O Mago Das Espadas Livro 1: Aqueles que Buscam seus Sonhos

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    12
    Capítulos:

    Capítulo 6

    A Lenda de Artorias

    Violência

    Os corredores do castelo eram ainda maiores do que ele tinha ouvido falar. Pessoas passavam a todo o momento e olhavam para ele, com certeza não era comum um garoto do povo andar por aqueles salões.

    “Isso que dá ficarem enfurnados nesse castelo... otarios!”

    Exclama o menino em sua mente.

    Sua mãe havia lhe contado uma vez que somente pessoas de sangue nobre e leais ao rei podiam entrar no castelo e habitar aqueles salões. Já os serviçais eram escolhidos a dedo e convidados a deixavam suas vilas para irem viver nas dependências do castelo. Sua mãe achava que era uma medida para facilitar o serviço a família real, já o menino tinha outra visão sobre isso.

    “Parece uma grande e fria prisão isso sim!”

    Para sua caminhada e olha para uma janela onde podia ver a floresta.

    “Não é à toa que a princesa fugiu daqui, no lugar dela... faria o mesmo.”

    – Ei menino! – Um dos guardas que o escoltava o chama a atenção. – Você não está aqui a passeio ande logo!

    – Sim senhor! – Responde o menino com sarcasmo fazendo o guarda ficar emburrado.

    – Plebeus! – Da às costas enquanto menino os seguia.

    “Mané!”

    Exclama o menino em sua mente enquanto bota a língua pra fora sem que os guardas percebessem.

    Enquanto isso na cabana da família Maximus...

    – Prontinho querida, uma sopa quentinha pra você! – Diz Helen estendendo um prato sobre uma bandeja de madeira oferecendo a princesa.

    – Obrigada... eu realmente tava morrendo de fome! – Responde a princesa alisando a barriga.

    – Me diz uma vez que você não esteja com fome sua gulosinha? – Pergunta Ruby que estava sentada no colo de Mia.

    – Ruby!!! – Anna fulmina sua amiguinha com seus olhos, mas nem liga apenas boceja enquanto a irmã caçula de Gládius lhe faz carinho.

    – Nossa você é muita fofa Ruby, que espécie de gato é você?

    Ao ouvir isso a gatinha sorri, pula do colo da menina e caminha toda pomposa pela cama.

    – Quem bom que perguntou, eu sou de uma raça muita exótica, vinda de muito longe!

    – Serio? – Pergunta Mia com os olhos brilhando.

    – Seríssimo!!!

    – Convencida! – Diz Anna, mas a gatinha nem ouve e Mia continua:

    – Nossa que legal e onde fica essa terra longínqua?

    Por essa Ruby não esperava.

    – Humm... onde fica? – Pergunta

    – Sim, sim, onde fica? – Insiste a irmã de Gládius e a gatinha começa a suar frio.

    – Bom... como eu disse eu vim de muito longe... eu já disse isso, né?

    – Uh-hu.

    – Bom... é... deixa eu ver... – Uma gotinha escorrer pela testa da gatinha. – Enquanto ela pensa.

    – Ruby... por acaso você não sabe de onde veio? – Pergunta Mia com inocência.

    – Gulp! – Essa foi certeira. – Olha... não é que eu não saiba... só não sei o nome!

    Os olhos de Mia se arregalam enquanto ela diz:

    – UAUUUU!!!

    – Pois ééééé!!! Vim de muito longe, numa ilha isolada onde tem uns bichos estranhos escamosos. Onde um ser rosa e tenebroso me perseguia tentando me comer, várias, várias, várias e várias vezes!!!

    – NOSSA!!! – Exclama a menina.

    – E ele dizia enquanto corria atrás de mim... “MERENDEIRA!!!” – A gatinha fica em pé nas patas traseiras simulando o grito. – Ele me perseguia todo o santo dia, uma vez me escondi em cima de uma arvore, sabe o que o danado fez?

