Os Cinco Selos

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    Capítulos:

    Capítulo 209

    O Equilíbrio

    Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Yoo!

    Finalmente, após três meses, estamos de volta! O motivo desse sumiço foi um pouco diferente, pois eu acabei escrevendo uma mini-história sobre um paladino. Minha intenção era só fazer uma one-shot com no máximo 4k de palavras, mas acabou sendo o dobro! Quem estiver curioso, chama-se "Um Dia de Fé - A História de um Paladino".

    Bem, este capítulo é um dos pontos mais altos dessa parte, e também da história toda em si, então aconselho que prestem um pouco mais de atenção! Nas notas finais, comento melhor sobre. Estive tão ansioso por ele que acabei escrevendo em um dia só!

    E também, mês passado, completaram QUATRO anos que venho postando esse merda! AEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

    Somamos um total de 85k de visualizações com o passar deste tempo, uma marca muito maior do que eu pensei que alcançaria. Sempre tento manter um mente que, se eu tivesse a maturidade na escrita que tenho hoje, esses números poderiam ser maiores! Na verdade, é no que quero acreditar

    Portanto, muito obrigado, você, antigo ou novo leitor, que esteja lendo até aqui. Obrigado pelos comentários, seja ele construtivo, aleatório ou em forma de desabafo. Não importa o teor, sempre me impulsionam para continuar escrevendo! E a única forma de recompensá-los, é dando um final a esta história, mesmo que seja 1 capítulo a cada 3 meses kkkkk

    Boa leitura ^^

    Após seu triunfo incontestável sobre os Mephistos, Lúcifer despachou os demônios da cidadela, com exceção de Meiritelle e alguns outros que ascenderam: Merlyn, Gouth, Jorge e Steck. E a estes demônios que ficaram, inicialmente ele repassou uma simples ordem: não incomodar até a segunda ordem.

    Ora, o anjo adentrou na biblioteca da ordem, com três andares sobre sua cabeça e um sob seus pés, abarrotado de livros. Obviamente, nem todos ali se tratavam acerca de magia, mas também sobre filosofia e história da humanidade. Anjos não aprendiam sobre a arte da magia no céu, simplesmente nasciam com um dom especifico e só utilizavam ele. Lúcifer, no entanto, queria ir muito além. Sabia que, para seus futuros planos derem certo, iria depender praticamente da energia da natureza... em outras palavras, iria precisar aprender a manipular a magia ao seu redor. Era o caminho mais rápido para ficar ainda mais poderoso e de achar um método de aniquilar Bahamut de uma vez por todas. Então, por lá ele ficou durante muitos anos seguintes, sem nem mesmo sair para tomar um ar fresco.

    Lúcifer começou seu aprendizado do básico: com livros que contavam sobre o que era magia. Mana era como os humanos chamavam toda a energia provida da natureza em sua forma bruta. A sua manipulação, dando-lhe forma, cor e ação, era o que chamavam de magia. Simples assim. Os humanos não eram capazes de manipular a energia da natureza em sua forma bruta, por isso tinham que desenhar círculos mágicos e runas, no entanto, com a criação do cajado, tudo isso se tornou mais fácil. Anjos e demônios, porém, conseguiam concentrar esta energia sem a utilização destes artefatos. Mas não significa que a utilização destes círculos e runas eram desnecessários, pois intensificava ainda mais a magia. Depois de se aprofundar ainda mais a este respeito, ele enfim começou a praticar.

    Bem, entender a prática foi mais difícil do que ele imaginava. Ele conseguia controlar sua energia tão fácil quanto respirar... mas converter a energia da natureza em algo completamente diferente era complicado. Por muitas vezes o anjo falhou, esquecendo-se de usufruir do princípio mais básico e essencial: imaginação. Muitos dos livros deixavam vago como deveria ocorrer esta imaginação, até ele encontrar um que dizia detalhadamente. Para invocar uma bola de fogo, por exemplo, não deveria simplesmente imaginar a esfera laranja, tinha que ir muito além. Lúcifer teve que imaginar a energia da natura fazendo cócegas em seus dedos, o formato preciso da esfera, o quão denso era, as chamas ondulando e o fervor que emitia. Não só isto, mas também como aquele calor agia sobre seu corpo, no ar e nas estruturas ao redor, e, por fim, qual era sua finalidade. Ora, arcanjos são criaturas poderosas de nascença, então quando Lúcifer conseguiu conjurar a magia, foi tão poderosa que quase imbuiu a biblioteca em chamas, apesar de seu propósito era de apenas queimar um manuscrito próximo.

