Amin Hadiya
Nem sabia se conseguiria pronunciar aquele nome.
Quanto tocou sua mão aquela sensação abrasadora a envolveu, e os olhos negros se fixaram aos seus de forma intensa.
E envolvida por aquela sensação a tanto não sentida foi com ele até o animal tão estranho aos seus olhos.
Sentada a sua frente, sentiu quando as mãos grandes a ajudaram a se fixar melhor e a voz forte mas ao mesmo tempo serena se fez próxima a seu ouvido com o sotaque carregado da região
-Segure firme.
Quando o camelo se ergueu do chão ela apertou o braço dele que estava próxima a si.
-Não fique nervosa.
Respirou fundo e se permitiu aproveitar minimamente da bela paisagem rústica.
Sentias as filhas próximas, isso lhe apaziguava a mente.
-Aceita meu desafio tio?
-Você não aprende não é garoto...
- Hayaa!! (Vamos lá!!)
Então a velocidade das trotadas aumentou e seu coração entrou em frenesi
-Adeus tio!
Pode ver sua filha sair em disparada por aquele deserto, seu ímpeto foi gritar seu nome em desespero
-Sarumi!!!!
Ela mesma não se atentava para a velocidade em que estava
Mas sentia o vento no rosto, os fios do cabelo longo e loiro voarem livres e o homem rindo divertido atrás de si mesma.
A sensação de liberdade era tangível.
Era estranho estar ali tendo aquele momento com um homem desconhecido, mas ficou grata a ele de alguma forma.
Amin...estava lhe proporcionando mais sensações agradáveis em poucos minutos de convivência do que teve nos anos que se seguiram em sua vida.
Talvez o amargor estivesse passando, só talvez.
Quando o animal parou de repente sentiu uma volta no estomago.
-Mamãe, você está bem?
Sarumi se aproximou da loira e a ajudou a descer do animal.
-Só um pouco enjoada...
Zayn Hadiya era a definição do anfitrião perfeito.
-Espero que a viagem apesar de longa tenha sido o menos tortuosa possível.
Era um homem grande e imponente, mas agradável à primeira vista.
-Desculpem estar sendo tudo assim, meio no improviso, minha esposa deveria estar aqui, ela os receberia muito melhor do que eu, mas saiu em missão e acabou demorando-se mais do que o esperado, já está voltando, acredito que amanhã teremos o prazer de sua presença.
Se aquilo era o improviso, sequer podia imaginar como seria quando não fosse!
Todos foram apresentados, Zayn, o Emir, parecia animado com a chegada de todos, mas não deixou de notar a falta das filhas e do homem que acabara de conhecer e havia sido seu companheiro na curta viagem que fizeram de camelo.
-Eu fico aqui tagarelando e me esqueço da viagem longa que fizeram, devem estar cansados, os jovens já foram encaminhados para seus quartos, esta noite deixarei que descansem, serão servidos em seus aposentos e amanhã conversaremos.
Ao serem guiados até seus próprios lugares de pouso, reparou que ela e Sasuke dividiriam o mesmo quarto mais uma vez.
-Acho que pensam realmente que somos um casal.
A loira comentou
-Isso te incomoda?
-Depois de tantos anos? Não.
E realmente não incomodava, não eram um casal mas eram parceiros, mas talvez ali o fato de acharem que ela e o Uchiha tivessem algo pudesse pesar de alguma forma.
Ignorou esse pensamento quando viu o esplendor do quarto que acabavam de adentrar.
-Se nosso quarto é assim, imagina o do Hokage.
Comentou reparando no luxo que era dispendido a simples convidados de missão.
-Chegaram muito antes de nós?
Sentou-se na cama suspirando pesadamente
-Onde eles estavam com a cabeça em fazer algo como aquilo?
Se referia a Sarumi e Samir, seu colega de equipe.
-Talvez você precisasse de um pouco de adrenalina, faz anos que não sai em missão.
Nada respondeu. Sim, ela precisava e já estava começando a ter
-E Sarumi?
-Se agarrou ao colega como se dependesse daquilo para viver.
Sempre teria uma preocupação acima do comum com a filha morena.
Antes que Sasuke pudesse dizer mais alguma coisa, puderam ouvir suaves batidas na porta.
Eram tão baixas e lentas que duvidava que alguém não ninja perceberia.
Sabia que ele não se adiantaria até a porta então ela mesma o fez, se levantou da cama macia e caminhou em direção a ela baixando a rica maçaneta de metal.
A criada, muito bem arrumada, já se inclinava antes de lhe estender a bandeja
Recolheu a peça das mãos bem feitas e agradeceu
Não sabia dizer se a jovem entendeu
-Nossa, acho que vou precisar me vestir melhor aqui, até as criadas usam maquiagem.