    – Não, o quê?

    – Arrancou a árvore do solo com aquelas mãos rechonchudas dele e começou a sacudir comigo nela!

    – Mentira?! – Mia coloca as mãos na boca em surpresa.

    – Verdade!!! Ele me balançou tanto que voei longe caindo em uma caixa com peixes... santos peixinhos!!! Ao sentir aquele lindo paraíso fresquinho comecei a comer!

    – Logico. – Murmura Anna.

    – E depois? – Pergunta Mia.

    – Adormeci dentro da caixa sem perceber que era um navio e tacharam!!! Vim parar em Arendelle!

    – Que história incrível Ruby! – Brada Mia. – E o monstro rosa?

    – Graças a Althena nunca mais o vi, mas em noites frias e sombrias ainda ouço sua voz esganiçada dele gritando... MERENDEIRA!!!

    Mia arregala os olhos e depois sem avisar abraça a gatinha.

    – Viva a Super Ruby!!!

    A pequenina ao ouvir sendo chamada de super abre as asas e começa a voar em círculo.

    – Isso ai viva a Super Ruby, ao infinito e além!!! – Só que ela voa de olhos fechado e não vê a parede vindo, se choca com ela ficando amassada, para logo em seguida escorregar até o chão onde fica com os olhos em espirais.

    – Ruby, você tá bem?

    – Ela vai ficar bem acredite, já suportou baques muito mais fortes! – Exclama Anna enquanto assoprava a sopa e toma a primeira colherada. De imediato seu olhos se enchem de lágrimas e a pequena começa a fungar preocupando a mãe de Gládius.

    – Querida tudo bem?

    A princesa chorando responde:

    – Sim...

    – Mas então por que está chorando? A sopa não está boa?

    – Snif... tá ótima! – A princesa toma mais uma colherada e mais lágrimas caem. – É que... eu nunca comi algo tão gostoso assim... snif.

    – Ah?! – A mãe do pequeno guardião se espanta, não havia feito nada de diferente no preparo da sopa, mas mesmo assim a menina continua a comer e a chorar, foi então que sentiu uma mãozinha puxando a saia de seu vestido, quando olhou era Mia que com o dedinho pediu pra ela se abaixar. Obedecendo ela se agacha e a menina sussurra no ouvido de sua mãe:

    – Acho que ela não tá acostumada com comida caseira.

    A mãe da menina arregala os olhos.

    – Será?

    – Será não, olha!

    As duas olham para Anna que comia chorando e dizendo:

    – Comidinha de mamãe... tão bom... – Limpa o prato e estende para Helen. – Mais comidinha de mamãe, por favor!

    Helen não conseguiu resistir àqueles olhinhos brilhando, segura o prato e dá um beijo na testa da menina a deixando rubra.

    – Pode deixar querida, aqui tem bastante comida de mamãe para você, he, he.

    Um sorriso bobo e surge no rosto da princesa enquanto suas bochechas ficam vermelhas de emoção.

    – Tá!

    – Minha mãe é uma ótima cozinheira, né? – Pergunta Mia.

    – Uh-uh... a melhor!

    – Ei! E a minha história de sobrevivência?! – Reclama Ruby se levantando com um galo na cabeça.

    – Comida em primeiro lugar, depois história Ruby. – Responde Anna sorrindo.

    A gatinha serra os olhos e resmunga.

    – Gulosa!

    E para sua surpresa a princesa responde:

    – Sou mesmo!

    Depois dessa Mia acaba caindo na gargalhada junto com Anna, Ruby tenta não rir, mas acaba cedendo e cai na gargalhada também. Já na cozinha Helen podia ouvir o riso das meninas e não podia negar que se sentia muito bem ao ver sua casa com risos e alegria.

    “Quem dera pudesse sempre ser assim.”

    Fecha os olhos e suspira.

