Freedom Planet: Faith & Shock

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    Capítulo 16

    O torneio T.O.R.M.E.N.T.A - Segunda fase: Milla vs Pawa

    Spoiler, Violência

    Lilac e Carol estão em apuros, enquanto a primeira luta está prestes a começar.

    Team Omna 2 x 0 Team Lilac

     Em algum lugar da Arena do torneio...

    A situação de Carol e Lilac era a pior possível. A dragão estava desacordada, o que obrigou sua amiga felina acudí-la as pressas, pois os ninjas do clã The Red Scarves eram implacáveis e quase conseguiram dar fim a dragão púrpura, que estava caída ao chão. Com um movimento rápido, Carol a colocou nas costas, enquando travava uma terrível batalha contra um grupo de mais de vinte ninjas armados com espadas e kunais. Ela, segurando Lilac, diz:

    — Caraca, maluco... Esses caras tão levando isso a sério mesmo! Eles querem mesmo nos destruir...

    Durante sua ações, Carol conseguiu se esquivar de uma saraivada de kunais arremessadas por membros da The Red Scarves raivosos por tudo o que aconteceu em Shuigang e era perceptível que queriam se vingar da felina. O porque dessa constatação? Não demorou muito e um ninja vestindo uma roupa vermelha ordenava a seus comandados para que parassem. Logo ele começou a caminhar em direção a gata, retirando sua máscara, o que surpreendeu Carol no mesmo instante.

    — CARACULIS... Mury Low?! Não... Não pode ser...

    Mury Low era um panda vermelho como espécie, mas sua pelugem era toda preta. Até mesmo seus cabelos tinham essa cor, assim como seus olhos. A lembrança de Carol parecia mesmo trazer um pouco de preocupação, já que sua cauda logo se ouriçou. O panda vermelho negro então disse: 

    — Vocês duas não sairão daqui vivas...

    — Cara, tu tá maluco?! Tamo no meio da cidade... Não! Tamos na arena! Tu acha mesmo que não vão descobrir?

    — Tola. Acha mesmo que eu não sei o plano de vocês? Justamente, querem a pedra. E isso também é um interesse nosso e iremos conseguir.

    — Então a Lilac tava certa mesmo! Tinha mesmo gente da sua laia no meio dos participantes!

    — Lilac sempre foi o cérebro. Você sempre foi a cabeça oca que usa a força pra compensar a falta de inteligência... Justamente, como esperava.

    — Ei! Cala tua boca, babaca! Vocês não vão conseguir derrotar a gente!

    — Hum... Justamente, agora os lugares se inverteram. Lilac já não é um problema... e só falta você.

    — Tu tá de saca, né? Basta euzinha aqui pra varrer o chão com vocês!

    — Justamente... Mas duvido conseguir fazer as duas coisas. Seria capaz de salvar Lilac e de se salvar? Tola... Ataquem!

    E toda a corja de ninjas da The Red Scarves partiu para cima da felina verde, que só podia se esquivar dos terríveis ataques dos ninjas. Carol praticamente estava sendo testada ao máximo, com suas habilidades sendo colocada em prática ao extremo. E o contra ataque era impossível: carregando Lilac em suas costas, ficou limitada a evitar os ataques, que poderiam ser fatais a ela e, principalmente, a dragão púrpura. Ela, acuada, diz:

    — Cara, que situação... Agora tamo num apuro pior que barreira de baile funk...

    Somente más notícias. Era o que se tinha no momento.

    Enquanto isso...

    Arena do torneio T.O.R.M.E.N.T.Asemifinais.

    Como decidido no último capítulo, o Team Lilac estava incompleto. Lilac e Carol foram desclassificadas das lutas da semifinais e, com isso, estavam em desvantagem no número de vitórias: o seu time adversário, o Team Omna, já somava 2 a 0 no placar. Pra causa desse detalhe, os lutadores restantes, Milla, Noah e Viktor, não podem mais perder luta alguma. O destino do plano de Lilac em recuperar o enorme resquício da pedra do reino estava em risco.

    Com o trio reunido as margens do octógono, Noah diz:

    — Isso não pode estar acontecendo... Onde estão Lilac e Carol? Não... Tem coisa errada nisso...

    — Concordo. Lilac e muito menos Carol nunca iriam subir do nada, ainda mais com a missão em andamento... – Disse Viktor, preocupado.

    — Mas... Mas... Mas então é com a gente agora. Nós precisamos lutar – Disse Milla, determinada.

    — Sim, Milla... Mas pense bem: aconteceu algo. Nós deveríamos comunicar aos responsáveis do torneio – Disse Noah, sendo racional.

    — Não, Noah... Nós não podemos – Viktor contrariou o jovem híbrido.

    — O que? Você perdeu o juízo? Sabe muito bem que...

    — Eu entendo você, Noah. Só que Lilac anda tão preocupada com a segurança de todos que seria melhor a gente manter segredo do que está acontecendo por trás dos panos.

    — Mas Viktor, a The Red Scarves podem estar por trás disso...

    Viktor logo arregalou seus olhos com o que Noah acabará de dizer. No mesmo instante se lembrou do que Lilac disse durante os festejos da cerimônia: haviam rostos conhecidos por ela entre os participantes do torneio e eram membros do clã ninja. O jovem humano então diz:

    — Noah, você está certo no que disse, mas...

    — Mas nada! Temos que fazer algo agora. Não podemos ficar na dúvida!

    — Mas não devemos envolver mais gente inocente nisso. Lilac pensaria assim se estivesse aqui. Precisamos confiar nela.

    — Viktor... Isso... Você... – tentou dizer Noah, se calando em seguida – Você está certo. Ela faria isso com certeza...

    Milla, caminhando até a lateral do octógono, olhou para o extremo do lugar. Seu olhar demonstrava tensão, algo bem incomum vindo da jovem canina. Viktor, percebendo isso, diz:

    — Milla, a sua luta é a próxima.

    — Sim, eu sei... Mas...

    — O que houve?

    — Eu... Eu nunca lutei em um torneio. Tem tanta gente aqui me vendo...

    — Você... Ah entendi. Você está tensa. É normal até. Você me lembra eu mais jovem, disputando meu primeiro torneio de karatê...

    — Você tinha minha idade?

    — Era mais jovem... Eu não conseguia andar. Minhas pernas tremiam e eu fiquei com falta de ar.

    — E o que você fez?

    — Meu mestre estava lá. Ele foi o principal responsável por eu ter mudado de postura.

    — E o que ele fez?

    Viktor se lembrou exatamente do que seu mestre lhe disse naquele dia. Ele, olhando nos olhos de Milla, diz:

    — Ele me disse: “Viktor, você está vendo seu adversário? Muito bem... Ele está focado em você, em te derrotar. Você tem duas escolhas: deixar que ele te derrote ou tentar derrotá-lo”. Eu disse a ele que eu estava com medo e nervoso. Mas ele insistiu e disse: “Faça seu adversário te respeitar. Lute e use tudo que sabe. Retroceder nunca, render-se jamais.” Ele me trouxe de volta, Milla. Eu lutei... Dei meu melhor... Mas eu perdi.

    — Puxa, Viktorius. Mas como é que você superou isso?

