|
Tempo estimado de leitura: 21 horas
12 |
Uma nova saga começa. Agora não tem volta: ou derrotam Naugus ou tudo estará perdido.
Nova Mobotrópolis, noite.
“Geoffrey”, que todos sabem que era Naugus controlando o corpo de seu ex pupilo, era visto sentado na sala de planejamentos, lugar esse somente destinado aos responsáveis pela defesas do reino. Certo que seu plano era só uma questão de tempo para funcionar, somente aguardava pelas notícias tórridas que não demorariam a ecoar pelos corredores do castelo. Porém, se passado muito tempo depois, além do que esperava, tornou a se levantar e caminhou até o corredor principal. Ainda a caminhar, pensou:
— *Está muito estranho... Está tudo muito calmo... A essa hora estaria ouvindo gritos de dor e desespero. Mas não ouço absolutamente nada. Tem algo errado...*
Sua curiosidade o levou então até a ala da prisão do Castelo Acorn, com guardas a frente do prédio, protegendo de qualquer invasor. “Geoffrey” estava certo que por alí, pelo fato de estar bem protegido, ninguém entraria ou sairia sem alguém saber. Nutrido dessa certeza, entrou na prisão e logo se prontificou a ir até onde Vicent estava preso. Mas para sua surpresa, a única pessoa que estava dentro da cela era ninguém menos que o Comandante canino (que ajudou Elias a entrar na prisão) desacordado. Imediatamente o jaritataca (ou gambá) chamou pelos guardas, ficando praticamente desesperado pelo ocorrido.
— Guardas! Guardas! Houve uma fuga. O prisioneiro fugiu!
E em seus pensamentos, Naugus então se manifestou:
— *Mas que mil demônios! Como aquele overlander conseguiu escapar? Como poderia sair daqui? Não é possível... Espere! Não, não pode ser...*
Logo “Geoffrey”, ao observar os guardas acudirem ao comandante, recebe uma notícia de última hora de um dos guardas que patrulhavam a parte interna do Castelo Acorn, precisamente onde Maximilian Acorn, pai de Elias e Sally, estava instalado.
— Senhor imediato, há uma informação de que o rei Maximilian e a rainha Alicia desapareceram do Castelo.
— Mas como? Como um velho debilitado como ele poderia sumir sem que ninguém visse?
— Senhor, não ouvimos nada de anormal por...
— Nada de anormal? Nosso prisioneiro fugiu deixando o comandante em seu lugar e agora o moribundo do Max some e você diz que nada de anormal aconteceu? Poupe saliva e vá atrás desse overlander miserável! Se o velho do Max fugiu então é fato que tem ligação com o Vicent.
— Mas senhor, o que quer dizer?
— Estão planejando um golpe! Guardas, façam buscas em cada lugar desse castelo! AGORA! MEXAM-SE! MEXAM-SE, SEUS IMPRESTÁVEIS!
As coisas estavam mesmo complicadas. Naugus dessa vez estava decidido a continuar com seus planos de dominar toda a cidade, começando pelo castelo. Se antes do se preocupava com o Conselho, agora tinha mais inimigos. Os Lutadores da Liberdade Secretos, Sonic, Sally, Nicole, Vincent, Maximilian... Todos esses eram uma ameaça a sua planos nefastos e derrubá-los era o principal objetivo do mago Ixis.
— *Eu... Eu preciso usar tudo isso a meu favor. É isso! Eu posso usar tudo isso para conseguir aliados, mesmo que de forma provisória. Sim! É isso! Tenho certeza que com esse movimento todo a escória do conselho logo estarão aqui... Sim, essa situação pode me vir a calhar, hahaha!*
E falando justamente do Conselho, eis que Hamlin aparece já com sua testa franzida, mostrando sua irritação. Observando “Geoffrey” se aproximar, o porco diz:
— Mas o que está acontecendo no castelo? Porque tantos guardas no entorno do Castelo e dentro dele? Geoffrey, o que está planejando? Já estávamos de saída e agora isso...
— Cale a boca, seu desgraçado! Vá cuidar da sua roda de conversa e me deixa trabalhar!
— Trabalhar? Nós somos o Conselho! Você não pode mandar que...
— Eu posso mandar nos guardas por ser o imediato do meu rei!
Ao fundo, se aproximando dos dois, todo o restante do Conselho Acorn observa a conversa. Rosemary Prower não ficou calada:
— Geoffrey, o que está acontecendo?
— O overlander fugiu!
— O que? Como? E porque?
— SAIAM DA MINHA FRENTE, BANDO DE DESGRAÇADOS!
Isabella Mangusto, que estava até então wuieta, logo se manifesta.
— Geoffrey, tenha modos! Não faz o mínimo sentido Vicent ter fugido. Ele não faria isso sem que ninguém soubesse.
— VOCÊS SÃO UNS IMPRESTÁVEIS TANTO QUANTO A GUARDA DESSE CASTELO! Eu mesmo vou encontrá-lo e dar fim a tudo isso.
— Não, você não pode matar Vicent, se é o que pensa em fazer.
— Vocês dizem isso como se do esse fosse o problema. Maximilian também sumiu.
Logo todo o Conselho faz a mesma pergunta:
— O QUE?
— ESTÃO PLANEJANDO UM GOLPE! Vocês todos estão envolvidos agora!
— Geoffrey, como poderia acontecer um golpe? É uma ideia completamente...
— Absurda? Não, cara roedora. Está tudo conspirando contra todos nós! Max não quer vocês no governo Acorn, isso ficou claro na inquisição. E Vicent se rebelou contra vocês com toda a cidade apoiando. Então, se vocês ainda tem juízo, melhor começarem a fazer a parte de vocês. SAIAM DA MINHA FRENTE AGORA!
O jaritataca (ou gambá) sai em disparada para um dos corredores escuros do castelo, voltando a pensar.
