Os Cinco Selos

Tempo estimado de leitura: ontem

    14
    Capítulos:

    Capítulo 208

    Suspiro de uma Brasa

    Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Yoooooo!

    Olha só! Eu consegui postar dois capítulos em um único mês! Fazia bastante tempo que não conseguia tal proeza

    E o capítulo está grande para um cacete. Meu eu do passado que sofria para escrever 1k de palavras, então iria passar mal se desse uma olhada nesse aqui

    Boa leitura ^^

    Er'nock errou seu alvo e atingiu o solo, que, após a energia multicolorida ser disparada, fora completamente engolido por ela sem deixar resquícios. "Meu elemento surpresa fora desperdiçado", ele pensou. Subitamente, a presença do Selo se tornou ainda mais pesada, como se estive o devorado — o que levou o demônio a crer que estava prestes a receber um golpe. Antes que se voltasse para trás, viu de soslaio o avanço de seu último cão, saltando diretamente na direção da Pietra, dessa forma interrompendo o ataque fatal contra o Dedo e afastando-a dele.

    — Uuk! — vociferou Er'nock.

    O demônio se esticou em direção a seu cão, tentando alcança-lo, porém pequenas fagulhas verdes cintilaram ao seu redor, como vaga-lumes, causando uma poderosa explosão em seguida. Er'nock saiu da cortina de fumaça e detritos com seu escudo em riste, que fora usado para se proteger.

    Pietra, por outro lado, estava de pé, segurando o cão Uuk no alto pela garganta. Ela fechou os dedos, e Uuk chiou em resposta ao aperto, com seus olhos negros se virando em direção ao seu dono em um pedido silencioso de ajuda.

    — Não... nem pense nisso, nephilim — disse o Dedo, com seus olhos vidrados no Selo.

    — Sinta na pele aquilo que seu Imperador trouxe a tantos seres vivos, demônio.

    Peste aumentou a força do aperto, quebrando o pescoço de Uuk em um estalo, tão fácil quanto quebrar um galho.

    De imediato, o semblante preocupado de Er'nock se transformou em ódio e sua energia vermelha se espalhou com violência; seus pelos negros se ouriçaram, seus músculos tencionaram e sua mão direita cintilou. Seu próximo movimento fora tão rápido que os olhos do Selo só conseguiram perceber o que havia acontecido quando era tarde demais.

    Pietra, que segurava o cão demoníaco com a mão esquerda, arregalou os olhos verdes quando sentiu o toque da mão esquisita do demônio em seu corpo. Ora, Er'nock tocou o antebraço dela com sua mão direita, que pulsou um lindo brilho multicolorido e devorou todo o membro. Do que restou do braço, o sangue da nephilim esguichou. Peste exprimiu toda sua dor e fúria em um único e poderoso grito:

    — Despertar: Deusa da Peste!

    As chamas verdes verteram por praticamente toda a câmara, lambendo o solo e as paredes com todo seu calor e fúria. Er'nock saiu de entre elas levemente chamuscado, carregando seu cão por debaixo do braço, deitando-o chão em seguida. Ele ficou olhando por sobre o ombro com indiferença toda aquela demonstração de poder emanando do Selo.

    Com a dissipação das chamas em milhares de faíscas, a deus da Peste havia finalmente despertado. Seu corpo, agora tão magro que a pele marcava seus ossos, ainda continuava sendo protegido pela armadura forjada pela Vida, e trapos rasgados brotavam de cada abertura dela. Insetos voadores pairavam sobre seus lindos cabelos ruivos uma nuvem, zunindo e levemente cintilando. O cotoco que outrora fora seu braço havia parado de sangrar. Seus olhos, vazados pela abertura de uma tira de aço que circulava sua cabeça, brilhavam intensamente enquanto encarava o demônio, que já estava erguido devolvendo o mesmo olhar.

    — Com esta mão — começou a dizer Er'nock, erguendo seu braço abominável —, irei revogar a existência de tudo o que você mais se importa, Peste.

    Um sorriso sádico e doentio brotou nos lábios da deusa da Peste e uma gargalha estridente ecoou.

    — Não... não irá. O que está em sua frente agora, demônio cujo é tão insignificante que não sei o nome, é uma divindade. Portanto, tenha mais respeito. — Peste bateu com o machado vermelho no solo, fazendo a câmara tremer. — Com este machado, assim como destrocei aquilo que você se importa, irie destroçar todo este império sombrio.

