Andaram a esmo pelo lugar, o barulho de seus saltos era a única coisa que podia ser ouvida.
Aquela sensação pela simples presença daquele homem ali ao seu lado, uma presença tão forte e marcante de aromas exóticos e quentes.
Ela não deixava as pessoas se aproximarem mais
Mas aquele homem...Amin carregava consigo algo que ela não sabia descrever mas fazia palpitar e reacender uma pequena chama antes extinta no interior de seu peito.
Uma chama apagada a muitos anos e muitos anos quando o marido a deixou.
-Então... ele começou -Me diga como é seu trabalho na Vila da Folha.
Andavam a passos lentos, seu corpo estava tenso mas mesmo assim juntou forças para dizer
-Voltei para o setor de inteligência a pouco tempo, trabalho com o controle da mente.
Ele estagnou no lugar
Ele avançou mais alguns passos mas parou em seguida
-Consegue descobrir o que tem dentro da mente de uma pessoa?
A Yamanaka o mirou nos olhos e maneou a cabeça
Então ele avançou os poucos passos que os separavam e soltou um pequeno sorriso
-Pode descobrir o que se passa em minha cabeça agora?
Ela se sobressaltou e engoliu em seco
-Não acho que seja uma boa ideia.
Amin baixou o olhar e estendeu a mão a levando sorrateiramente de encontro a dela
-Não é preciso que leia minha mente para descobrir o que eu desejo agora.
Então recolheu a mão fina e a trouxe para perto
Os olhos escuros a miravam de maneira tenra, todo o seu corpo se arrepiou e pareceu anestesiado por um instante.
-Posso estar sendo meio rude...mas se quiser que eu me afaste, nunca mais chegarei perto de você.
Quando o homem a sua frente ia levar os dedos de sua mão aos lábios ela viu Sarumi ao lado do filho de sua ex amiga.
Então recolheu a mão rapidamente
-Você é quem deveria ficar longe de mim.
E deu um passo para trás
-Com licença.
Saiu dando na volta no Hadiya se encaminhando para o interior do palácio, fazendo o caminho inverso e voltando para a festa.
Quando voltou para o local os anfitriões já estavam lá.
Seu coração bombeava tão forte que podia jurar que se não fosse a música alta todos poderiam ouvir suas batidas.
Foi para o lado do Uchiha e ficou aliviada em ver Inoue.
E lá ouviu a forma como os dois se apaixonaram, Sakura e o Emir. Percebeu que mesmo após tudo a rosada foi capaz de reerguer e reconstruir o amor com o novo marido.
Um marido visivelmente apaixonado.
Aquilo a confortou de certa forma, lhe dava um alivio por saber que não havia sido capaz de destruir aquela parte dela.
Sakura...
Sakura era a mulher mais forte que havia conhecido e continuava sendo.
E foi com altivez que a senhora Hadiya se aproximou dos convidados. Convidados esses que a loira sabia que ela não desejava ali e mesmo assim anunciou o início dos festejos.
Seu sangue gelou quando descobriu que sentaria na mesa dela junto as filhas.
Sarumi finalmente havia se juntado a elas.
Evitava até mesmo o contato visual.
Não queria causar um desconforto maior
Não queria que algo fosse acordado e chegasse aos ouvidos das filhas...
Só pedia que aquela missão terminasse logo e pudessem voltar para Konoha.
Quando a exótica dança começou sua atenção não se prendeu nas dançarinas, mas no homem que adentrava no recinto.
Seu corpo inteiro reagia a simples presença dele no lugar.
Nunca sentiu algo como aquilo antes, nada tão repentino e intenso.
Viu como ele se divertia e batia palmas para aquelas mulheres.
-Sakura...você não se importa que façam isso na frente de seu marido?
Foi Hinata quem perguntou
-E porque me importaria?
A rosada questionou
-Bom, elas estão, estão...bem na frente do seu filho...
Assim como Amin, Zayn e Samir se mantinham entretidos com a desenvoltura e talento das dançarinas com os castiçais sobre as cabeças.
-Elas dançam para mim Hinata, não para meu marido.
Mesmo não encarando a rosada, prestou atenção em suas palavras
-Se o simples entretenimento de algumas dançarinas puser em xeque tudo o que temos juntos, então talvez não deveríamos estar casados.
Aquela Sakura era totalmente diferente da Sakura que conheceu em outro tempo.
Aquela amiga insegura que já tanto consolou já não existia mais.
Todos foram convidados para entrar em meio aquela dança, ele estava lá, se divertindo junto ao filho da rosada, do próprio Hokage e seu filho e até mesmo Temari.
-Não vai dançar-Sakura-sama?
