Olá, tudo bem? Como vocês estão?
Hoje vou postar mais um capítulo e é o arco ByaJenny.
Vamos ver o que vai acontecer com esses dois.
Boa leitura!
O dia começava a clarear para três pessoas que desconheciam o que era um bom descanso.
Jenny tentava cochilar inutilmente enquanto o carro andava pelas grandes estradas intermunicipais do Japão. Sentiu o vento cessar de seu rosto e abriu os olhos para enxergar uma grande propriedade ao longe e murada como se fosse uma fortaleza.
Ela abriu a boca com o tamanho do lugar. Era tão longe e tão extenso que poderia ter vários campos de plantação em volta da grande mansão.
Logo ela chegou ao centro daquele local e já havia um grande número de empregados, todos alinhados, lado a lado, para a recepção do herdeiro do clã Kuchiki.
“Até uma mansão desse tamanho, o Byakuya tem!” — A estrangeira se questionava enquanto o Kuchiki apenas saiu do carro e abriu a porta para que a garota pudesse sair.
— Você vai ficar bem? — Han abordou o Kuchiki que já abria a porta do carro sem nem o olhar.
— Um Kuchiki sempre fica bem. — Byakuya deu uma olhada de soslaio para o colega antes de sair. — Estamos quites.
Jenny foi surpreendida por um senhor que abriu a porta do carro para ela e apenas permanecia curvado enquanto ela descia do veículo. Mas antes de seguir rumo ela se virou e novamente sentiu desejo de agradecer a coragem e generosidade de um dos seus salvadores.
— Obrigada por tudo, Han. A gente se vê. — Ela deu um sorriso tímido tentando esconder todo o cansaço.
— Descanse, senhorita. Ah. — A garota foi interrompida de repente. — Cuide do Kuchiki. Ele precisa de alguém como você. — Jenny arregalou os olhos enquanto Han apenas acenava seguindo seu rumo e saindo das redondezas da mansão.
— Byakuya-sama. — Os servos reverenciavam o jovem que andava a longos e firmes passos pela varanda da fortaleza. Ele manteve a sua feição neutra e despreocupada enquanto procurava seguir ao seu aposento.
A brasileira foi recebida por uma senhora que não falava a sua língua e apenas indicava a direção, que ela deveria seguir, com a palma da mão aberta.
Assim que entrou naquela casa, Jenny viu o quão grande era aquela estrutura. Era totalmente elegante e tinha nas paredes quadros de toda a geração Kuchiki estampada como motivo de tradição. A moça foi encaminhada ao segundo andar. Foi convocada a retirar os sapatos enquanto foi lhe fornecido os famosos chinelos para poder explorar dentro da fortaleza. Chegou ao cômodo que continha uma cama no centro do quarto com uma escrivaninha ao lado, uma pequena porta que levava ao banheiro e uma sacada que estava ainda fechada.
A senhora que a acompanhava apenas fechou a porta de correr se retirando do ambiente. Jenny não perdeu a oportunidade e começou a explorar seu quarto. Entrou no banheiro e viu que tinha uma banheira já cheia e pronta para que ela se banhasse.
Ela não pensou duas vezes, já se despindo e entrando na água totalmente quente. Ela aproveitou e começou a massagear o tornozelo que ainda doía. Não demorou muito, saiu vestindo um roupão e dando de cara com a mesma senhora que a acompanhava.
Jenny foi surpreendida assim que ela se aproximou. A mulher foi logo a despindo e vestiu a jovem com um quimono, passando e alinhando o tecido de cetim no corpo e dando um nó nas costas, ajustando a faixa na sua cintura. A roupa, na coloração creme e azul marinho, tinha ainda alguns detalhes peculiares como o desenho de um pássaro pronto para voar.
Jenny, assim que se viu totalmente vestida, foi designada a se sentar para que fosse cuidado seus cabelos. Com movimentos precisos, seus cabelos foram alisados e presos a um coque alto e ornado por uma presilha lavrada em pedras azuis. A jovem deu uma volta em frente ao espelho que lhe foi apresentado para ver o quanto estava linda e parecendo uma mulher japonesa. A família Kuchiki, realmente, era uma família de respeito e muita hospitalidade. Essa era a impressão que a família passava.
