Eu já não posso te evitar

Olhava para suas mãos, seu ex sensei apenas a observava.

-Você é a melhor, sabe disso.

-Você ainda insiste nisso. A rosada direcionou o olhar para ele.

-Se não tivesse plena certeza disso não estaríamos aqui agora. Ele se levantou e buscou dois copos, o liquido transparente não demonstrava o que poderia ser mas o cheiro de sakê era inegável.

Ele estendeu o copo a ela mas a mesma recusou.

-Eu não bebo em serviço.

Então se levantou e respirou fundo.

Antes de se despedirem ele lhe sorriu confidente.

Ela tentou retribuir.

Ajeitou as roupas no corpo e se direcionou para a saída, antes de destrancar a porta Kakashi a chamou.

-Sakura....

Ela direcionou apenas seu olhar para ele.

-Saiba que estarei aqui, sempre.

Então destrancou a porta, a abriu e saiu.

Já havia se passado uma semana desde a festa, estava agora diante de Naruto, lhe apresentava os relatórios sobre o desenvolvimento dos novos membros da Anbu.

-Parece que tem pegado pesado com eles.

-Só faço meu trabalho.

O loiro havia percebido que o mal humor do amigo estava presente com mais constância nos últimos dias.

Desde o dia da festa.

-E como vai o braço?

-Bem.

-Já pode treinar com ele? Podemos marcar um dia de treino, o que acha?

-Ainda não fui liberado.

O loiro desviou o olhar dos papeis para o amigo,.

-Quando é sua próxima consulta com a Sakura-chan?

Sasuke pousou os olhos no amigo.

-Hoje à noite, porque?

O Hokage largou os papeis sobre a mesa e se recostou na cadeira.

-Por nada, não a vi mais depois da festa, pensei que talvez soubesse dela.

-Porque haveria de saber, Dobe!

Havia um tom de irritação na voz do Uchiha.

-Parece que ela e Gaara estavam se dando muito bem, ninguém mais os viu depois...

Sasuke se levantou interrompendo o outro.

-Já acabou com os documentos? Eu tenho mais o que fazer!

Naruto se ajeitou na cadeira e respondeu.

-Já Teme, já acabei.

Sasuke então pegou os papeis sobre a mesa e estava prestes a se retirar quando ouviu a voz do amigo.

-Tomara que a Sakura-chan dê um jeito nessa sua cara azeda.

Com toda certeza se o loiro não fosse Hokage da vila, teria o mandado para um lugar muito pouco apropriado.

Saiu e bateu a porta.

Bufou, aquele Dobe era um idiota.

Ino passou toda a semana tentando arrancar algo da rosada, perguntava sobre ela e o Kazekage a toda e qualquer oportunidade, a loira conseguia ser inacreditavelmente insistente, Sakura tinha certeza que se a Yamanaka pudesse usaria o poder de seu clã para entrar em sua mente e retirar as informações que se negava a dar.

-Já disse Ino, só conversamos.

-Sakura, com aquela tensão sexual entre vocês não tem como vocês terem só conversado, vocês sumiram todo o restante da festa!

-Sim, conversando. A rosada terminava sua salada enquanto via a cara emburrada da amiga.

Teve vontade de rir.

A loira se levantou mas antes de se retirar disse

-Ainda arranco essa informação de você.

Sakura sorriu.

Mas então o mesmo morreu ao ver mais distante a senhora Uchiha, parecia animada comendo com as outras enfermeiras.

Levantou-se e olhou para o enorme relógio no refeitório.

Seu plantão estava quase acabando, só havia mais um paciente.

Tomou um banho rápido na própria sede Anbu e vestiu as mesmas roupas, não daria tempo de passar em casa.

Quando chegou ao hospital estranhou a movimentação, não era muita mas já estava se acostumando a ser atendido fora do horário, quando já não havia alma viva no local.

Após se surpreender com a figura do moreno parado a encarando, a recepcionista por fim pareceu se lembrar como seu trabalho era feito.

-P-pois não?

-Doutora Haruno.  Foi tudo que disse

-Sim, a sala dela fica no fim do corred...

-Sei onde fica.

A interrompeu já se encaminhando para os corredores. Quando parou diante do consultório ia bater na porta mas escutou seu nome ser chamado.

-Sasuke.

-Akemi?

Estranhou a esposa estar ali, a ala dela era a civil, aquela era a ninja.

-Sabia o horário da sua consulta, vim falar com você.

-Algum problema?

-Não, só vim dizer que...

Nesse instante a porta do consultório foi aberta e ambos viram a figura de Sakura surgir.

-Sakura-chan, desculpe, estávamos fazendo barulho na frente do seu consultório.  Disse a jovem um pouco sem graça.

-Tudo bem, não tem problema. Ela encarou o Uchiha que direcionou o olhar para ela.

-Só vim dizer ao Sasuke-kun que ficarei de plantão a noite toda, não precisa me esperar.

Então ele olhou para a esposa

-Tudo bem.  Ele respondeu.

Ela lhe sorriu e se direcionou para Sakura.

-Cuide bem dele pra mim Sakura-chan.

