Se você ama histórias de aventura com personagens cativantes e conflitos entre vampiros e lobisomens, essa é uma fantasia feita pra você!
Divirta-se e uma ótima leitura!
Presas da Noite
Capítulo 1
Desafio de Outono
A cada estação do ano ocorre um evento nas aldeias dos lobos conhecido como o Dia da Evolução. Reúnem os jovens que completam 17 anos para se alistar aos guerreiros-lobo. Ao passar pelo rito da evolução, o jovem recebe os dons espirituais de seus ancestrais. Hoje a noite acontecerá este evento e entre tantos jovens empolgados com a transição, está Petrus, filho do beta Áthos. Desde muito novo que Petrus sonhava com este dia, o dia em que passaria de menino para ser reconhecido por todos como um guerreiro. Estava comemorando com a bela Ágata, sua futura noiva. Ao menos era o que ele queria, que sua amada o aceitasse logo. Ao invés de fugir o tempo todo.
– Ágata! Ágata, minha princesa – arfando devido a breve corrida para alcançar a jovem Ágata – por obséquio, permita que este cavalheiro humildemente lhe acompanhe nesse tortuoso percurso até o lago.
– Ah! Não me chame assim, eu não sou a sua princesa! Que voz é essa? E de onde vem toda essa cordialidade repentina?
– Estou aprendendo bons modos com a nossa rainha Melina, e a propósito, seus ensinamentos são esplendorosos!
– Não acredito que até minha mãe está te ajudando com isso.
– Meu amor, não é seguro sair da aldeia sem supervisão... – olhou frenético para os dois lados encarando a floresta como se esperasse que algo pulasse dentre as árvores para devorá-lo – E se aparecer alguma fera? Não consigo imaginar o que eu faria se algo acontecesse com você. Na verdade, não quero nem imaginar o que o seu pai faria comigo se algo de ruim acontecesse com você.
– Ai, ai... como se você fosse capaz de impedir alguma coisa.
– Sei que sua opinião vai mudar depois de hoje a noite – fez uma pausa, estufou o peito e alterando a voz para que soasse mais grave que o normal continuou – mais tarde quando eu passar pela evolução de outono e me tornar um guerreiro!
– Me deixe em paz, Petrus. Eu sei o caminho, não preciso da sua companhia – dito isso voltou a caminhar.
– Eu não consigo entender... Você sabe que estamos destinados a ficar juntos. Pra quê se fazer de difícil?
– Homens... Por que tudo tem que ser como vocês determinam? Quando foi que alguém me perguntou se eu queria me casar com você?
– Está aborrecida porque não queria ter que casar comigo? – suas palavras iam perdendo a força até chegar num sussurro – já existe alguém no seu coração, princesa Ágata?
Ágata para subitamente e respira fundo sentindo como se as palavras chegassem lentamente, uma a uma ao seu ouvido. Virou-se para Petrus e o mesmo se encontrava à uns quinze passos de distância. Estava cabisbaixo, envergonhado de tal maneira que não conseguia nem a encarar.
– Olha me desculpa... Isso não tem a ver com você.
– Não? – Petrus ergueu o rosto, os olhos ainda marejados – então tudo bem se eu te acompanhar?
– Você não vai desistir, não é? – Ágata revirou os olhos impaciente e voltou-se pra frente novamente – só... Vê se não morre... Odiaria ter que sujar minhas mãos pra arrancar alguma fera de cima de você.
– E-Está bem, princesa! Quero dizer, Ágata! – apressou-se a andar – olha, se não te conhecesse diria até que está com ciúme que eu possa ser agarrado por outra fera, que não seja você.
Ao chegar ao lado de Ágata, Petrus é recebido com um caloroso cascudo na barriga.
– O que você disse? – depois do golpe, o levantou segurando-o bruscamente pela orelha e prosseguiu antes de deixá-lo cair – escuta aqui seu projeto de lobo, se me chamar de “princesa” ou “meu amor” mais uma vez, eu acabo com a sua raça! Aí sim serei a última fera que vai ver na sua vida.
– Eu sabia... – resmungou ainda estirado no chão – ela me ama!
Mais tarde, ao anoitecer.
Todos na aldeia se reuniram num anfiteatro para a celebração. No centro vinte e cinco adolescentes aguardavam a hora da evolução, enquanto as arquibancadas estavam lotadas com seus familiares. Uma idosa acompanhada por dois guerreiros-lobo se aproxima e os jovens se agruparam formando um semicírculo ao redor deles. Um por vez era chamado e direcionado ao centro, onde devia se ajoelhar para receber a dádiva dos guerreiros ancestrais.
Quando o primeiro se posicionou diante da anciã, a mesma lhe dirigiu a palavra:
– Diga em voz alta, jovem. Qual o seu nome e por que pretende se tornar um guerreiro-lobo?
– Meu nome é Tales. E eu quero servir e proteger nosso povo! – Respondeu em alto e bom som.
– Muito bem. Agora o teste... – A anciã ergueu um amuleto do tamanho de um punhal, que tinha o formato de uma presa canina. – Que os nossos ancestrais te julguem!
De repente o amuleto brilhou intensamente e uma aura num tom azul pálido surgiu na figura de um lobo, caminhou na direção do jovem e o solo parecia tremer com sua presença. A plateia apreensiva aguardava o ato seguinte. O garoto tremia ao encarar o espirito sagrado dos lobos.
