O Ritual - livro macabro

Tempo estimado de leitura: 58 minutos

    18
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Tenha cuidado com o que você deseja...

    Álcool, Bissexualidade, Estupro, Hentai, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Suicídio, Violência

    Recomendada para maiores de 18 anos

    Não recomendada para pessoas sensíveis.

    Romance, suspense,horror, terror, humor negro, bizarro.

    Estava mais uma vez na biblioteca, aquele era o lugar em que passava mais tempo dentro daquela universidade, afinal o curso de medicina era algo puxado e devia se dedicar com esmero já que no próximo semestre estaria se formando.

    Mesmo com sua amiga loira reclamando do cheiro de livros velhos no quarto e do quanto aquele prédio era antigo e assustador, existia um certo charme no local.

    Afinal o lugar havia sido um monastério em tempos longínquos, na época em que padres jesuítas católicos haviam ido para o Japão durante o século XVI, depois com a expulsão dos estrangeiros do país o lugar foi abandonado e em consequência queimado quando alguns kakure kirishitan * começaram a se esconder bem ali. Séculos depois estava reformado, novo em folha e agora era um grande centro de aprendizagem para diversos jovens com muita pouca coisa na cabeça.

    Os cristãos que foram mortos ali deveriam estar orgulhosos do que o lugar se tornou!

    Teria uma prova de anatomia em poucos dias, Tsunade era uma mulher muito autoritária, não queria decepcioná-la.

    Estava mais para o fim da biblioteca, era final de tarde e logo as comemorações iriam se iniciar.

    Ali, segundo a tutora de sua turma, existiam os melhores livros, os maiores e mais ricos em conteúdo. Nenhum aluno de seu curso chegava a ir até lá, todos recorriam a internet, mas ela não, alguns pormenores, determinadas coisas, só existiam em livros...

    E foi quando estava com a Grande Enciclopédia de Anatomia Humana sobre o colo, sentada no chão frio e folheando as páginas amareladas que algo chamou sua atenção.

    Ao apoiar-se no chão para sustentar o volume que tinha nas mãos que percebeu o ladrilho solto.

    Tomou um susto ao sentir o membro afundar-se com tudo para o interior do chão antigo.

    Praguejou em silencio e se ergueu, mas ao fazê-lo percebeu algo.

    Tinha alguma coisa ali.

    Seus dedos finos sentiram a textura lisa e seu sangue gelou, o que era aquilo?

    Retirou a mão com pressa e então viu o grande ser marrom, praticamente rubro passar pela por sua palma e cair sorrateiro.

    Deixou o volume que tinha em seu colo despencar de forma estrondosa no chão junto ao grito.

    -Que nojo!!!

    Disse vendo o ser caminhar rapidamente por entre as prateleiras repletas de livros fugindo da luz.

    Não era uma garota fresca, mas ter uma barata daquele tamanho passeando sobre seu corpo não era uma sensação agradável.

    Esticou-se toda para observar o corredor, estava realmente na parte mais afastada de toda a biblioteca, pois nem mesmo seu rompante foi capaz de chamar a atenção das poucas pessoas que haviam ali.

    Mirou o ladrilho fora do lugar e suspirou, aquilo era muito perigoso, poderia ter se machucado! Como a administração da universidade deixava a biblioteca abandonada assim?! E ainda mais com baratas!

    Se bem que...apenas aquele pedaço específico parecia assim, abandonado, esquecido, o cheiro de mofo e as traças deixavam isso bem claro.

    Ficou curiosa, tinha alguma coisa ali dentro, ela sentiu, tanto que nem notou o ser asqueroso subindo por sua mão.

    Arrastou mais o ladrilho e olhou para dentro

    Não conseguiu enxergar nada.

    Virou-se atrás de sua bolsa e foi em busca da luz do celular, quando o achou acendeu diretamente a lanterna e a levou em direção ao buraco.

    E o que viu lhe deu arrepios!

    Era uma infestação de baratas!

    Marrons, pretas, até mesmo algumas brancas! Com ovas de vários tamanhos.

    Ao sentirem a luz sobre si s pareceram perdidas e correram fazendo então surgir algo.

    Algo liso e preto.

    Era um...livro?

    Não existia nada na capa, apenas a frente escura e manchada e as bordas em um dourado velho.

    O que aquilo fazia ali?

    Então pôde ouvir o eco dos passos se aproximando.

    E seu coração acelerando junto.

