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O ambiente era frio e tenebroso, a sensação que o pequeno guardião tinha era de estar entrando em uma enorme tumba ao invés de uma sala do trono.
“Que recepção calorosa.”
Pensa o menino.
A sua frente pode ver o governante de seu reino sentando em seu grande trono, sua armadura era apavorante, assim como suas feições e a terrível cicatriz na face, mas o que mais chamou a atenção do menino foram os olhos do rei, pode finalmente entender de onde Anna havia herdado seus belos olhos turquesa, só que ao contrário da princesa que transmitiam luz e vida os do rei pareciam mais os de um cadáver.
“Esse cara é mesmo o pai da Anna? “
O jovem balança a cabeça.
“Não é hora pra pensar nisso tenho coisas mais importantes a fazer do que reparar em semelhanças físicas!”
Aperta com força o anel do lobo em seu bolso e prossegue sua caminhada até o trono.
Perto do trono o menino pode ver dois grupos de pessoas discutindo. Os do lado esquerdo eram velhos e usavam vestimentas longas como se fossem sábios e portavam cajados, os do lado direito vestiam armaduras e portavam armas como espadas, lanças e escudos.
O clima entre eles não parecia nada bom.
– Volto a repetir esse sumiço veio bem a calhar, a segunda princesa sempre foi dispersa, infantil e totalmente incapaz de assumir qualquer responsabilidade! – Brada o velho na frente do grupo da esquerda. – O reino, a coroa e principalmente a primogênita ficarão melhores sem ela por perto!
O rapaz do lado direito trinca os dentes e sem pestanejar despeja:
– Como ousar dizer isso de uma pretendente ao trono!!! – Era um rapaz de cabelos loiros espetados que aparentava ser o líder do grupo. – Anna é uma criança, claro que tem que ser infantil, agora dizer que ela é incapaz de assumir o trono, isso é prepotência demais!
O menino arregala os olhos.
“Peraí? Eles estão falando sobre a Anna!”
O menino decide perguntar aos guardas que o escoltavam:
– Ahhh, posso saber quem são eles?
Um dos guardas olha para ele sobre o ombro, suspira e responde:
– Eles são os representantes dos sábios e dos cavaleiros.
– Representantes? – Essa era nova para o menino.
– Isso mesmo... são dois grupos distintos que ajudam na gestão e manutenção do reino eles são... A Ordem dos Sábios, que são compostas por sua grande maioria por magos, comerciantes e nobres. E A Ordem dos Cavaleiros representada pelos capitães e guerreiros que protegem o reino de ameaças internas e externas, em suma a força militar do reino.
O garoto se surpreende ao ouvir tudo aquilo, não fazia ideia que seu reino estava desse jeito tão...
– Dividido...
– Infelizmente sim e tudo piorou com o sumiço da princesa.
– Como?
– Shhhhiii, é melhor não falar muito, podem acabar tirando sua patente. – Diz o outro guarda que acompanhava Gládius. – Vou apresentar você a eles, vê se comporte menino!
O pequeno guardião franze o cenho.
– Pode deixar chefia, não vou fazer nada de estupido, afinal não foi para isso que eu vim. – E esboça um sorriso de deboche irritando o guarda.
– É um plebeu mesmo! – Rosna o soldado que se aproxima do grupo e do rei, bate sua lança com força no chão chamando assim a atenção de todos. – – Perdão pela intromissão... Sábios... Cavaleiros... Majestade. – O guarda se curva para cada um deles.
O mais velho do grupo dos sábios dá um passo à frente e encara o soldado mortalmente.
– Como ousa interromper nossa reunião seu verme arrogante, SAIA! Deixe este lugar, aqui só pisam os mais honrados e “amigos” pessoas do rei, não gentalha como você!
O soldado abaixo a cabeça envergonhado, Gládius por sua vez perguntou ao outro guarda que estava ao seu lado.
– Quem é esse babaca?
O guarda ao seu lado responde sério:
– Chanceler Bartos. Um dos líderes do Conselho dos Sábios, porta voz direto do rei Richard. – Explica o guarda. – É um velho irritante, chato, presunçoso, se acha o melhor de todos e pisa em nós pobres soldados de baixo escalão.
Ao ouvir aquele discurso tão sincero do guarda, o pequeno guardião só tem algo a dizer:
– Em suma, é um babaca!
E o guarda responde ainda mais sincero:
– Sim... um grande babaca!