    — No fim, meu adversário me abraçou e pediu para que todos que estavam assistindo a luta me aplaudissem. Ele era jovem como eu, mas tinha muita maturidade. Eu ganhei seu respeito, assim como o de todos. A derrota faz parte do jogo, Milla. Mas a forma que se vence sempre é o mais importante. Eu perdi a luta mas ganhei moral. Lute limpo e dê tudo de si.

    A pequena canina parecia ter ganhado uma motivação a mais para lutar. Sua confiança parecia ter se renovado ao ouvir o que Viktor disse. Ela, o abraçando, diz:

    — Viktorius... Você... Você é o máximo!

    — Hehehe... Muito bem, Milla. Agora vai lá e lute. E lembre-se: a forma que se vence sempre é o mais importante. Lute limpo e dê tudo de si!

    O sorriso honesto da canina estampava a confiança de Milla no momento. Viktor de fato Jesus resgatado sua coragem. A jovem caminhava até o centro do octógono.

    Enquanto isso, no outro lado da arena, o Team Omna também estava interagindo entre seus membros. E sua situação era a mais confortável possível: bastava uma vitória para irem as finais do torneio. O líder do time, um lupino com pelugem azul, usando uma vestimenta de monge de cor preta chamado Joshy, diz:

    — Muito bem, time... Temos uma bela vantagem. Quero muita seriedade.

    E logo tomou a palavra uma esquilo com longos cabelos pretos praticante de taichi, com vestimentas chinesas de cor vermelha. Ela, que se chamava Tats, elegante, diz:

    — De fato. Estamos prestes a chegar às finais. Agora vocês podem ver que nossa união trouxe bons frutos...

    Interrompendo suas palavras, era a vez de Ingris, uma tri híbrida (metade panda vermelho, panda e felina). Ela usava também uma vestimenta com temática chinesa de cor preta, contrastando com sua pelugem tricolor, com tons brancos, pardos e pretos. Usava óculos com tonalidade laranja, possivelmente por conforto visual. Ela então diz:

    — Tats, você é patética. Nossa união nada tem a ver com isso. Tivemos sorte e isso é ótimo.

    — Ingris, não pedi sua opinião. Logo se nota que não está aqui para agir em equipe.

    — Equipe, Tats? Equipe? Haha. Eu não dependo de ninguém para lutar. Desculpa aí, mas esse seu papo de coleguismo não convenceu.

    — Ingris, pare com isso!

    E uma figura conhecida então toma a vez da palavra: era o jovem Sheng Zian, que diz:

    — Ingris, pode dizer e pensar o que quiser. Mas uma coisa você tem que concordar: sem nós você não estaria aqui.

    — E agora um novato quer me dar lição de moral? Isso fica melhor a cara minuto.

    E então, caminhando até Ingrid, um outro lupino, com pelugem avermelhada com detalhes em branco, usando um traje de luta chinês, usando uma tiara em forma de chifres, diz:

    — Ingris, pare já de agir assim.

    — Pawa... Lá vem você... Até meu rival está no lado desses “ajeitadinhos”...

    — Eu não irei dizer outra vez. Pare já de agir assim.

    — Ok ok... Nossa, tudo pela equipe, blá blá blá...

    — Obrigado pela compreensão. Nosso mestre iria gostar que você se portasse bem.

    — Haha... Se portar bem? Pawa, você já viu seu adversário?

    — Sim...

    — Você vai lutar contra uma criança praticamente. Quero ver você se “portar bem”. 

    O lupino não pareceu ter recebido muito bem essa provocação por parte de Ingris. Decerto, era sabido que os dois partilhavam do mesmo estilo de luta, já que vestiam quase os mesmos trajes. Ele, aproximando seu rosto da tri híbrida, diz:

    — Escute, Ingris. Eu irei subir no octógono para lutar contra ela de forma honrosa. Ela deve estar plenamente pronta para estar aqui e irei honrar todo esse sacrifício dela. Então eu vou dizer pela última vez: pare de agir assim!

    — Hum... Está fora do tom, Pawa. Se afaste de mim antes que eu...

    — Você o que? Vamos... Diga! – Disse Pawa, bastante irritado.

    De braços cruzados todo esse tempo, Joshy, que não tinha o melhor dos semblantes, aproximou-se dos dois e disse:

    — O mestre de vocês ficará sabendo de tudo isso.

    — Ah então você está fazendo draminha de escola, Joshy? Que fofo... – Disse Ingris, debochando.

    — Grr... Ingris, está prestes a ser expulsa do time. E acredite: estou mesmo disposto a fazer isso.

    — Não, você não faria isso. Não depois de chegarmos tão longe...

    — Era o que eu queria ouvir. “Chegarmos”. Ao menos agora sei que você admite que depende de nós...

    — Ei! Não foi isso que eu...

    — Nosso líder tem mesmo preparo para te domar, Ingris – Pawa não deixou por menos.

    — Pawa, seu...

    — Já chega! Trate de ficar calada, Ingris – Disse Joshy, olhando nos olhos de Ingris.

    A bela tri híbrida então lhe deu as costas e voltou caminhando até um dos acentos próximos ao octógono assobiando. Ao se sentar, diz:

    — Vai, Pawa... Vai lá e esfola sua oponente. Depois quero ver sua cara.

    — Sua miser... – Disse o lupino vermelho, voltando contra Ingris.

    Mas Joshy estava alí para acabar com as inimizades. Ele então segurou Pawa, puxando-o para o octógono, dizendo:

    — Pawa, se concentre com a luta. Ingris só quer te provocar.

    — Joshy, e quanto ao meu mestre? Vai mesmo contar o que aconteceu?

    — Eu irei, mas não se preocupe com isso. Agora vá lá, derrote-a e vamos para as finais.

    — Sim. Eu irei... Mas eu não vou gostar no que estou prestes a fazer...

    — Termine logo com a luta então. Ela não precisa sofrer.

    — Tudo bem...

    Havia muita apreensão por parte de Pawa. Era visível que estava desconfortável com a ideia de ter que lutar contra Milla. Sabendo que não tinha outra alternativa, enquanto caminhava pensou:

    — *Ela é tão jovem... Eu não me sinto bem em fazer o que irei fazer, mas isso é um torneio de artes marciais... Então devo honrar sua valentia. Muito bem, vamos fazer isso direito e sem querer machucá-la...*

    Já com os dois ao centro do octógono, o juiz logo diz:

    — Eu quero uma luta justa e limpa. Eu sou o juiz da luta, então tudo o que eu dizer é para ser respeitado. Muito bem... LUTEM!

    Sem perder tempo, Pawa correu em direção a Milla, que mal pôde ser colocar em sua base de luta tradicional do estilo garça de Kung Fu. O lupino vermelho golpeou seu estômago e, segurando seu dorso, a arremessou para fora do octógono. Esse movimento de Pawa surpreendeu Viktor e Noah, que correram para próximo do octógono, não entendendo no que estava acontecendo. Viktor então pensou:

    — *Não, Milla... Assim não... Acab...*

    Mas para surpresa de Pawa, Milla conseguiu fazer uma manobra ao ar e, como último trunfo, emanou de sua mão seus poderes de feixes verdes, fazendo com que a intensidade do golpe a trouxesse de volta a arena sã e salva. Ela usou seu poder para impulsionar seu corpo de volta. Pawa não acreditou no que viu:

    — O QUE? Mas... Essa menina tem poderes?!

