia diminuído, se extinguindo aos poucos. Sua reação havia retornado e, ao acontecer isso, Ingris voltou a sentir e a falar. Joshy logo foi surpreendido pelos gritos de dor de sua aliada, a levando as pressas até o centro médico. E tudo isso sob o olhar de Noah, que não entendia o que de fato havia acontecido e, como esperado, feito.

    A luta havia terminado, mas o preço da vitória pode ter sido alto demais...

    E, sentado a poltrona do outro lado da arena, junto aos outros integrantes do Team Omna, uma pessoa já se manifestava: Sheng Zian.

    — Hm... Pawa... Ingris... Derrotados. E esse cara chamado Noah... Ele vai ser ver comigo. Mas antes, preciso acabar com essa luta. Viktor, eu não vou pegar leve... Pior: eu vou com tudo desde o início. Vou mostrar a você a fraude que você é...

    Continua.


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