O menino teve que segurar o riso, pelo visto nem todos daquele castelo eram pessoas arrogantes e sem coração, até tinha um senso de humor.
– Como ousa insultar um dos nossos soldados Bartos!!! – Brada o rapaz de cabelos loiros trazendo a atenção do chanceler de volta para ele.
– Ohhh, desculpe capitão Link, esqueci que você tem um coração grande para com o seus semelhantes, que não consegue ver nenhum deles sendo destratado ou humilhado, estou certo?
O jovem de nome Link trinca os dentes e o velho parecia se divertir com isso.
– Devo lembra-lo que em Arendelle o direito de decisão sempre foi dos mais sábios e daqueles detores da magia, ou seja... – Aponta para si mesmo. – ... este direito é dado a nós magos, estudiosos e nobres! Um mero soldado como você tentando fazer com que os cavaleiros se comparem a nós... é o cumulo do absurdo!!!
O capitão encara o velho mortalmente, não iria cair na provocação daquele maldito... não, faria melhor...
– Engraçado o senhor dizer isso, pois devo lembra-lo que em todas as crises que ocorreram neste reino desde de sua fundação, não foram os sábios, magos ou nobres que livram nosso reino das ameaças!
Dessa vez até o rei ergueu o rosto e parecia prestar atenção na conversa e era isso que o capitão queria.
– Devo salientar que durante o ataque dos rebeldes de Lotrhic, eu e meus comandados não vimos nenhum dos ditos sábios empunhar seus cajados e usar suas ditas magias para ajudar na batalha?
O velho arregala os olhos.
– O que está insinuando garoto?!
Link abre os braços e diz:
– Nada chanceler! Só estou mostrando a todos nesta sala que nos tempos mais difíceis não foram palavras, títulos ou sermões sobre quem é superior a quem que nos salvaram da aniquilação e sim nossa bravura!!! – Ao dizer aquelas palavra os cavaleiros que o seguiam gritam em corro.
– UUUHHHHAAAAAHHHHH!!!!
– Nossa ordem! – Continua o capitão. – Quando ainda se chamava de Andarilhos lutávamos por uma Arendelle melhor, uma em que um sábio era verdadeiramente um sábio, não um fanfarão que se aproveita de seus status para benefício próprio!!!
O chanceler recua, seus olhos trasbordavam de ódio contra o rapaz a sua frente.
– Como você ousa... por acaso esqueceu quem eu sou?! – O velho pergunta cuspindo. – Sou o grande Chanceler Bartos Estratos!!! Grande Sábio, mago das chamas e...
– UM TREMENDO BABACA!!!
Todos no salão se calam, o velho fica de boca aberta e com seu dedo indicador erguido, uma veia cresce em sua testa enquanto ele assimilava aquelas palavras.
O jovem capitão por sua vez olha para a direção em que veio a voz. Seus olhos azuis se deparam com um jovem menino de roupas humildes que acenava para eles.
– Oi! – Exclama o menino. – Desculpe tá invadido, mas a conversa de vocês estava como posso dizer... me enchendo o saco!
O jovem capitão pisca várias vezes até que...
– Ahhh, quem é você?
O menino sorri.
– Sou apenas um jovem plebeu que veio ajudar vocês da realeza a resolver seus problemas!
O capitão por sua vez pergunta:
– Como disse?
– QUEM É ESTE VERME?! – Brada o chanceler finalmente saindo de seu transe.– Caminha a passos pesados, empurra o guarda a sua frente e fica de frente para o menino que tinha quase o seu tamanho. – Quem diabos é você e como entrou aqui?!
O garoto coloca as mãos para dentro dos bolsos do Sobretudo velho que usava e responde dando de ombros:
– Ué... pela porta da frente oras!
O rosto do velho chanceler se torna rubro e Gládius pode ver duas fumacinhas saindo das narinas do velho.
– Vixe... uma panela velha!!! – Exclama o menino apontando para o velho.
Os soldados e até mesmo os outros sábios colocaram as mãos em frente as bocas para tentar conter as risadas, deixando o velho ainda mais irritado.
– Com ousa debochar de mim garoto? Sabe quem eu sou?
O menino dá um passo à frente e encara o velho, seus olhos reluziram em pura frieza fazendo o velho sentir um frio na espinha.
– Sou alguém que é melhor você não provocar bode velho. Posso ser novo, mas já vi mais mortes que você em seus cento e sei lá anos de vida, posso garantir!