    Aterrissando com desenvoltura, Milla enfim se colocou em base de luta (vim uma de suas mãos para cima e a outra a frente de seu corpo, apoiando uma de suas pernas a outra, num equilíbrio perfeito) e diz:

    — Moço, esse seu golpe foi bem forte. Mas eu não vou perder essa luta.

    — Garota, como você aprendeu a fazer isso? Quem foi seu mestre?

    — Hã? Isso o que?

    — Esse seu poder. Essa energia não parece ser Feng Shui.

    O Feng Shui é a arte milenar de harmonização energética dos ambientes. Essa prática chinesa tem como base diferentes filosofias. Acredita que cada ambiente possui uma energia específica, mais conhecida como “Chi”. No mundo de Avalice, essa é a essência do aprendizado de técnicas que usam poderes especiais.

    — Ah isso? Eu desenvolvi sei lá como. Ainda estou descobrindo. E minha mestra se chama Neera Li.

    — O que? Neera Li, a alta sacerdotisa do reino de Shang Tu?! Não, não pode ser... Isso é impossível!

    — Não é não, seu bobo! Ela me treinou muito bem e eu vou mostrar isso agora.

    Pawa não acreditava no que tinha ouvido, mas tinha noção de que se isso fosse verdade, então deveria mesmo levar a luta mais a sério.

    — *Essa pirralha está mesmo dizendo a verdade? Bem, essa base dela... É o estilo garça. Meu mestre disse que doutrinas assim só são ensinadas no Monastério de Shuigang, onde só os altos sacerdotes entre os monges podem ser agraciados com tal honraria. Sim, ela está mesmo dizendo a verdade... E se Neera Li for mesmo sua mestra, então...*

    A postura de Pawa mudou. Milla percebeu isso, já que o lupino ficou um pouco mais sério. Ela então diz:

    — Porque está quieto? Não quer mais lutar?

    — *Se Neera Li é mesmo sua mestra, então... Então eu devo lutar com tudo. Esse poder que ela tem... É poderoso demais para alguém tão jovem*

    Ao fundo, Viktor e Noah se aliviaram ao verem Milla de volta a arena. O humano então diz:

    — Isso aí, Milla! Mandou bem! *Cara, esse poder dela é algo de outro mundo... Será que todos aqui tem poderes assim?*

    — Viktor, você que conhece ela melhor... Milla é mesmo habilidosa em luta? Tudo bem que eu já ouvi várias histórias de Lilac salvar o mundo, mas... Milla foi uma das vítimas de Brevon que eu saiba.

    — Cara, Milla é espetacular! Ela é muito forte e você verá.

    — Se você está dizendo... Lilac deveria estar aqui.

    — Noah, precisamos nos focar em torcer pela Milla. Ela precisa de nosso incentivo.

    — Mesmo assim, ela é muito jovem pra...

    — Não, ela não é. Eu a vi lutar em Shuigang. Acredite, ela é uma exímia lutadora. 

    Embora Viktor tivesse plena confiança em Milla, Pawa já esboçava um rosto mais fechado. Possivelmente percebeu que não se tratava de uma simples oponente novata. Milla tinha poderes ainda desconhecidos e a pequena demonstração do que podia fazer serviu de alerta para o lupino vermelho. Ele então mudou sua base de luta para uma mais ofensiva: tratou de começar a se movimentar para as laterias, a fim de surpreender Milla, que diz:

    — Eu estou pronta pra tudo! Pode vir!

    Bastou uma simples frase da canina para que Pawa investisse contra ela com toda força. Milla sequer teve tempo de se defender, com o lupino golpeando sua barriga com um forte chute, fazendo com que a jovem canina fosse jogada para longe. Mas Pawa não cessou seu ataque: correu até onde Milla caiu imediatamente após o primeiro contato, concentrando um poderoso soco, voltando a atingir Milla, que gritou de dor ao receber o golpe fortíssimo de Pawa. Todos ficarem surpresos com a violência a qual a canina foi vitima. Viktor e Noah logo Cl ficarem desesperados a lateral do octógono. Mas quem chamou mesmo a atenção foi Ingris, dizendo:

    — E aí, Pawa? Cadê seu papo filosófico agora? Está esmurrando uma coisinha fofinha como se fosse um adulto. Haha!

    — CALE A BOCA, INGRIS! Eu não... Eu não me sinto nada bem em ter que fazer isso...

    Noah estava mesmo exautado. Nunca imaginou que veria a doce Milla ser atacada dessa forma. O jovem híbrido então diz:

    — MILLA?! MINHA NOSSA... Viktor, ela pode ter se machucado...

    — Não... Ela... Não... Isso não pode ser... MILLA?!

    Pawa logo se abaixou até Milla, percebendo que ela estava sentindo muitas dores em sua barriga. Ele, preocupado, diz:

    — Garota, você está bem?

    — Eu... Estou...

    — Milla, desista dessa luta. Eu não estou gostando de fazer isso com você.

    — Não! Eu estou aqui para lutar!

    — Você não tem experiência em lutas, não é? Olhe, eu não gosto de lutar contra oponentes fracos. Não quero te machucar...

    — Não importa que eu não tenha experiência. Só vou ter se eu lutar... – Disse Milla, se levantando.

    As palavras de Milla logo trouxeram uma lembrança a Viktor que, mais tranquilo ao vê-la de pé, pensou:

    — *Ela está certa. Só se adquire experiência lutando... Mas Pawa é muito forte... Realmente essa luta é como a minha primeira em um torneio. Vamos, Milla... Faça o seu melhor*

    Milla então se levantou a frente de Pawa, colocando-se em base de luta novamente. Era a prova que a canina estava mesmo decidida a seguir em frente. Pawa , descontente, diz:

    — Isso é algo bastante incoveniente. Não deveriam ter aceitado a inscrição de crianças nesse torneio.

    — Eu não sou uma criança! Eu sei lutar! E sei me defender!

    — Garota, eu...

    E antes que o lupino vermelho pudesse completar sua frase, Milla, surpreendendo a todos, simplesmente levantou uma de suas mãos e conjurou um imenso cubo verde. Pawa estava abismado com o ocorrido.

    — MAS QUE...

    E Milla, sem perder tempo, o arremessou contra o lobo, arrastando-o por todo o octógono. O cubo era na verdade pura energia, que a solidificou a ponto de ser uma verdadeira arma. O poder da canina era impressionante, fazendo com que Pawa tivesse grandes problemas. Sendo levado pela inércia do cubo, arrastou seus pés ao chão para tentar evitar o pior, mas sabia que não tinha muito tempo para pensar.

    — *Esse cubo... Como ela construiu isso em poucos segundos? Nossa... Eu estou sendo arrastado por essa coisa e eu não consigo parar. Se continuar assim eu serei jogado para fora...*

    Mas antes que pudesse cair da arena, Pawa conseguiu apoio suficiente em seus pés para executar um salto, pagando por sinta o cubo, que caiu da arena em seguida. O estrondo foi enorme, o que impressionou a todos. Noah e Viktor, atônitos, observavam o que havia acontecido, com o jovem híbrido dizendo:

    — Pelos ancestrais de Avalice... Essa garota... Esse poder...

