O Mago Das Espadas - Livro 0: Os Escolhidos

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    Capítulo 27

    Presos

    Linguagem Imprópria, Nudez, Violência

    Ela estava sozinha, caminhando na alvura, seus pés descalços pisando na neve branca e fofa criavam uma trilha solitária de pagadas. Não sentia nem um pouco de frio, afinal ele nunca a incomodou, ao contrário dos outros.

    Nos anos que se seguiram após aquele fatídico dia, a princesa se via sempre sozinha, não tinha amigos, e nem ninguém para brincar, a solidão havia virado sua companheira. Mas ela não durou pra sempre, quando a princesa fez onze anos foi convidada a estudar em uma escola de magia. De início ela achou perigoso alguém como ela sair do castelo, até tentou recusar, mas seu pai ordenou que ela fosse e então mesmo contrariada pegou seus poucos pertences e foi se embora daquele castelo sombrio e solitário.

    Ela não poderia ter ficado mais feliz.

    Elsa descobriu um mudo totalmente novo fora das paredes de seu castelo, um mudo vivo e rico em natureza e magia. Adorava as aulas, os professores e mesmo em uma escola repleta de magos e magas conseguiu esconder seu dom e de pouquinho em pouquinho foi fazendo amigos. Poucos... mais de extremo valor.

    Adorava passar o tempo com eles, estudar e até a brincar, tanto que detestava quando tinha que voltar para casa, para aquele lugar solitário, onde tinha que obedecer tudo sem reclamar e ainda ficar longe da pessoa que ela mais amava.

    – Anna...

    Uma lágrima rolou pelos olhos da princesa quando viu sua irmã mais nova, mas foi impedida de abraça-la. Anos se passaram e nada mudou apenas uma coisa... a solidão que Elsa tinha como companheira, já não existia mais. A neve fofa agora tinha mais pegadas o frio ainda não a incomodava e nem a seus amigos.

    E um dia... ela também estraria entre eles.

    – Anna...

    – Elsa... Elsa...

    Uma voz familiar à chama.

    – Que...

    – Elsa, por favor, acorda!

    Insistia a voz e aos poucos a princesa vai abrindo os olhos. Não estava em nenhum lugar conhecido, era húmido, feito de pedras negras, parecia um antigo calabouço com argolas de ferro presas a parede e no teto, correntes penduradas tintilavam com o vento, uma luz pálida iluminava parcialmente o lugar vindo de uma janela com grades e no meio da sala havia uma mesa velha com uma cadeira junto.

    – Mas o que é...

    Foi então que a princesa sente um desconforto, seus braços estavam para o alto, quando tentou baixa-los não conseguiu. Olhou para cima e se desesperou ao ver seus pulsos amarrados por uma corda luminosa de cor branca. Olhou para o chão e se viu na ponta dos pés que estavam amarrados pelas mesmas cordas. Estava sem suas luvas e seu manto, seus pés estavam descalços e seu vestido sujo e surrado.

    – Minha Deusa, mais o que está havendo?! – Pergunta a princesa apavorada.

    – Elsa!

    A princesa vira seu rosto em direção à voz e seu coração treme ao ver sua querida amiga a poucos metros a sua esquerda amarrada do mesmo jeito que ela.

    – ASTY!!!

    A guerreira de Berk estava com suas roupas surradas e seu rosto sujo. Suas ombreiras, braçadeiras e botas haviam sumido deixando a sem sua armadura.

    Era uma situação crítica e a jovem guerreira via sua amiga começar a se tremer e então tenta acalma-la.

    – Calma eu tô bem, eu tô bem! O mais importante é você, esta machucada?

    A princesa meneia a cabeça em negação.

    – Eu tô bem, só meus pulsos é que estão doendo muito... Aí! – Responde a princesa, sentindo as cordas comprimirem seus pulsos.

    – Elsa não faz esforço, quanto mais você fizer, mais elas apertam! – Exclama Astrid.

    – O quê?!

    – Eu tentei me soltar várias vezes enquanto você tava desacordada, mas foi inútil. – Suspira a jovem guerreira. – Quanto mais eu lutava mais elas apertavam, foi quando eu me acalmei e senti a pressão diminuir, por isso respire fundo e tente se acalmar, elas não vão te soltar mais pelo menos a dor vai ser suportável.