    – Gládius... – A mente de Helen viaja para algumas horas atrás quando seu filho e ela tiveram uma importante conversa.

    Dez horas atrás...

    Na cozinha o menino estava sentado à mesa com as duas mãos apoiando o queixo enquanto seus olhos fitavam o anel com o lobo gravado na fronte. Sua mãe levou a menina para o quarto de Mia onde as duas deram banho nela, depois lhe colocaram roupas limpas e mesmo assim a jovem não acordou, parecia exausta e muito fadigada e isso fazia muito sentido devido aos ferimentos e ao sangue perdido.

    – Ela é corajosa devo admitir. – Diz o menino para si mesmo enquanto encarava o anel. – De onde você saiu, hein? – Se pergunta. – Será que você tem algo a ver com aquele lobo gigante que encontrei no sonho... sé é que eu posso chamar aquilo de sonho, pois foi MUITO real pra mim! – Exclama o menino que ouve a porta de cima sendo fechada e sua mãe descer devagar as escadas.

    – Pronto...ela está limpa, vestida e em sono profundo. – Explica sua mãe se sentando em uma cadeira a frente dele.

    – E a Mia?

    – Dormindo na minha cama, estava exausta, acho que todos estamos.

    – Pode ser. – Responde vago o menino.

    Um silencio se formou sobre o ambiente enquanto mãe e filho se olham.

    – Gládius, vamos dormir, estou cansada e você também deve estar...

    – Quem é Artorias? – Pergunta o menino de súbito cortando sua mãe que fica seria.

    – Isso não é assunto pra você meu filho.

    – Não é um assunto pra mim? – Debocha o menino. – Mãe... eu tive um sonho pra lá de esquisito com um baita lobo do tamanho desta cozinha! – Se levanta apoiando as duas mãos sobre a mesa. – Quando acordei estava com a porra desse anel em minha mão. – Aponta para o objeto sobre a mesa. – E quando eu ia colocá-lo no meu dedo essa menina aparece do nada precisando de ajuda e quando ela estava quase desfalecendo na minha frente senti algo me guiando, segurei a mão dela e comecei a passar minha Aura para ela... e eu nunca fiz isso!!! – Brada o menino.

    – Filho... – Helen tenta falar.

    – E de repente o anel tava no meu dedo! – Gládius continua impedindo sua mãe de falar. – Aí você vê o anel e diz; “O Anel do lendário Artorias”! – O menino então encara sua mãe com fogo nos olhos. – Mãe... a senhora sabe de alguma coisa... por favor, me conta!

    Os olhos de Helen eram de hesitação, era difícil até para ela admitir, afinal até algumas horas atrás também achava que era uma lenda, agora começava a ser odiar por não ter acreditado em seu marido antes, que a história que ele contou não era uma fantasia ou ilusão... era real.

    – Filho... o que eu sei é do conhecimento geral, se você for perguntar a qualquer cidadão de Arendelle eles vão te contar a mesma história.

    – Hummm. – O menino se senta cruzando os braços. – E o que seria esse “conhecimento geral”?

    Helen fecha os olhos.

    – Sobre um homem que salvou esse reino da própria aniquilação.

    Os olhos do garoto se arregalam.

    – Hein?!

    – Apenas escute... e ouça filho... – A voz de sua mãe era serena e forte. – A Lenda de Artorias...

    O menino engole um seco quando se acomoda na cadeira e começa a ouvir da boca de sua mãe aquele história que ligaria ele a seu destino...

    Há muito tempo quando nosso reino era chamado de Ariendel, um grande frio e escuridão o encobriam. Nenhuma chama conseguia ser acesa, um terrível e doloroso inverno havia tomado todo o nosso reino. A tribo Oina, os antigos donos desta terra diziam que aquele frio era uma maldição causada pela ganância desmedida do rei que matara e se apossara de sua terra. O Grande Espirito como diziam estava punido o rei e seu povo por seu pecado.