Logo, entrou mais uma moça no ambiente que abriu um sorriso se curvando para Jenny. A brasileira, assim que estava vestida, sentou-se na cama e a jovem se ajoelhou sob ela e começou a massagear o tornozelo que estava muito inchado. Com leves movimentos e passando um óleo que esquentava a região afetada, Jenny começou a sentir alívio e aproveitou de todo o conforto que Byakuya estava a proporcionando.
Assim que foi terminado o serviço as duas mulheres deixaram o quarto em silêncio enquanto Jenny sentiu que estava pronta para poder descansar. Para sua surpresa, abriu a porta e foi lhe servido um café da manhã. Ela percebeu que era bem parecido com o que comeu na mansão Kuchiki na companhia de Rukia e no próprio hotel que a havia hospedado. Agora poderia descansar e recuperar todas as forças que perdeu nessa grande aventura.
***
Não era muito paciente com formalidades a todo o tempo. Estava cansado demais e apesar de ser ritual todos os empregados dar-lhe satisfação e tirar-lhe do seu precioso silêncio, Byakuya não via a hora de chegar ao seu aposento e se fechar a sete chaves. Ele não queria mais interrupção.
Assim que o último servo atravessou seu caminho o reverenciando, o Kuchiki chegou ao seu quarto e, logo em seguida, fechou a porta atrás de si. Fechou os olhos no mesmo instante que sentiu um pouco de alívio que acabou no mesmo instante que abriu-os novamente. Lembranças de que não queria lembrar invadiu lhe a mente.
“ — Byakuya-sama, como você é ciumento! — Dizia Hisana o abraçando pelas costas enquanto Byakuya estava apoiado na sacada. — Não aconteceria nada comigo.
— Hisana, eu não gosto de ver você se arriscando demais. Drift não é para mulheres como você. — Falava o Kuchiki olhando para o primo que acabara de chegar na frente da mansão. — Você tem a saúde frágil, tire essa ideia da cabeça.
— Byakuya, eu estou melhor e aprender essa técnica me ajudou a melhorar minha saúde. Não tire isso de mim. — Nesse momento o Kuchiki se virou para a amada. — Você me ama quando eu estou frágil ou prefere eu viva e com saúde? — Hisana abriu um sorriso malicioso com a pergunta.
— Eu prefiro você ao meu lado, minha dama. — Não resistiu e deu um beijo na jovem que amava com toda a sua força."
Respirou fundo e chacoalhou a cabeça para voltar a realidade. Odiava sentir qualquer tipo de tristeza, saudade ou qualquer tipo de sentimento infeliz que o fazia querer se isolar. Mas era o que tinha para o momento.
Sua fortaleza era frequentada apenas por líderes e pessoas mais influentes na família Kuchiki. Sabia que não era certo trazer alguém para aquele lugar. Mas quem o questionaria? Afinal era o próximo na linha de sucessão.
O Kuchiki decidiu tomar um banho quente para repor as energias. Não queria descansar agora. Ainda tinha muitas coisas para resolver e já tinha recebido uma encomenda e veria com mais cuidado depois do banho.
***
Jenny conseguiu descansar um pouco mas a claridade não ajudava muito. Desistindo de dormir, a moça se levantou e deixou o quarto para explorar um pouco o ambiente.
Ela começou a andar pelos longos corredores de piso de madeira e não se via ou ouvia barulho. A mansão de tão grande era silenciosa.
Quase se perdendo naquela imensidão ela conseguiu chegar a entrada principal e como nenhum empregado a abordava ou interrompia, ela conseguiu sair ao jardim principal.
As cores das flores eram tão radiantes que a impressionou. A garota começou a andar e ver que por fora, a grande mansão se dividia em mais dois ambientes. Ela se aproximou de uma que ficava um pouco mais afastada.