    A princesa ouve as ordens da amiga e faz o que ela pede, respira fundo e tenta se acalmar e como ela disse aos poucos a pressão sobre seus pulsos vão se aliviando.

    – Tá melhor?

    – Um pouco. – Responde a princesa. – Mas Asty o que aconteceu afinal e como chegamos até aqui eu não me lembro de nada?

    – Nem eu! – Responde Astrid encarando o vazio daquela masmorra, seus olhos mostravam profunda concentração, tentava reorganizar seus pensamentos e tentar achar uma solução para aquilo tudo, mais só vinha uma coisa em sua mente.

    – Foi aquele homem.

    – Homem?

    – O pai do Alex, ou melhor, o Arauto! – Afirma a jovem.

    – M-Mas, por que ele faria algo assim conosco?

    A jovem guerreira pensa um pouco.

    – Talvez... ele não queira que as pessoas saibam de sua existência! – Exclama a loira.

    – O quê?

    – Pensa comigo. – Diz Astrid. – Um Arauto é alguém que carrega o legado e o poder de um ser antigo, certo?

    Elsa se recorda das aulas de história e de seres míticos.

    – É... geralmente são pessoas de renome e que ficam gravadas na história, como reis e nobres e gostam de serem reverenciadas. – Explica a princesa.

    – Exato! – Exclama a loira. – Mais esse homem não vive uma vida de riqueza e de luxo e sim uma vida humilde, temo dizer que nem a família dele saiba de sua identidade.

    Elsa ficou preocupada ao ouvir isso.

    – Asty... será que esse homem vai nos fazer algum mal... tipo... nos torturar?

    A jovem guerreira abaixa a cabeça com seus longos fios dourados cobrindo parte de sua face, não queria assustar a amiga, mas estava com um mau pressentimento sobre o que poderia acontecer com elas.

    “Ah, Soluço como eu queria que estivesse aqui... você com certeza saberia o que fazer.”

    A jovem serra seus punhos, sentido as cordas lhe apertando os pulsos.

    “Eu preciso tirar Elsa e eu deste lugar.”

    Porém os pensamentos da jovem guerreira são cortados ao ouvir a porta de aço se abrir e por ela três pessoas serem arremessadas para dentro da sala.

    Na mesma hora ela reconheceu o trio.

    – Melequento, Cabeça Dura e Cabeça Quente!!! – Exclama a jovem.

    – Presente! – Exclama os três patetas juntos e com os olhos em espirais. O grupo estava todo amarrado com as mesmas cordas que prendiam ela e Elsa. O coração da guerreira palpitava acelerado, ele havia pegado três de seus amigos... os mais burros é claro, se ele pegasse Heather e Perna-de-Peixe...

    – Asty!

    O grito de Elsa fez Astrid ergue a cabeça e seus olhos se arregalam em desespero.

    – Ah, não!

    Pela pequena porta uma garota morena e um rapaz gordinho entram a tropeços no quarto e com as mãos para trás das costas, poucos passos depois ambos caem de joelhos no chão, pareciam exaustos e puderam ver alguns machucados neles.

    – Não... Heather... Perna... – Astrid não acreditava que ele também tinha conseguindo pegar até Heather e Perna-de-Peixe.

    A jovem ajoelhada ergue o rosto, seus olhos verdes vertiam lágrimas ao encarar sua amiga e líder.

    – Asty... perdão... não conseguimos lutar contra ele... – E logo depois tomba inconsciente no chão, os olhos da jovem guerreira desfocaram e em um acesso de fúria grita por sua amiga:

    – HEATHER!!!

    Astrid fecha os punhos se encolhe e puxa com toda a força seu corpo para baixo tentando se libertar, as cordas brancas apenas apertavam ainda mais seus pulsos que começaram a sangrar.

    – Asty, para!!! Vai arrancar suas mãos assim!!! – Grita Elsa em desespero.

    – EU NÃO LIGO!!! – Grita a guerreira. – Meus amigos caídos na minha frente e eu não podendo fazer nada!!! Isso é tão... tão...

    E Elsa viu algo que nunca pensou em ver em sua vida, a forte garota que sempre superava as adversidades e ainda sorrindo, estava chorando.

    Um choro de raiva e de impotência, seus amigos caídos e ela não podendo fazer nada para ajuda-los.