    Desesperado e temendo sua ruina, o rei mandou seus melhores cavaleiros pelo mundo afora para que encontrassem uma forma de acabar com aquele maldito inverno.

    Um desses cavaleiros era Artorias.

    O valente cavaleiro viajou sozinho pelo mundo, armado apenas de sua espada e escudo. Ele peregrinou por meses cruzando as terras de Corona, Dumbroch, Berk, mas não conseguiu encontrar nenhuma resposta para deter o terrível inverno.

    Já haviam se passado dois anos desde sua saída do reino e o cavaleiro estava ficando sem esperanças, foi quando como se pela providencia do Grande Espirito, Artorias conheceu um membro da tribo dos homens tigres, os Rossos. Seu nome era Kamiki e havia vindo do monte Gagazete. Quando o Rosso contou que seu povo acreditava e venerava o Grande Espirito pediu imediatamente para falar com o chefe da tribo, no entanto estrangeiros eram terminantemente proibidos de subir ao monte, a única maneira de Artorias subir a montanha seria passar por uma provação que consistia em derrotar os mais fortes membros da tribo incluído o próprio Kamiki. Artorias sem escolha aceitou o desafio e enfrentou todos os guerreiros vencendos um-a-um, restando somente Kamiki. Os dois se digladiaram em confronto acirrado, Artorias com sua espada e Kamiki com sua lança, no final o cavaleiro venceu e assim Artorias havia se tornado o primeiro não Rosso a cruzar os portões daquela afastada tribo.

    E lá ele descobriu a terrível verdade...

    O chefe da tribo contou que não foram os Oinas que amaldiçoaram seu povo e sim eles mesmos. O rei e seu povo havia matado o Lobo Sagrado, um “Totem” como os Rossos o chamavam. Era o guardião espiritual daquela terra. Com seu poder protegia a natureza e a vida em sua terra natal, enquanto ele existisse a terra ficaria segura e teria vida em abundancia, mas se ele morresse tudo aquilo que o espirito protegia começaria a se desfazer, a terra ficaria sem proteção e aos poucos adoeceria e morreria, levando consigo todos os seres vivos daquele lugar.

    O terrível inverno nada mais era do que o próprio pecado que seu rei cometeu contra o guardião de Ariendel, sendo como única salvação encontrar um novo “Totem” somente assim o reino poderia ser salvo.

    Ao ouvir aquilo tudo Artorias se resignou. Sua vida toda foi servir ao rei e a corroa, mas percebeu que eles mesmos haviam causado a desgraça a sua terra e ao povo que deviam proteger! Tomado pela fúria e pelo desejo de justiça Artorias decidiu que partiria em busca do novo Totem e salvaria seu reino... mas não sozinho!

    Kamiki disse que sempre quis conhecer o mundo fora da tribo e pediu para acompanha-lo, no entanto os Rossos naquela época eram proibidos de deixar o monte, a única solução seria o lanceiro assumir uma nova identidade e assim trajado uma armadura dourada com a forma de um leão dourado, nascia aquele que seria reconhecido em lendas como o mais poderoso lanceiro do mundo e senhor dos raios... Ornstein!

    Juntos os, dois amigos viajaram em busca do novo Totem, cruzaram várias terras até chegarem a um imenso vale onde poderosos gigantes habitavam... A Terra dos Forjadores.

    Lá conheceram outro ser que se juntaria a eles na missão de procurar o Totem, Gough, um gigante que era discriminado por seu próprio povo por sua força e tamanho. Encontrou em Artorias e Ornstein uma razão para sua força ser de alguma valia.

    Juntos os três partiram do grande vale e foram para a Floresta de Cristal, onde lendas diziam que a almas dos mortos continuavam a vagar por lá.

    A floresta era como as lendas diziam repleta de uma Aura antiga e de sentimentos daqueles que partiram sem conseguirem cumpriram suas missões em vida.