— *Mas que situação! Desgraçados! Eu sei o que está acontecendo. Está tudo bem cristalino. Mas não... Já cansei disso tudo. Está na hora de acabar com todos. Eu tenho certeza que isso foi obra dos Lutadores da Liberdade Secretos, esses que os imprestáveis do Conselho sequer citaram na inquisição. Mas eu tenho tudo esquematizado. Tudo vai parecer de um golpe de estado e eu, rei Naugus, irei triunfar sobre esses terroristas. Eu serei ovacionado pelo povo mais uma vez e até mesmo o Conselho estará no meu lado. Depois de hoje, tudo vai mudar. Vou destruir o Conselho e dominar toda a guarda. E a seguir, todos se curvarão ante mim! É isso! Estou um passo a frente de vocês dessa vez, hahaha!*
“Geoffrey” seguiu então para o palácio do Conselho a fim de ter acesso ao subsolo do Castelo Acorn, tendo em vista que por estar agora com o aval do Conselho, que pouco pôde fazer para impedí-lo de seguir em frente com seu plano de resgatar a ordem do reino e capturar Vicent, tinha mais vantagens que antes.
As coisas estavam mesmo conturbadas. O Conselho então se reuniu de forma emergencial na sala de reuniões e logo tratou de alinhar as informações e opiniões de cada um. Rosemary logo veio a palavra:
— Eu não consigo acreditar que o Max está mesmo disposto a um golpe...
— Isso não faz o mínimo sentido. Mas é uma possibilidade – Disse Isabella Mangusto, bastante preocupada.
— Não podemos ignorar nenhuma possibilidade, mas que o Geoffrey estava mais irritado e estranho que de costume, estava! – Hamlin foi sagaz em perceber isso.
— Bem lembrado, Hamlin. O rosto dele estava tão deformado quanto de Naugus – Disse Penélope Ornitorrinco, se levantando.
Mas a pessoa mais silenciosa logo faz um comentário extremamente importante: Dylan Porco-espinho toma a palavra.
— Gente, cadê o Charles?
Logo o silêncio toma controle de toda a sala. Todos os membros do Conselho Acorn olhavam uns para os outros, preocupados com seu amigo.
A confusão estava armada.
Enquanto isso...
Interior do Castelo Acorn, noite de crise.
Elias, junto a Vicent e Larry Lince, fugiam em direção ao interior do Castelo Acorn, rumo as catacumbas. Era uma área onde a guarda armazenava seu arsenal bélico e lugar onde haviam varias salas onde a muito tempo não se entrava. Correndo todos juntos, Elias diz:
— ... e Geoffrey é Naugus, Vicent.
— Mas como? Como o jaritataca pode ser um... tipo, mago?
— Tem muitas coisas do nosso mundo que você não deve entender, mas acredite: tudo é verdade. Ele é mesmo um mago Ixis. Da pior espécie.
— Mas tipo, Geoffrey era um aliado?
— Eu não sei mais como definir o que Geoffrey é. No momento, creio eu, ele está sendo usado por Naugus. Mas eu não tenho plena confiança naquele duas caras...
— E para onde estamos indo? Esse lugar parece uma masmorra!
— Por muito tempo esses corredores não tinham movimento... É natural ter esse sentimento.
— Mas Elias, não deveríamos voltar para a base? – Perguntou Larry Lince, preocupado.
— Não, Larry. É uma missão de vida ou morte. Não tem volta.
— Mas... Mas...
— Elias, pra onde está me levando? – Vicent tomou a palavra, ainda assustado.
— Vicent, nós todos iremos acabar com os planos de Naugus de uma vez por todas.
— Mas Elias...
— Toda a guarda já deve estar em nosso encalço. E é bem possível que o Conselho Acorn já tenha conhecimento de sua fuga e o sumiço do meu pai...
— Elias, eu gost...
— E com isso precisaremos mesmo nos reagrupar aqui no castelo mesmo. Eles vão começar a pensar coisas...
— ELIAS, PODERIA ME ESCUTAR POR FAVOR?
Elias, já mudando seu semblante, mostrando certa irritação, para de correr e, olhando para Vicent, diz:
— O que quer dizer, Vicent?
— Com o devido respeito, alteza... Eu quero mesmo saber o que você está pensando em fazer.
— Ora, Vicent... Eu preciso da sua ajuda.
— Tá, mas porque você acha que eu poderia ser útil?
— Com seus poderes nós poderíamos...
— Meu poder? Espera aí... Eu não sou uma arma!
— Vicent, estamos na maior crise que meu reino poderia passar.
— Tudo bem, Elias. Mas eu queria mesmo saber do perigo que eu estou prestes a enfrentar. Esse Naugus deveria ser imposto a uma investigação completa pelo Conselho Acorn. As provas são muitas e...
— NÃO É HORA PARA POLÍTICA, VICENT!
— Ei! Não grite comigo!
— Você não tem a mínima ideia do que tudo isso se tornou! Naugus é um demagogo nato! Ele sabe manipular a todos. Mesmo se fizéssemos esse absurdo, não daria em nada. E antes que se esqueça, Vicent: Naugus tinha o interesse de matá-lo e vai voltar a tentar assim que te encontrar. Você não o conhece. Ele não tem um lado doentio. Ele todo é doente!
— Elias, se ele é assim como você diz, então...
— Exatamente. “Vivre ou mourir”, no idioma merciano que você tem fluência. (“Viva ou morra” em francês)
— E como eu poderia ser útil?
— Com seu poder!
— Está louco? Esse meu poder é algo perigoso demais pra usar. E de qualquer forma, ele só ativa quando eu fico com fúria.
— Todos nós estamos em perigo, Vicent. E quando digo todos não me refiro somente a nós.
— Como assim?
— Toda a cidade. Todos que aqui moram e tem suas vidas. Talvez pelo que constatou na inquisição não tenha lhe mostrado tudo. Não é uma disputa política que estamos tendo. Estamos lutando pela sobrevivência do nosso povo. O sucesso dessa última missão é primordial para nossa continuidade.