    Num rompante, enfiou novamente a mão ali dentro e capturou o volume sem nem se aperceber se algum daqueles seres havia vindo junto. Só deu tempo de colocar a peça que estava desencaixada do chão em seu lugar.

    -Sakura! Ainda está aí? Pensei que já tivesse ido.

    Com o coração na boca e o abraçando como se fosse evaporar de seus braços, olhou para Kurenai e sorriu meio sem jeito.

    -Sabe como é, quando estou aqui, acabo perdendo a hora.

    A morena lhe encarou e ergueu a sobrancelha

    -Está tudo bem? Você parece assustada.

    -Ah sim, tudo, só estou cansada, sabe como são as provas finais.

    -Sim, sei bem.

    Então a outra se abaixou e recolheu o exemplar da enciclopédia que estava no chão, a rosada apenas deu um passo para trás.

    Kurenai se ergueu e se afastou.

    -Você vai leva-lo?

    Sakura apertava o livro com tanta força que sentia seus dedos formigarem.

    -Ah, não, hoje não.

    -E esse?

    Ela ficou muda

    -Esse que está aí com você, vai levar?

    -Ah...bom, esse é meu mesmo.

    Então se abaixou e pegou sua bolsa jogada pelo chão.

    -Eu já vou Kurenai, até outra hora.

    -Tudo bem...tome cuidado, sabe que dia é hoje, o campus está cheio de gente engraçadinha querendo pregar peças.

    -Sim, eu sei, não se preocupe.

    E se virou caminhando pelo corredor sem olhar para trás.

    E até sair de dentro do prédio da biblioteca, não conseguiu soltar aquele livro de entre seus braços.

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    -Ei testuda, finalmente!

    Ino, sua melhor amiga, estava saindo do banheiro vestida de...diabinha?

    -Sério mesmo que você se fantasiou?

    Sakura jogou sua bolsa sobre uma das camas e se aproximou da escrivaninha.

    -Claro, é dia das bruxas, todas vamos nos fantasiar.

    -Você está louca...

    Finalmente olhou para a capa negra novamente, apesar de leve e gasta parecia num estado conservado demais por ter ficado enfiado dentro do chão da biblioteca sabe-se lá quanto tempo, com aqueles bichos sobre ele, porque não estava destruído? Parecia intacto demais então quando ia abrir e verificar o conteúdo sua amiga loira apareceu por sobre seu ombro esquerdo.

    -Mais um livro? Você é mesmo uma nerd.

    A rosada apenas deixou o exemplar sobre a escrivaninha diante a janela e se virou resignada para a amiga.

    -Pare de dizer bobagens e fale alguma coisa útil, vamos, onde está a Hinata?

    -Sei lá, na aula, correndo atrás do Naruto...não faço ideia.

    Sakura girou os olhos e balançou a cabeça

    -Eu vou tomar banho.

    -Ótimo, deixei uma coisa pra você no banheiro.

    -O que você...

    Mas não teve tempo de terminar de falar pois sua amiga, Yamanaka Ino, já estava a empurrando para o interior do aposento e fechado a porta.

    -E lave atrás das orelhas! Nós vamos atrás de uns gatinhos pretos essa noite!

    -Ino, bruxa, é sério?

    A cerejeira saiu de dentro do banheiro vestida com a saia, o corpete, a capa e o chapéu pontudo.

    -Você ficou ótima!

    Sorriu a loira

    -Ótima pra um bordel!

    Mas quando a outra ia responder a porta foi aberta sendo que por ela a morena passou cabisbaixa.

    -Oi Hina!

    Ino a cumprimentou

    A Hyuuga nem sequer chegou a responder

    -Hinata, o que foi?

    Quando os olhos perolados atingiram as amigas, elas viram os cantos vermelhos.

    -Ele nem sequer olhou pra mim...

    Sakura olhou para Ino e suspirou

    -Hinata, você sabe como o Naruto é...

    Começou a Haruno

    -Um puto!

    Terminou a Yamanaka.

    -Ino!

    Sakura ralhou com a loira

    -É a verdade, não é?! Naruto come metade das garotas dessa república, isso não é segredo pra ninguém.

    -Menos eu pelo visto.

    -Hinata?!

    Sakura encarou a morena boquiaberta com o que acabara de ouvir.

    -Eu sou tão sem graça assim?

    Questionou com as amigas.

    -Não, você é uma gostosa retraída.

    A Yamanaka se aproximou e colocou uma mecha dos longos cabelos negros detrás da orelha pequena e delicada da Hyuuga.