    O grupo prosseguiu floresta adentro até um barulho chamar a atenção dos três que se aproximaram de uma clareira e vem um menino acompanhado de uma moça.

    A jovem olhava para o céu escondido pelas copas das arvores cristalinas e cantava uma canção desconhecida para os três. O menino por sua vez segurava um martelo e com ele batia com firmeza em algo que estava sobre uma pedra, quando terminou puderam ver que era uma espada. Ao admirar seu trabalho o menino aponta a espada para a moça que se vira para ele e na mesma hora várias esferas começaram a rodeá-los. Segurou com delicadeza as esferas e as pousou sobre a lâmina da espada que brilhou assumindo uma nova forma, mais forte e reluzente.

    Gough que era da terra dos forjadores não acreditou ao presenciar tal fenômeno. O que ele e seus amigos presenciaram foi uma técnica perdida até mesmo em seu povo, que consistia de um espirito desencarnado habitar um objeto, fundindo assim seus desejos, sonhos, esperanças, determinações e anseios! Ela deixava de ser uma simples objeto tornando-se assim uma... Relíquia!

    Ornstein perguntou se qualquer um podia ter uma destas armas e o gigante respondeu que a própria arma deveria escolhê-lo para que juntos pudessem lutar em completa harmonia.

    Artorias por sua vez se aproximou da dupla, o menino devia ter uns onze anos, já a moça deveria ter uns dezesseis e qual não foi à surpresa do cavaleiro ao ver quem era ela.

    Aquela que havia sido dada como morta ainda nova, seu desaparecimento foi um mistério até hoje sem solução. De ante do cavaleiro estava à princesa mais nova de seu reino... a princesa Anastácia D. Ariendel. O cavaleiro não acreditou no que via, estaria sonhando, mais não, não era um sonho e novamente o cavaleiro descobre a corrupção que seu reino havia se tornando.

    O rei em sua ganância e loucura pelo poder queria apenas um herdeiro, mas a rainha nuca conseguiu lhe dar um menino, mas sim duas meninas. O rei pensou em matar as duas, mas depois ponderou e pensou em um plano melhor, faria com que sua primogênita se tornasse uma linda e forte mulher. Daria toda a educação que uma verdadeira princesa poderia ter e depois de adulta a forçaria a ter um filho dele mesmo! Continuando assim sua linhagem real.

    A princesa mais nova descobriu isso e tentou avisar sua irmã, que não acreditou. Estava cega pela força e poder que teria quando se tornasse rainha e não ia admitir que uma “qualquer” lhe atrapalhasse. A jovem princesa ficou desolada, seu pai a mandou para as masmorras onde foi torturada por dias. Quando pensou que não conseguiria sobreviver, um buraco no meio da masmorra é aberto e por ele um pequeno garoto todo sujo aparece e sorri para ela.

    “Oi! Quer fugir comigo?”

    Esse menino estava diante deles, o mesmo que estava criando as espadas junto dela. O menino se apresenta como Vesper, um jovem órfão, mas para Artorias ele era um corajoso e valente garoto, pois salvou sua princesa da morte certa.

    Anastácia contou que também estava em busca de uma cura para o inverno extremo, Gough perguntou o porquê de a princesa querer salvar um reino que a tentou matá-la e ela simplesmente respondeu:

    “Um reino não é feito de joias, coroas, ou pela pessoa que se senta no trono, mas o povo que sofre, sangra e luta por ele. Se o povo sofre o rei também deve estar pronto a arcar com as custa de seus erros.”

    As palavras delas tocaram o coração do cavaleiro que tomou uma decisão, voltaria para Ariendel e mataria o rei e sua herdeira, mesmo que isso não acabasse com inverno pelo menos vingaria seu povo, aqueles que ele verdadeiramente jurou proteger!       

