Altas aventuras em Tóquio

  • Bergovi
  • Capitulos 24
  • Gêneros Aventura

Tempo estimado de leitura: 5 horas

    18
    Capítulos:

    Capítulo 20

    Verdades

    Álcool, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Olá, tudo bem?

    Consegui concluir mais um capítulo.

    Vamos ter a aparição de uma personagem nova que vai apimentar a relação de um casal bem querido de vocês. E mais, vamos ter o arco Masha. Ehhh a situação não estará nada fácil mas faz parte.

    Eu espero que vocês gostem pois as coisas não são tão certinhas assim e tem muito drama.

    Como sou dramática...

    Boa leitura!

    Dentro do carro pareciam que estavam dois estranhos que não tinham coragem de falar qualquer palavra.

    Rukia arriscava olhar de lado enquanto o rapaz continuava concentrado no trânsito. Ela desistiu de qualquer interação e acabou voltando a atenção para o celular que ainda tinha certa carga de bateria.

    Seu celular tocou e viu que era um número desconhecido. Pensou que poderia ser seu irmão e imediatamente atendeu o telefone.

    — Moshi, Moshi? (Alô) — Ichigo a encarou curioso para saber quem seria.

    — Alô, Rukia? Aqui é a Vivian, amiga da Jenny. Onde vocês estão? — Rukia arregalou os olhos de surpresa e sentiu vergonha de ter completamente ignorado ter avisado a amiga de Jenny.

    — Olá, Vivi-chan. Desculpe-me não ter te avisado antes. Aconteceu tanta coisa na sua ausência que terei que te explicar pessoalmente. — A japonesa afastava a mecha do cabelo enquanto coçava um pouco a testa.

    — Sério? Eu estou tentando ligar para a Jenny e está totalmente fora de área. — Vivian falava com a voz um tanto preocupada. — A Jenny está aí com você?

    Rukia demorou para responder pois nem ela sabia onde a amiga e seu irmão pudessem estar naquela hora.

    — Vou ligar para meu mordomo te buscar aí no hotel e me encontrar no hospital Universitário. Não precisa ficar nervosa. — Rukia tentava em vão controlar a situação que mal ela tinha certeza dos fatos.

    — Rukia-chan, eu já estou nervosa. O que está acontecendo? — Vivian estava deixando sua mente imaginar coisas horríveis.

    — Aconteceu uma corrida logo depois que você foi embora com o Masha-san e a Jenny acabou se envolvendo sem querer com um Yakuza. Mas fique calma! Meu irmão a salvou e eles tiveram que sumir da cidade por um tempo. Vivian você está aí? — A garota percebeu o silêncio do outro lado e pensou que a amiga tinha desmaiado.

    — Meu Deus! Menos mal. E porque você está indo para o hospital? O que houve com você, Rukia-chan?

    — Comigo não aconteceu nada de grave. Acho que aconteceu algo com o Renji. — Rukia ficou cabisbaixa.

    — Ai não! Com o Renji? Estou me sentindo culpada por o ter deixado sozinho. A última vez que o vi ele tinha ido buscar um copo de água para mim. — Vivian sentiu angustia. — Gostaria de vê-lo.

    — Vou pedir para o Tessai te buscar. Não ligue se ele não te responder. Ele a trará para o hospital.

    — Ok, Rukia. Estou aguardando. Qualquer coisa me liga nesse número.

    — Está bem. Bye. — A japonesa encerrou a ligação e Ichigo já notava o desespero que foi a conversa. Ele viu que precisava falar e quebrou o silêncio.

    — Você vai ficar bem, Rukia? — Perguntou assim que parou em um semáforo.

    — Eu acho que sim. — Ela respondeu baixo e voltou a olhar aparelho para fazer uma ligação.

    — Tessai-san, preciso de uma ajuda.

    ***

    Assim que Vivian encerrou a ligação, ela começou a se trocar rapidamente. Ela também tinha acordado tarde depois de uma noite de sono mal dormida. Não conseguiu parar de pensar em tudo o que aconteceu. Naquela conversa agradável com Masha.