    Er'nock, sem temer, avançou com seu escudo em riste e sua mão direita cintilando. A nephilim, em um único movimento contínuo, ergueu o machado vermelho sobre a cabeça envolvido em chamas e brandiu contra o chão, rasgando-se uma fissura com o impacto, de onde as chamas verdes emergiram até o alto como uma parede. O demônio simplesmente alternou para o lado, fugindo do calor, mas parou ao perceber que perdeu o Selo de vista. Do outro lado das labaredas, o machado irrompeu, dando-lhe tempo o suficiente de apenas colocar seu escudo a frente, projetando-o para a borda com o impacto.

    O ataque da Peste não parou, dando sequência em um avanço com um salto, girando no ar e desferindo mais golpe pesado contra o escudo do demônio. O Dedo segurou o ataque em pé, porém, dada a força da nephilim, logo seu joelho tocou o chão. Força e chamas eram aplicadas continuamente contra o machado, fazendo o solo se aprofundar e rachar. Temendo que caísse na lava, Er'nock refletiu o dano absorvido pelo escudo de volta em Pietra, arremessando-a violentamente para cima.

    Ela rodopiou no ar e atirou seu machado contra o demônio, que desceu rodopiando em chamas verdes. O demônio ergueu o escudo para se proteger, mas, com um simples estalar de dedos, através de sua magia Pietra trocou de lugar com seu machado, pousando sobre o escudo. O braço direito dela se imbuiu em chamas verde e, com as costas da mão, atingiu-o na face com força, fazendo com que rolasse pelo solo deprimentemente. Não satisfeita, a nephilim recuperou sua arma que caiu em sua mão e partiu para outra sequência.

    Er'nock se colocou de pé e, ao perceber que o Selo investia em sua direção, fez o mesmo. O escudo e machado se encontraram novamente em um poderoso e barulhento baque, onde o impacto disparou uma onda de energia que fizeram as paredes tremerem. Sua mão direita avançou e Pietra jogou sua cabeça para o lado para desviar — por muito pouco não houve o toque. Sabendo que a mão voltaria contra ela, a nephilim deu um passo para o lado e um longo salto para trás. O demônio rapidamente disparou a energia acumulada em seu escudo contra ela, atirando-a para mais longe e desequilibrando-a. Não sofrera dano nenhum de impacto, pois a armadura absorveu.

    Desta vez, o Dedo que seguiu com ataques incessantes. Com sua mão direita, fez múltiplos golpes incessantes, obrigando o Selo a ficar na completa defensiva, com medo de ser apagada com o toque. Percebendo que Pietra prestava atenção demais em sua mão, Er'nock atacou com seu escudo, de baixo para cima, acertando-a na cara. Seguidamente, a mão direita dele cintilou e a tocou. Peste arregalou os olhos ao sentir o toque e subitamente contra-atacou com um forte chute, afastando-o para longe. Ela olhou para si, aliviada ao perceber que só uma parte da armadura havia sido apagada, protegendo completamente seu corpo. "Causar isto com um toque na armadura forjada pela Vida é espantoso", ela pensou.

    Er'nock riu.

    — Ver o medo estampando no rosto de um Selo, é realmente espantoso e glorioso. — O Dedo se manteve erguido, com seu escudo em riste e sua mão direita pulsando. A expressão de fúria ainda era seu semblante. — Prova que até mesmo um deus pode temer um mero mortal.

    Peste cerrou os dentes uma expressão desagradável.

    — Pode se gabar, demônio. Admito que até mesmo um deus teria inveja de um poder tão desolador. Contudo, eu já enfrentei inimigos tão poderosos quanto... e você? Quantos deuses já teve o azar de enfrentar? — Ela encarou com o demônio, com seus olhos verdes serenos e inescrutáveis. — Personificação da Peste.

    De súbito, um breu denso emergiu atrás da deusa da Peste e começou a devorar a câmara inteira, seguido pelo tintilar de correntes que ondulavam sedentas em meio a escuridão, perseguindo o demônio. Er'nock sabia muito bem o que aquela escuridão antecedia, então logo correu na direção oposta, onde ficava a saída. Ele deslizou de joelhos para se aproximar de seu falecido cão e sussurrou:

    — Desculpe-me Uuk, mas me salve mais uma vez.

    Com pesar, Er'nock fez sua mão direita cintilar e tocou em seu fiel amigo, devorando-o por completo e, consequentemente, fortalecendo a anomalia de seu braço. Aspirando com força, ele se ergueu e encarou a escuridão. Sua energia vermelha e o cintilar multicolorido se intensificaram, espalhando-se freneticamente.