    Assim, acompanhados da princesa e de seus companheiros Artorias voltou para Ariendel e o que viu foi a mais completa devastação. O rei em sua loucura havia matado boa parte de seu próprio povo no intuito de fazer a lendária Chama Primordial acender em seu reino. Para isso ele sacrificou inúmeras pessoas, mas nenhuma morte trouxe a chama, apenas cinzas que agora caiam no solo ao invés de neve. Anastácia foi ao chão em lágrimas ao ver seu reino completamente destruído, então Artorias pediu ao pequeno Vesper que cuidasse da princesa enquanto ele, Ornstein e Gough se dirigiram a sala do trono e matariam o rei.

    Os três guerreiros caminharam até o castelo onde somente o silencio os esperava. No caminho Artorias comtemplava as construções que um dia foi seu belo reino agora estavam se esfarelando em meio ao vento, rios haviam secado, corpos de soldados e cidadãos mortos tomavam o lugar. Sua alma queria gritar e chorar ali mesmo, mas não faria isso, pois aquelas pessoas não mereciam suas lágrimas e sim sua espada! Então erguendo sua longa espada solta um grito tão alto que até os antepassados poderiam ouvir, o rei decadente ouviu seu grito e se estremeceu, sua filha mais velha e seus chanceler estavam ao seu lado lhe dando apoio, mas nem isso o acalmava, quando ouviu passos se aproximando e a porta de sua sala ser arrombada ele não viu um homem e sim...

    “Um lobo!”

    Nessa hora o corpo do rei foi tomado por uma chama nefasta que rodeava todo seu corpo o fazendo se levantar.

    Ornstein, diz que aquela chama não era deste mundo, era algo maligno que consumia as almas daqueles a sua volta.

    O rei avançou como louco contra os três, assim como sua filha que ria como uma louca, emanado gelo de uma tenebrosa foice branca como a lua que encontrou a lança do poderoso Rosso, como adversário, enquanto o cavaleiro e o gigante enfrentavam o respectivamente o chanceler e o rei.

    A sala do trono tremia com o intenso confronto, assim como o céu que trovejava lá no alto.

    Com determinação e habilidade Ornstein consegue matar a princesa mais velha, já Gough enfrentava o chanceler que era um mago. O velho chanceler descarregava todas as magias que conhecia contra o gigante que nem se estremecia, quando ficou sem forças o gigante agarrou o mago e com ambas as mãos e esmaga o velho asqueroso... só restava o rei.

    Artorias e seu antigo rei se digladiavam em um feroz combate de espadas, os anos fora do reino lhe renderam forças para enfrentar o monarca que tinha seu corpo envolvido pela chama nefasta. Em um momento da luta o rei consegue quebra a espada do cavaleiro o desarmando, o rei ergue sua espada pronto para dividir Artorias em dois quando ouviu o grito de Anastácia e Vesper.

    Os dois aparecem no portão do salão, os olhos da princesa e do cavaleiro se encontram e ambos sentem seus corações baterem em sincronia. Suas Auras se expandem para fora de seus corpos, seus peitos brilham e duas esferas uma azul e uma branca irrompem deles. Elas flutuam no ar em espiral até que se chocam iluminando o salão. O rei sente seu corpo arder devido aquela luz sagrada e recua, quando a luz diminui o que Artorias e seus companheiros vêm e a imagem de um pequeno filhote de lobo recém-nascido balançava seu pelo e abrindo a boca com se estivesse com sono.

    O desejo de Artorias e de Anastácia em salvar seu reino foi tão forte que um milagre aconteceu, um novo Totem que eles tanto buscaram estava ali bem diante deles.

    O rei ao ver o pequeno lobo se enfurece, sua espada se acende em uma chama rubra que aponta para o filhote e uma torrente de chamas da mesma cor avança contra o pequenino.