    Ela olhou para a pulseira e ficou a tocando tentando lembrar das palavras dele — “Me espera”. Ficava ecoando na cabeça dela a noite inteira. Virava de um lado para o outro e ficava tocando os lábios lembrando do momento que ela o beijou rapidamente. Era apenas um selinho mas estava impossível esquecer.

    Balançou a cabeça e adotou um semblante sério pois Jenny não estava tão bem assim como ela. Nem sabia onde sua amiga estava já que ela não atendia. Tentou várias vezes ligar na madrugada mas o aparelho estava fora de área.

    Vivian saiu do quarto com uma bolsa de tira colo e seguiu para frente do hotel. Notou a presença de um senhor e o mesmo já abriu a porta para ela entrar. Ela hesitou um pouco mas como não falava japonês ela decidiu ligar para Rukia e para sua sorte ela estava ligando.

    — Alô, Rukia?

    — Alô, Vivi-chan. Tessai já está aí na porta. Ele vai te trazer aqui. Bjs. — Rukia encerrou a ligação e assim Vivian entrou no carro.

    O senhor apenas abaixou a cabeça e ela apenas agradeceu com a vênia. O homem fechou a porta para ela. Ele tinha uma educação refinada e ao mesmo tempo era tão sério.

    Vivian ficou olhando pela janela e esperou, em silêncio, todo o percurso. Notou uma linda casa em cima de uma colina. Ficou pensando se já tinha sonhado com um lugar daquele jeito antes pois era familiar. Tentou descobrir e se recordar em vão pois logo já se perdeu de vista a paisagem.

    Não tardou e logo avistou um grande hospital em uma esquina. De longe estava uma figura conhecida acompanhada de um rapaz de cabelo laranja.

    Tessai parou o carro logo a seguir e abriu a porta para a estrangeira que voltou a agradecer curvando o pescoço e dando uma leve risada pela educação e formalidades japonesas.

    Voltou a olhar para Rukia que estava em silêncio. Vivian olhou para o rapaz ao lado e imaginou quem deveria ser.

    — Olá, Rukia-san. Obrigada por providenciar essa carona. — Ela deu um sorriso envergonhado pois notou certo silêncio e magnetismo vindo do casal.

    — Imagina, Vivi. Eu realmente te devo muito. — Rukia conseguiu desmanchar qualquer intimidação. — Bem, esse aqui é o Ichigo. Creio que vocês não tiveram tempo de se conhecerem.

    Vivian olhou para o rapaz e abriu um sorriso desacreditando nas coincidências.

    — Muito prazer, Ichigo-san. — Ela abaixou a cabeça enquanto o rapaz estendeu a mão.

    — O prazer é todo meu, Vivian-san. — A garota estranhou a forma do cumprimento e ele corrigiu o espanto dela. — Minha mãe é japonesa naturalizada brasileira. Eu já morei no Brasil e entendo os cumprimentos locais.

    Vivian apenas sorriu e olhou para a amiga que arregalou os olhos com essa revelação.

    — Bem, vamos entrar? Renji está me esperando. — A Kuchiki interrompeu o momento e seguiu adiante para adentrar o local.

    Na recepção, Rukia se apresentou e deu o nome de Renji que imediatamente foi localizado nos registros apenas pelo primeiro nome, já que não portava uma identidade.

    Rukia pediu para poder vê-lo imediatamente e saber do seu estado clínico. A mesma foi autorizada e informada que poderiam entrar apenas de duas pessoas.

    Ela olhou para Vivian que ainda estava esperando pelas novidades.

    — Renji está na ala masculina no quarto 61. Só pode entrar duas pessoas de cada vez.

    — Tudo bem. — Vivian respondeu. — Vocês podem entrar primeiro, sem problemas. — Ela queria deixar o casal mais à vontade.

    — Fique tranquila, senhorita. Pode entrar primeiro. Eu aguardarei na recepção. — Ichigo falava com um sorriso simples no rosto e logo colocou as mãos nos bolsos. — Ele é amigo de vocês. Não quero atrapalhar. — Deu meia volta e olhou de soslaio para Rukia. — Qualquer coisa só me chamar.

    Rukia ainda ficou a vê-lo se afastar enquanto sua mente ainda estava indecisa sobre tudo o que aconteceu naquela manhã turbulenta. Não era hora para pensar naquilo e por isso retomou sua missão se virando para Vivian e apenas silabando um “vamos?”.

