Contos Para Ler Às Três da Manhã

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

    16
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Da Janela

    Álcool, Drogas, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Suicídio, Violência

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    >> Boa leitura!

    José carregava os caixotes de mudanças para sua nova casa, a sensação única de paz por trocar um dos ambientes mais caóticos por um mais tranquilo despertava felicidade. O cheiro de casa nova ainda pairava no ar e ele não via a hora de conhecer a nova vizinhança, com todos os novos costumes.

    Logo anoiteceu ao som das corujas e voos desajeitados de vagalumes. Após uma refeição satisfatória, José, apenas queria deitar e aproveitar o descanso de um longo dia de trabalho. Ao passar perto da varanda notou o balançar das cortinas novas, compradas na feira antes mesmo da mudança, e ao fechá-las notou que na janela da casa a frente uma mulher o encarava de forma apática, pálida feito uma lagartixa. Aquele olhar sinistro de certa forma fez sua barriga gelar. Decidiu não olhá-la por muito tempo, tapando a visão da estranha com as cortinas.

    "Que medo!", pensou ele.

    Deitou imaginando aquela cena mais uma vez, como um filme de terror onde era bisbilhotado. Mas calma, foi só uma coincidência, afinal, não tem como ela ainda estar lá parada olhando, não é?

    "Será?", pensou ele de novo.

    No dia seguinte, voltando da faculdade, ao passar por um dos becos percebeu o pôr-do-sol contracenar com uma estranha fumaça cinza, cuja qual subia cada vez mais ao céu. Ele correu o mais rápido possível, sendo prudente em alguns lugares mais estreitos. Ao chegar na esquina de sua casa viu sua vizinha, aquela sinistra de ontem à noite, jogar molotovs na sua propriedade.

    - Ei! - gritou ele indo na direção da velha louca. Também impediu que a mesma continuasse sua ação criminosa. - Por que está fazendo isso?! Por que está queimando minha casa?!

    A velha não respondeu, apenas sorriu para ele.

    - Velha louca! - José pegou seu telefone e contatou os bombeiros. - Por favor, venham rápido!

    As chamas aumentavam cada vez mais, invadindo a parte de dentro da casa. Um ódio preencheu o coração do rapaz por ele não ter feito nada de mal para merecer uma recepção como aquela.

    - É ela - disse a velha ao apontar para a casa incendiada.

    - Ela? Que mulher? Do que você está falando?! - disse José confuso.

    - Ela vai queimar também. - A velha soltou uma gargalhada rouca.

    Mais ou menos uns sete minutos depois da ligação, os bombeiros chegaram. Conseguiram controlar as chamas antes que tudo piorasse de vez. A polícia também foi acionada e ouviram as versões do incidente, embora a única coisa dita pela velha foi sobre uma tal "mulher" na casa de José. Não tiveram outra escolha a não ser prendê-la pelo seu ato em flagrante e decidiram, de imediato, fazer uma busca rápida pela casa da mesma para averiguar qualquer pista ou motivação para tal. José pediu permissão para o capitão responsável pela operação, afim de ver de perto o lugar. Sua atenção estava voltada para o quarto da velha, onde este fora usado para bisbilhotar a vida do rapaz. Lá havia apenas uma cama velha caindo aos pedaços, um pequeno armário com poucas roupas e alguns livros antigos abertos. No geral eles descreviam pequenos rituais acerca de espíritos vagantes em nosso mundo. Passou pela cabeça do rapaz naquele momento de como aquela senhora poderia ser perturbada, pois, debaixo de cada uma daquelas páginas tinham símbolos estranhos impressos em papéis brancos. Ao desviar seu olhar por um breve momento, avistou a tal janela cuja qual dava para ver a sua casa. Foi como presenciar um flashback. Exatamente no mesmo lugar onde a velha estava ontem, José, viu uma silhueta estranha atrás das cortinas da varanda de sua casa. Ele não conseguiu decifrar tamanha bizarrice posta ao mero momento, mas tinha certeza de haver alguém lá. Alguém pálido, com os olhos pretos por completo e um cabelo castanho enorme caindo ao chão, observando-o dentro da residência.


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