    Sorriu, então, o futuro imperador do inferno, pois havia conseguido conjurar sua primeira magia! Contudo, aquilo era um pequeno passo para o que queria de fato. Ele queria não só conjurar as magias mais poderosas, como também deseja modificar e criá-las. Para isto, levaria muitos anos para estudar sobre a arte da magia e tudo o que a roga.

    Com este propósito, o de aprender sobre a ciência do mundo, Lúcifer um dia se deparou com um livro chamado “O Equilíbrio”. O autor, um Mephisto muito sábio em sua época, dizia que o Equilíbrio é uma força natural, independente e sem corpo, cujo qual paira sobre o mundo e age sobre todos nós desde o nascimento até a morte, de forma imperceptível e impossível de se controlar e ninguém está impune dele. Isto, pode-se dizer que até meus deuses, anjos e demônios não conseguem controlá-lo e nem mesmo resistir. Esta força não possui lados, ou seja, não difere o mal do bem, a criação da destruição. Ela simplesmente sabe que no mundo todas as coisas devem estar na mesma proporção, seja boa ou ruim, pois só assim irá prosperar em equilíbrio. Até então, tudo isto Lúcifer já tinha ciência, porém, em um adendo, seus pensamentos ficaram perturbados:

    “Ora, também existem outras forças sem corpo neste mundo, e todos nós já conhecemos muito bem. Contudo, elas agem conforme o Equilíbrio permitir. Quer exemplos? Ótimo! Deus é a personificação da bondade e da construção. Bahamut, no entanto, é a personificação da maldade e da destruição. Há também a personificação da morte, fome, fúria, guerra, peste, vida e vingança, e estes são atribuídos aos Selos e os Nephilins. Pode se observar os anjos como a personificação do poder de Deus, enquanto os demônios são os do Bahamut. Portanto, e se existir a personificação do Equilíbrio? Em outras palavras, se uma força natural e independente, que não distingui o bem e o mal, que sua decisão é o que dita o mundo, tiver um corpo? Estaremos seguros desta criatura de poderes exorbitantes?...”

    Lúcifer se afastou do livro como olhasse para o pior de seus pesadelos. Sua cabeça imediatamente começou a doer, pois seus pensamentos reconstruíam memórias passadas há muitos anos antes, no momento da criação do último nephilim. Ele lembrou-se de Deus, de Suas palavras proferidas naquele instante, e repetiu naquela biblioteca, olhando fixadamente para o nada:

     — Este é o sexto Selo, Vingança. Ele irá agir de forma independente dos outros e sua força será a mais grandiosa...

    Eis! Raios estalaram por toda a biblioteca de forma ensurdecedora. O anjo caído sentiu um poder esmagador adentrar no edifício e mediatamente correu até sua espada. Quando a alcançou, ele virou-se na direção da poderosa presença. Desta forma encontrou o sexto selo, Vingança, sentado no alto sobre uma estante de livros.

    — Lúcifer, você sabe que só isso não vai ser o suficiente para me matar.

    — O que você faz aqui, Vingança? — perguntou o anjo, sem abaixar a lâmina.

    — Não é óbvio? — O nephilim fez uma careta. Seus olhos eram azuis de tanta energia que passava por eles. — Vim responder suas perguntas. Seja breve, não tenho todo o tempo do mundo.

    Lúcifer queria protestar mais, porém, caso fosse verdade que teria suas perguntas respondidas, não seria tão sábio. Abaixando a espada, indagou a primeira:

    — O que você é, afinal? A personificação da Vingança ou do Equilíbrio?

    — Ah! Começamos com uma ótima pergunta! — Sorriu Vingança. Em seguida, fez uma leve mensura. — Sou a personificação do Equilíbrio.

    — Mentiroso! — explodiu o anjo. — Isso não faz nem um pouco de sentindo! Por que Deus iria dar um corpo para a força tão poderosa que nem mesmo Ele controla?! E o pior: que pode trazer destruição!