Não imaginava que em algum lugar do mundo os serviçais teriam uma aparecia tão apresentável. Eram lindas e muito bem vestidas.
Sentiu-se diminuta por um momento já que enquanto convidada não estava a altura sequer das empregadas.
-Deve ser um costume local.
O Uchiha concluiu
A verdade é que fazia tempo que a vaidade havia a abandonado.
Talvez fosse sua oportunidade de retomar esse hábito, quem sabe ali não tivesse o estimulo que precisava para se sentir bem consigo mesma novamente?!
Podia pegar até mesmo algumas dicas com essas mulheres sempre tão apresentáveis.
Talvez a tão falada esposa do Emir lhe ajudasse nesse aspecto!
Deixou a bandeja sobre a mesinha ao lado do incenso enquanto ponderava a respeito
Por fim destapou o utensilio lustroso e se surpreendeu com que viu
-Onigiris, umeboshi e chá?
-Provavelmente conhecem nossos gostos, Naruto disse que eles já fizeram acordos com várias vilas de nossa região.
Sorriu ao ouvir aquilo, de alguma maneira aquela viagem estava sendo mais agradável do que imaginou e Dohã até então estava a surpreendendo.
Percorrer aquela distancia toda pelo visto valeu a pena.
-Hum, talvez me acostume com esse lugar.
Disse recolhendo um umeboshi.
Após se lavar no banheiro de mármore e se demorar mais do que pretendia, saiu do quarto em busca das filhas.
Aquele palácio era grande, enorme na verdade e qualquer pessoa normal poderia se perder.
Mas não para uma Yamanaka.
Com sua capacidade rastreadora foi em busca do chakra de suas meninas e não tardou a encontrar.
Foi reto em direção ao local, poderia ser mais próximo ao seu e de Sasuke mas pelo menos as duas estavam juntas.
Bateu na porta e baixou a maçaneta já adentrando no recinto.
-Meninas? Vim ver como vocês estão.
Inoue já estava deitada mas a cama que correspondia a de Sarumi permanecia vazia.
-Onde está sua irmã?
-No banheiro.
Ino fechou a porta e se aproximou da filha.
-Grande dia hoje, não é?
A figura tão parecida consigo se sentou e a mirou
-Sim.
-Boa noite.
Ino se inclinou e beijou o rosto da filha
-Mamãe...
Os olhos azuis a observaram quando se afastou
-Obrigada por...por estar me apoiando de alguma forma mesmo não concordando com tudo isso.
Os dedos finos e longos se ergueram até os fios dourados
-Eu sempre vou apoiar você.
Inoue lhe sorriu
A Yamanka mais velha olhou em direção a porta do que seria o banheiro
-Sua irmã está demorando
-Acho que a porquinha decidiu se limpar já que estamos de visita em uma nação diferente.
Ino sorriu para a piada da filha
-Olhe sua irmã tudo bem? Senti o chakra dela levemente alterado quando estava procurando por vocês.
-Acho que é essa emoção da viagem.
-Sim, é tudo novo pra ela também, mas estou orgulhosa dela, de ambas.
Sorriu para a mais jovem lhe beijando mais uma vez e se levantando pronta para sair do aposento.
-Mamãe?
-Sim?
Se virou antes de passar pela porta
-Não se importa de dividir o quarto com o papai?
A pergunta a pegou desprevenida
-Vocês, eu e seu pai somos uma família.
Inoue lhe sorriu resignada
-Boa noite filha.
E então saiu do quarto fechando a porta
Caminhava rapidamente pelos longos corredores do grande palácio do Emir de volta a seus aposentos, foi aí que ele surgiu bem diante de seus olhos.
Estava distraída para perceber a presença de alguém, a figura do homem saiu de dentro de uma das várias portas que haviam ali e parou olhando diretamente para ela.
Estancou levando a mão ao peito.
-Te assustei?
Estava com outras roupas bem diferentes daquelas de mais cedo, eram mais soltas, claras e leves. Os cabelos escuros e curtos faziam um contraste diferente com a pele bronzeada, os olhos negros a fitavam de uma forma...
Uma forma que a muito tempo ninguém ousava a encarar.
-Estava distraída.
Respondeu simplesmente
Nada mais disse, apenas continuou a observando
Sentiu que a qualquer minuto poderia corar.
E uma mulher de quase quarenta anos corando em um corredor para um estranho era demais.
-Boa noite.
E passou por ele.
Mas antes de se afastar a voz se fez presente mais uma vez
-Espero que tenha gostado do passeio.
Parou novamente, sentia o peso daquele olhar em suas costas
-Foi algo diferente, mas sim, eu gostei.