    — Impressionante mesmo. Nunca pensei que... Cara, a Milla tem poderes extraordinários! *Eu a vi lutar em Shuigang, mas não com essa demonstração de poder. Esse mundo é totalmente diferente... Essa sensação... Porque? Não, eu não devo ter esse sentimento. Estamos aqui para lutar e eu devo honrar com o que prometi a meu mestre...*

    Mas Noah, depois de se concentrar, resgatou em sua memória os ensinamentos de seu pai, intactos. E logo constatou uma coisa:

    — Viktor, a Milla...

    — Hã? O que tem?

    — Ela é uma...

    Do outro lado da arena, entre os membros do Team Omna, a preocupação foi a mesma. Porém, sentada de braços cruzados, Ingris diz a Joshy:

    — Ei, líder...

    — O que foi? Ingris, não está vendo que...

    — É por isso mesmo...

    O líder do time então percebe que o olhar de sua companheira de equipe estava diferente. Um tom de seriedade tomou conta de seu lindo rosto. Ele, surpreso, diz:

    — Ingris, o que houve?

    — Eu preciso falar com Pawa. Essa menina...

    — O que tem?

    — Ela é uma alchemist.

    Essa notícia foi recebida como uma bomba entre os membros do grupo. Sheng, impressionado, diz:

    — Não, nem vem com essa. Não há possibilidades dessa garotinha ser...

    — Garoto, cale a boca. Estou falando sério – Disse Ingris, se levantando.

    A tri híbrida caminhou até próximo a arena, onde podia ser ouvida por Pawa, sem perder tempo, diz:

    — Ei, Pawa...

    — O que é? Não está vendo que...

    — Lute a sério.

    A voz firme e forte de Ingris foi uma mensagem direta nos brios de Pawa, que entendeu bem o que ela quis dizer.

    — Pra você me dizer nesse tom, é porque está usando sua técnica. Descobriu algo, não?

    — Ela é uma alchemist. Ela é forte. Não a menospreze.

    — Uma alchemist? A Milla?

    — Você sabe o que isso significa, não?

    — Hm... Sei exatamente. Bem, sendo assim...

    No outro lado da arena, Noah deu a notícia a Viktor, que diz:

    — Uma alchemist? Mas o que é isso?

    — Milla tem o poder de fazer criar forma a coisas usando seu poder de feixes verdes. Ela é um raridade em Avalice.

    — É sério?

    — Sim. E pela reação de Pawa e de Ingris... Hm... Pelo visto os dois já sabem da Milla...

    E voltando a luta, Pawa então retirou uma de suas luvas de luta, evidenciando um tipo de tatuagem. Milla logo percebeu esse detalhe, dizendo:

    — Ueh, o que é isso?

    — Isso, garota... Isso é ZENGIDAN!

    O braço de Pawa começou a emanar energia azul, que logo começou a serpentinar por seu corpo. As linhas de sua tatuagem logo começaram a transitar por sua pelugem, até que toda ela estivesse desenhada como runas antigas. Pawa estava diferente, parecendo ter despertado um poder oculto. Com Milla em base de luta, o lupino vermelho diz:

    — Se você é mesmo uma alchemist, então eu não preciso pegar leve. Pelo contrário... irei fazer com que se arrependa de estar aqui!

    — Hã? Mas do que você está falan...

    Como havia dito, Pawa estava decidido a lutar com tudo. Tanto que correu em direção a Milla, desferidlndo inúmeros socos conta a canina, que conseguia se esquivar. Sua agilidade como canina eram espetaculares, evitando cada investida de Pawa. Percebendo que seus golpes não estavam sendo eficazes, o lupino então concentrou energia em suas duas mãos, fazendo com que seus punhos ficassem iluminados, envoltos com sua aura azul.

    — Agora verá o incrível poder do Monastério Onma. A grande onda de energia... AOI UMI! ( Mar azul)

    Pawa golpeou o chão da arena com suas palmas, fazendo com que uma grande onda de energia azul fosse contra Milla, que se assustou com a forca da energia.

    — MINHA NOSSA! Ela é bem grande! – Disse, enquanto já se concentrava – Mas eu sei como evitar! SHIELD BURST!

    Milla concentrou seus poderes em suas mãos em questões de segundos, formando uma fortíssima barreira, que a protegeu do terrível ataque. Isso foi algo inesperado por Noah e Viktor, que diz:

    — Ela anulou o ataque... Cara, ela criou uma barreira do nada e saiu ilesa daquilo!

    — Eu estava errado quanto a Milla, Viktor. Ela é poderosa.

    — Mais do que eu imaginava... *Porque estou com calafrios? Essa sensação... Porque estou assim?*

    O jovem humano não parecia bem. Embora estivesse vibrando com a desenvoltura de sua amiga, algo o deixava tenso. Isso era visível até a Noah, que diz:

    — Viktor, você está bem?

    — Es-estou, Noah... Só que...

    — O que foi?

    — Nã-não é nada. É o calor da batalha...

    Mesmo desconversando, Noah, que tinha habilidades sensitivas desenvolvidas, pensou:

    — *Hm... Suas pupilas estão um pouco trêmulas... Suas mãos estão suadas, consigo ver... Está exalando calor de seu cabelo... Não é por causa da batalha da Milla, Viktor... Creio que o motivo seja que você terá de batalhar em breve...*

    O que Noah quis dizer com isso?

    Voltando a arena, o locutor deixava bem claro o clima do lugar:

    — ESPETACULAR! ESTUPENDO! VEJAM OS PODERES DE PAWA E DE MILLA! É DEMAIS! INCRIVEL!

    A arquibancada da arena era só empolgação diante da demonstração de forças entre Pawa e Milla, que voltou a sua base de luta estilo garça. Mas para sua surpresa, a canina pôde ver Pawa gargalhar a sua frente. Ela, sem entender, assim como Noah e Viktor, diz:

    — O que houve? Porque você está rindo? 

    — Haha... Ingris, minha mana... Você estava certa... Hahaha!

    — Hã? Do que você está falando?

    — Milla, desista dessa luta agora.

    — Eu já disse que eu não vou!

    — Muito bem... Agora que eu sei o que você é, posso atacar sem problemas...

    O que Pawa quer dizer com isso? O que está acontecendo?

    E então retornamos até o Team Omna. Joshy estava junto a Ingris, que diz:

    — É uma pena, mas Pawa vai mesmo usar aquilo.

    — Se você está certa sobre ela ser uma alchemist, então não há outra saída.

    — Sim, exato. Ela é uma criança, mas alchemists... Sua existência me irrita.

    — Me surpreende você estar focada assim, ingris. Admirável.

    — Blá blá blá... Assista a luta, líder...

    E no octógono, dessa vez foi a vez de Milla investir contra Pawa, o que pegou todo mundo de surpresa. Com incríveis socos e chutes, a canina pressionou o lupino para trás mas, mesmo assim, Pawa conseguia evitar seus ataques. Milla, sabendo da pouca eficácia de seus movimentos, foi ousada: enquanto corria em direção a sei adversário, emanou seu poder de feixes verdes em uma de suas mãos, executando um salto contra Pawa, dizendo:

    — Essa é a minha mais nova técnica! SPIRAL ATTACK!