Vicent dessa vez entendeu a gravidade da situação. Percebeu que o mundo que agora faz parte estava em guerra. Seu comportamento não poderia ser diferente: estava mesmo preocupado com sua segurança mas, pensando um pouco melhor, se lembrou que haviam pessoas que ele faria total questão de defender. Olhando para Elias e Larry, diz:
— Elias, conte comigo. Eu não sei lutar, nunca tive treinamento pra isso. Mas eu realmente me importo com as pessoas dessa cidade. Vou fazer o meu melhor.
— Não poderia esperar outra coisa de você, Vicent. Bem vindo ao time! – Disse Elias, com um sorriso no rosto.
— E agora? Vamos pra onde? – Disse Larry, olhando para Elias.
— Continuemos indo para as salas baixas. Eu sei que aquele mago planeja algo. E o único lugar escondido o suficiente como aquele altar onde Naugus tentou destruir o Conselho é exatamente por lá.
E continuam com o plano, indo até o final do corredor, descendo as escadas...
Enquanto isso...
Arredores do Castelo Acorn, noite em crise.
Caminhando juntos estavam os Lutadores da Liberdade remanescentes Sonic e Sally e seu amigo Macaco Khan, que iam em direção ao castelo. Como Khan comentou antes, algo de muito ruim estava prestes a acontecer no Castelo Acorn e, como sugerido, não perderam tempo. Porém, antes que fizessem algo, Sonic tomou a palavra.
— Khan, tu tá falando sério mesmo? Essa parada que tu disse tá até me assustando, cara.
— Nunca estive tão certo disso, Sonic. Posso garantir que o mal habita esse lugar no momento.
— Tu falando assim só deixa as coisas mais sinistras...
— Sonic, ele está falando sério – Disse Sally, olhando para o ouriço.
— To sabendo, Sal. Não é porque tô na zuera que não tô levando a sério.
— O que você disse não tem o menor sentido.
— Tu leva a vida a sério demais, Sal.
— Nicole, conseguiu rastrear algo no castelo? – Perguntou a princesa.
— Nada, Sally. Mas ainda não consegui acessar a todos os cantos da cidade. Por algum motivo algo causa interferência e eu também ainda não consigo entrar em contato com Rotor e os outros. Tentei contatar alguém em Sand Blast mas sem sucesso – Nicole não tinha boas notícias.
— Isso tudo é muito estranho... Tudo bem, Nicole.
Porém, surpreendendo aos heróis, percebem que há uma intensa movimentação pela área do castelo. Imediatamente Sally vai até um dos guardas e pergunta:
— Ei, o que está acontecendo?
— Pri-princesa Sally?! Bem... O overlander... Ele... Ele fugiu!
— O que? O Vicent nunca faria isso!
— Mas fez. E o rei Max também sumiu.
Khan olhou para Sonic, que também olhou de volta. Era fato que Khan estava certo na sua premonição, o que fez com que mantivessem silêncio para não levantar suspeitas. Com esse pensamento, todos então se agrupam um pouco distante das portas do castelo e começam a conversar.
— Ok... Hora de falar ainda mais sério. O cabeludo não fugiria e o Max não sumiria. Tudo isso tem um motivo. Tô ligado, Sally – Disse Sonic, agora em um tom mais sério.
— Oh finalmente um pouco de juízo vindo de você – Sally não deixou barato.
— Haha! Legal, sabichona. Agora voltemos para o plano.
— Tá! Eu vou entrar e falar com o conselho. Você e o Khan dêem uma olhada pelas dependências do castelo pra ver se acham alguma coisa.
— Tá beleza, Sal. Vamos nessa, Khan!
— Tudo bem, mas não quero você falando besteiras – Avisou Khan.
— Relaxa, rei do oriente zen.
— Não comece!
Sally então adentra ao castelo, enquanto Sonic verificava as dependências do castelo pelo chão e Khan, usando sua nuvem voadora, pelo alto.
E no interior do Castelo Acorn...
Sally caminhava pelos corredores, quando avistou os membros do conselho saindo da sua de reuniões. Ela então se aproxima, dizendo:
— O que está acontecendo aqui? Soube que Vicent “fugiu” e meu pai sumiu.
Hamlin, demonstrando irritação em seu rosto, diz:
— Ora, isso é muito conveniente, não?
— Do que está falando, Hamlin?
— Ainda pergunta? Ainda não desistiu do golpe, é?
— O que? Porque está dizendo isso? Eu estou aqui pra saber o que está acontecendo.
— Sally, acho que você deveria sair do castelo. Ainda que você não tenha absolutamente nada com isso, sua presença aqui pode demostrar suspeição. Peço por favor que fique no quartel general dos Lutadores da Liberdade até segunda ordem – Disse Isabella Mangusto, sendo bem educada.
— Isso é uma ordem?
— Sim, princesa. No momento estamos investigando sobre o que anda acontecendo.
— E qual a opinião de vocês sobre tudo isso?
— Princesa, ninguém do Conselho Acorn irá responder quaisquer pergunta. No momento estamos em crise no castelo. Faça exatamente o que Isabella disse – Rosemary Prower estava mesmo falando sério.
— Muito bem. Eu irei respeitar a decisão de vocês, mas antes gostaria de falar com Geoffrey.
— E o que quer dizer a ele?
— Ele é o imediato aqui. Meu pai sumiu, então é a ele quem devo cobrar pelo retorno dele.
— Sally, não torne as coisas mais...
— Eu insisto! Há muito em jogo aqui e tudo isso envolve a todos nós! Entenda.
Por um breve instante, Sally e Rosemary trocavam olhares nada amistosos. Porém, pelo teor do embate de egos, as duas sabiam de no momento uma teria de confiar na outra. Sally já havia dado sinais que iria obedecer às ordens do conselho, mas faltava a Rosemary dar uma prova de confiança. Ela então, sem desviar o olhar, diz:
— Permitido.