    Ora, no momento em que a escuridão finalmente o alcançou, ela começou a ser completamente devorada por aquela mão. O demônio urrou de esforço, enquanto o cintilar aumentava e as sombras ondulavam, sendo dragadas gradativamente até enfim minguar de vez, completamente derrotadas pela luz.

    A nephilim ficou estática, espantada por sua Personificação ter sido anulada de forma desoladora.

    O Dedo, por outro lado, encheu-se de frenesi. Entorpecido, ele socou o próprio escudo e avançou. Em um determinado momento, usufruindo da energia absorvida pelo seu recém golpe, Er'nock utilizou seu escudo para se propulsionar em direção ao Selo, que contra-atacou com um turbilhão de chamas verdes. Com a palma da mão esticada, ele devorou o fogo em seu caminho, mas, no fim, encontrou ninguém. De imediato, rodopiou sobre o pé e se preparou para se proteger de um golpe, que não veio. No fim da câmara, porém, pode ver a silhueta da Pietra fugindo de volta para os túneis. Ele pensou em correr para alcançá-la, mas uma dor aguda tomou conta de seu braço e o cansaço fez suas pernas fraquejarem, obrigando um de seus joelhos a tocar o solo.

    — Para aonde vai, imunda? — questionou em um sussurro, enquanto ofegava.

    Após um tempo recuperando forças e fôlego, Er'nock caminhou para a saída, depois olhou em volta e para cima, sem ter sinal algum do Selo. Não foi diferente do que já imaginava.

    — Vergonha — ele dizia olhando para cima e com sua voz ecoando pelos túneis. — Depois te tantas histórias sobre vocês, as mais recentes a do Ro'resh e Sa'ezuroth, vê-la fugindo é deprimente. — Ficou poucos segundos em silêncio ao ver algo se mover em um dos andares e retomou: — Eu poderia ser piedoso e poupar sua vida... mas tenho que vingar meus cães.

    Er'nock flexionou os joelhos e se envolveu com sua energia vermelha, em seguida atirou-se na direção em que vira o vulto. Seu escudo estava de prontidão para qualquer ataque que pudesse se suceder e sua mão direita para contra-atacar mortalmente.

    Em uma determinada altura, o demônio sentiu que entrou em outra espécie de dimensão, apesar de nada mudar visualmente. Imediatamente soube que se tratava da Personificação do Selo. Er'nock mais uma vez foi ágil e devorou toda a magia com sua mão, desta vez precisando de bem menos esforço e energia, demostrando que a nephilim também estava desgastada. Isto, porém, apenas serviu para demonstrar que ele realmente havia caído em uma armadilha, pois agora estava cercado por brilhos verdes semelhantes a vaga-lumes.

    — Jovens inexperientes julgam como fuga qualquer tentativa de sumiço... — entoou Pietra, com sua voz ecoando pelos túneis.

    Em seguida, os brilhos verdes começaram a explodir. Sem ter como se defender destas explosões, Er’nock teve seu corpo jogado de um lado para o outro, para cima e depois, de maneira violenta, para baixo.

    — ... Quando, na verdade, trata-se de uma nova abordagem de ofensiva.

    Por entre um dos andares, a deusa da Peste surgiu e acertou com força o machado no Dedo, arremessando-o violentamente para o outro lado. Er'nock voou diretamente para dentro de um dos túneis, rolando pelo chão e colocando-se de pé debilmente. Agora, na lateral de seu corpo, havia um ferimento feito pelo terrível machado: sua carne estava rasgada pelo gume e contorcida macabramente por causa da força do impacto.

    Apesar da intensa dor que sentia, Er'nock não perdeu o foco. Olhava para entrada do túnel, preparado para a chegada da nephilim. A espera parecia demorar milênios, sendo que havia se passado poucos segundos. No momento em que pensou em sair, a investida finalmente veio.

    Em seu ímpeto, Pietra adentrou desenfreada no túnel, com suas chamas pulsando exageradamente. Seu machado saiu destroçando o solo até de deixar de tocá-lo, subindo em um poderoso golpe que brandiu contra o escudo do demônio, atirando-o ainda mais para dentro. Sem deixar que o inimigo resfolegasse, a nephilim continuou a sequência com ataques pesados e incessantes. Os impactos destroçavam o solo, as paredes e o teto do túnel, com suas chamas iluminando e fervendo o local. Er'nock estava passando sufoco, pois só o que conseguia fazer era desviar e aparar com seu escudo, e este último detalhe cansava seu braço cada vez mais. Não conseguia ter tempo para contra-atacar com seu braço anômalo.