Sentiu os passos pesados dele atrás de si, e cada bater dos pés daquele homem no chão eram como uma batida mais forte dentro de seu peito
-Espero também que esteja sendo bem servida aqui em nosso palácio...
Ele parou ao seu lado e ao sentir aquela presença tão próxima um leve arrepio a dominou
-Está tudo ótimo, agradeço pela hospitalidade
Então levou os orbes azuis em sua direção
-...comigo e com minha família
Ele sorriu.
Um sorriso diferente naqueles lábios grossos e bem desenhados
-Não vou mantê-la mais tempo afastada de seu marido.
-Ele não é meu marido!
Disse num rompante.
Nem sequer soube dizer de onde as palavras vieram daquela forma tão rápida.
Sentiu-se uma tola e ficando sem jeito tentou melhorar a situação
-Não somos um casal na verdade... só temos nossas filhas juntos.
Porque estava se explicando?!
Mordeu o lábio inferior em puro sinal de nervosismo
Quando teve coragem de o mirar novamente o sorriso havia aumentado
-Então boa noite, senhorita Yamanaka.
Por fim ele deu meia volta e sumiu pelo lado oposto ao seu
Ela ficou ali, colocando a respirando nos eixos e se perguntando quão patética poderia ter parecido.
Os passeios pelas ruas daquela nação mostravam o quanto aquele lugar era único.
O cheiro da terra quente, as especiarias soltas no ar, a movimentação, a multidão...tudo era totalmente diferente mas ao mesmo tempo aprazível para aqueles que vinham de fora.
Dohã era um lugar único e estar experienciando tudo aquilo com as pessoas que mais queria bem estava sendo ainda melhor.
Todos pareciam satisfeitos e quando voltaram para o palácio foi quase na hora do almoço.
O irmão do Emir não os acompanhou no café da manhã e nem no passeio que acabaram de fazer e por um momento sentiu-se aliava por isso.
Não estava ali para sentir qualquer tipo de coisa, estava ali por sua missão e nada mais!
Mas o destino não concordava com ela, pois a mulher mais falada durante toda a viagem estava finalmente de volta a seu palácio e tanto Ino quanto os outros iriam finalmente conhece-la.
O destino queria o acerto de contas
E ele viria
Pois quanto as portas foram abertas, por elas passaram a esposa do Emir de Dohã.
A mulher a qual destruiu o casamento e o coração
Sua amiga de infância.
Sakura!
-A flor de Dohã.
Ela estava completamente diferente mas ao mesmo tempo igual!
Quase levou a mão aos lábios tamanha foi sua surpresa.
Os olhos verdes passaram por Sasuke ao seu lado e quando caíram sobre si sentiu um forte bolo se formar em seu estomago e subir para a garganta.
Segurou e conteve qualquer manifestação que tendeu externar mesmo quando os olhos ficaram levemente marejados.
Sakura havia reconstruído sua vida
Sakura tinha um filho!
Observou atentamente como cumprimentava um por um e quando veio até eles, ambos os traidores. Nada passava por sua cabeça.
O que ela diria?
O que diria em resposta?!
Mas de alguma forma foi salva pelo aluno de Sasuke e viu a interação que ela tinha com o rapaz, quando enfim chegou a suas filhas, sentiu seu sangue gelar.
Ela foi polida e extremamente centrada ocupando o lugar que agora era seu.
A de mulher do Emir.
Sua Inoue se adiantou até mulher e pôde ver bem diante de seus olhos como a filha a admirava.
Sakura era uma lenda afinal de contas.
Inoue queria ser como Sakura.
E aquilo ficou em sua mente enquanto os acontecimentos se seguiram.
Mal viu quando Sasuke saiu.
Tudo que ficou em sua mente era a sua ex amiga.
A amiga que tanto feriu.
E estava ali, na casa dela.
Na nação dela.
Com as filhas fruto de sua traição.
Em seu ímpeto, a primeira coisa que fez foi sair em disparada para seu aposento e recolher suas coisas.
Não podia ficar ali.
Não podia ficar na casa dela com suas filhas!
Escancarou a porta de qualquer jeito e saiu em busca de suas coisas.
Onde estavam....
Onde estavam suas meninas?
Seu coração batia tão rápido que jurava conseguir ouvi-lo
-Inoue!
Viu a filha ao lado de Boruto
-Mamãe! O papai, sabe pra onde ele foi?
-Não, eu não vi o seu pai...
Ino torceu o cenho e levou a mão a testa
-Mamãe, está tudo bem?
Inoue levou a mão até o rosto de Ino e sentiu as gotículas frias de suor.
-Está, quer dizer, eu não sei...
-Acho que sua pressão caiu, vem, vamos até meu quarto.
-Quer que eu chame a Sakura-chan? Ela é a melhor médica daqui!