    Milla criou com seu poder um espiral de energia, com lâminas rotatórias, golpeando Pawa em cheio. Pela primeira vez ela havia conseguido atingí-lo, fazendo com que o lupino fosse jogado para longe. Mas, como esperado, manobrou seu corpo ainda em queda, caindo de pé. Ele, visivelmente impressionado, diz:

    — Garota... Você é uma aberração... Um erro da natureza... VOCÊ NÃO DEVERIA ESTAR ENTRE NÓS!

    — O que?!

    O juiz logo tomou a palavra.

    — Combatente Pawa, não admitimos discriminação por aqui. Retire o que disse antes que eu o desqualifique!

    — O que está dizendo? Eu só estou expressando minha opinião.

    — O que está cometendo é um crime e não admitimos nenhuma discriminação aqui. Trate de retirar o que disse!

    Ao pé da arena, Viktor estava mesmo confuso com o que tinha acabado de acontecer.

    — Cara, porque Pawa está com ódio de Milla? Eles nunca se viram antes.

    — Viktor, existe muitas coisas que você não conhece daqui... – Disse Noah, de braços cruzados enquanto olhava para a arena.

    — Como assim?

    — Existem monastérios que depreciam o inatural. O Monastério Omna é um deles.

    — Eles são preconceituosos?

    — Não exatamente isso. De fato, eu e você sabemos que só com muito treino desenvolvemos nossas habilidades. E, que não é de seu conhecimento, nós de Avalice desenvolvemos nosso Feng Shui e conseguimos poderes especiais. Isso se consegue com muito esforço e treino. Mas alchemists já nascem com poderes especiais, o que não é bem visto por alguns artistas marciais. Esse é o caso do Monastério Onma, esses miseráveis...

    — Mas isso... *Feng Shui?! Então é isso que faz Lilac ter os poderes especiais dela?!*

    — Sim, é errado. E é exatamente isso que o árbitro está cobrando de Pawa. Mas não é sempre que isso acontece. Não há outro alchemist por aqui a não ser Milla...

    Voltando a arena, Pawa não teve outra alternativa a não ser voltar atrás.

    — Peço desculpas pelo meu comportamento. Não irá mais acontecer.

    — Muito bem. Que a luta continue! – Disse o juiz, sinalizando o reinício da batalha.

    Embora o pedido de desculpas tivesse sido feito, Pawa estava longe de ter se arrependido. Pior: estava ainda mais decidido em derrotar Milla, mas agora de uma forma mais pessoal.

    — *Aberrações como ela que faz com que nossos esforços seja motivo de piada por alchemists. Vocês chegaram muito longe... Eu irei lhe dar uma derrota tão humilhante que nunca mais colocará os pés em uma arena novamente!*

    Milla estava receosa. As palavras do lupino meio que a desestabilizou no momento.

    — *O que ele quis dizer sobre seu ser uma aberração? Eu... Eu não sou um monstro nem nada disso... Ou sou? Eu... Meus pais... Eu não sei onde estão... Não sei muito do meu passado... Eu só consigo enxergar para frente... Isso é errado? Neera Li, mestra... Queria que estivesse aqui... E Lilac... Sinto sua falta desde sempre, como a Carol... Eu... Eu não estou bem... Estou sentindo uma pressão no peito... Uma sensação de... culpa. Eu fiz alguma coisa errada? Eu sou mesmo uma aberração?!*

    E durante seus pensamentos, Pawa começou então a manifestar novamente seus poderes: suas runas começaram a se iluminar, fazendo com que seus pelos ficarem completamente ouriçados. De fato, o lupino estava se mutando mais uma vez. Com seus olhos vazando uma névoa azul, ele diz:

    — Último poder do lobo ancestral do Monastério Onma: AOI OKAMIGARI! (A caçada do lobo azul)

    Um raio azulado cortou a arena, indo em direção a Milla. A canina nada pôde fazer: Pawa a golpeou para cima, fazendo com que seu corpo ganhasse altura. Aproveitando o momento de incredulidade de Milla, que estava com um semblante abatido, Pawa destruiu inúmeros golpes contra ela, causando danos severos a jovem. A platéia assistia horrorizada os sucessivos movimentos do lobo que, encerrando sua sequência, executa um estrondoso soco no rosto de Milla, jogando-a contra o solo do octógono. Uma cortina de poeira subiu em seguida, mostrando que o ataque foi poderoso.

    Milla estava inerte, respirando com dificuldades. O ataque de Pawa foi demais para ela. Viktor logo se desesperou, sendo seguido por Noah. Nas arquibancadas um silêncio imperou, o que foi algo inesperado já que estavam incentivando de forma imparcial ainda a pouco. O lupino então aterrizou próximo a Milla, dizendo:

    — Eu sei que está me ouvindo... E eu sei que está muito ferida... Então irei dizer só uma vez: desista da luta.

    Sem ter fôlego para dizer palava alguma, Milla balançou sua cabeça em sinal de negativa. Isso foi o suficiente para irritar ainda mais Pawa. Rosnando, executou um chute em Milla, mesmo com ela ainda caída, jogando-a para longe, próximo da beira do octógono. Viktor explodiu de fúria, revoltado com a atitude do lobo.

    — SEU INFELIZ! COVARDE! COMO PÔDE FAZER ISSO?! ONDE ESTÁ SUA HONRA?

    — Viktor, não faça isso! Não entre na arena! – Disse Noah, segurando o jovem humano.

    — Noah, o que ele fez...

    — Eu sei, mas ele quer jogar Milla para fora da arena. É uma luta, ele não fez nada errado... conforme as regras. Mas eu concordo com você, ele é um covarde imundo!

    — Ele deveria ser expulso desse torneio! Essa desculpa esfarrapada que ele deu não me convenceu.

    — Nem a mim, mas não podemos fazer nada...

    — Ah mas podemos sim!

    Com Pawa seguindo até Milla, que estava ainda mais ferida, Viktor acompanhou por fora do octógono, dizendo:

    — Seu preconceito está estampado na sua cara, seu covarde!

    — Cale-se, Viktor. Milla é minha adversária. Eu não devo satisfações a você...

    — Você não engana ninguém! Você não é digno de estar aí!

    Pawa logo parou, olhando para Viktor em seguida. Ainda mais irritado, diz:

    — Grr... Você não tem moral alguma de dizer absolutamente nada! Você não conhece nossa história! Não tem noção do que Milla representa!

    — Eu não me importo com isso! Nenhum ser deve ser discriminado por ser diferente!

    — Você não tem noção disso. Não conhece...

    — Eu tenho noção sim! Eu sou visto por vocês como um estranho!

    — Viktor...

    — Aquele cara lá do time de vocês passou o tempo todo dizendo que eu sou fraco, que eu não deveria estar aqui... Aí agora você diz aquilo pra Milla e acha que eu devo ficar calado, que não entendo? Ah não... Sem chance! Na minha opinião, vocês todos são preconceituosos!

    — Tolo... Vocês nunca tinham chances. Sem Lilac e Carol vocês não passam de anônimos. Porém devo parabenizá-los pela coragem, embora suas chances sempre foram nulas...

    — Você está enganado... ESTÁ COMPLETAMENTE ENGANADO!

    O juiz precisou intervir, já que a luta estava sendo deixada de lado por uma discussão de egos.

    — Lutadores, voltem a luta. Viktor, pare de atrapalhar com o andamento desta batalha.

    — Atrapalhar?! Você viu o que ele...

    — Estamos numa luta. Não há nada errado acontecendo. Volte para seu lugar!