    Artorias em fúria pega seu escudo e se coloca na frente do filhote o protegendo das chamas. Ornstein e Gough avançam contra o rei dando tempo de Artorias pegar o pequeno lobo e entregar a princesa, mas quem surpreendeu a todos foi o pequeno Vesper. O menino correu até onde estava à espada quebrada do cavaleiro juntando seus pedaços e começa a entoar um cântico, no mesmo instante dezenas, não, centenas de esferas azuladas surgiram em pleno ar. Aquelas eram as almas de todo o povo de Ariendel que esperava por seu salvador, o menino ergue seu martelo e todas as almas se juntam nele que acerta a espada quebrada... Uma batida... Duas batidas... Três... Quatro e por fim Cinco... e lá estava a antiga espada quebrada novamente inteira, mais desta vez com um brilho totalmente novo, aquela espada era agora um símbolo, um símbolo de união do povo contra as trevas e o medo! Artorias pegou o cabo da espada e a levantou no ar, era magnifica, sua lâmina era azul com detalhes em prata nos dois gumes, cabo esférico com uma ponta de aço no final da empunhadura que lembrava o dente de um lobo. O cavaleiro encarou seu rei, rodou a grande espada em seus dedos e a colocou nos ombros, se agachou e como um grande lobo avança sobre o rei.

    Saltou quando espada do monarca enlouquecido veio ao seu encontro. Rodou em pleno ar e com um movimento circular decepa o braço do rei! Ornstein correu por uma pilastra, ao chegar ao topo salta e desce em parafuso perfurando o ombro esquerdo do rei, já o gigante Gough fechou os punhos que brilharam e na mesma hora todo o material terrestre que havia na sala, granito, mármores, cristais, tudo se fixou sem seus punhos que avançou e desceu uma saraivada de socos no rosto do rei enlouquecido, no fim ele desfere um gancho erguendo o monarca no ar que tem a visão do cavaleiro que salta e com toda sua fúria crava sua longa espada em seu coração!

    Toda a lâmina penetra carne, mas nenhuma gota de sangue escorrer pela ferida, apenas chamas que vão consumindo o corpo do monarca pouco a pouco. Artorias retira sua espada e se afasta e junto de seus companheiros assiste o triste mais previsto fim do rei de Ariendel...

    Os olhos de Gládius estavam esbugalhados ao ouvir tudo aquilo e somente uma palavra saiu de sua boca:

    – Foda!

    – Bem, essa não é a palavra que eu esperaria ouvir, mas sendo você... não me surpreende muito. – Responde Helen balançando a cabeça.

    – E depois o que aconteceu?

    A mãe do pequeno guardião suspira.

    – Anastácia assumiu trono como você deve imaginar.

    – Obvio!

    – Ela foi uma rainha diferente meu filho, justa, passiva, rígida quando tinha que ser e amável como uma grande mãe. Ela refez o antigo pacto com a tribo Oina lhes concedendo terras ao norte para que eles pudessem viver em paz com suas crenças e culturas.

    – Que massa... duvido que o rei de agora fizesse algo assim. – Exclama com sinceridade, mas sua mão não gostou muito.

    – Filho, por favor, olha essa boca!

    O garoto dá de ombros.

    – Tô mentindo por acaso?

    Sua mãe ficou sem palavras, seu filho era novo, mas já entendia bem da vida.

    – Mas então mãe, o que aconteceu com Artorias e seus amigos, a história deles não acaba aqui né?

    Helen meneia a cabeça em negação.

    – Não filho, não termina. Após a vitória, a nova rainha decidiu mudar o nome do reino de Ariendel que quer dizer frio e conquista, para Arendelle calor e união!

    – Uau! – O menino estava surpreso, nunca achou que ouviria tanto sobre seu reino só de querer saber sobre o anel do lobo, alias... – E o anel mãe, onde ele entra nisso tudo?

    Ela sorri.

    – Então, depois de salvarem o reino Anastácia pediu a Vesper que fizesse presentes para que eles sempre se lembrassem de seus feitos, como um símbolo de amizade, honra e compromisso.