    -Agora não fique triste, vem, eu também arrumei uma fantasia para você, a gente sai, bebe, se diverte, você conhece um gatinho e esquece o embuste do Naruto!

    Hinata sorriu levemente mais alegre.

    -É, pode ser...

    -Claro que pode. Agora vá tomar banho que eu levo sua fantasia.

    Hinata abriu mais o simples sorriso entre os lábios e deixou suas coisas sobre sua cama, então se encaminhou até o banheiro.

    -E você, testa de marquise, me ajude a decorar esse quarto. Vamos ter um dia das bruxas inesquecível!

    Sakura precisou da ajuda de Hinata para abrir a porta, quando conseguiram olharam para trás, Ino ainda estava atracada com o rapaz que conheceram no bar.

    -Ei porca, já chegamos!

    Ela sequer deu atenção a rosada, continuava se esfregando com o cara estranho, Hinata foi a primeira a entrar quando ouviu o gemido da Yamanaka.

    -Eu não acredito que essa porca loira deixou as velas acesas antes de sairmos!

    -Foi pra criar um ambiente...

    Ino disse adentrando no recinto e se jogando sobre sua cama.

    -Você quer colocar fogo em toda universidade, sua maluca!

    -Porra Sakura, você é mais chata bêbada do que sóbria, olha como o quarto está lindo, eu caprichei no visual.

    A Haruno nada disse, apenas sentou-se sobre o chão retirando as botas que faziam conjunto com a fantasia que usava.

    Hinata estava perto da janela ainda com a garrafa de vinho na mão.

    -Tudo bem Hina?

    Questionou a rosada.

    A Hyuuga se virou e a olhou, o quarto das três era totalmente iluminado pelas velas que Ino insistira em acender pelo ambiente, sua imagem de anjo, que a loira teimou ser a fantasia ideal para a morena, criava uma sombra tenra mas ao mesmo tempo tenebrosa quando as asas longas se reproduziam no chão, o crepitar das velas sobre o rosto pálido e triste davam a impressão de que aquele anjo estava nas trevas.

    Talvez estivesse mesmo.

    -Vem Hina, senta aqui, você bebeu muito.

    Hinata sentou-se ao lado da loira e suspirou

    -Sabe, você precisa esquecer aquele idiota do Uzumaki e se concentrar em outras coisas, outras pessoas.

    -Eu sei, mas não é como se fosse fácil.

    -Talvez se você tentasse.

    Hinata encarou Ino

    -Você já beijou alguém?

    A Yamanka perguntou

    Hinata desviou o olhar

    -Ino, pare de pressionar a Hinata

    -Olha pra ela testuda, é linda, inteligente, um mulherão da porra chorando por macho.

    A rosada estava sentada no chão olhando para as duas sobre a cama, e viu bem quando a amiga loira passou a mão pelo rosto da outra.

    Hinata ficou imóvel

    -Obrigada Ino

    A voz da Hyuuga saiu baixa e contida

    -Devia experimentar coisas novas Hina...

    Então a Yamanaka se aproximou e colou seus lábios sobre os da morena.

    Sakura sacudiu a cabeça ao ver a Hyuuga ficar tensa enquanto Ino tentava aprofundar o contato

    -Ino, deixe a Hinata em paz.

    Se afastou e olhando para os olhos perolados sorriu com a lateral dos lábios

    -Não ouvi ela me pedindo pra parar.

    Então a puxou pelos cabelos e enfiou a língua com tudo sobre a boca suculenta da Hyuuga

    Sakura ouviu a morena gemer levemente

    Mas um grito alto e desesperado foi ouvido

    As duas se separaram

    A rosada se sobressaltou e levantou apressada indo em direção a janela

    Era um grupo de jovens, uma das garotas corria de um rapaz fantasiado de assassino com o grande machado entre as mãos.

    -Essas pegadinhas de halloween são ridículas.

    Reclamou a cerejeira. Quando deu por si a Hyuuga já estava ao seu lado e Ino ainda sentada sobre a cama.

    Mirou Hinata, ela parecia bem depois de ficar aos beijos com a loira, só esperava que o relacionamento de ambas permanecesse normal após a ressaca que viria no dia seguinte.

    -Então, o que vamos fazer agora?

    Bufou a Yamanaka

    -O que é isso?

    Hinata que estava próxima a janela e do lado da escrivaninha tocou no livro negro.

    -Ah, mais uma velharia que a testuda trouxe da biblioteca.

    -Ritual para se ter o que quer...

    Disse a morena

    -O que?

    Ino pareceu atenta no que a Hyuuga dissera

    -É o que está escrito aqui.