A princesa então deixa o lugar, caminhando entre os conselheiros, indo até a porta do salão principal, pois Geoffrey estaria por lá. E Rosemary, enquanto conversava ao conselho, pensou:
— *Eu entendi, Sally. Só não faça nada precipitado. Eu sei que você quer seu pai em segurança, mas eu sei que você também quer acabar com essa situação aqui em nosso reino...*
E no salão principal...
Depois de retornar da ala da prisão, “Geoffrey” (que na verdade era Naugus) se concentrava, emanando seus poderes Ixis. Tinha o interesse de rastrear onde Vicent e Max poderiam estar.
— *Miseráveis... Onde estarão? Meus poderes não conseguem rastrear ninguém. Maldição! Devo me acalmar. Tudo está correndo bem... Mas eu sei que a qualquer momento eles irão aparecer... Eu preciso recuperar meu corpo hoje... É isso! Com meu corpo, poderei ter meu poder de forma plena, sem as limitações do corpo desse traidor! Hahaha! É isso! Vou contatar a Nicole e começar a...*
E antes que completasse seu pensamento, eis que pressente a chegada de alguém. Imediatamente faz com que seus poderes Ixis sumam, para não deixar suspeitas. E entendo ao salão era Sally, que avistou “Geoffrey” abaixado. A princesa, estranhando, diz:
— Geoffrey, o que faz aí?
— Oi, amoreco. Eu não lembro de te dever satisfações do que faço.
— Seu miserável! Eu já avisei que me chame pelo nome!
— Tudo bem, princesinha. O que você quer aqui?
— Onde está meu pai?
— Boa pergunta. Eu também gostaria de saber...
Sally estava mais irritada que de costume. Logo se aproximou de Geoffrey, fazendo com que o jaritataca encostasse na parede. Com a princesa mostrando um de seus punhos e com um tom de voz agressivo, ela diz:
— Trate de fazer valer todo o seu treinamento de espião e tudo mais que você souber pra trazer de volta meu pai! Eu não vou te perdoar se algo acontecer a ele!
— Ei, vá com calma. O culpado por tudo isso é o overlander desgraçado.
— Não! Vicent não tem nada com isso!
— E como pode provar? Onde ele está? Porque fugiu? Muitas perguntas e nenhuma resposta, não?
— Cale-se! Você não tem o direito de falar qualquer coisa sobre Vicent.
— Com o devido respeito, princesinha... Seu querido “herói” é o principal suspeito pelo sumiço do velho Max. Eu mesmo irei...
“Geoffrey”, enquanto estava dizendo seus argumentos, recebe um forte soco em sua barriga, fazendo com que quase perdesse todo o ar. Sally estava mesmo falando sério quanto ao que disse. Ela deixou isso bem claro para o jaritataca possuído por Naugus. De joelhos tentando recuperar o ar, “Geoffrey” diz:
— Você não deveria ter feito isso, Sally!
— Eu fiz isso porque você mereceu! Eu não vou admitir que sequer ouse em ameaçar Vicent! Faça seu trabalho, Geoffrey! Encontre meu pai e o Vicent. Eu vou procurá-los também, mas antes...
A princesa então caminha até uma das portas que levavam até a ala real, onde a realeza tinha sua moradia. “Geoffrey”, assustado, diz:
— Ei! Onde você está indo?
— Estou indo ver Naugus.
— O que? Você não pode! Meu rei está muito doente!
— Você se importa de eu “estimar melhoras” a ele, Geoffrey?
— Não o incomode em seu leito. Ele não está em condições de receber ninguém!
— É mesmo? Você sabia que meu pai, quando conseguiu voltar da zona do silêncio, voltou a governar imediatamente seu reino? Você sabia que meu pai governou mesmo doente? Ele estava infectado inclusive. Ele, mesmo assim, governou e lutou contra os Xordas doente a ponto de morrer. Meu pai foi envenenado e mesmo assim ainda vive. Naugus é tão fraco para suportar menos que um “velho”? Não me faça rir, Geoffrey. Eu desconfio que nada disso que você disse é verdade.
— Sally, não ouse cruzar essa porta! Estou avisando...
— O que vai fazer? Vai me impedir a força? Pensei que fosse um cavaleiro, traidor.
— Não se atreva!
Sally ignorou totalmente os pedidos de “Geoffrey”, abrindo a porta. No mesmo instante a princesa percebe que algo de errado estava acontecendo. Ela então se vira para o jaritataca, vendo que estava emanando uma aura maligna. Seu rosto estava deformado tanto quanto de Naugus, com um sorriso diabólico. “Geoffrey” então arremessa uma bolsa de fogo em direção a Sally, que consegue se esquivar com um salto para o lado. Assustada, diz:
— O que está acontecendo? Geoffrey, quando você aprender a fazer isso?
Mas era em vão conversar com ele. Sally, ainda olhando para o jaritataca possuído, grita:
— SONIC!
E pelos arredores do Castelo Acorn, Sonic e Khan conseguem ouvir o grito de socorro proferido por Sally. Eles, sem perder tempo, seguem a toda velocidade da origem do grito. Chegando lá, avistam Sally caída, um pouco fraca. Rapidamente Sonic a acudiu, apoiando a cabeça em seu braço.
— Sally?! Reaja! Vai, acorda!
— Ah... Sonic?!
— Isso! Que bom! O que houve, Sally?
Ela, se levantando sem perder tempo, diz:
— Rápido, Sonic!
— Sim, eu sou.
— Sonic, estou falando sério! Geoffrey... Ele estava... bem diferente!
— O que o cheiroso te fez?
— Ele me atacou com uma bola de fogo!
— Que? Como ele aprendeu a fazer isso?
— Eu não sei... Só sei que ele estava tentando me impedir de ver Naugus!
— Hum... Isso tá me cheirando mal... literalmente.
Khan, que acompanhava os acontecimentos, logo começa a sentir novamente a mesma energia negativa de antes. Logo diz:
— Essa energia... É a mesma que senti antes. Sally, o detentor dessa energia só pode ser Geoffrey.