    Então as duas moças pegaram dois crachás de visitantes e entraram na ala masculina. Elas subiram pelo elevador e chegaram ao sexto andar e se depararam com um corredor extenso e várias salas. Rukia logo achou o quarto 61 e já deu algumas batidas anunciando sua chegada.

    — Pode entrar. — Ela ouviu a autorização de Renji que a esperava. — Oh, nanica. Finalmente você veio. — Ele também avistou logo quem estava atrás de Rukia e seus olhos brilharam de alegria. — Senhorita Bibian!

    ***

    A curtos passos Ichigo chegou ao hall do hospital e procurou um local para espera. Ele se sentou nas cadeiras que ficavam bem na entrada do prédio principal. Olhou para o lado e viu algumas revistas. Pelo jeito seria demorado essa visita mas não estava nenhum pouco preocupado com isso.

    Foi interrompido pelo seu celular vibrando dentro da calça jeans. Por sorte, deixou no modo silencioso e sabia que em um ambiente como aquele era falta de educação fazer barulho.

    O rapaz se levantou e foi para fora do hospital e avistou no visor do celular de quem se tratava.

    — Inoue?

    — Kurosaki-kun, por que não retorna as minhas ligações? — A jovem parecia irritada com o desprezo e descuido dele como namorado.

    — Ontem nos falamos por mais de meia hora no telefone. Eu sei que você virá para cá ainda essa semana. Então porque me liga tanto assim? — Depois daquela ligação demorada de ontem ela ainda ligou 10 vezes desesperadamente.

    — Eu só queria entender o porquê de você estar me tratando desse jeito, tão distante? — Ela fez uma voz manhosa do outro lado da linha.

    — Às vezes te acho descontrolada e impulsiva demais. Mas eu compreendo que estamos afastados nesses últimos meses. — Ele viu a besteira que estava prestes a começar de caso abrisse mais a boca. Não era hora para uma conversa a sério. Contudo já estava correndo risco daquela ligação se tornar longa. Resolveu aliviar o contexto da conversa. — Bem, como você está?

    — Eu estou... hummm... — Ichigo sentiu um abraço por trás de seu corpo. — Bem atrás de você.

    Ichigo gelou no momento e ao mesmo tempo ficou surpreso. Não pensava que ela estaria em Tóquio nesses dias. Por isso ele acabou se virando e se encontrou com uma garota totalmente sorridente e apaixonada.

    — Inoue? Você por aqui? — Ele estava incrédulo. Viu apenas a garota com uma pequena mala de roupa, um cachecol no pescoço e uma presilha no cabelo laranja brilhoso.

    — Não gostou da surpresa, Ichi-kun? Não aguentei de saudades e peguei o primeiro voo para chegar. É uma pena que não consegui chegar ontem. Eu planejava passar a festa com você. — Ela falava com certo pesar pois não conseguiu chegar a tempo. — E por que você está aqui no hospital? Liguei para sua prima mas ela não me atende. Ninguém gosta de mim.

    — Bem, um colega deu entrada na emergência do hospital. E estou acompanhando e esperando notícias. — Ele ainda olhava com desconfiança da namorada. Como ela saberia que ele estava ali. — Bem e como você veio parar aqui?

    — Ah Kurosaki-kun, como você é bobinho. Aqui é a avenida principal que liga até o aeroporto. Eu estava no taxi eu te vi saindo do hospital. Não foi estranho para mim te encontrar pois você é médico, né. Quando te vi eu já desci do carro e cheguei por trás. Mas parece que não foi boa ideia. Você nem se alegrou em me ver. — A ruiva abaixou a cabeça com tal frieza do namorado.

    — Ei, não seja boba. Estou feliz por estar bem. — Ichigo a viu erguer os olhos e assim, Orihime abriu um sorriso e abraçou fortemente o amado.

    — Ichi... — Ela ficou em silêncio sentindo o calor dos braços de seu amado.

    ***

    — Eu sinto muito por ter deixado você na festa. — Vivian abaixou a cabeça em sinal de desculpas.

    — Relaxa. Olha só, eu vou me recuperar e ficar zerinho em folha. — Renji esbanjava sorriso largo não se importando com a dor do corte profundo em seu abdômen. — Isso aqui não é nada. — Disse apontando para o curativo.