    – Asty... – Elsa sussurra o apelido da amiga, mas parece que nem a ouviu.

    O sangue escoria dos pulsos até os braços da jovem chegando a seu rosto e se misturando com as lágrimas, era uma visão terrível para a princesa, ver sua amiga naquele estado, se resignou por dentro por ter colocado ela e aos outros nesta situação.

    “Se eu tivesse ficado na minha, se eu não tivesse pensando em retirar meus poderes, tudo isso é...”

    E antes que terminasse sua linha de pensamento a porta de aço foi novamente aberta e uma pessoa entrou no recinto, trajava uma imponente armadura branca completa e toda ornamentada. Era alto, maior que as duas, suas ombreiras eram largas como asas, seus braços grossos e fortes, seu tronco magro e protegido por um revestimento negro, em contraste com o branco da armadura, suas botas eram detalhas como se fossem patas de uma besta e em suas costas balançava uma longa capa azul escura.

    Tal visão deixou as meninas sem voz, era possivelmente o cavaleiro mais belo que já viram em toda sua vida. Sua postura era fria, mesmo sem poderem ver seus olhos e rosto devido ao elmo que cobria toda sua face podiam sentir sua Aura que era plena, solida como uma joia rara, assim diante de Elsa e seus amigos estava um antigo guerreiro que havia abandonado sua espada e o mundo da magia para viver em paz com sua família, mas aprece que o mundo... teimava em se intrometer em sua vida.

    Andando calmamente o Arauto carregar Heather e Perna-de-Peixe sem dificuldades até o canto direito da sala. Desfaz as amarras que prendia ambos, prende os braços grandes de Perna-de-Peixe em duas grandes argolas que pareciam ser feitas de um material extremamente rígido para conter o jovem robusto, o menino ficou ajoelhado ao chão com seus braços para cima e sua cabeça baixa. Já Heather, junto os pulsos da menina com uma linha branca familiar coma a que prendia a princesa e a guerreira. Ao verem aquilo Elsa e Astrid se desesperam.

    – Não... para! – Grita Elsa.

    Mas sem parecer telas ouvido o cavaleiro termina de amarrar os pulsos da jovem morena e também seus pés e sem pestanejar joga uma ponta da corda luminosa entre um aro de ferro preso ao teto.

    – Não faça isso! – Grita Astrid.

    E sem piedade o cavaleiro puxa o restante da corda e em segundos o corpo de Heather e suspenso do chão.

    Um gemido de dor brota da garganta da jovem junto com uma lágrima, porém ela não despertou, parecia que tinha levado uma surra ao ponto de nem conseguir se mexer.

    – Seu canalha covarde, desce ela!!! – Brada Astrid agitando as pernas amarradas, tentando em vão acertar o cavaleiro, que ignorando seus gritos caminha até o trio restante e os prende da mesma forma que Perna-de-Peixe. Tudo isso foi feito pelos olhos impotentes da princesa e da guerreira penduradas.

    Depois que alocou cada um dos amigos das meninas o cavaleiro para próximo da mesa, com suas mãos vai até seu elmo aperta as extremidades laterais e dois jatos de ar escapam por suas arestas que se abriram, depois mais três na junção do pescoço e por fim quatro liberando o elmo do pescoço que eram acoplados uns nos outros e o Arauto do Dragão Branco remove completamente seu elmo mostrando sua face, já conhecida pelas meninas. Barba e cabelos negros compridos com filetes brancos pela idade, tudo igual quando elas o conheceram, mas a grande diferença eram seus olhos, que antes exalava felicidade e tranquilidade, agora ardiam em uma chama que poderia consumir tudo, elas não sabiam se era ódio ou ira, só sabiam de uma coisa... estavam completamente a mercê dele.

    As duas suavam frio, não conseguiam pensar em nada, só sentiam medo do que lhes aguardava. Então o cavaleiro puxa a cadeira que estava perto da mesa se senta, apoia os braços sobre a mesa e as mãos perto do rosto e começa:

    – Bom... agora que estamos todos aqui... acho que podemos começar nosso julgamento, não acham?

    – Julgamento?! – Exclama a princesa.