Percebeu que tinha uma escada por fora que levava a uma varanda no terraço ao ar livre. Curiosa, ela subiu cada degrau e assim que chegou, se aproximou do parapeito e viu ao longe o grande mar que banhava o Japão. Era Lindo!
Se tivesse uma câmera não hesitaria em fazer algumas selfies. Mas já nem tinha seu próprio celular o que era pior. Como avisaria sua amiga que ela estava bem? Será que Byakuya notificou que estavam bens? Jenny, ao fazer esses questionamentos, decidiu voltar e perguntar para o próprio.
Ela saiu correndo, sentindo a brisa na sua pele e o cheiro das flores perfumando todo o ambiente. Feliz, ela acabou deitando um pouco naquela relva e sentir um pouco daquela experiência que ela jamais pensou que viveria. Se levantou e avistou a mulher que tinha lhe ajudado.
A moça de aproximou da senhora perguntando de Byakuya. Mas para sua surpresa, parecia que nem a mulher ou qualquer outro servo sabia falar português. Jenny desesperada começou a entrar e bater em várias portas da mansão perguntando do Kuchiki inutilmente. Chegou a pensar que pudesse estar sozinha ou coisa pior. Pensou que Byakuya apenas a deixou sozinha e sem se comunicar com ninguém que falasse seu idioma.
Depois de muito tempo, finalmente ela encontrou Byakuya. Mas para desgraçar o seu dia, ele não parecia mais a mesma pessoa que passou a noite inteira ao seu lado.
Notou isso ao invadir com tudo o ambiente. Quase foi segurada pela serva que lhe tinha ajudado. Jenny não tinha noção de formalidades e etiqueta japonesa. O que era muito mal visto pelos japoneses e mais ainda por um que se julgava superior.
***
Byakuya permanecia na sua posição de sempre. Ele se encontrava em seu escritório mas, em desagrado, percebeu o reboliço que o tirou de sua concentração nos papéis que acabara de receber. Via uma garota bem vestida conforme o mesmo tinha ordenado assim que chegou. Mas era tão selvagem e rude como uma faca sem corte.
— Byakuya, eu preciso saber se você já ligou para a Rukia e se a minha amiga sabe que eu estou bem. — Jenny falou em disparada atraindo olhares de curiosidade e um de desagrado.
— Como ousa entrar sem minha autorização? — Byakuya permaneceu com sua feição estoica apesar do alerta. O Kuchiki fez um sinal com os olhos e os empregados entenderam a ordem de deixar os dois sozinhos. — É muito rude ser interrompido dessa maneira. Não te ensinaram a ter classe? — Jenny não sabia responder a essa pergunta e nem se estava sendo invasiva de entrar daquele jeito pois tinha algo muito importante a perguntar. Mas pelo jeito, Byakuya adorava cerimônias para tudo.
Byakuya olhava alguns papéis enquanto a garota só observava qual seria seu próximo passo. Ficar ali na frente dele não o fazia prestar atenção nela. Mas ele sabia o que ela queria. Fez um leve movimento com os olhos a autorizando cortar o silêncio que ele prestigiava.
Mas Jenny fez a lição de casa e sabia a hora e momento para falar. Se por um lado ela se sentia a rude, selvagem e sem modos, ela era a única a ser verdadeira com ele. Seus costumes e etnias distintas os faziam se conhecer pouco a pouco. No fundo ela entendia a forma dele ser.
— Desculpa te incomodar mas eu preciso ligar para a minha amiga. — Byakuya a ouvia mas continuava concentrado nos papéis. Parecia que Jenny falava uma besteira e de tamanha incoerência. — Byakuya? — Ela o chamou pois assim conseguiria lhe chamar a atenção. E sem o chamar pelos honoríficos que estava acostumado.
— Sua amiga sabe que você está bem. Isso é o suficiente. — Ele nem olhava para ela o que a irritava. Jenny ainda ficou parada e pensando em uma forma de tentar pelo menos uma conversa. — Vai ficar aí de pé por muito tempo?