    — Bem, você precisa se recuperar. Pedirei para te cobrir na empresa. Você bem que precisa de umas férias. — Rukia retomava o assunto e analisava como faria isso. Renji era imprescindível na empresa ainda mais sem Byakuya na cidade. — Na verdade eu mesma me encarregarei disso.

    — Rukia-san, eu entendo de contabilidade. Se precisar de ajuda pode contar comigo! — Vivian se ofereceu a ajudar. — Só preciso que você me transcreva algumas informações pois de cálculo eu entendo.

    — Obrigada, Vivi. Precisarei mesmo da sua ajuda.

    — Ei, eu posso estar aqui me recuperando mas a minha mente não foi afetada. Eu posso muito bem lidar com o fluxo de caixa da empresa, só as papeladas que precisarei de ajuda. — Renji não se deixava vencer pela sua condição.

    — Já que insiste. Vou deixar você e a Vivi cuidando do controle da empresa. Enquanto eu assumirei o lugar do Nii-sama.

    Os três se entreolharam e ficou firmado que eles arregaçariam suas mangas.

    — Bem eu vou procurar alguém que possa me dizer sobre seu quadro clínico. — Rukia se levantou da beirada da cama enquanto Renji a fez uma solicitação.

    — Eu gostaria de sair desse lugar. Tenta me tirar daqui. Posso me recuperar na minha própria casa.

    — Tem certeza disso, Renji? — Vivian olhou apreensiva para o rapaz.

    — Sim, eu tenho. Não posso ser fraco e ficar tempo demais aqui vou ficar doente. — Ele detestava ficar preso na cama.

    — Ok, eu já volto. — Rukia saiu do quarto e seguiu o caminho até a recepção.

    Chegando lá ela não viu Ichigo no local. Estranhou de início e por isso seguiu com o plano e procurou alguém para falar a condição de Renji e se ele poderia ser liberado.

    Assim que informou o motivo da visita e questionou o caso do amigo, Rukia avistou Ichigo abraçado a uma moça de cabelos ruivos como o dele. Ela chegou a se aproximar pensando que poderia ser uma conhecida do doutor. Também precisava falar que tudo correu tranquilo e que estava quase certo para que Renji já fosse liberado.

    Ela chegou a curtos passos e assim viu a expressão do rapaz que ruborizou com a cena.

    — Ichigo, desculpe a demora. Deu tudo certo e pedi a liberação de Renji. — Ela desviou o olhar para a moça que se virou para ela. Ela viu que a jovem era linda. Tinha um corpo escultural.

    — Olá! — A ruiva se manifestou enquanto o namorado permanecia estático. — Vocês se conhecem? Muito prazer, eu me chamo Inoue Orihime. — A garota cumprimentou curvando levemente. — Sou a namorada do Kurosaki-kun. — A garota sorria inocentemente pois sua natureza era agradável até demais.

    Rukia ficou perplexa com a situação. Ficou sem chão em apenas poucas palavras e sentiu uma facada afiada no meio de seu peito. Como poderia pôr para fora todo o sentimento de raiva, revolta e cinismo por parte do laranja em pé bem na sua frente? Não faria um escândalo na frente de um hospital mas sua vontade era matar ou morrer e sumir dali.

    Voltou a realidade dura e assim ela educadamente se apresentou pois era uma nobre e acima de tudo aprendeu muitas coisas com o irmão mais velho.

    — Kuchiki Rukia. Prazer em conhecê-la também, senhorita. Ichigo tem muita sorte em ter uma namorada linda e extremamente educada como você. — Ela fez um esforço gigantesco em não desabar na frente do casal.

    — Obrigada, senhorita. Kurosaki-kun, você está bem? — Inoue deu um cutucão no rapaz que ainda ficava estático com o andamento da conversa.

    Rukia o encarou mas antes que ele respondesse, a garota se manifestou.

    — Agradeço pela sua gentileza doutor Kurosaki. Acredito que já não posso mais abusar de sua generosidade. Arigatou. — Rukia deu as costas e deixou o casal sozinho enquanto caminha a passos pesados para dentro do hospital.