    Um sorriso debochado de Pawa estampou seu rosto, dizendo:

    — Não ligue, juiz. Há pessoas que não sabem perder...

    — O QUE?! COMO OUSA DIZER ISSO?

    — Cale-se, Viktor. Aceitem a derrota e...

    E surpreendendo Pawa, Milla estava de pé a sua frente. A pequena canina lutava para se manter em pé, tentando se equilibrar. Fraca, ela diz:

    — Eu não... Eu não vou perder... Eu ainda não dei o meu melhor... Eu ainda não fiz nada...

    Pawa parecia não aceitar a valentia de Milla. Seu rosto mostrava incômodo ao vê-la o encarando. Sem perder tempo, e de forma fria, desferiu um violento soco no dorso de Milla, que voltou a cair. Ela, cambaleando, voltou a se levantar, manifestando seu poder de feixe em sua mão, dizendo:

    — SPIRAL ATTACK!

    Milla seguiu correndo em direção a Pawa usando tudo que lhe restava. Sua força de vontade era Impressionante. Seu gesto foi aclamado pela platéia, que voltou a vibrar. Porém, quando iria atingir em cheio o lupino, uma simples esquiva no último segundo fez com que ficasse completamente exposta. Seu golpe continuava, mas foi o tempo de Pawa contra atacar com três poderosos chutes no rosto de Milla, sendo jogada para longe e, para desespero de Viktor e Noah, bastante ferida. Mais uma vez, sob aquele mesmo silêncio, a platéia observava, atônita, ao combate, que deixou de ser divertido para muitos. Os golpes de Pawa demonstravam um tom de deboche e escárnio. Era como se estivesse sentenciando Milla por ser o que é.

    Se aproximando onde Milla estava caída, Noah gritou:

    — MILLA?! MILLA! NÃO! Viktor, ela...

    — NÃO! Milla... Ela... *Eu te conheço bem, Milla... Eu sei que não é o fim... Você me trouxe de volta naquele dia que eu estava chorando... Você me consolou, me tratou como um de vocês o tempo todo... Me contagiou com sua gentileza, sua bondade... Eu... Eu sei o que fazer... Eu vou... Não, eu devo te trazer de volta! Essa é sua luta...*

    E o jovem, tomando fôlego, enquanto Pawa caminhava para próximo de Milla, diz:

    — Milla... Levanta... LEVANTA! VAMOS! EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO!

    — Viktor, o que é que você está... – Disse Noah, sem entender.

    — Estou trazendo ela de volta! VAI, MILLA... LEVANTA!

    — Viktor, não faça isso... Ela está muito ferida... Lilac não...

    — LILAC FARIA A MESMA COISA! MILLA, LEVANTA!

    — Lilac iria querer protegê-la, você sabe disso!

    — Sim, mas o que estou fazendo é exatamente isso!

    — Hã? Como assim?

    — Não existe dor pior que a ferida em sua alma de lutador! Milla pode fazer mais do que isso... Eu acredito... EU ACREDITO NO POTENCIAL DELA!

    — Viktor...

    — VAI, MILLA... É A SUA LUTA! FAÇA O SEU MELHOR! LEVANTA! VAI... LEVANTA!

    O momento era de puro desespero. A sina se mantinha, com Milla errar desacordada sobre aquele octógono cercado por uma platéia silenciosa. Os gritos de incentivo de Viktor era a trilha sonora que demonstrava a seriedade do embate. Pawa caminhava indócil proximo de Milla, decidido a terminar com a luta e entregar uma derrota humilhante aos brios da canina.

    A derrota era iminente...

    As alternativas eram quase nulas...

    As chances se esgotaram...

    A única coisa que estava era a certeza da derrota.

    A derrota: o adendo que mais enfraquece uma pessoa. Um fracasso, um retrocesso, uma baixa... A alto estima é destruída. É o fim de tudo; é quando é atestado a ineficácia de suas habilidades.

    Porém existe a resiliência, a força de vontade de seguir em frente e aprender com os próprios erros. Você nunca será um derrotado; você sempre terá aprendizados que te fará mais forte... E cada aprendizado é uma vitória.

    Você nunca perderá. A vida é um aprendizado até o fim. Se você aprendeu com suas derrotas, você é um vencedor.

    Com Milla caída com muitos danos, essa frase foi ouvida em sua mente com uma voz muito familiar a ela. Foram muitos dias junto a essa pessoa, a qual a jovem canina logo tratou de pensar:

    — *Neera Li... Eu estou te ouvindo e ouvindo o Viktorius também... Ele me chama... me incentiva... Pede para que eu volte, mas... Seria eu uma aberração? Eu estou sendo um incômodo a essas pessoas? Porque deveria me levantar? Eu preciso de respostas... Mestra, me ajude.*

    A pouca energia de Milla a fez desacordar. Não havia nada a ser feito. A derrota era questão de tempo...

    Porém...

    A mente de um lutador é diferente das demais pessoas. O entendimento das razões de seguir em frente sempre são abstratos, de acordo com sua doutrinação. Seu manifesto pela sabedoria é contraditório e exponencial, trilhando sua vida a superar seus limites.

    Com sua mente ainda em pleno funcionamento, Milla mergulhou em suas lembranças, quando se recuperou de seu estado depois do trauma na nave de Brevon e ser salva por Lilac, Carol e Torque. Semanas depois, percebendo um grande potencial em seu espírito, a alta sacerdotisa do reino de Shang Tu Neera Li a convidou para ser treinada por ela.

    Foram meses de treinamento árduo e desgastante. Todo dia Milla tinha uma grande quantidade de deveres a fazer e treinamentos a seguir, e isso tudo sob a tutela de Neera, que a mantinha longe de Lilac e Carol pois as tinha como má influência. Embora Neera tivesse uma linha dura de viver, de certa forma ela tinha muito respeito por Milla, a qual passou a viver no palácio até o fim de seu treinamento.

    E foi justamente no dia de sua graduação que Milla se lembrou. Foi um dia absurdamente inesquecível e marcante em sua vida. Perfilada ao lado de soldados do reino de Shang Tu, Milla recebeu o Monk Shuigang's Blue Belt, o prêmio máximo do Monastério de Shuigang, local onde Neera Li treinou durante parte de sua infância e adolescência. Eram poucos os que tinham tamanha honra e a bela panda tratou de dá-la a Milla.

    Entretanto, enquanto se preparava para voltar a cada da árvore de Lilac, a canina procurou por Neera Li em sua sala, dizendo:

    — Mestra, eu...

    — Entre, Milla. O que deseja?

    — Mestra, eu... Eu estou indo...

    — Cuide-se, tudo bem? E procure não se meter em encrencas, principalmente com aquelas duas desordeiras...

    — Tudo bem, mestra. Mas eu tenho uma pergunta antes de ir...

    — Muito bem. Diga.

    — Você já conheceu a derrota alguma vez?

    — Não. Nunca.

    — Nunca? A senhora nunca perdeu?

    — Não. Nunca. Acho que estou a mil anos de qualquer um que tentar me derrotar.

    — Ah... Bem, como lidar com derrotas, mestra?

    — Milla, não te treinei para que seja derrotada. Você nunca será se sempre almejar a vitória.

    — Hã? Como assim?