    Como medida desesperada, o Dedo descarregou toda a carga absorvida pelo seu escudo de uma vez só, lançando uma grande massa de força contra o Selo. Ao ser atingida, Pietra sentiu que sofreu um golpe de um grande e pesado martelo, sendo jogada para trás. Aproveitando-se desse momento de interrupção, ela logo se recuperou e correu para fora do túnel. Tomado ainda mais pela fúria, o demônio a seguiu imediatamente.

    Os dois escalaram os andares em saltos ágeis. Ao chegar no último andar, Pietra parou na borda e se virou bruscamente, conseguindo agarrar o demônio surpreendido pelo pela face e o arremessar para dentro do túnel. Enquanto o demônio girava no ar e caia em pé, ela investiu contra ele com seu machado erguido e o desceu em uma impetuosa guilhotina, brandindo contra o escudo em alto banque.

    Diferente das outra vez, Pietra não tentou subjugar o demônio aplicando sua força de maneira contínua, mas em golpes consecutivos. Ela ergueu seu machado e desferiu outra guilhotina, e outra, e outra, e assim continuou incessantemente. Er'nock fora obrigado a segurar o escudo com as duas mãos, pois o equilíbrio de seu corpo estava comprometido e seu braço doía intensamente, e cada banque a ferida latejava cada vez mais. Os golpes faziam o solo fissurar e as paredes tremerem. A dor que o Dedo sentia era intensa, fazendo todos seus músculos gritarem e seu cérebro a pulsar. O cansaço o dominava ainda mais rapidamente pelo efeito das chamas verdes, drenando sua energia vital. Era enlouquecedor.

    — Irei destroçar este escudo, demônio, e você será o próximo! — esbravejou o Selo.

    Er'nock jamais viu algo composto por falso-vidro quebrar, mas sabia que isto realmente estava prestes a mudar. Então, ele decidiu fazer algo que em condições normais nunca ousaria: liberar toda força acumulada no escudo de uma só vez. E, dada a força e quantidade de impactos nos últimos instantes, não seria pouco.

    Ora, acontece que, quando as runas cintilaram e escudo refletiu todo o dano sofrido, a explosão fora desastrosa. Após o barulho ensurdecedor e o brilho ofuscante, as paredes ruíram e o túnel começou a desabar. Quando os primeiros blocos de terra e minério atingiram a superfície, o chão também ruiu, desabando para um andar abaixo, que também desabou. Quando a tormenta cessou, a tudo o que restou foram destroços e poeira.

    Pietra fora a primeira a se erguer dos detritos, completamente suja de terra. Cambaleante, ela se dirigiu até a borda do andar e se apoiou em seu machado.

    Eis que, repentinamente, uma parte dos destroços cintilam e desaparecem, e de lá surge Er'nock em um salto na direção da nephilim. Surpreendida, Pietra se moveu rápida o bastante apenas para mover um pouco seu corpo, o que lhe salvou de ataque mortal. A mão anômala do demônio a tocou na região já desprotegida pela armadura, e assim ele conseguiu destruir um terço do abdômen dela. A nephilim gritou enquanto o sangue vertia, e o demônio se propulsionou com muita força, assim não conseguindo frear e acabou passando direto, caindo do andar.

    Peste engoliu toda a dor que sentia e seus gritos para que pudesse se mover. Ela pegou seu machado e, com toda a força que ainda lhe restava, atirou em direção ao demônio.

    Er'nock, sabendo o quão exausto estava, só pode erguer o escudo e torcer para que sobrevivesse. Porém, de relance, pode ver o Selo se preparando para estalar os dedos. "Ela vai trocar de lugar com o machado!", pensou, É a minha chance! Arriscando-se, o demônio alternou do escudo para sua mão direita, que pulsou um brilho multicolorido.

    Dito e feito: a nephilim trocou de lugar com o machado por meio de magia. A perna dela tocou diretamente na mão do Dedo, e imediatamente a bota começou a ser desintegrada e também sua perna seguidamente.

    — Morra, sua infeliz! — vociferou avidamente Er'nock, com um sorriso doentio e sádico no rosto.

    Seus olhos encontram o rosto da nephilim e dessa forma sua confiança esvaiu completamente. A expressão fria dela naquela situação o fez tremer.