    ***

    Já tinha passado aproximadamente cinco horas que estava sentado na mesma cadeira. Estava chegando ao entardecer alaranjado da grande Osaka.

    Tinha deixado um recado no celular de Fukiishi-san solicitando a ver com urgência. Como resposta, recebeu o endereço e hora para se encontrarem.

    Ele estava decidido e não tinha mais volta. Ele era homem suficiente para resolver seus próprios problemas e parar com toda aquela situação. Estava a algum tempo separado de sua noiva. Afinal, já tinha mais de dois meses que não se viam mais.

    Lembrou-se do dia que a deixou. Era uma tarde e ela tinha ido a Tóquio para passar a virada do Ano Novo ao seu lado. A agenda de ambos coincidiu para esse encontro. Ele a levou para seu apartamento para ficarem um pouco a sós e ele tentou entrar no assunto delicadamente. Mas tudo o que aconteceu foi uma discussão e ela simplesmente o deixou sem nem dar o direito dele falar.

    No fundo sabia que não era a hora e nem o momento para falar algo assim a respeito. Culpou-se por um bom tempo por ser insensível. Por isso, hoje não era uma data comemorativa. Era o dia que precisava terminar seu noivado.

    Estava se preparando psicologicamente para essa conversa. Pelo jeito não seria tão rápido assim mas não poderia ser mais adiado isso.

    Chegou a estação e não tardou em pegar seus pertences e sair do trem que partiu de Nagasaki. Pegou o primeiro taxi e foi ao local combinado.

    Masha entrou pelo hotel e se apresentou na recepção. Foi acompanhado ao elevador social e chegou ao décimo andar. Quando entrou pela porta do quarto se deparou com um sofá e uma mesa de centro.

    O rapaz logo foi deixado sozinho e agradeceu com uma vênia. Masha foi direto para perto da janela admirar o movimento da cidade. Fazia anos que não visitava Osaka. Não sabia calcular quanto tempo exatamente. Ele calculava mentalmente que esteve no Brasil mais vezes do que a cidade natal da sua ex noiva nesses últimos 3 anos.

    “Eu não posso mais continuar com esse noivado. A cada minuto eu me sinto culpado por fazê-la sofrer.” — Masha fechou os olhos encostando a cabeça no vidro.

    — Masaharu-san? — Sentiu uma mão o tocar nos ombros. Virou-se e a viu de relance o olhando serenamente.

    — Kazue? — Ele a notou um pouco cansada mas seus olhos estavam brilhantes com ar de esperança. Ficou desconsertado e retomou o assunto. — Podemos nos sentar?

    — Oh, claro! — Ela se sentou em frente a ele e ansiosamente ficou no aguardo daquele encontro.

    Masha sentou e se acomodou. Percebeu que moça o olhava com curiosidade. Retomou o assunto de forma sutil pois ele se preocupava com ela.

    — Como você está? — Precisava ganhar a confiança dela e não a sentir arredia.

    — Eu estou bem. E você? — Ela sorriu um pouco aflita pois se recordava que da última vez que se viram ela se sentiu magoada.

    — Eu estou bem. — Ainda percebeu que ela estava respondendo educadamente e com um certo temor.

    — Que bom. — Ela apertou os dedos entre si mostrando seu nervosismo mas precisava ser forte. — Posso saber o motivo de sua visita? — Masha foi surpreendido por ela já tomar uma atitude.

    — Eu sei que a última vez que nos encontramos foi desagradável. Por isso gostaria que você entendesse e me ouvisse. — Ele foi franco com ela e recebeu como resposta apenas um aceno com a cabeça em concordância. — Eu sinto muito por aquele dia mas você não deixou eu te explicar. — Fez uma pausa e pensou como falaria. — Eu me preocupo com você. Não quero te magoar e nem desejo fazer isso agora. Você é nova, uma profissional talentosa e muito a se realizar. Eu tentei e juro para você que tentei fazer você feliz mas eu fracassei. — Uma gota saiu dos olhos da jovem que ouvia. Ela imediatamente o interrompeu.

    — Nós fracassamos, Masha. Eu também não o fiz feliz. — Ela deu um sorriso desconcertado enquanto secava os olhos com o indicador. — Mas podemos tentar mais uma vez! — Ela se animou e tentou persuadi-lo. — Eu sinto tanto a sua falta.