— Tu tá certo disso? – Perguntou Sonic, preocupado.
— Sim, Sonic. Tem algo muito estranho no ar. Esse recinto está impregnado de mana negativo. Um poder mágico sinistro que emana da direção da porta.
— Geoffrey está escondendo algo! Temos que encontrá-lo! – Disse sally, decidida a ir até o fundo disso tudo.
— Mas e Vicent? E Max? – Sonic também estava preocupado.
— Confie em meus instintos, Sonic...
Enquanto isso...
Quartel general dos Lutadores da Liberdade Secretos, noite de crise.
“... se encontrarmos Geoffrey, nós iremos encontrá-los também.”
A intuição de Sally talvez estivesse os levando para mais problemas. Mas como uma boa notícia, as agentes Corações e Diamantes trouxeram o rei Maximilian Acorn e sua esposa, Alicia, para a base secreta. Longe do perigo, Max avista ao fundo uma figura que a muito tempo não via: Coruja Who. O mentor dos Lutadores da Liberdade Secretos logo diz:
— Maximilian, não sabe a satisfação que me dá ao vê-lo salvo.
— De fato, Who. Eu não sei o que está acondicionamento, mas estou feliz em saber que sua fidelidade ao meu reino está intacta.
— Sempre, meu rei. Eternamente.
— Não precisa me chamar de rei. Eu não sou mais um. Me chame somente de Max. Nós tivemos os mesmos treinamentos a muitos anos atrás. Somos amigos de longa data.
— Justamente, Max. E também fico feliz por você, Alícia. Agradeço de coração por ter cuidado de Max todo esse tempo.
— Grata por nos abrigar, Who. Max e eu estamos muito confusos. Precisamos mesmo de respostas – Disse a rainha, ajudando Max em sua cadeira.
— Claro, Alicia. Vocês tem todo direito.
Mas antes que Coruja Who pudesse começar a explicar, do comunicador da base era ouvida a voz de Elias, que fiz:
— Who, aqui é Elias! Corações e Diamantes cumpriram com a missão?
— Sim, Elias!
Max, ao ouvir a voz de seu filho, não conseguiu controlar sua emoção, com lágrimas saindo de seus olhos. Ele, sem perder tempo, usa o ponto de voz e diz:
— Elias?! Meu filho... Meu querido filho...
— Papai?! Nossa... Como é bom ouvir sua voz... – Dizia Elias, demonstrando estar emocionado por sua voz estar embargada.
— Meu filho... Eu estava errado a seu respeito todo esse tempo. Você nunca desistiu do seu reino, não foi?
— Eu nunca faria isso, papai. Sempre tive fé que iria lutar contra as injustiças. E agora é a hora.
— Porque diz isso?
— Essa noite iremos derrubar Naugus!
— O que? Vocês irão cometer um golpe! Isso não vai...
— Pai, Naugus está por trás de tudo isso! Foi ele quem tentou matá-lo!
— O que? Mas como? Você tem provas?
— Sim, mas nada concreto. Mas estamos indo atrás das provas. Ele também tentou matar Vicent.
— Vicent, o overlander?
— Sim! Ele está aqui comigo e está disposto a ajudar.
— Elias, não o envolva. Ele é um bom rapaz que...
— Ele é um herói, papai. Ele também está disposto a proteger as pessoas da cidade.
— Vocês jovens são tão inconsequentes... como eu fui.
— Por isso sou o rei.
— Elias, meu filho... Você tem o sangue Acorn. Nós sempre lutamos em prol da justiça. Nós sempre defendemos nosso povo. Me nutre de esperança saber que você tem suas convicções. Estou certo de sua vitória. Estarei aqui para ajudá-lo no que for preciso.
— Obrigado, papai!
— Elias, onde vocês estão? – Perguntou Who.
— Estamos indo para as câmaras do Castelo Acorn. Tenho certeza que Naugus está lá.
— Tome cuidado, Elias. Faz tempo que ninguém vai até esse lugar.
— Não se preocupe. Estou com os localizadores ativados. Peça para Leeta e Lyco virem pra cá.
— Afirmativo. Nos mantenha informado de tudo.
— Tudo bem.
E logo Max, ao ouvir Elias, diz:
— Leeta? Lyco? Então vocês duas são as gêmeas de Lupe, a rainha da matilha do reino feral?
Elas então retiram suas máscaras. Sua mãe e Max são amigos de longa data. Leeta toma a palavra.
— Sim, senhor. Nossa mãe deu permissões para ajudar o seu reino.
— É. E a gente está adorando fazer parte disso tudo. Não estou dizendo que a gente gostou do que aconteceu aqui, mas que a gente gostou de ajudar todo mundo – Disse Lyco, completando.
— Logo se nota que vocês são realmente filhas de Lupe. Tem a sagacidade e senso de justiça dela.
— Oh Está nos deixando sem jeito, senhor – Disse Leeta, um pouco envergonhada com as palavras de Max.
— Leeta e Lyco, coloquem suas máscaras. Elias precisa da ajuda de vocês.
— Tudo bem. Vamos, Lyco. Chegou a hora da verdade!
— Vamos! Até, Who. Max. Alicia – Se despediu Lyco, determinada.
Logo as gêmeas saem a toda velocidade, rumando em direção ao castelo, de forma secreta como sempre. Max, indo até Who, diz:
— Você tem feito um grande trabalho. Talvez eu não tenha palavras pra demonstrar minha gratidão.
— Não se preocupe, Max. A única coisa que eu quero é...
Enquanto isso...
Quartel general dos Lutadores da Liberdade, noite em crise.
“... a volta da paz e quietude a essa cidade.”
Os desejos de Who era o que todos queriam, não está dúvidas. E pensando nisso, Nicole, que estava sozinha na base, tentava a tudo custo reestabelecer a comunicação com Rotor e os outros.