    – Do que você tá falando seu velho maluco?! – Berra Astrid, seus olhos estavam vermelhos pelas lágrimas derramadas. Talvez nunca tenha chorado tanto em sua vida, cada segundo que viu seus queridos amigos serem acorrentados sentia as lágrimas caírem. – Nós não fizemos nada pra você! – Brada. – E ainda salvamos seu filho e é assim que você nos recompensa, nos prendendo, nós pendurando que tipo de homem insano é você?!!!

    – Asty...

    Astrid transpirava em fúria, queria se livrar daquelas amarras e partir pra cima daquele velho maluco, mas...

    – Se eu fosse você desistiria de lutar menina. – Comenta o cavaleiro com tranquilidade. – Essas amarras que estão sustentando vocês não são simples cordas, são pelos do Dragão Branco que ele doa pra nós de Burg e fazemos diversas coisas. Desde roupas, redes de pescas, barbantes para as crianças rodarem pinhão e até cordas que conseguem inibir qualquer magia que vocês magos possuam... são muito uteis!

    Ao ouvirem a explicação do homem Astrid e Elsa ficam mudas e se entreolham.

    – Você disse... pelos? – Pergunta a princesa pasma.

    – Essas malditas amarras são pelos de Dragão?!

    – São sim e elas estrangulam qualquer tentativa de violência contra elas, então sigam meu conselho... parem de se debaterem... por que se vocês perderem as mãos, vou pendura-las de cabeça pra baixo... querem isso?

    Uma sensação de pavor percorreu o interior das duas jovens, a princesa olhou para sua amiga e menear a cabeça em meio as lágrimas pedido para que não, assim a jovem guerreira teve que se humilhar pelo bem de sua amiga.

    – T-Tudo bem... ficamos quietas... senhor...

    Cada palavra saia como um rosnado da boca da jovem guerreira, e com mais raiva ela ficou ao velo sorri.

    – Muito bom, assim fica mais fácil de conversarmos e decidir o destino de vocês.

    A princesa sentiu seu coração apertar.

    – O... o que o senhor irá fazer conosco? – Pergunta a princesa em pânico.

    – Vai depender de vocês... – Responde o homem de maneira fria, fazendo com que ambas engolissem seco se tremessem de medo.

    Longe daquela masmorra mais precisamente na aldeia de Burg o filho do Arauto andava de um lado para outro na sala.

    – Muito bem eis os fatos! – Exclama o menino. – Primeiro eu sou atacado por uma psicopata, depois fui salvo por um grupo vindo de um lugar que eu nem faço ideai de onde é.

    – Berk. – Corrige Luna sentada em uma cadeira ouvindo seu amigo.

    – Obrigado! – Agradece o menino. – Continuando... depois recebo uma espada... muita maneira por sinal dado por meu pai... que fiquei tão deslumbrado que nem perguntei para ele onde a conseguiu!

    – Típico! – Diz a cantora, arrancando um olhar torto do rapaz.

    – Continuando... depois recebemos cartas dizendo que nós fomos convidados para estudar em uma escola de magia!!!

    – Que se chama Draconia, leia nas entrelinhas Alex. – Responde a menina com um dos pergaminhos em mãos.

    – Que seja! – Esbraveja o menino. – E depois disso tudo, de ambos termos decidido ir pra a escola, duas das pessoas que me salvaram entram aqui e chamam meu pai de...

    – Arauto. – Completa Luna.

    – EXTAMENTE!!! – Grita o menino apontando o dedo indicador direito no rosto da cantora. – Meu pai aquele velho pacato, brincalhão, que não levava nada a sério e era um ótimo contador de histórias se revelou em algo que eu nem sabia que existia... eu... – O menino abaixa a cabeça. – Não sei nem o que dizer. – E senta no chão da sala com a cabeça baixa, estava difícil assimilar tudo o que aconteceu.

    Magos, magia, visitantes a cabeça do jovem estava realmente confusa.

    – Eu não sei mais o que achar ou acreditar. 

    – Alex... – A jovem cantora deixa a cadeira onde estava e senta ao lado do amigo. – Escuta... eu sei que você está confuso acredite eu também, mais não é por isso que você vai começara duvidar de você mesmo e daquilo que acredita. – Diz Luna de uma maneira meiga.

    O menino levanta o rosto encarando sua amiga.