    – Como medalhas?

    – Tipo isso. O menino trabalhou com fervor e com vontade, queria que aquilo fosse sua melhor obra, depois de pronto todos se reuniram na sala do trono onde Anastácia entregou os presentes que eram na verdade cinco anéis!

    – CINCO!!! – Brada Gládius incrédulo. – Então existem outros iguais a esse aqui.

    – Calma filho, me deixe terminar!

    – Ah, desculpa é que essa história tá incrível! – Responde o garoto com empolgação.

    – Percebesse.

    – E então?

    – Anastácia presenteou os três guerreiros e o menino com os determinados anéis...

    “Para Gough o anel do Touro, símbolo da força e de sua afinidade com a terra e os outros animais”.

    “Para Ornstein o anel do Leão, símbolo da velocidade e comprometimento com o mundo espiritual”.

    “Para Anastácia o anel do Falcão, símbolo da visão e da busca pela verdade e discernimento”.

    “Para Vesper o anel da Luz, símbolo de união que guia os que o seguem a vitória”.

    “Para Artorias o anel do Lobo, símbolo da coragem e dever e ser fiel em proteger aqueles que lhe são mais importantes”.  

    – Assim cada um deles seguiu seu caminho, Ornstein decidiu peregrinar pelo mundo em busca de aprendizado sobre os espíritos guardiões e o porquê deles estarem neste mundo, além de aperfeiçoar sua técnica com a lança que dizem ter ser tornado padrão para todos os Rossos. Gough foi para uma ilha bem longe onde se dedicaria a conhecer todos os tipos de animais e plantas a fim de preservar toda a vida nesta terra. Vesper seguiu para a Terra dos Forjadores onde pretendia aperfeiçoar sua arte e por fim Artorias ficaria em Arendelle como general de todas as tropas do reino.

    – Nossa... e o filhote de lobo?

    – Bom... – Sua mãe se silencia e ambos ouvem um longo uivo ecoa por toda a floresta. – Dizem que ele e Artorias se tornaram grandes e inseparáveis amigos e que mesmo após a partida do cavaleiro na luta contra o Abismo seu amigo lupino continua a sua espera até hoje. Protegendo nosso reino contra todas as ameaças e naqueles que acreditam em sua lenda.

    E assim o pequeno Guardião apreende sobre o dono daquele misterioso Anel, seu legado e seu dever que agora ele admirava e queria seguir.

    – Mãe... aquele lobo... tinha nome?

    Ela sorri.

    – Tinha filho, um nome dado pelo próprio Artorias e que foi aprovado por todos.

    – E qual era? – Pergunta o menino.

    – Eles lhe deram o nome de... Sif...

    – Sif... – Repete o menino para si mesmo enquanto ele próprio já se encontrava diante das grandes portas que o separavam da sala do trono, respirou fundo colou a mão por dentro do sobretudo surrado que usava. Lá apertou com força o anel do lobo que havia levado consigo, depois de ter ouvido a história que sua mãe tinha lhe contado decidiu nunca mais se separar do anel.

    “Artorias se você realmente existiu como minha mãe disse, por favor, guie-me no que estou preste a fazer.”

    As portas se abrem e um ar frio e tenebroso sai por elas, o sangue do pequeno guardião gela com aquela presença, pensa em recuar, foi então que sentiu uma mão sobre seu ombro e uma Aura o preenchendo, na mesma hora o medo o deixou e no lugar restou a coragem e bravura daquele cavaleiro, que teve a determinação de enfrentar seu monarca o depondo do trono, depois guiou seus andarilhos para protegerem o reino das forças inimigas e no final foi enfrentar a ameaça do Abismo sozinho.

    “Não... Ele não estava sozinho... não é Sif?”

    E ao entra na sala ouve o longo uivo do guardião de Arendelle como se dissesse que estaria com ele agora e para sempre.


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