Foi Inoue quem perguntou
Ino ficou tensa mas não se mexeu
-Somente para meu marido.
Quando moveu finalmente moveu seu olhar encontrou diretamente os dela
Tão verdes quanto jamais foram por sobre a maquiagem intensa
Foi aí que ela se ergueu e Ino a acompanhou se elevar ouvindo os sons das joias
Quando a cerejeira cortou o contato visual ela sentiu que podia respirar melhor
-Desculpe interromper o divertimento, mas é hora do jantar!
Sentaram-se diante da mesa longa e farta, Sarumi de um lado e Sasuke do outro
-O que é isso?
A filha questionou ao apontar sutilmente para o prato diante das duas
-Eu não sei.
A loira respondeu em um sussurro ao notar nunca ter visto algo como aquilo antes
Quando os hashis foram trazidos ela buscou experimentar algumas iguarias, mas assim como Sasuke ao seu lado, a fome não lhe fazia companhia.
Sentia que por vezes o olhar do homem perto do Emir caía sobre si, mas não permanecia por muito tempo, ele era sério, mais que o irmão, mas mesmo assim denotava alegria e sorria de maneira fácil e alegre, tinha facilidade para se divertir.
Muito diferente dos homens que a rodearam.
-Eu já vou
Sasuke disse baixo próximo ao seu ouvido
-Talvez eu deva ir com você.
Não desejava ficar ali sozinha sem a presença do moreno
Ele nada disse, apenas se pôs de pé
Como sabia que o Uchiha não era dado a palavras, tomou a frente
-Já vamos nos retirar, boa noite, foi um ótimo jantar, obrigada.
-Mas e a sobremesa sensei?
Ino olhou para Sasuke, ele nada respondeu
-Boa noite, nós que agradecemos pela companhia.
A voz da senhora Hadiya preencheu o ambiente, suave e firme
Então apenas se inclinou e chamou pelas filhas
-Venham meninas
As duas a encararam com os olhares compridos
-Deixe-as, cuidaremos bem delas!
Sakura concluiu e olhou para Ino
A loira a encarou, questionou-se internamente o porquê da rosada intervir na permanência das meninas ali. Soltou algo como um leve sorriso resignado, não faria uma cena, apenas se inclinou para as filhas e sussurrou
-Comportem-se
Então ergueu-se e tanto ela quanto o Uchiha se retiram da mesa
-Acha que foi uma boa ideia ter deixado elas lá?
Seu coração palpitava descompassado
-É só um jantar.
Sasuke concluiu
-O que tem de mais em um jantar?!
Rezava aos céus para que não tivesse!
Foi difícil pegar no sono, ficava a todo momento prestando atenção nos chakra de suas filhas, mas isso por si só a cansava tanto mentalmente quanto fisicamente, Sasuke estava longe, aéreo.
Possivelmente tanto ou mais perturbado que ela com a presença da ex esposa
Sasuke não demonstrava, ele guardava, sempre foi assim.
Quando a acordou na manhã seguinte sentia a cabeça dolorida.
O moreno já estava vestido e pronto para o dia que se iniciava, mas o olhar cansado revelava a noite mal dormida.
Se é que fora realmente dormida
-Vamos, temos uma reunião agora pela manhã, já trouxeram nosso desjejum.
Se levantou sentindo-se letárgica e fez sua higiene matinal, comeu pouco mas o suficiente para o estômago não reclamar pela falta de alimento.
Estava na hora...
Hora da primeira reunião política entre Konoha e Dohã!
Assim que chegou na sala de reuniões apenas Temari estava presente.
A loira ergueu o olhar para ela e Sasuke e os baixou sem dizer uma mísera palavra, sequer um bom dia.
Sentou-se em uma das cadeiras laterais e evitou encarar a Nara, quando Naruto chegou ela se levantou bufando
-Até que enfim Hokage!
-Desculpe, eu dormi demais, aquela cerveja era realmente muito forte.
Ele disse sem jeito indo para a ponta da mesa
No instante seguinte o Emir já se adentrava no recinto junto ao irmão.
-Bom dia!
Eles se cumprimentaram e Ino foi o mais profissional possível com todos ali presentes, inclusive com o homem ao lado do líder da nação desértica.
-Sakura não passou bem a noite, já deve estar chegando.
Zayn disse após se acomodar e se desculpar pela espera que ainda deveriam ter
-Que bom que chegou Habiba, só estávamos te esperando.
Ela adentrou no recinto indo direto para sua posição ao lado do marido
E assim se iniciou a reunião.