    — Eu não posso tentar mais uma vez pois eu já tomei uma decisão. — A moça arregalou os olhos pasma. — Eu vim aqui para encerrar nosso contrato de casamento.

    — Por que? — Kazue não conseguia mais conter as lágrimas que começaram a sair incessantemente. — Eu mereço saber.

    — Eu não posso. — Masha respondeu imediatamente. — Não posso te segurar em um casamento assim.

    — É o nosso casamento. — Ela falava em meio ao choro que cedeu.

    — Eu sinto muito por tudo. — Masha disse se aproximando da moça. — Eu quero que você seja feliz. Eu não a faria feliz se continuasse com esse contrato.

    Kazue abaixou o rosto e respirou fundo tentando processar toda a informação que ousava provocar dores além da cabeça. Ela levantou o olhar e falou imediatamente o que seu coração mandava.

    — Eu ainda tinha esperanças que você pudesse esquecê-la. — A voz da moça saiu embargada para conter suas emoções. — Por que agora?

    Masha nesse momento ficou em pé e seguiu para a janela daquele quarto. Olhou pelo vidro e viu aquela grande cidade sendo iluminada enquanto o céu mudava sua coloração alaranjada para lilás.

    — Quando eu te conheci você era apenas uma jovem que se aproximou de mim para pedir um autógrafo e uma foto. — Ele fez uma pausa se recordando do momento. — Naquele dia começamos a nos conhecer e vi que tinha uma amiga além de uma namorada. Me lembro que foi você que me incentivou a estudar fotografia. Mas nossa relação foi se tornando amizade com o tempo. — Kazue ainda não compreendia onde ele queria chegar. — Todas as vezes que nos encontrávamos eu te via apenas como a amiga que me erguia e me apoiava nas minhas diversas decisões.

    — É uma pena. Você foi o meu primeiro amor. Eu evolui como pessoa e profissional com a sua ajuda. — Ela o interrompeu e novamente questionou. — Mas você ainda não me respondeu?

    — Eu me apaixonei por uma estrangeira que vi ao tirar uma foto dela. — Ele nesse momento se virou para ela e lhe contou a verdade. — Não sabe como me sinto mal em te contar a respeito. Você não merece ouvir isso dessa forma.

    — Eu apenas queria saber a verdade. Não importa. Não está sendo tão difícil ouvir isso agora. — A moça se conformou com a realidade dura e foi forte. — Eu só quero que saiba que para mim foi para valer. Quando eu respondi o “sim” naquele dia, eu estava tão certa.

    — Eu jamais queria ter que te magoar. — Masha nesse momento se aproximou dela e a abraçou.

    Kazue cedeu o contato e sentiu mais uma vez aquele cheiro de inebriante que o homem tinha.

    — Eu amo você. — Ela falou ao seu se virar para ele e o roubar um beijo de despedida. — Mas não posso suportar essa dor. Não podemos mais nos ver.

    — Eu entendo. — Ele ficou olhando para a expressão dela que olhava para o nada.

    — Não. Você não entende. — Ela disse se soltando e pegou a sua bolsa deixada no sofá. Mas antes disso ela se virou e arriscou mais uma palavra. — Eu quero que você seja feliz. Adeus, Masha. — Ela se virou e saiu pela porta em silêncio.

    Assim que saiu pela porta a moça chorou o suficiente para acabar com todos os sonhos e planos que tinha almejado. Abriu a bolsa e pegou em sua carteira uma foto que guardava sempre consigo. Era a foto que tirou quando o conheceu. Ela o pegou e olhou como se fosse a última vez e a jogou no primeiro cesto de lixo antes de deixar o hotel.

    Masha ficou alguns minutos ainda parado olhando para a saída e refletindo tudo o que tinha acontecido. Eram tantas emoções para um único dia. Não tinha o que mais fazer ali.

    Tomou seu rumo e saiu daquele hotel seguindo para uma estação que o levaria para a capital. Não tinha tempo a perder. Precisava chegar a Tóquio o mais rápido possível.

    Sabia que tinha pedido dois dias para sua amada, mas ela não saía mais da sua mente. E ele ainda queria saber muitas coisas a seu respeito.

    Continua...


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