Boruto disse tentando parecer prestativo
-Não!
Ino soltou num rompante
Os dois pares de olhos azuis a encararam levemente assustados
-Eu estou bem, ela acabou de chegar de viagem, não vamos incomodá-la
-Tá bom, mas vamos, você precisa deitar um pouco.
Mal percebeu seu caminhar junto ao de sua cópia
Ela abriu a porta e a pousou sobre uma das camas
-Boruto, peça pra alguém me arrumar água morna e uma toalha
-Hai!
O jovem que as acompanhava saiu rapidamente do recinto
-Mãezinha, o que houve? Eu nunca vi você assim...
A Yamanaka mirou a filha ajoelhada ao seu lado na cama e sentiu o peito embargado
-Vem cá
Ino abriu os braços e Inoue se levantou deitando-se ao lado dela.
-Mas eu preciso cuidar de você...
-Já está cuidando
Ino a abraçou com força enquanto fechava os olhos
Quando Boruto voltou com o que Inoue pediu soltou um grande pigarro anunciando sua entrada no aposento
-Ainda vão precisar disso?
Perguntou vendo as duas abraçadas sobre a cama
A loira mais jovem ergueu a cabeça e sorrindo balançou a cabeça em negativa, o loiro apenas deu meia volta e saiu deixando-as novamente só
Inoue apenas voltou a pousar a cabeça sobre o peito da mãe sentido como as batidas do coração antes agitadas se normalizavam gradativamente.
Assim que voltou para seu quarto o encontrou deitado na grande cama olhado para o teto.
-Você sabia?
Perguntou
-Não
Ficaram em silencio até a loira o quebrar mais uma vez
-O que faremos?
-Terminaremos a missão eu acho...
Se aproximou lentamente se pondo deitada a seu lado.
-É como...como voltar ao passado, relembrar tudo, reviver tudo!
Ponderou admirando o teto ricamente trabalhado sentindo os olhos ficando molhados
-Eu sei.
Na mente de Ino apenas uma pergunta rondava, a mais importante de todas
-E nossas filhas?
Não houve resposta para aquele questionamento.
Andava de um lado para o outro tentando se arrumar, nada ficava bom, não se sentia bem, seu estômago a incomodava...
Se pudesse não iria aquele jantar!
Mas seria uma grande falta de consideração com seus anfitriões e com o Hokage.
Ali ela era representava sua vila.
-Droga!
Praguejou ao terminar de subir o zíper do vestido
-Acho que não trouxe uma roupa adequada o suficiente para uma ocasião como essa.
-Está incomodada com tudo isso não é?
Sasuke a olhava próximo a porta
Ino sentou-se sobre a cama e passou a mão pelos cabelos dourados
Aquele mal-estar dentro de si, a sensação que a anos trabalhava para que passasse estava ali, mais viva do que nunca.
-Você a viu...viu como ela está, viu todo esse lugar, esse palácio, nem sei se deveríamos mesmo estar aqui!
O Uchiha nada respondeu.
Então se pôs de pé em um rompante
-Acho que vou trocar de roupa.
Mais do que tudo não queria sair daquele quarto
-Não, já estamos atrasados.
Ele abriu a porta e ela suspirou resignada
-Espero que Sarumi tenha colocado ao menos um vestido na mala.
Sussurrou ao Uchiha assim que viram toda a rica decoração pelo caminho até onde os festejos aconteceriam.
O lugar estava sublime, todo ornamentado com decorações da cultura local, a música, o divertimento, tudo era feito exclusivamente para entreter os convidados.
Buscou rapidamente com o olhar por suas filhas
-Vou atrás das gêmeas.
Disse assim que constatou que as mesmas ainda não estavam ali.
Podia estar mais grudenta com elas, mas agora mais do que nunca queria suas meninas por perto.
E era um ótimo motivo para se demorar mais em ficar ali e mais cedo ou mais tarde se encontrar com ela
Sakura Hadiya.
Assim que saiu do recinto sentiu-se um pouco mais leve.
-Está bonita.
Ele surgiu diante de si a tomando de surpresa.
-Obrigada.
Respondeu ao homem que usava roupas vermelhas e o turbante branco na cabeça com alguns dos fios escuros saindo do mesmo.
-Precisa de ajuda com alguma coisa?
-Ah... eu só estou procurando minhas filhas.
-Posso te ajudar.
Ela ficou sem fala.
-Assim será rápido e você não perderá muito dos festejos.
Não soube o que a fez concordar com a cabeça e simplesmente seguir junto àquele homem.
Podia muito bem dispensá-lo e encontra-las ao concentrar-se, mas...
Mas queria estar com ele, nem que fosse por alguns poucos minutos.
CONTINUA...