    Quando sua perna fora apagada até a altura da coxa, o selo da Peste agarrou o estranho braço pelo pulso. Com sua mão envolvida em chamas verdes, ela quebrou o pulso dele como se fosse um simples galho. No ar, os dois se debateram até Peste conseguir ficar atrás do demônio, torcendo seu braço até as costas e fazendo a palma ficar virada para ele, assim fazendo-o pensar duas vezes antes de usar. Por fim, sem seu braço e perna esquerda, tentou imobilizá-lo com força bruta apenas usando seus membros direitos.

    — Essa a diferença entre um reles mortal para um deus... Você não pensaria que eu perderia parte do meu torso e uma perna propositalmente só para te matar — sussurrou a deusa da Peste, causando calafrios em Er'nock.

    Ele se debateu ainda mais, mas as chamas verdes envolveram seu corpo, queimando-o e drenando gradativamente sua vida.

    A queda, que naquele momento parecia ser eterna, finalmente acabou: a nephilim chocou suas costas contra o chão, erguendo uma cortina de poeira e detritos. Er'nock sentiu o aperto afrouxar e tentou se livrar, contudo o braço do Selo envolveu seu pescoço e o impediu. Ele fez que ia usar sua mão direita, mas adrenalina era tanta que só percebeu agora que seu braço direito havia sido carbonizado. Seu protesto de dor fora sufocado pelo aperto em seu pescoço, que o obrigou a olhar para cima.

    — Morra, infeliz! — berrou Pietra.

    Da poeira, o machado que a nephilim havia trocado de lugar surgiu, ainda rodopiando. Er'nock arregalou os olhos amarelos em uma expressão de medo e conseguiu dar seu último grito antes que o machado se cravasse violentamente em seu torso, espirrando sangue.

    ***

    Já fora de seu Despertar, Pietra suspirou alto e tirou o corpo do demônio de sobre si. Ela continuou deitada no chão, tomada pelas dores e o cansaço. O que restou de sua perna e braço esquerdo começara a sangrar novamente, assim como na região que faltava em seu abdômen. Com um esforço excessivo, conseguiu se sentar, e observou a situação de seu corpo, deixando-a levemente preocupada.

    — Sou uma nephilim — dizia para si —, então irei sobreviver a estes ferimentos... Porém não sei se Liz vai conseguir trazer de volta meus membros. Talvez peço para Vida criar próteses! — Sorrindo com a ideia, ela olhou ao redor. — Como diabos sairei daqui?

    Ora, quando uma ruptura se rasgou no ar, Pietra deu um pulinho de susto e rapidamente olhou em sua direção. Sua pele se arrepiou e, ao sentir uma presença tão familiar e nostálgica emanando de lá, seus olhos verdes arregalaram.

    E...

                       ...da fenda...

                                                          ...saiu...

                                                                                              ...Lúcifer.

    O Imperador do Inferno trajava uma armadura forjada em falso-vidro, porém de cor fosca; com a capa negra tocando o chão e sua belíssima coroa de falso-vidro enegrecida e com gemas vermelho-sangue encrustada encimava sua cabeça. Em sua mão direita, estava empunhando sua espada de arcanjo.

    Pietra logo notou as diferenças em seu mentor. Seu semblante parecia demonstrar mais cansaço e sabedoria, seus cabelos negros agora tocavam os ombros e veias negras traçavam e pulsavam pelo seu rosto.

    — Lúcifer...

    — Doce Pietra. Parece que a luta contra Er'nock lhe custou caro.

    Os olhos vermelhos e os verdes não paravam de se encarar. O Selo mordeu o lábio inferior com força e o soltou devagar.

    — Irei morrer, mentor?

    Lúcifer fechou os olhos, apertando-os com força em uma expressão de pesar. Ao abri-los novamente, ficou um longo tempo em silêncio até enfim respondê-la:

    — Para que meus planos sejam concretizados... infelizmente, sua morte é necessária.

    Desta vez, fora Pietra que fechou os olhos com força, e um filete de lágrima marcou o lado esquerdo de seu rosto. Quando os abriu, demostrou um olhar determinado sobre uma expressão fria.

    — Então, como meu último pedido, conte-me todos seus planos, mentor.

    — Com certeza, minha querida discípula.

    Sem hesitar, Samael embainhou sua lâmina e sentou-se ao lado da Peste. Como prometido, ele começou a contar sobre todo seu plano, e ela escutou atentamente com sua cabeça repousada em seu ombro.

    Continua <3 :p


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!