Toda sua atenção era mantida nas palavras trocadas entre os dois líderes, ela anotava tudo que achava importante para o relatório que se seguiria e para as propostas que julgariam ser propícias de serem feitas para aquela nação. Precisaria saber mais sobre a estratégia e defesa interna de Dohã antes de tudo. Mas então a conversa partiu para outros rumos
-Então o time sete veio como sendo a primeira equipe representando os ninjas da vila.
Sarumi estava bem integrada aquela missão aparentemente pois pelo que viu estava pra cima e pra baixo com o colega de equipe, diferente de Boruto que talvez fosse mais como o pai em sua própria época.
-Trouxemos também uma de nossas ninjas para estudar e se aprimorar na medicina de vocês, que como todos sabem, é a melhor do mundo. Esperamos que no futuro outros possam vir a fazer algo assim
Sua filha seria a pioneira em Konoha...
-Inoue se mostrou muito interessada em aprender sobre ninjutsu médico em Dohã e...
-Só um momento. A rosada interrompeu o kage -Então a menina veio para estudar aqui?
-Sim, algum problema com isso?
O loiro questionou
Então os olhos verdes carregados de maquiagem caíram sobre si, migrando rapidamente para o moreno a seu lado
Seu corpo retesou, talvez a vinda da filha não fosse tão bem-vinda quando imaginaram
Claro...seus instintos maternos jamais falhariam
-Ela recebeu uma carta a convidando para vir para cá.
Foi a voz grossa do Uchiha que se fez no ambiente
A troca de olhares entre Sasuke e Saskura foi observada por todos
-Não sabia?
Ele questionou
-Não, não havia sido informada.
Os orbes esverdeados pesavam sobre a figura do Uchiha, Ino teve receio de que algo maior pudesse sair dali
-Sasuke...
Começou com a voz baixa
-Foi seu filho quem a convidou.
Ele a cortou sendo incisivo
-Entendendo.
Foi tudo que a Hadiya disse
Teve vontade de se levantar e pegar ambas as filhas e sair o quanto antes dali
-Há algum problema nisso Sakura, Inoue fica impedida de estudar aqui de alguma forma?
Temari fez a pergunta
-Não, de maneira nenhuma, ela será muito bem-vinda em Dohã.
A rosada sorriu levemente quando pousou os olhos sobre cada um deles mais uma vez
-Será um prazer tê-la em nossa universidade.
Mesmo com o clima tendo passado, Ino começou a sentir com cada vez mais força todo o peso que aquela viagem estava ganhando.
O que era antes uma nova chance, uma libertação, estava ganhando novos ares
Ares cada vez mais sufocantes.
“-Não pode me proteger de tudo.
-Nem eu nem a Sarumi”
Inoue era uma garota esperta, ela por si só já estava sentindo o clima diferenciado no ambiente, percebeu isso na conversa que tiveram antes da festa.
“-Até mesmo mentir?”
Estava tão cansada de viver com medo, com aquele receio...
Era uma vida pela metade, parecia sempre haver algo preso, entalado que nem mesmo suas filhas eram capazes de retirar
Elas eram seu longo suspiro após o afogamento mas mesmo assim existia uma pressão em seus pulmões que nunca passava.
-Pensativa?
Ele a pegou desprevenida e completamente absorta em seus próprios pensamentos
-Só estava refletindo sobre algumas coisas.
Estava debruçada em uma das grandes varandas do lugar, podia ver o extenso jardim e ao longe a figura de Temari, Hinata e a sua anfitriã Sakura, tomando chá.
Ele se aproximou e acompanhou a direção para onde sua vista era direcionada
-Não devia estar lá com elas?
Ino suspirou pesadamente
-Acredite, eu não seria bem-vinda. Nem aqui eu sou...
Ela o mirou e o homem franziu o cenho
-Porque diz algo como isso?
A loira balançou a cabeça
-Por nada, deixe, eu estou divagando, remoendo coisas que ficaram para trás
Quando ela ia se virar ele segurou em seu braço
-Me diga o que tanto está te afligindo!
O olhar do Hadiya era sério
-Se eu lhe contar você nunca mais vai querer olhar para mim
-Não está em mim julgar as pessoas.
Ele a soltou e cruzou os braços
Ela sorriu sem humor
-Todos acabam julgando
-Seja lá o que for não pode deixar que te defina hoje, se ficou para trás está lá no passado, agora é o presente. A pessoa que fomos ontem não é a mesma de hoje e não será a mesma de amanhã!
-Eu queria que fosse assim tão fácil.
Ino baixou o olhar.
Sentiu os dedos grossos em seu queixo
-Seja lá o que for, aquela mulher
E apontou para onde as três estavam no jardim
-É uma das mais benevolentes que conheço, devia conversar com ela.