- *Nossa... Ainda não consegui. Isso nunca aconteceu antes. Não é possível que haja um bloqueio tão intenso assim no sinal. Já liguei os amplificadores de sinal ao máximo e mesmo assim não consegui absolutamente nada. E além disso, eu também estou com limitações ao castelo. Eu poderia ajudá-los mas...*
Mas Nicole logo é interrompida durante sua análise pois tio Chuck se aproximava da base. A IA lince, surpresa com a inesperada visita, abre a porta, dizendo:
— Tio Chuck?! O que houve? O senhor aqui a essa hora e...
— Nicole, onde estão os outros? – Disse o ouriço, segurando uma espada.
— Foram até o castelo. Khan estava aqui e sentiu uma energia negativa. Então eles...
— Nicole, tente contatá-los agora!
— Mas o que está acontecendo?
— Eu acabei de escapar do Castelo Acorn. Eu descobri que Geoffrey é Naugus!
— O que? Mas isso é... – Indagou a bela lince, surpresa com a notícia.
— ... um absurdo? Tenho a mesma opinião. Só que precisamos agir logo! Todos estão em perigo!
— Tudo bem!
No mesmo instante, Nicole conseguiu falar com Sally usando seu comunicador.
— Sally, está me ouvindo?
— Nicole? Sim, estou. Mas nó momento estamos com problemas e...
— É por isso mesmo. Tio Chuck está aqui.
Tio Chuck, sem perder tempo, toma a palavra.
— Princesa, vocês estão em perigo aí!
— Chuck, nós sabemos. Geoffrey nós atacou, mas vamos achar Naugus e...
— Geoffrey é Naugus!
— O QUE? MAS ISSO...
— ... não faz o menor sentido? Acredite, é verdade!
— Não, Chuck. Faz total sentido agora! Bem que eu desconfiei pois Geoffrey não seria capaz de soltar bolas de fogo pelas mãos.
— Vocês precisam sair daí!
Sonic, que estava acompanhando a conversa, diz:
— Tio Chuck, depois dessa bomba que o senhor disse a gente não pode voltar atrás no que a gente veio fazer.
— Como assim, Sonic?
— O rei Max sumiu, tio Chuck. E o Vicent deu o fora também.
— Por Aurora! As coisas estão fora de controle! Eu também preciso dizer que...
E antes que tio Chuck pudesse dizer mais alguma coisa, a comunicação é cortada, como Nicole avisou:
— Perdemos a conexão. Algo ou alguém fez isso.
— Foi Naugus. Com certeza! Eles precisavam saber que...
Enquanto isso...
Catacumbas do subsolo do Castelo Acorn, noite em crise.
“... Elias está no Castelo. E é bem possível que esteja com Vicent.”
As coisas estavam se desenrolando de uma forma bastante intensa, com todos os envolvidos se movimentando ao mesmo tempo pelo Castelo Acorn, com nossos heróis em ação agora ao encalço de Naugus, mesmo que todos não tivessem noção de tudo que estava ocorrendo. Elias, sendo seguido por Vicent e Larry Lince, caminhavam até o interior da tumba. O lugar de fato era inóspito, com a escuridão presente a arte todo instante. Por sorte (sem alusão a Larry), Elias trouxe um bastão de led, que conseguia iluminar bem o ambiente. Durante essa caminhada, Vicent diz:
— Elias, porque vocês mantém esse lugar aqui? Tudo escuro e não tem nada.
— Acredite, Vicent... Até eu desconhecia esse lugar.
— Mas então...
— Eu sabia que existia, mas nunca estive aqui antes. Esse lugar deve existir bem antes do meu pai tomar posse como rei. Talvez até antes do meu avô ou bisavô...
— Esse lugar é muito sinistro. Não me sinto seguro aqui – Larry Lince logo se manifestou negativamente.
— Pode crer, Coringa... Digo, Larry – Vicent ainda estava se acostumando.
— Bem, se for de acordo com as histórias do meu pai, logo a frente deve ser a câmara central. Estejam prontos parte o que iremos encontrar – Elias logo se preocupou em avisar seus aliados.
E eis que chegam até um salão maior, com estátuas em forma de esquilos mobianos segurando tochas decorando o local. Logo Elias se aproxima esse acende, iluminando totalmente o lugar. Era quase como um santuário, com algumas plantas e flores adornando o grande salão. Logo Vicent diz:
— Elias, quem são esses?
— Por Aurora! Aquele a direita é meu trisavô, Jeremiah Acorn. Ao lado dele meu bisavô, Isaac Acorn.
— Tá, mas o que essas estátuas estão fazendo aqui?
— Eu não sei.
Larry Lince logo se aproximou de uma das estátuas e percebeu que havia algo escrito ao pé delas.
— Tá escrito aqui: “Ao visitante, façam-se as honras; defendam com suas vidas o palácio da Trindade.”
— Palácio de Trindade? Minha nossa! – Elias logo se surpreendeu com o que ouviu.
— Elias, o que foi? O que é esse palácio? – Vicent estava curioso.
— Eu pensei que era só um conto de meu avô. Esse palácio era onde nossos ancestrais dividiam sabedoria com outras dimensões. Bem, existia a lenda que a Trindade, formada pelo reino Acorn, o reino dos Equidnas e o reino Mágico compartilhavam conhecimento.
— Minha mãe já me contou coisa parecida – Larry também tinha lembranças.
— Porém o reino Mágico não tinha boas intenções. Meus ancestrais e os Equidnas descobriram e os selaram eternamente nessa dimensão, mas...
— Mas o que, Elias? – Perguntou Vicent.
— Eles, depois de centenas de anos, conseguiram quebrar o selo dessa dimensão. O reino Mágico foi derrotado em seguida, mas essa dimensão passou a ser conhecida como a Zona do Silêncio.
— Elias, isso quer dizer que... – Larry havia entendido.
— Exatamente. É de onde meu pai e Naugus conseguiram escapar.
— Se essa estátua está aqui avisando, então... – Vicent havia chegado a uma conclusão.