    — Porque essa não foi a intenção Dele. Este mundo em que vivemos... Deus criou com muito esmero. É a sua maior e melhor criação. Perfeita. É uma obra que, através de uma série infinita de ações e consequências, da criação e destruição, está em constante mudança. Ou seja... é uma obra eterna. O Equilíbrio é quem decide a intensidade destas ações e consequências, de forma proporcional e necessária. Para Deus, devido a sua extrema bondade, julga que a destruição é um preço caro demais a se pagar para manter esta eternidade. Contudo, Ele só foi perceber a enorme complexidade de sua obra tarde demais para haver mudanças sem que haja sua destruição total ou parcial. O único meio que Deus encontrou para combater isto foi a criação dos Nephilins, que teriam a responsabilidade de impedir o pior o cenário de destruição causando o menor possível. Eu também fui criado com este propósito, mas acabei seguindo outro caminho. Eu me tornei o último erro de Deus, mas a personificação da força mais poderosa e singular.

    Tanta informação sendo recebida deixou o anjo congelado por poucos segundos. Ele largou a espada e levou a mão até a testa, esfregando com as costas.

    — Então... Você, o Equilíbrio, sai por aí, por entre linhas temporais; mundos e mais mundos, agindo sobre anjos, demônios, humanos, deuses, criando novas possibilidades de criação e destruição... como se fossem peças de tabuleiro de um grande jogo para sua diversão?

    — Se é isso que faz você entender minha atuação sobre o mundo... então, sim. Contundo, há “peças” que eu simplesmente não consigo mover, por assim dizer. Chamo elas de “variáveis”.

    — E quem são?

    — Os nephilins, é claro. A segunda criação mais perfeita de Deus, que só foi possível fazê-la graças ao seu maior erro... Bahamut. — O Equilíbrio abriu os braços, fazendo os raios estalarem entre eles, assemelhando-se as constelações. — Deus veio de um lugar muito, mas muito distante daqui. Um lugar, mais quente, mais frio, mais sem cor, mais sem cheiro e mais bem vazio do que qualquer outro. Quando criou esta nova raça, Ele garantiu de forjá-los naquele lugar, e os trouxeram para este mundo. Sendo assim, como não são criações deste mundo, o equilíbrio não pode agir sobre um nephilim. Contudo, se existirem demais destes no mundo, estamos fadados a destruição. Assim, só podem existir sete nephilins. Deus os criou na proporção correta. — Ao desfazer os raios, ele observou o anjo por um instante, e percebeu que esperava uma explicação a mais. — Vamos utilizar você como um exemplo. Não importa quanto anos antes eu regredir nessa linha temporal, você, como um elemento constante, sempre irá fazer o mesmo trajeto que está destinado a fazer. Então, se eu voltar para este mesmo ponto, você ainda terá triunfado sobre os Mephistos. Contudo, se fosse um nephilim, isso seria incerto. Talvez ele triunfe novamente, talvez perca, talvez nem mesmo chegue até aqui. Um nephilim, sozinho, é um perigo constante a todos ao seu redor. Agora, todos nephilins, unidos e com o mesmo propósito, significa que o mundo está prestes a tomar um rumo completamente desconhecido.

    — Espere, espere... tem algo errado. Antes, disse que o equilíbrio agiu sobre você. Agora, me disse o equilíbrio não é capaz de agir sobre os nephilins, e você é um. — Lúcifer abriu um sorriso e começou a gargalhar. — Seu filho da puta! Você que se autodeclarou como a personificação do equilíbrio!

    — É óbvio. Eu sou a única criatura deste mundo capaz de viajar por todas as linhas temporais e sou o mais poderoso dentre elas. Se não eu, que mais seria?

    — Nem você e mais ninguém! Só nesta última frase, se contradiz muitas vezes. Ora, você não é um ser criado neste mundo, e sim em um muito, muito distante, pois é um nephilim! — Lúcifer, com um olhar sombrio, encarou a criatura que se autoproclamava o Equilíbrio. — Você só é mais uma divindade sádica que fora corrompido com tanto poder que tem no rabo, e agora quer ver o mundo se desdobrando ao seu bel-prazer. Quem você acha que sou, nephilim? Pode tentar se esconder atrás de palavras sábias e épicas, porém não irá me enganar.