A Yamanaka nada respondeu
-A benevolência dela jamais chegaria até mim. O que eu fiz não tem perdão!
Amin deu um passo mais perto
-Talvez para você não tenha já que nem mesmo é capaz de se perdoar...
A loira mordeu o lábio inferior e os olhos negros acompanharam aquele gesto
-Espero que siga meu conselho. Até outra hora, senhorita Yamanaka.
E se curvou sutilmente ainda a olhando, quando se pôs de pé saiu a deixando ali, sozinha novamente.
Ino respirou fundo e ainda foi capaz de sentir o aroma da essência do corpo daquele homem.
Olhou adiante e fechou os olhos.
Talvez fosse a hora de enfrentar seus demônios.
Talvez fosse a hora de se perdoar
E finalmente pedir o perdão de Sakura.
Todos foram convocados para o jantar daquela noite, Ino pressentiu que seria algo diferenciado então se vestiu melhor aquela noite.
Já se sentia um pouco melhor só de ter posto na mente que finalmente iria ter o encontro derradeiro com Sakura.
Dirigia tudo e ouviria tudo, custasse o que fosse.
-Desculpe interromper a refeição de vocês mas tenho um comunicado extremamente importante para fazer.
Comiam em um clima aprazível quando o Emir se levantou e pediu pela atenção de todos
-Habiba, por favor.
Sakura se pôs de pé olhando o marido com o olhar inintendível
-É com imensa felicidade que temos o prazer de anunciar que nossa amada família se tornará maior daqui a alguns meses.
Os olhos azuis então se fixaram na barriga plana
-Minha esposa e eu fomos agraciados com a chegada de mais um filho.
Filho...Sakura teria mais um filho, aos quase quarenta anos.
-Depois de anos de casados e devo confessar, de vida.... algumas pessoas riram -Receber uma dádiva como essa é motivo de comemoração. Por isso amanhã aguardo todos vocês para que possamos compartilhar juntos dessa mais nova alegria.
Não soube dizer o sentimento que a invadiu mas sua atenção foi tomada pelo rompante de tosse do Uchiha.
O viu se erguer com o guardanapo de tecido entre os lábios
Enquanto todos festejavam a chegava do novo rebento do principal casal daquela nação ela se curvou para uma das filhas
-Vou ver como seu pai está.
E se levantou apressada se retirando da mesa
Quando chegou ao quarto ele saia do banheiro, tinha o rosto fresco recém lavado
-Você está bem?
-Estou, não precisava ter vindo atrás de mim.
Sasuke passou por ela e parou próximo a porta da varanda
-Eu sei que está sendo difícil pra você, pra mim também está.
O Uchiha respirou fundo
-Sei que a ama
Viu o corpo dele ficar tenso
-Que nunca deixou de amar...
Então se aproximou a passos lentos e tocou nas costas largas
-Desculpe.
O único olho negro a mirou lateralmente
-Se eu não tivesse, se nós não tivéssemos... não sabia como dizer aquilo -Você ainda estaria com ela.
Por fim o moreno se virou
-A culpa também foi minha, eu devia fidelidade a ela, eu jurei ser fiel e viver ao lado dela até o fim... não fui capaz de cumprir nenhuma das minhas promessas.
A loira ergueu a mão e tocou no rosto masculino, Sasuke baixou o olhar
-Ela está feliz agora, é isso que importa.
A figura morena simplesmente maneou a cabeça sem mais nada dizer.
Iria aquela festa dando todo apoio a ele, assim como o Uchiha lhe deu em seu momento mais sombrio.
Entrou junto dele, lado a lado, lhe sustentando assim como ele a sustentou.
Respirou fundo e apertou a mão grande sutilmente, iriam diretamente até ela
Falariam com a rosada, ambos
Na festa de comemoração pela chegada de seu novo filho com o Emir
A mão dele estava gelada, muito mais do que se lembrava
Mas então sentiu uma sensação diferente
Parou de repente estagnando no lugar
A voz do Líder daquela nação dominou o ambiente dizendo aquele nome
Aquele nome que a anos não ouvia
Nublando completamente seus sentidos
Soltou a mão de Sasuke assim que seu corpo se virou para trás e o viu
Os fios lisos e curtos
Os olhos tão negros quanto se lembrava
A pele pálida e lisa
Subiu a mão trêmula a boca contento o impulso quando as lágrimas começaram a verter
Desviou os orbes banhados em lágrimas para os verdes
Não era possível...
Não podia ser
Aquele homem não podia ser ele!!
Sai...
O grande amor de sua vida!
O homem que a abandou e destruiu seu coração!
CONTINUA...