    – Lembra... o importante não está só aqui. – Aponta para sua testa. – Mas aqui! – E toca no peito do rapaz com sua mão direita. – Não deixe essas dúvidas destruírem seu sonho... afinal não foi você mesmo que me disse que um dia seria um Dragon Master? – Pergunta arqueando a cabeça arrancando um sorriso do menino.

    – Sim... eu disse.

    – E qual é maior virtude do Dragon Master?

    Essa ele sabia de cor a resposta.

    – “Viva intensamente seus sonho”. – Responde Alex. – Palavras ditas pelo Dragon Master Dyne e seus antecessores.

    A jovem cantora sorrir.

    – Exatamente, então me responda? O que você vai fazer agora?

    Ao ouvir a pergunta de Luna o jovem responde:

    – Encontrar a verdade! – Se levanta determinado. – E eu já até sei por onde começar!

    – Onde? – Questiona cantora.

    – Vem comigo! – Diz Alex segurando na mão da menina e a guiando porta a fora depois até o varal de roupas. – Eis aqui a solução dos nossos problemas!!!

    Ao ouvir aquilo a jovem cantora olha para o varal e abre um grande sorriso.

    – Mais é claro... como não pensei nisso antes?!

    – Pois é! Eu pensei quem melhor para nós esclarecer tudo se não o maior linguarudo de toda Burg, não é mesmo... Nall?

    Pergunta o menino a seu pequeno amigo pendurado de ponta a cabeça no varal ainda com os olhos em espiral.

    – Alex ele parece meio desacordado ainda. – Diz Luna.

    – Não seja por isso. Ei, Nall! PEIXE!!!

    Na mesma hora ao ouvir aquela palavra sagrada, os olhos do pequeno gato alado se abrem, sua boca saliva e suas asas se expandem o fazendo voar e o pequenino grita pelos quatro ventos:

    – CADÊ, CADÊ, CADÊ?!!! MEUS PEIXINHOS, MEUS PEIXINHOS!!!

    – Pela Deusa e os Quatro Dragões Sagrados! – Exclama Luna incrédula e tapando a boca pra não rir.

    – Previsível! – Exclama Alex. – Nall!

    – Hum? – O pequenino olha para seu amigo. – Alex camarada! Onde estão meus peixinhos?! – Pergunta o pequenino piscando.

    O garoto olha torto para o amigo.

    – Sem peixinhos camarada! Pelo menos não até esclarecermos algumas coisas. – Responde Alex retirando o pregador que prendia o rabo do pequenino.

    – Esclarecermos o que? – Pergunta o baixinho.

    – Nall... aconteceu uma coisa. – Responde Luna.

    – Aconteceu, mais o que? – Mas na mesma hora ele nota uma coisa. – Peraí... Cadê a Elsa?

    – Elsa? – Pergunta Alex e Luna juntos.

    – Minha nova amiga que eu trouxe pra conhecer o papai. – Explica Nall. – Ela estava com problemas e precisava de ajuda então eu meio que... quebrei a lei por ela. – Diz sorridente o pequenino.

    Já Alex e Luna arregalaram os olhos e perguntaram:

    – Que lei?

    Foi então que percebendo que falou demais “de novo” o pequenino tapa sua própria boca com suas patas dianteiras.

    – Ops, escapou!

    Aquilo atiçou ainda mais a curiosidade de Alex em descobrir a verdade.

    – Nall... é melhor começar a abrir o bico! Conte-nos o que sabe sobre meu pai e quem é essa Elsa?

    – E que tal lei é essa que você falou? – Completa Luna.

    O pequeno gato alado olha de um para o outro, notava o brilho de determinação nos olhos dos amigos, com certeza não iriam desistir de saber a verdade.

    “Bom... eu já quebrei a lei mesmo, né... então que se dane!”

    Pensa o pequenino.

    – Tá bom eu conto o que sei.

    Alex e Luna suspiram vitoriosos.

    – Então abre o bico!

    – Ok, ok... escutem com atenção. – Diz o baixinho. – Vocês sabem que eu sou meio enxerido, né?

    – Meio ou totalmente? – Pergunta a cantora com sarcasmo.

    – Os dois! – Responde Nall de imediato. – Enfim, enquanto vocês dormiam sossegados em suas caminhas eu saia com frequência à noite pra quem sabe achar um peixe raro e gostoso.

    – Novidade! – Exclama Alex.