    — Ouça: sempre pense em vencer. Sabe porque? Simplesmente porque você é invencível se tiver visualizado sua vitória.

    — Mas existem adversários fortes...

    — Você está me irritando em pensar assim! Não me venha com pensamentos de perdedora, Milla! Não há lugar para gente assim aqui!

    — Desculpa, mestra. É que eu sempre fui defendida e...

    — Não dependa de ninguém! Seja independente! Aja de acordo com o que você almeja...

    — Que eu almejo?

    — Busque sempre a vitória!

    — Mas e se eu cair? E se eu estiver entre a vitória e a derrota? Como devo agir? Eu nunca passei por isso...

    Neera Li estava prestes a explodir de raiva mas... Bastou olhar para o belo rosto meigo e inocente de Milla para lembrar que um mestre sempre deve dar conselhos a seus discípulos de forma direta e honesta. Respirando fundo, ela diz:

    — A primeira coisa que você tem que visualizar diante de um momento crítico é dar valor ao que você significa.

    — Que eu significo?

    — Sim. Sempre se pergunte: “porque estou aqui? Para quê? Por quem?”

    — Neera...

    — Escute bem, Milla... ESCUTE BEM! Se cair, LEVANTE-SE! Não fique no chão, pois não é o seu lugar. LEVANTE-SE! REAJA SEMPRE! NUNCA SE ENTREGUE A ESSA HUMILHAÇÃO!

    — Mestra... Eu...

    — JAMAIS SE ENTREGUE AO CHÃO! É UM LUGAR PARA FRACOS! O seu lugar é no ponto mais alto desse mundo. O topo do seu sucesso...

    "... É A SUA VITÓRIA!"

    O grito de fúria de Neera Li era tão forte e bravo que só isso foi o suficiente para fazer com que Milla abrisse seus olhos. Sim, ela recobrou a consciência sob os gritos desesperados de Viktor, que agora era apoiado por Noah.

    — ISSO! VAI, LEVANTA! É A SUA LUTA, MILLA!

    Tomada por uma força desconhecida, Milla lentamente se levantava. As palavras de Viktor de mais cedo ecoavam em sua mente:

    — *A forma que se vence sempre é o mais importante. Devo lutar limpo e dar tudo de si!*

    E, em seguida, as palavras honestas e motivacionais de sua mestra:

    — *O topo do meu sucesso... É A MINHA VITÓRIA!*

    Com Pawa já a poucos passos de Milla, seu olhar de desprezo por ela era ainda mais evidente. Desdenhando da força de vontade da jovem, ele diz:

    — Hm... Lhe concederei a honra de receber meu último golpe com você em pé. É o máximo de dignidade que terá aqui...

    O cenário parecia favorável ao Team Omna. A platéia assistia ao embate com um sentimento de encerramento, quando algo muito inesperado ocorre: uma verdadeira explosão de energia emanou de Milla. Em segundos seu corpo foi envolto por seu poder de feixes. Embora sua fisiologia estivesse inalterada, seus olhos verdes se iluminaram, fazendo sumir sua íris. Suas mãos detinham chamas verdes, como se estivessem tremulando ao vento seco que corria no lugar. A canina mudou completamente sua base, colocando seus dois punhos a frente, numa clara demonstração ofensiva.

    As pessoas que assistiam ficaram estáticas, impressionadas com a mudança de Milla. Em nada lembrava a pequena que havia entrado na arena.

    Pawa sentiu a pressão. Tanto que não deu mais um passo, preocupado com a situação adversa que se formava a sua frente. 

    — *O que? Mas ela estava completamente derrotada... Eu a ataquei com meu golpe mais poderoso... Essa aberração... Esse monstro alchemist...*

    Viktor e Noah não entendiam nada do que havia acontecido a Milla. Seria o resultado de suas súplicas a ela? Ele então tomou a palavra:

    — Noah, você tem ideia do que está acontecendo?

    — Não. Eu nunca vi nada do tipo. Essa energia é diferente de tudo que eu já vi... *Nem mesmo dentro dos conhecimentos do meu pai encontro algum dado. Milla está em um patamar totalmente diferente agora... O que vai acontecer?*

    Pawa se colocou em base de luta novamente, com seu poder ainda percorrendo tudo seu corpo. Milla era somente foco: não parava de olhá-lo, quase como um predador emboscando sua presa. No outro lado do octógono, todo o Team Omna estava de pé, também surpresos e impressionados com tudo que estava acontecendo. Joshy logo diz: 

    — Ingris, você tem ideia do que...

    — Sim. Como esperado, a alchemist acordou. Pawa, seu idiota fraco... Deveria ter terminado com isso. Não é uma simples oponente... Eu o avisei.

    E agora o round final. O que vai acontecer?

    Music: “Dare mo Shiranai Chizu de” by Yumi Matsuzawa

    Milla vs Pawa – The Strongest Puppy Fighter

    The Battle is Begin

    A tensão tomou conta do ambiente. Pawa era encarado por Milla de uma forma jamais vista. Imóveis, parecendo aguardar o movimento um do outro, deixava claro que era a luta decisiva. O lupino vermelho parecia ter mesmo sentido a pressão.

    — *Porque estou tão pressionado assim? É uma menina... Uma filhote que mal enfrentou a vida... Porque tenho esse sentimento? Porque eu não consigo me mexer? Não... Eu não posso ficar parado! A vitória está a um golpe... Um mísero golpe e a derrotarei... Essa aberração jamais deveria ter entrado na minha frente...*

    Incomodado com tanta pressão, Pawa então diz (ou tenta dizer):

    — A...

    Um avassalador soco é sentido em sua barriga, retirando-lhe todo o ar, fazendo-o se abaixar inclusive. Milla mal se mexeu, enquanto em suas costas orbitava um cubo verde. Todos ficaram surpresos com o que aconteceu a Pawa, com Noah dizendo:

    — Milla arremessou uma coisa nele em milionésimos de segundos.

    — Hã? Mas eu não vi nada e... Quando ela fez aquele cubo aparecer?

    — Eu não sei, mas a Milla que está de pé alí não é a mesma que entrou na arena...

    “Eu fico perguntando...

    até aonde eu posso chegar

    Os desafios que no caminho...

    eu irei encontrar”

    Com um surpreendente salto, Milla apareceu a frente de Pawa de forma inesperada. O lobo, sem perder tempo, tentou desferir um soco na canina, que voltou a sumir, estando agora nas costas de Pawa, o goleando com um forte chute. O lupino, surpreso, diz:

    — Mas... Como pode ser tão rápida?!

    A concentração de Milla era completa. Assim como sua mestra ensinou, seguiu seus ensinamentos quase como um roteiro. Era o caminho para a vitória.

    “Pra enfrentar a vida, nunca pensei que fosse assim

    Mas não importa... não há barreiras, vou até o fim!

    Plano misterioso...”

    A pequena não parou, completando assim dia sequência de golpes.

    — CUBE BLASTER! AHHH!

    Sem misericórdia, Milla arremessou sequencialmente nove mini cubos verdes contra o corpo de Pawa, que sofria todos os danos abertamente. Como estava exposto, não pôde sequer se defender. O lupino é jogado para longe, contundido em seu rosto e dorso.

    "Agarro o sonho e vou, eu vou procurar...

    Sigo em frente, é meu destino, não importa o lugar

    Coragem eu terei e nada pode me deter, eu vou...