— Naugus planeja algo com isso. Eu sabia!
E como estivessem o chamando, “Geoffrey” aparece ao salão, surpreendendo a todos. Na verdade até ele mesmo se surpreendeu. Ao avistar o jaritataca, logo Elias, que estava de máscara, assim como Larry, diz:
— Geoffrey?!
— Vocês?!
E havia chegado a hora. Depois de um breve silêncio, com todos a postos, começa o combate, com o jaritataca emanando seus poderes Ixis. Logo ele arremessa várias voltas de fogo em direção a todos. Por sorte, Elias, Larry Lince e Vicent conseguem se abrigar atrás de pilares alí próximos.
— Eu vou acabar com todos vocês aqui! Apareçam, seus miseráveis! – Naugus estava mesmo indócil.
Elias e os outros estavam em desvantagem. Embora Naugus estivesse com os poderes limitados por estar possuindo o corpo de Geoffrey, seus poderes eram terríveis. Percebendo que não poderiam ficar ali para sempre, Elias diz:
— Precisamos agir rápido. Ele não vai desistir. Estamos em uma situação crítica. Se ao menos eu estivesse com a espada de Connery...
— Que espada é essa? — Perguntou Vicent.
— Havia um guerreiro equino chamado Connery que tinha uma espada mágica capaz de neutralizar qualquer poder maligno. Pois bem, ela é o ponto fraco de Naugus.
— E onde está essa espada?
— No momento deve estar no QG dos Lutadores da Liberdade.
— Tá brincando, né? Agora ferrou de vez...
— Bem, teremos que nos virar. Larry, consegue correr?
— Sim, eu acho.
— E você, Vicent?
— Também. Mas o que você quer fazer?
— Vamos correr na direção dele ao mesmo tempo. Ele não poderá atingir todos nós ao mesmo tempo com a mesma precisão. É uma jogada arriscada, mas é melhor que ficarmos aqui parados e morrer.
— No estilo cego mesmo? Que situação... – O jovem percebeu que não tinha escolha.
— É nessas horas que eu queria ter sorte... Pera, eu tenho sorte! – Larry Lince logo se apóia em seu poder natural.
E como Elias sugeriu, os jovens se preparam para partirem pra cima do jaritataca possuído. Depois de esperarem um tempo, correm em direção a ele, que diz:
— Então virão todos de uma vez? Estão tão desesperados assim? Hahaha! Eu já esperava!
E quando Naugus começou a emanar ainda mais seus poderes, eis que o inesperado ocorre: todo seu poder cessa instantaneamente, frustrando seu ataque. Logo o trio ataca ao mesmo tempo, com Elias, Larry e Vicent conseguindo deixá-lo imobilizado. Naugus, neutralizado, pensa:
— *Mas o que demônios está acontecendo? Mesmo nesse corpo limitado eu teria poderes de...*
E Naugus começa a sentir uma forte dor por todo seu corpo, fazendo com que comece até a babar.
— *Geoffrey! Ele... Ele está tentando me expulsar de seu corpo! Miserável! Eu só consegui tomar seu corpo porque conseguia manter o mantra Ixis intacto. Ao usar meus poderes não consigo mais manter meu espírito em seu corpo! Demônios! Ah mas eu vim para ter certeza da minha vitória! É hora de ativar a máquina da Nicole! Hahahaha! O fim de vocês está próximo!*
Mesmo imobilizado pelo trio, Naugus consegue acertar um botão de seu cinto, que deve ter ativado a suposta máquina a qual se referiu em seus pensamentos. Após sua ativação, uma grande massa de energia Ixis é liberada do corpo de Geoffrey, derrubando a todos. Em seguida, com Elias de pé, mesmo que um pouco tonto, consegue ver o espírito de Naugus. Elias diz:
— Seu monstro desgraçado! Nós iremos te destruir!
— Hahahaha! Meros vermes como vocês nunca poderão comigo! Logo eu estarei tão forte que todos vocês clamarão por misericórdia!
Após sua provocação, Naugus segue então para o interior da câmara, seguindo supostamente ao encontro da máquina a qual Nicole ajudou Geoffrey a construir durante todo esse tempo.
Sabendo que não poderia alcancá-lo, Elias retornou para perto dos outros e percebe que Geoffrey estava acordando. Por conta disso, Elias logo trata de prender as mãos do jaritataca espião com uma corda que trazia e diz:
— Geoffrey? Você está bem?
Ele, ainda tonto, diz:
— Elias... O que...
— Naugus saiu de seu corpo.
— Elias, ele vai ativar a máquina... Ela vai fazer seu corpo se curar totalmente e todo seu poder Ixis será liberado! Nós temos que... Espere! Porque prendeu minhas mãos?
— Por nossa segurança.
— Segurança? Me solte, Elias! Não há tempo para...
— Cale-se, Geoffrey. Eu já estou farto de você ter sempre o controle da situação. Vou mantê-lo preso para segurança de meus amigos. Você não é confiável, até porque isso pode ser um plano de Naugus.
— Não seja insolente, Elias! Eu quero deter Naugus tanto quanto vocês! Será que aquilo que aconteceu na câmara abaixo do palácio do Conselho não te diz nada?
— Eu não esqueci de como você nos agrediu. Estou certo que estava fazendo seu teatrinho barato que você sabe fazer muito bem, mas nada é garantido. Não quero correr riscos. Até tudo isso se resolver, você é meu prisioneiro.
— Ah lógico... Uma vez rei Acorn, sempre rei Acorn. Já deveria estar acostumado com isso... Conseguiu o que queria, Elias. Aproveitou a chance e conseguiu. Meus parabéns!
— Geoffrey, seu...
Por muito pouco Elias não agrediu o gambá. Vicent interveio, dizendo:
— Elias, segura a onda! Não precisa bater nele. Geoffrey está preso.
— Desgraç... Ah sim... não devo mesmo fazer isso. Obrigado, Vicent.
— Disponha.
— Tá, mas e agora? O que faremos? - Disse Larry, confuso.