    – Que, que eu posso fazer, eu adoro peixes! – Gesticula o pequenino agitando as patinhas.

    – Nall continua, por favor! – Pede Luna.

    – Tá bom, tá bom, continuando. Em uma dessas andanças eu encontrei o papai sozinho perto do monumento do Dyne e aconteceu o seguinte...

    Eram 02h00minh da manhã, todo o vilarejo dormia em paz, menos um certo gatinho esfomeado que voava pela vila.

    – Peixe lua, peixe lua, cadê você, eu vim aqui só pra te comer, kkkkkk!

    Porém ele não encontrou seu tão precioso peixinho.

    – MERDA! Ele escapou de novo!

    Grita para o nada, foi então que ele ouviu uma voz.

    – Hum? Curioso, nunca vi ninguém da vila acordado até tão tarde... bom ninguém além de mim é claro!

    Então ele decidiu seguir a voz, aos poucos foi ficando mais forte à medida que se aproximava e quanto mais perto mais a voz lhe era familiar.

    – Eu conheço essa voz.

    Ele se aproxima ainda mais, foi quando percebeu que estava no monumento em homenagem a Dyne e ao lado dele estava um homem sentado olhando para a lua.

    De imediato Nall reconheceu o homem.

    – Papai...

    Falou baixinho. 

    – É meu amigo... já fazia um tempo que não vinha até aqui.

    Ele falava como se alguém estivesse ao seu lado.

    O pequenino se aproxima sem ser notado e o velho pai de Alex continuava.

    – Sabe aquele meu menino... ele está crescendo, ficando forte, esperto, isso me deixa feliz... mas ao mesmo tempo triste.

    O pai do jovem sonhador passa a mãos pelos cabelos.

    – Eu queria muito que ele não fosse embora sabe? Gostaria que ele ficasse aqui, crescesse e formasse uma bela família

    Sorri imaginado seu filho crescido, casado e vivando feliz ali com a sua família. 

    Porém...  

    – Mais eu sei que ele não vai fazer isso, afinal ele tem meu sangue!

    Suspira pesadamente.

    – O vento da liberdade o chama, eu sinto isso, em breve ele vai sair desta ilha e conhecera o mundo, enfrentará muitas adversidades, mais eu tenho certeza que ele superar todas elas e um dia voltara e espero estar vivo até lá para recebê-lo.

    Alguns minutos de silencio se seguiram até...

    – É você tem razão... estamos ficando muito velhos, há, há.

    – Mas afinal... Com quem ele tá falando?

    Se questiona o pequenino, mas logo sua dúvida é sanada, pois lá longe escondido na luminosidade da grande lua, algo se mexia, era enorme com asas que facilmente poderia cobrir toda a ilha. Seu corpo era feito de escamas e coberto por um longo e brilhoso pelo que refletia a luz do luar. Seu pescoço era longo, sua cabeça não possuía chifres, mais sim duas longas orelhas e pelos dourados brotavam de seu topo. O ser batia suas grandes asas que eram como as de um grande pássaro que derramava penas que caiam do céu em direção a Burg.

    Nall pode ver que cada pena cai sobre uma casa que brilhava, ficou boquiaberto com aquilo e quando pensava o que era aquilo.

    – E então o que acha? – Pergunta uma voz conhecida atrás dele.

    – Acho muito lindo! – Responde sem se virar. – Eu nunca vi nada parecido.

    – É verdade, eu nunca me canso de ver isso.

    – Também quem se cansaria de algo tão belo assim?! – Exclama o pequenino cruzando as patinhas dianteiras.

    – Verdade.

    – Não é!

    Dois segundos depois.

    – Peraí? Eu conheço essa voz. – E ao se virar o pequeno gato alado da de cara com seu pai adotivo que diz:

    – Olá Nall, está perdido? – Pergunta Ramsus.

    Alguns segundos olhando seu pai e responde:

    – Acho que agora eu tô!

    O pequeno amigo de Alex pensou que seu pai adotivo ia brigar com ele, mas não, ele sorriu para o pequenino e o chamou para se juntar a ele e conhecer seu velho amigo.

    – E foi assim que eu o pequenino Nall, conheci o guardião de Burg... O Grande Dragão Branco!

    Exclama sorridente o pequenino para o casal de crianças que estavam boquiabertos com a revelação.


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