— Quanto tempo teremos que ficar escondidos? — Aproveitou a oportunidade que ele lhe concedeu.
— Ficaremos até não existir mais perigo para você. — A brasileira achava que Byakuya exagerava demais em aumentar o problema. DK pelo jeito era a pior pessoa do Japão.
— Eu estou de férias e o que eu farei aqui, sozinha? Sem poder sair daqui ou falar com alguém? Era melhor eu ... — Byakuya parou o que estava fazendo e se virou para ela.
— Se fosse tão cuidadosa, não se envolveria com um mafioso. — Ele fez questão de lembrar que eles estavam naquela fortaleza por causa dela mesma. — Me agradeça pois eu ainda tive a gentileza em te salvar.
— Eu agradeço a sua gentileza, Byakuya. Mas não precisa colocar a culpa em mim. — Ela alterou o tom de voz se tornando a menina rude como ele mesmo já a tinha chamado. — E outra. Você também estava envolvido com a máfia. As duas vezes em que nos encontramos foram na mesma situação. Você estava também no lugar errado. Se esqueceu disso?
Byakuya apenas espremeu os olhos sendo contrariado pela brasileira que era afiada na língua.
— Minha vida não é da sua conta. Eu tenho minhas razões e uma pessoa como você não tem que saber. — Ele falava com muito desdém e parecia irritado com a petulância da menina.
— Eu não preciso saber da sua vida. E nem me interessa. Só fiz isso pela sua irmã. — Ela sentia o desprezo dele pela conversa ácida.
— O que tem a minha irmã? — Ele se virou para ela para a analisar e ver em que Rukia estava metida.
— Ela está preocupada com você. Você simplesmente some da vida dela e não dá notícias. — Ela o encarou de frente pois Byakuya já não a amedrontava mais.
— Rukia sabe se cuidar sozinha. Tudo o que acontece com ela eu sei. — Ele queria se convencer de que a irmã era independente e não mais uma criança.
— Sabe, você é muito egoísta. Só pensa em você. A Rukia se preocupa tanto com você e...
— Chega! — O Kuchiki a cortou e o silêncio prevaleceu. Parecia que ele analisava tudo o que Jenny falava. Por mais irritante que era ficar na companhia dela. Ela pelo menos falava sem medo. — Tá na hora de eu ensinar bons modos. Não quero me arrepender de ter trazido você para cá.
— Bons modos? Como uma pessoa tão arrogante como você vai me ensinar bons modos? Você também vai ter que aprender e muito a ser mais legal. — Jenny já estava a ponto de explodir com o Kuchiki. Ela estava se sentindo tão diminuída por ele. Começou a se sentir a pior pessoa do mundo. Mas não deixou ele simplesmente a ofender sem rodeios.
— Eu não sou legal. E não preciso disso. — Voltou seu olhar para ela. — Se quiser ir embora vai ter que aprender bons modos. Será um disfarce para que Takashi não venha até você. — Ele explicava o seu plano que estava traçando. — Terá que parecer uma dama. Tudo depende de você. Eu não quero também ficar muito tempo aqui. Não tenho tempo para perder.
Jenny respirou fundo e ouviu o que Byakuya disse com atenção. Ela percebeu que ele realmente era de poucos amigos. Mas se fosse o único jeito de sair dessa roubada, teria que aprender os “bons modos” como ele frisava toda vez que falava.
— Tudo bem. O que eu terei que fazer? — Estava pronta para começar.
— Começaremos depois do almoço. — Ele se levantou e seguiu em direção a porta. — Vai se preparar. Tem roupa e uma pessoa que vai te ajudar.
Jenny viu Byakuya passar por ela sem a olhar. Mas se surpreendeu com o fato dele mesmo ter planejado até roupas e uma pessoa para ajudar. Ele poderia ser a pessoa mais difícil de se conversar fluidamente mas ele sabia e tinha total noção do que ela precisava. Ele arrumou e cuidou de tudo.
Continua...