    Sem medo de nada!"

    Milla parecia ser alimentada por um senso de combate fora do comum. Não era somente o foco em seu adversário: seus golpes tinham uma estratégia com a forma que eram desferidos. Era como se ela tivesse certeza absoluta que iria acertar seu adversário. Pawa, ferido, estava acuado, porém em pé e energizado ao máximo dessa vez.

    — SUA ABERRAÇÃO! GRR! EU VOU TE DERROTAR, PELO BEM DE TODA AVALICE!

    Como um raio, Pawa seguiu até Milla, desferindo um poderosíssimo soco contra a pequena canina. Mas era um golpe destinado a falhar: uma enorme barreira impediu totalmente o soco, deixando Pawa totalmente aberto em sua defesa. Milla não desperdiçou tempo algum:

    — CLANE COMBO! AHHH! GRR!

    Milla deferiu um violento soco contra Pawa em seu rosto, seguido por um desferidos chute em sua barriga, voltando a golpeá-lo com um chute tão forte quanto em sua cabeça, fazendo com que o lobo fosse jogado para longe. Milla tinha pleno controle da luta, não dando margens para que Pawa atacasse efetivamente. Por ter sido jogado, suas costas arrastaram no chão da arena, enquanto Milla corria a seu lado em suas quatro patas, o que surpreendeu Pawa, que diz:

    — Mas como você pode ser tão...

    E Milla, concentrando todo seu poder, que iluminou o centro da arena, diz:

    — Todo o meu poder... Por todos que eu amo... Por tudo que eu acredito... Eu sou Milla, discípula de Neera Li e aliada de Lilac! Por todos os meus amigos, eu irei desferir meu golpe mais poderoso!

    Uma concentrando gigantesca de energia emanou por tudo o corpo de Milla, fazendo com que Pawa praticamente perdesse completamente a noção. Estava pasmo, sem saber o que fazer. E sob seu olhar confuso, Milla diz:

    — MEGA PHANTOM BEAM!

    Um espetacular feixe de energia verde com diâmetro de mais de cinco metros é arremessado contra Pawa, fazendo com que o lupino praticamente sumisse dentro do clarão que iluminou toda a arena. Com a força, Pawa foi jogado para fora da arena, se chocando contra a parede da arquibancada.

    “E eu enfrentarei, e derrotarei

    Todo aquele que for mau, não descansarei

    Coragem eu terei, e nada pode me deter, eu vou

    Sem medo de nada...

    E eu enfrentarei!”

    O estrondo foi enorme. Foi a ouvido fora da arena. O silêncio que imperava no lugar deu lugar algazarra. A luta havia terminado. Milla venceu! De forma surpreendente. Com Pawa caído e bastante ferido, Milla caminhou até próximo onde estava, com Noah e Viktor, correndo ensandecidos em sua direção. Ela, olhando para Pawa, diz:

    — Você está bem?

    — Cale-se... Eu não tenho nada para falar...

    — Tem sim.

    — Saia daqui...

    — Não. Você precisa dizer. Você está bem?

    — Como posso estar bem depois de ter perdido? E ainda por cima para uma criança como você... *Essa aberração... O que ela quer?*

    — A derrota é um aprendizado. Você sempre será um vencedor enquanto aprender com seus erros.

    — Hã? Garota, isso que você disse...

    — Você quer saber o que minha mestra me disse quando eu fui embora para a casa da árvore da Lilac?

    — Porque está me dizendo isso? Não faz o mínimo sentido...

    — Você quer saber?

    — Diga... *Porque ela simplesmente não vai embora? Porque está se importando tanto comigo?*

    — Eu não sabia lá muito bem me portar como uma lutadora. Na verdade eu decidi aceitar ser treinada por ela pra ser uma pessoa melhor, sabe? Só que ela me disse que “o importante não é ser melhor do que alguém, e sim melhor do que ontem”. É assim que eu vivo. Eu sou Milla Basset. Não quero mal a ninguém. E eu não sou um monstro. Só sou a Milla...

    Pawa sentiu. Ele percebeu. Conseguiu finalmente observar Milla além do que ele tinha como preconceito. Na sua frente não era mais uma alchemist, nome esse que tinha desprezo. Era a Milla, nada mais que isso. A pequena canina praticamente lhe ensinou o poder maior de uma pessoa: humildade. Durante toda a luta Pawa desprezou a existência de Milla, mas a canina só estava fazendo o que veio fazer: lutar. A discriminação que praticou perdeu tudo o fundamento. O lupino aprendeu uma lição severa, que iria mudar drasticamente sua vida. Enquanto Viktor e Noah abraçavam Milla, felizes, Pawa teve tempo de pensar sobre si:

    — *Todo esse tempo eu fui um insensível. Meu preconceito bobo quase me custou minha honra, mas essa menina... Não, essa guerreira me ensinou uma lição. Ela demonstrou muita garra e lutou contra tudo, até contra meu preconceito. E no fim, me derrotou. Mas... Eu não me sinto mal por isso. Por alguma razão, me sinto melhor que antes. O que seria isso? Hm... Eu já sei... Esse sentimento é de...*

    Pawa então se levantou e, mesmo fraco, foi até Milla, estendendo sua mão. Ela, gentilmente a apertou, com o jovem logo levantando seu braço, mostrando a todos seu respeito. Ao mesmo tempo que Pawa reconheceu a vitória de Milla, também ganhou o respeito de todos. Como constatado antes, humildade é uma âncora para um bom entendimento da vida.

    E enquanto caminhava de volta para junto de seus aliados, Pawa concretizou seu aprendizado:

    — *Esse sentimento é gratidão. Obrigado... Mila.*

    Um forte oponente, que estava perdido, que mostrou seu preconceito abertamente. Mas na derrota encontrou respostas e, compreendendo seus erros, aprendeu a ser humilde. Pawa teve mais ganhos que perdas.

    — MAS QUE LUTA, MINHA GENTE! ESSE É O TORNEIO TORMENTA! MILLA É A VENDEDORA!

    THAT WAS ONLY WARMING UP!

    VAMOS PARA A PRÓXIMA LUTA! OS PARTICIPANTES TEM CINCO MINUTOS. PREPAREM-SE!

    Com Pawa indo até a enfermaria, Joshy, que estava de braços cruzados próxima a arena, foi interpelado por Ingris, que diz:

    — Uma derrota... Para uma criança. E uma alchemist...

    — E Pawa, como está?

    — Deve estar com o orgulho bem ferido, aquele palerma...

    — Ingris, você é a próxima.

    — Estou sabendo. Isso é bom.

    — Conhece esse garoto híbrido aí?

    — Blá blá blá... É um bibliotecário. Está aqui por convide de Lilac...

    — Tem mais coisas sobre ele?

    — Sim. Ele é um pouco arrogante, solitário... Bibliotecários são assim.

    — Ingris, não subestime nenhum deles. Essa garota derrotou seu irmão.

    — Uma alchemist sempre tem cartas na manda. Mas um bibliotecário só tem livros, e não tem como colocá-los na manga. Só precisamos de uma vitória. Irei trazê-la em dois minutos.

    Ingris terminou suas palavras fitando Noah que, ao fundo, ainda comemorando junto a Milla e Viktor, retribuiu a encarada...

    Continua.


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