Bartos recuou alguns passos, sentiu sua testa suar, não parecia que estava na frente de um menino e sim de um predador voraz capaz de destroça-lo em um piscar de olhos.
“Quem diabos é esse menino?!!
– Já basta! – A voz do rei se faz presente e todos no salão se voltam para ele. – Saia da frente Bartos... deixe esse menino passar.
O chanceler encara o rei atônito.
– M-Majestade... não está pensando em ouvir este moleque, temos assuntos deveras mais importantes para tratar como...
– Você não meu ouviu? – O rei corta o velho, sua voz era fria e medonha. – Saia da frente... AGORA!!!
Uma intensa Aura cobre todo o salão fazendo todos que estão lá recuarem alguns passos, o velho chanceler por sua vez cai de bunda no chão, seu corpo se tremia todo e o pequeno guardião pode ver uma poça de água se forma em baixo dele.
“Eita! Fez o velho se mijar!!!”
Pensa o pequeno guardião ao sentir aquela Aura. Já o velho chanceler nem se mexia, estava estático, envergonhado e com certeza humilhado, sua boca tremia e as palavras não saiam e para piorar o rei se levantou. Desse de seu grande trono e caminha imponente para próximo do chanceler que ao sentir a sombra do monarca não pensa duas vezes e engatinha para longe dele voltando para perto dos outros sábios, assim o pequeno guardião pode finalmente ficar frente-a-frente com o Rei de Arendelle.
O menino ergue o rosto para o alto, pois o rei tinha o dobro do seu tamanho, suas feições não mostravam nenhuma emoção, parecia uma grande montanha de aço sem vida impossível de escalar para qualquer um, mas ele não era qualquer um...
“Muito bem chegou a hora!”
– Então... quem é você e o quer em meu castelo?
O menino endireita sua postura, retira as mãos dos bolsos, fica reto, coloca a mão direita fechada sobre o peito e diz:
– Me chamo Gládius senhor. – Inclina o corpo cumprimentando o monarca. – O único motivo de ter vindo aqui lhe incomodar é que tenho informações sobre sua filha... a princesa Anna.
Ao dizer o nome da princesa, Gládius esperava alguma reação do rei, mas não obteve nada, pelo menos não dele, ao contrário quem demostrou mais emoção ao ponto de desfazer sua postura, correr até ele, segurar seus ombros e perguntar visivelmente emocionado foi...
– Você disse Princesa Anna?! – O jovem capitão.
– Ehhh, disse!
O capitão cai de joelhos após ouvir aquela afirmação, ainda segurando os ombros do menino, agradece:
– Obrigado Grande Sif, você atendeu as minhas preces e protegeu a princesa... Ela está viva!!! – Se levanta e brada. – VIVA!!!
Os outros cavaleiros bradam em coro pela notícia, os sábios ficaram mudos especialmente Bartos, o rei por sua vez da às costas e caminha se afastando do menino.
– Majestade, isso é uma boa notícia... não é? – Pergunta o capitão para o rei que se senta novamente em seu trono e apenas responde:
– Sim é... e mais uma vez essa idiota criou um alvoroço atoa!
A alegria que contagiava o salão se foi tão rápido como veio, o pequeno guardião olhou para todos os lados vendo os sorrisos murcharem e olhos de desapontamento surgirem nos rostos das pessoas, principalmente no dos cavaleiros.
“Nossa... Isso que é acabar com a moral de um grupo.”
Pensa o menino.
– Diga-me menino? – Pergunta o rei seco. – O que a idiota da minha filha aprontou desta vez?
Gládius encarou o rei de volta.
“Ele nem faz questão de esconder que não gosta da Anna... que tipo de pai é esse?!”
– Fiz uma pergunta menino... o que aquele idiota aprontou?!
Aquilo não foi um pedido, foi uma ordem clara e ele tinha a resposta certa para dar:
– Bom... – Se aproxima mais do trono sendo seguido pelos olhares de todos. – Digamos que aconteceu um acidente...
– Acidente? – Pergunta o rei seco.
– Que tipo de acidente? – Pergunta o capitão preocupado. Ao contraio do rei que parecia alheio as suas palavras, o jovem sim mostrava um grau de preocupação para com a filha do rei.
“Quem dera o rei fosse esse cara...”
– Continue menino, o que ouve com aquele idiota... caiu e se machucou, ou chorou como uma fraca que ela é?!