— Vamos seguir Naugus.
— Elias, mas você viu o que aquilo pode fazer! Estou até agora tentando entender o que eu vi aqui... – Vicent demonstrou bem o que sentiu.
— Não podemos perder tempo. Logo Leeta e Lyco estarão aqui e...
Elias deveria ter mantido vigilância completa em Geoffrey. Era de sua natureza escapar de situações adversas e não demorou muito para desafrouxar a corda. Assim que perceberam, Geoffrey executou um chute, atingindo aos três de uma só vez. Aproveitando que estavam tontos pelo golpe, Geoffrey tentou fugir, correndo em direção ao corredor que Naugus havia tomado para chegar a câmara que estavam.
— Peguem-lo! Não deixem que escape! – Disse Elias, o que caiu mais distante.
— Deixa que eu vou atrás dele! As agentes devem chegar aqui a qualquer momento!
— Cuidado com ele, Vicent!
— Pode deixar!
Embora Vicent não tivesse poderes naturais, seu parkour foi bastante útil para seguir no encalço de Geoffrey. Por onde passou haviam muitos balaústres e candelabros antigos, onde o jovem de longos cabelos pretos fez uso para escalar com desenvoltura de um atleta olímpico. Era impressionante como tinha força para subir tomando pouco impulso. Não demora muito e avista Geoffrey, que diz:
— Overlander, deveria ter ficado no chão! Desista!
— Nunca!
E com um salto, Vicent conseguiu agarrar Geoffrey pelas pernas, fazendo-o cair em seguida. O jovem então se levanta depois de fazer um rolamento e tenta golpear o jaritataca com um chute, facilmente esquivado em seguida. Geoffrey então, usando de sua conhecimentos de artes marciais, golpeia Vicent com um soco em seu rosto e depois, com um chute, golpeia sua barriga. Vicent vai ao chão em seguida, mas se levanta e tenta mais uma vez golpear o gambá com um soco, mas em vão: era visível a superioridade de Geoffrey no corpo a corpo. Com um simples movimento, ele então executa uma chave de braço e arremessa Vicent para longe. Caindo de costas, o jovem mais uma vez se levanta, causando irritação ao jaritataca, que diz:
— Cara, você não percebe que não tem como me vencer?
— Eu sei... Eu não sei lutar, mas...
— Mas o que? Você não tem que fazer nada! Você nem é daqui! O mundo está em perigo e você está desperdiçando meu tempo!
— Eu não vou deixar de salvar essa cidade... Você não vai fugir!
— Porque se importa tanto com essa cidade? Você não se encaixa na nossa sociedade!
— Eu não tenho que ouvir isso de você... Sua opinião não condiz com a realidade... Guarde seus preconceitos pra você!
— O que? Está louco? Se você continuar vindo eu irei golpeá-lo ainda mais! Porque insiste? O que tem de tão importante?
— Eu prometi a Beatrice que nunca mais cairia até que tudo isso tivesse terminado...
— Beatrice? Espera... A coelho, filha da Betina Coelho?
— Sim. A conhece?
— Claro! É a tecelã do reino! Mas como pode isso?!
— Eu não vou quebrar minha promessa!
Geoffrey, mesmo diante de tudo que estava acontecendo, percebeu que Vicent de fato se importava com as pessoas de Nova Mobotrópolis. Sua forma honesta de se expressar passou confiança ao gambá, que diz:
— Vicent, eu devo ser franco: eu odeio overlanders. Por causa da sua raça eu perdi meu pai. Eu não gosto de você e não quero mesmo me envolver com você. Eu tenho preconceito por overlanders e nada vai me fazer mudar. É meu jeito. Mas eu não posso ignorar suas convicções. Eu posso não gostar de você, mas ganhou meu respeito.
— Volte comigo, então.
— Não, eu não posso voltar. Eu preciso evitar o pior e pra isso eu devo agir sozinho. Devo limpar o meu nome e defender essa cidade.
Vicent então percebeu que Geoffrey tinha muito em jogo. Além da cidade precisava defender o próprio nome. O jovem então diz:
— Eu sei da importância de um nome. Eu nesse mundo não sigo a ninguém a não ser a minha família. O nome Pierre terá sua marca por aqui também. Pela minha mãe e pelo meu pai eu irei honrar o nome de nossa família, seja onde for. Eu entendo que não goste de mim, e não sou ninguém para lhe julgar por ter preconceitos com pessoas como eu, mas mesmo assim, de forma recíproca, eu o respeito.
Por um breve momento, a tensão que tomava o ambiente seu lugar a fraternidade: Geoffrey e Vicent sorriram um posts o outro, mostrando que o respeito era de fato recíproco. Sabendo que não poderia deixar o rapaz de mãos vazias, o jaritataca retira algo deve dentro de seu sinto e joga em direção a Vicent, que pega. Era um tipo de rádio controle. Sem entender, o jovem diz:
— O que é isso?
— Um rádio. Eu entrarei em contato em breve por ele. Só eu e você saberemos disso, ok?
— Mas porque está fazendo isso?
— Bem, Elias deve ter pedido para que você viesse atrás de mim. Pois bem, está levando algo de mim pra ele. “O rei” irá entender...
E antes que Geoffrey disse embora, Vicent então se viu na obrigação de retribuir a confiança.
— Geoffrey...
— Sim? O que foi agora?
— Tenho uma informação a você.
— Informação? Do que está falando?
— Essa sua fuga significa que irá fazer o possível e o impossível para ajudar a gente?
— Pode ter toda certeza que sim. Porque?
— Então acho que você irá gostar de saber que a espada de Connery está no quartel general dos Lutadores da Liberdade.
Geoffrey no mesmo instante arregalou seus olhos, se surpreendendo completamente. Parecia que era exatamente isso que estava atrás. Ele, ao entender o voto de confiança, diz:
— Vicent... você não economiza na gentileza... Acabou de nos dar uma nova esperança!
Continua.