    — Não! — proferiu Vingança, fazendo a biblioteca tremer. Sua expressão agora é de fúria. — Eu sou o Equilíbrio, a força que dita este mundo!

    — Há mais um ponto — prosseguiu o anjo, ignorando a fúria do nephilim. — Se você deu ênfase que só podem existir sete nephilins no mundo, significa que há linhas temporais em que sua raça se reproduz de alguma forma. Logo, se passarem de seis, isso quer dizer que, de alguma forma, isso traz riscos para você, correto?

    — Faria outras perguntas se fosse você, anjo caído. Bem mais importantes.

    — Não... se existir variáveis demais em seu jogo, será difícil controlá-lo, portando devem existir sempre poucos. Assim, quando os nephilins começarem a ter filhos, você move suas pecinhas em seu tabuleiro para criar condições onde eles irão eventualmente morrer, correto?

    Silêncio como resposta.

    — Acredito que Morte e os outros não saibam disso... correto?

    Silêncio como resposta. O sorriso em Lúcifer aumentava conforme a expressão do Vingança se contorcia em ódio.

    — Esta é a verdadeira prova que você não passa de um nephilim, Vingança. Nem sequer imaginava que eu compreenderia tão rápido ao ponto de te lançar tais perguntas. Logo, você nem sequer viveu este momento, e já que sou um elemento constante... você é a variável aqui. Esta nova linha temporal que se cria, está surgindo graças a você. — Encarou o nephilim de maneira ameaçadora. — Agora você pode ir pulando de linha temporal para outra, ganhando nessa discussão. Contudo, nesta aqui... eu ganhei de você.

    Em menos de um piscar de olhos, Vingança ficou a centímetros do Lúcifer, e ambos se encaram nos olhos, sem movimentação alguma.

    — Será que ganhou mesmo, Lúcifer? — questionou Vingança, calmamente, porém com fúria. — Ao meu ver, eu simplesmente acabei de mover uma de minhas muitas peças em meu grande jogo de tabuleiro.

    Antes que tivesse resposta, aquele que se autoproclama como personificação do equilíbrio sumiu, deixando o anjo caído sozinho novamente.

    De imediato, Lúcifer esbravejou com um grito de fúria e acertou a mesa mais próxima com o punho, quebrando-a em pedaços. "Isto muda tudo!, pensava enquanto bufava de fúria. "Já tenho inimigos demais... poderosos demais e agora mais um! Louco o suficiente para acreditar que é o próprio equilíbrio!" Fechou os olhos, tentando se acalmar. Sua cabeça fervia, pensando e pensado. Muitas portas se abriram com esta conversa, assim como também esclarecimento e uma nova perspectiva. Incomodava o fato que ele parecia ser uma peça de um jogo, e não o dele, mas tudo isso não era de tudo um mal. Agora, Lúcifer sabia muito bem quais eram seus inimigos. Todos eles. Iria derrubá-los a qualquer custo, seja por suas mãos ou não. Simplesmente porque queria.

    Então, calmo, o futuro imperador do inferno escolheu um livro da biblioteca para ler. Agora, enquanto aprendia a respeito sobre a arte da magia e tudo que a roga, também arquitetava seus planos sombrios. Detinha mais um inimigo em sua lista, e talvez o mais poderoso dentre eles. Mas não importava tanto assim, afinal. Vingança havia criado uma nova linha temporal a partir dali, então tinha certeza que seus novos planos nunca antes haviam sido ouvidos por ele. Era só mantê-los em sua perversa mente. Não importava o quão poderoso, onipresente e onisciente Vingança pode ser, não conseguir invadir sua mente e como derrotá-lo era simples: basta fazer o Equilíbrio girar ao seu favor.

    Lúcifer irá conseguir, pois consegue tudo o que quer. Simplesmente porque ele é a personificação do orgulho, e não há grandeza maior do que se satisfazer com suas glórias. E suas façanhas mudariam o mundo de uma forma que ninguém imagina. Serão grandiosas e eternas. Irão ser a base que moldará um futuro próximo e longínquo.

    Ora, o futuro imperador lia o livro em silêncio e com calma, mas o interior de sua mente era barulhento e caótico.

    Continua <3 :p


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