O jovem guardião pode pela primeira vez ver um sorriso na face do rei, um sorriso de puro cinismo, tal sentimento fez com que o menino serrasse seu punho direito com força.
“Se acalma... você tem muito a perder aqui se perder a cabeça”!
Dizia para si mesmo, então respira fundo para espantar o ódio iminente que começava a crescer em seu interior.
“Será que Artorias também se sentiu assim diante de um monarca deplorável, porque é o que esse cretino é!”
– Meu jovem.
– Ah? – A voz do capitão o desperta.
– Por favor, continue.
Os olhos do capitão eram de pura suplica... como um irmão ou parente que demostrava aflição e preocupação com alguém querido... olhos verdadeiramente humanos...
Um sorriso de satisfação brota no rosto do menino que responde:
– Não se preocupe... ela está a salvo.
Uma feição de alivio tomou conta da face do jovem capitão, como se tivesse tirado um peso de suas costas.
– Que bom... não sabe como ficamos aliviados de saber que elas está...
– Link, não interrompa! – Ralha o rei. – Preocupe-se com seus soldados e não com minha filha. – Depois encara o menino. – Conte-me tudo sem esconder nada menino.
– Sim, majestade. – O menino chega mais perto das escadarias do rei e diz o seguinte; – Sua filha realmente se machucou como o senhor disse, mas isso só aconteceu por que ela estava fugindo para viver!
O rei serra os olhos ao ouvir isso.
– Fugindo para viver? – Pergunta o monarca.
– Exatamente! A princesa foi atacada por uma matilha de lobos durante seu percurso pela floresta... ela fugiu... caiu em uma ribanceira e se machucou perdendo a consciência, se não fosse por Ruby...
– Ruby?! – Questiona o monarca.
– Uma gatinha rosa e alada falante que estava junto com ela... olha tenho que dizer... o mundo é um lugar estranho!
Todos no salão fitavam o menino após ouvirem o que ele acabara de dizer.
– Eu... não me lembro de Anna ter uma gata rosa? – Murmura o rei.
– E que voa, não se esqueça disso! Mas isso não vem ao caso agora! O importante é, se não fosse por essa gatinha, eu não teria aparecido a tempo de salvar Anna. Ela mesmo pequenininha carregou Anna desacordada até a outra margem de um rio próximo aonde eu estava... ela foi uma heroína.
Todos no salão ouviam atentamente as palavras do jovem, alguns achavam fantasiosos demais e que ele estava inventando, mas a riqueza de detalhes que ele fornecia era tanta que ficava difícil achar que ele estivesse inventando tudo isso.
– E depois? – Pergunta novamente o monarca.
– Pedi ajuda das pessoas que moravam próximas ao riacho que me ajudaram a cuidar dela, depois a limpamos e por fim ela adormeceu, a essa altura já deve estar acordada e comendo alguma coisa. – Gládius estava evitando falar que foi sua família quem ajudou a princesa, era uma estratégia que os Guardiões usavam para proteger seus entes próximos de um possível ataque.
“Quanto menos ele souber sobre minha mãe e a Mia, melhor. “
Pensa o menino.
Um silencio se formou novamente no ambiente após a narrativa do menino. O rei ainda o encarava com frieza, mas o menino não se mostrou intimidado e depois de algum tempo que pareceu levar a eternidade:
– Como descobriu que a menina que salvou era minha filha, podia ser qualquer garota das vilas ao redor?
– Eu até pensei nisso majestade, mas sempre estou peregrinando pela floresta caçando dia e noite atrás de alguma preza valiosa.
– Sozinho? – Pergunta o rei.
– Sim majestade... sou órfão de pai e mãe, vivo da caça e venda de peles de animais e com o dinheiro que ganho passo alguns dias em estalagens ou casas onde pessoas de bom coração ajudam o seu próximo. No meu caso quem me ajudou a salvar a princesa foi uma viúva e sua filha pequena. – Explica o menino mentindo novamente sobre os laços com sua família. –Depois que cuidamos dela Ruby, a gatinha que mencionei contou para nós de onde elas haviam vindo e que tinham fugido do castelo naquela mesma noite... o motivo foi uma briga que a menina teve com seu pai. – O menino faz uma pausa. – Além do que ela usava roupas muito bonitas para uma simples aldeã, somei dois mais dois e cheguei à princesa!