    A Haruno se pôs ao lado da morena e olhou para as folhas abertas, não entendia uma palavra do que estava escrito ali

    -Isso é o que? Latim?

    -Sim.

    -Como diabos você sabe latim Hinata?

    A rosada questionou a amiga

    -Ela vem de umas das famílias mais tradicionais do país testuda, deve saber até aramaico.

    Hinata parecia alheia a tudo e continuava lendo o que havia ali

    -Parece que finalmente você trouxe um livro interessante pro quarto.

    Ino se levantou e se aproximou pegando a garrafa de vinho no processo e dando um grande gole.

    -E então Hina, o que está escrito aí?

    A loira perguntou

    -É latim antigo, muito antigo, não dá pra entender muita coisa, mas tem umas palavras e uns desenhos

    Ino foi para o outro lado da morena e olhou para as páginas

    -Velas?! Isso nós já temos.

    E deu outra golada na garrafa

    -Tem outras coisas aqui, mas eles dão nomes que não consigo entender

    -Tá, mas e as palavras, o que são?

    Hinata trouxe o papel mais para perto e tentou ler

    -Na verdade é só uma, mas dita várias vezes, olha...

    Sakura olhou para o papel e lá estava

    -Volo, volo, volo, volo, volo, volo*...

    Quando Hinata virou a página

    A palavra continuava

    Volo...

    Volo...

    Volo...

    Volo...

    -Se fosse para eu ter uma coisa na vida, eu ia querer ser perfeita, melhor que essas modelos que tem por aí, assim quando me formasse na faculdade de moda iria estampar minha própria marca.

    A loira disse dando mais um gole na garrafa.

    -O que pediria Hina?

    Hinara desviou o olhar das páginas e suspirou

    -Pediria que ele fosse meu.

    -Ah Hina...

    Sakura passou a mão nas costas da amiga quando a viu fechar o livro e pegar a garrafa da mão de Ino dando um longo e profundo gole quase engasgando.

    -E você testuda, o que pediria?

    Sakura se pôs a pensar, olhou para as velas ao redor do ambiente crepitante, diante da janela com a lua fora olhando para elas.

    Suas sombras, o anjo, o demônio e a bruxa estavam ali, disformes pelas formas das velas ornamentando o piso.

    -Já sei!

    E pegou a garrafa de Hinata também dando um gole

    -E então, não vai contar pra gente?

    Quando limpou os lábios do liquido tinto que havia escorrido até seu queixo sorriu sorrateira

    -Claro que não, se eu contar não se realiza

    -Ah, isso não vale...

    Ino começou a reclamar mas Sakura a cortou perguntando

    -A palavra, como se pronuncia Hinata?

    -Volo!

    Então a cerejeira repetiu

    -Volo!

    Ino foi em seguida

    -Volo!

    E tudo ficou em silencio, as três se entreolharam e em seguida começaram a rir descontroladamente.

    -Olha aí, eu sabia que vocês iam entrar no clima! Fazendo bruxaria no dia das bruxas!

    No instante seguinte a garrafa de vinho foi ao chão se espatifando por inteiro e derramando o liquido vermelho sobre o anjo, o demônio e a bruxa.

    Sakura mal teve tempo de se segurar nas amigas, já não conseguia sustentar seu próprio corpo que era puxado com uma força sobrenatural para o chão.

    Aquela dor, pungente e profunda parecia sair do interior de suas entranhas e tomar seu ser por completo.

    Quando levou a mão ao ponto, sem conseguir perceber mais nada ao seu redor, viu os dedos manchados pelo liquido vermelho.

    Mas não era o vinho

    Era sangue.

    E tudo virou uma grande, violenta e intensa escuridão!

    CONTINUA...

    * Kakure Kirishitans- Os Kakure Kirishitans são denominados cristãos "escondidos" porque continuaram a praticar o cristianismo em segredo. Praticavam seus cultos em aposentos secretos em suas casas. Com o passar do tempo, as imagens dos santos e da Virgem Maria foram transformados em imagens que lembravam mais as imagens tradicionais de Budas e dos bodhisattvas. As orações foram adaptadas de modo a soar como cantos budistas e mantiveram palavras sem tradução do latim, do português e do castelhano. A Bíblia foi passada de forma oral, por causa do temor de que os poucos livros fossem confiscados pelas autoridades. Em função da expulsão do clero católico no século XVII, a comunidade Kakure Kirishitan passou a depender de líderes leigos para realizar as atividades.

    *Volo- Eu desejo


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