– Tales... – Sua voz era incrivelmente forte e parecia ecoar como se viesse de dentro da mente do garoto – você promete usar os dons com sabedoria para proteger seu rei e seu povo e nunca, jamais usar seu poder para fins próprios e egoístas?
– S-Sim! – Tales ignorou o tremor involuntário que percorria seu corpo e se forçou a olhar fixamente para o espirito do lobo que o observava – Sim. Eu prometo usar os dons que ei de receber apenas com o propósito de servir e proteger meu rei e meu povo.
– Ótimo
O espirito se virou em direção à xamã e em seguida saltou sobre o jovem como se fosse devorá-lo. Sua forma fantasmagórica de lobo se dissolveu em chamas azuis que envolveram o corpo de Tales. Nesse momento, as tochas ao redor do palco explodiram, espalhando poeira e fuligem no ar e lançando enormes labaredas para o alto. Após um breve momento, conforme a luz e a poeira baixava era possível ver a mudança em seu corpo. O garoto se contorcia de dor. Veias espessas saltavam a pele, seus músculos pareciam mais definidos e por último, seus olhos... a esclera tornou-se completamente negra e a íris castanha assumiu um tom dourado. E com um uivo vitorioso levantou-se. Toda a plateia ficou de pé aplaudindo o jovem guerreiro.
– Está feito – a xamã estendeu o amuleto sobre a cabeça de Tales e o garoto abandonou a aparência selvagem, retornando à forma original – Os ancestrais te julgaram digno de receber sua benção sagrada.
Novamente a arquibancada foi a delírio. Tales foi direcionado para ficar ao lado dos guerreiros-lobo veteranos enquanto o próximo jovem se posicionava para dar sequência ao evento.
Numa plataforma privilegiada da arquibancada, a família Alfa assistia ao espetáculo.
– Veja Ágata... Petrus é o quinto na fila, logo depois dessa garota.
– Hum! – Ágata olhou friamente nos olhos do pai e depois voltou sua atenção para o palco – do jeito que ele é frouxo, vai acabar reprovando antes mesmo da vovô Maya invocar o Lobo Ancestral.
– Não deveria falar assim de Petrus, minha pequena Ágata. Afinal, ele é seu pretendente. Por que você é sempre tão dura com ele?
– Ah. Há. Há. – sua gargalhada era rouca e engraçada – doce Melina, minha rainha, deixa a menina... Isso é apenas a forma de mostrar quem tá no comando da situação e se bem me lembro... Você agia com igual aspereza. Lembro que sua língua era mais afiada que os espinhos de um ouriço gigante.
– Sim, é verdade, Nero meu amado – seu rosto corou rapidamente e logo esboçou um sorriso adorável – bons tempos... Eu era tão jovem.
– Posso parecer suspeito... – Nero segurou gentilmente o pulso de Melina – ...mas para mim você ainda é e sempre será a mulher mais linda do mundo, uma loba de dar inveja a qualquer um – por fim beijou a mão de sua rainha.
– Ai, credo – Ágata fez uma careta de nojo e um gesto de desaprovação com as mãos – por favor parem, acho melhorar voltar a assistir o evento.
O casal de alfas riram depois se beijaram antes de voltar a contemplar o rito de evolução.
Nina, a garota que acabara de participar do teste também saiu vitoriosa. Até o momento todos os jovens haviam passado com resultados positivos. Nesse instante Petrus caminhava para o centro do palco.
De onde estava, vasculhou a plateia com o olhar, em busca de encontrar sua amada. Sorriu confiante ao avistar Ágata que retribuiu o olhar com um meio sorriso torto, logo depois de fazer um sinal negativo com o polegar passando pela garganta que dizia: você já era seu trouxa! Mas não assustou Petrus que pelo contrário, parecia mais animado agora.
– Meu nome é Petrus, filho de Áthos. E assim como meu pai que serve a família real, eu também quero me tornar um guerreiro-lobo para proteger nosso rei e a nossa aldeia.
Assim como seus companheiros, Petrus também estremeceu diante da presença do Lobo Ancestral. Mas para a surpresa de Ágata, que não via a hora de ver Petrus fugindo amedrontado para não ter que fazer a prova. Petrus permaneceu concentrado em responder sinceramente as questões direcionadas pelo espírito dos lobos.
– Você promete usar seus dons apenas para o bem e nunca, em hipótese alguma usar sua força para interesse próprio?
– Eu prometo!
– Seguirá seu Alfa e defenderá essa aldeia mesmo que isso custe a sua própria vida?
– Sim!
olhando nos olhos da fera espiritual, Petrus sentiu como se aquele lobo pudesse enxergar seu interior afim de contestar que cada palavra que está proferindo seja verdadeira. Caso contrario o devoraria num segundo. E esse último pensamento transformou-se em calafrios
– eu... Petrus. Dou a minha palavra de que vou seguir meu alfa e protegerei nossa aldeia com a minha vida.
Ágata mal reconhecia Petrus agora, nunca o vira tão confiante e determinado. Sentiu-se orgulhosa ao ver que Petrus passou vitorioso no teste de evolução. Mas é claro que fingiu indiferença quando notou que Petrus a observava lá de baixo com um sorriso de orelha à orelha. Por quê ainda agia como se não se importasse com esses rituais idiotas? Será que seu pai está certo a seu respeito? Respostas que Ágata não tinha no momento, mas sabia que só o tempo poderia revelar.