O rei escuta atentamente cada palavra proferida pelo menino, de início pensou como Anna manteve um animal, pelo visto magico, escondido no castelo sem que ninguém percebesse e a mesma lhe contou fatos que só ele e a própria Anna saberiam... principalmente a parte da briga.
– Bem... pelo visto não está mentindo, realmente minha filha idiota e eu tivemos uma discussão no dia anterior devido a um de seus devaneios!
– Devaneios? – Questiona o menino.
– Exato, ela tinha afirmado que havia recebido uma carta de admissão para apreender magia na escola de Draconia!
“Quê?!”
O menino quase grita o pensamento.
“Mas é pra mesma escola que eu vou!”
– E eu não tolero brincadeiras em meu castelo, muito menos mentiras! – Responde o rei.
Gládius ouvia aquilo e já imaginou que algo ruim aconteceu.
– Então... o que ouve?
– O que ouve? – Repete o rei com um sorriso de ironia. – Ela me mostrou a carta, obviamente não acreditei nela, me desafiou, então queimei sua preciosa carta e depois disso tudo mandei castigá-la!
Os olhos de Gládius se arregalam ao ouvir aquilo, tais palavras saíram com tanta naturalidade da boca do rei que o assustava.
“É oficial... Esse cara é louco!”
– E EU apliquei o castigo! – A voz de Bartos surge entre os sábios, depois dá um passo à frente e diz todo orgulhoso. – Aquela pestinha fez pouco caso de nosso grande monarca e teve a punição que merecia dez chibatadas!
O mundo de Gládius parou naquele exato momento, se recordou de imediato que sua mãe havia lhe dito que quando cuidava de Anna percebeu marcas estranhas nas costas da menina. Seu olhar desfocou para o chanceler que ria todo pomposo e se vangloriando do feito... o feito covarde de machucar uma menina indefesa. Olhou de relance para o capitão que mordia o lábio tentando conter sua fúria.
“Este é o mesmo reino que Artorias lutou tanto para defender?”
Olhou para o chanceler que gesticulava os gritos da princesa e nem percebeu que o menino se aproximava.
Seus cabelos alvos cobrindo seus olhos, o rei que sorria ouvindo o chanceler olhou para ele e seu coração gelou na mesma hora ao ver a sombra de um cavaleiro carregando uma longa espada nas costas surgir atrás do menino.
Ambos, menino e cavaleiro pararam sua caminhada e viraram parcialmente seus rostos e o rei pode ver os olhos ferozes dos dois o fulminando.
Em segundos sentiu seu peito ser transpassado por algo quente e afiado, olhou para baixou e viu seu peito ser empalado por uma longa espada azulada e prateada que ele só reconhecia por lendas, ergueu a cabeça e não viu mais o cavaleiro e sim o menino que caminhava até o chanceler.
“O que foi isso?!”
– Então ela chorou e chorou a cada golpe que eu desferia, foi ruim, pois quase torci o pulso, mais só de ver aquela pirralha atrevida levando a punição que merecia foi digamos... revigorante! – E ri sem perceber que o menino já estava na sua frente. – Ah? – Se vira para ele ao notar sua presença e depois seu mundo se apaga.
O corpo do chanceler voa pelo menos cinco metros de altura, logo abaixo dele o mesmo menino estava com seu punho direito fechado onde podiam ser ver seus circuitos mágicos a olho nu.
O corpo do chanceler pousa pesadamente no chão, seu queixo estava esmigalhado, sangue jorrava de sua boca junto com dentes quebrados que caiam como chuva de prata no salão, logo abaixo de seu corpo outra poça suspeita escorrer molhando ainda mais o piso.
Ninguém se mexia, tal atitude nunca foi vista por alguém de fora que tivesse tanta audácia como esse menino teve. Ele acabou de socar o chanceler real como se fosse...
– Um saco de lixo! – Cospe o menino que volta para sua posição anterior e encarar o rei, faz uma reverencia e responde. – Perdão pelo ocorrido majestade, mas se pretendia me dar alguma recompensa por encontra e salvar sua filha, fique sabendo, já a recebi! – Olha para onde o velho maldito agonizava. – Só o prazer de socar esse desgraçado já me serve como pagamento! Se me der licença... até nunca mais!
E dá às costas ao rei e ao grupo que observava o jovem lobo deixando o salão, rumores sobre sua audácia foram e ainda são cantadas até hoje pelos salões do castelo e o nome de Gládius começou a crescer.