A rosada nada disse, apenas entrou no consultório deixando a porta aberta.

Esperou o Uchiha entrar e fechar a porta, estava sentada atrás da mesa já com a prancheta em mãos.

-Sente-se. Disse sem olhar pra ele se referindo a cadeira do outro lado da mesa destinada aos pacientes.

Ele se sentou.

-Tem feito os exercícios?

-Sim.

-Alguma dor ou incômodo?

-Não.

Ela anotava à medida que ele falava.

Então se levantou e foi até a pia lavar as mãos.

-Você sabe o que fazer, tire a blusa e sente na maca.

Estavam frios um com o outro.

Então o fez, se levantou da cadeira e retirou o colete o deixando sobre a mesma. Após secar as mãos a rosada se virou pra ele, e nesse instante viu o mesmo retirar a blusa azul marinho de meias mangas que  usava.

Olhava-o fixamente, então ele se sentou na maca e ela se aproximou.

Dessa vez sem as luvas.

Os cabelos rosados estavam em um coque alto com alguns fios rebeldes escorrendo pelo pescoço alvo e fino. O aroma doce os acompanhavam.

Quando os finos dedos da cerejeira tocaram a pele do Uchiha, sentiu toda uma corrente elétrica passar por seu corpo.

Quis conter esses instintos como vinha tentando fazer.

Então as imagens da festa vieram em sua mente, do vestido vermelho carmim, dos lábios grossos, das curvas, das mãos de Gaara tocando em uma parte perigosa dessas curvas...

Sasuke segurou a mão de Sakura que tocava sua pele.

A rosada o encarou.

-Algum problema?

Ele olhava dentro de seus olhos.

-Você é meu problema.

A mão do Uchiha ainda estava sobre a dela, então ele a puxou para mais perto.

-Tem sido um grande problema.

Subiu com a mão do braço protético e fez algo que ansiava a tempos, tocou no rosto da cerejeira.

Ela não o repeliu, apenas olhava bem fundo nas lagoas escuras.

O moreno passou os dedos delicadamente por todo o rosto de Sakura, desceu seus olhos dos orbes verdes até os lábios, passou o polegar por eles, tão carnudos e suculentos...

A respiração de ambos estava próxima, muito próxima.

-Sasuke, o que está fazendo? A voz da cerejeira saiu baixa.

-Algo que eu já deveria ter feito a muito tempo.

E por fim rompeu a distância entre os dois.

Quando seus lábios tocaram os da Haruno foi tomado por uma onda de sensações, cada uma mais indescritível que a outra.

Enquanto a mão protética permanecia no rosto da rosada, a outra desceu para sua cintura a envolvendo e a puxando para mais perto.

Ouviu um leve gemido.

A queria perto, a queria dentro, a queria por inteiro.

Pediu passagem com a língua e ela cedeu, sentiu finalmente o sabor daqueles lábios, seu gosto, sua textura...

Estava entre suas pernas, e com isso todo seu corpo se envolvia ao dela.

Então o ar lhes faltou e se separam, ambos arfavam.

-O que está fazendo Sasuke?

Sakura ainda se mantinha envolvida pelo braço do moreno, sua pergunta saiu baixa e suave.

-Eu não consigo parar de pensar em você Sakura, desde o dia que te vi na missão você não sai da minha cabeça.

A rosada pareceu recuperar a sanidade e se afastou dele lhe dando as costas.

-Você é um homem casado, não se esqueça disso.

O Uchiha desceu na maca e parou diante de suas costas.

-É isso que me impede de arrancar suas roupas e possuir você em cima dessa mesa.

Sakura sentiu algo estranho ao ouvir aquilo da boca dele, respirou fundo, se virou e o encarou.

-O que você sente por mim é simples desejo, você me viu em missão e está confundindo as coisas.

O encarando firmemente continuou

-Você nunca me viu como mulher.

Sasuke pareceu se surpreender com as palavras da rosada.

-Fiquei incomodado em ver minha companheira de equipe se prestando àquele papel, somos amigos e eu não queria...

Ela o interrompeu.

-Pare de dizer que somos amigos Sasuke, nós não somos e nunca fomos! Amigos se importam um com o outro, sabem coisas um do outro. Eu não sei nada de você e você não sabe nada sobre mim, somos somente duas pessoas que caíram na mesma equipe e eu dei o azar de me apaixonar por você, mas tudo isso já ficou no passado!

Sakura então se surpreendeu com as próximas palavras do Uchiha.

-É verdade, você tem toda razão, mas a minha preocupação com você é real, não pense que só porque eu não saiba demonstrar bem meus sentimentos que eu não os tenha. Eu não quero ver você se submetendo a esse tipo de trabalho porque sei do seu valor, sei quem você batalhou pra ser e da sua força.

Ele fez uma pausa e prosseguiu

-Eu simplesmente não consigo não me importar e não pense que não tentei.

A rosada sentiu um bolo na garganta.

Ele deu um passo mais perto.

-Eu a vejo como mulher, sempre vi.

Sakura engoliu o bolo e desviou o olhar.

-É melhor você ir.

Pondo fim a conversa.

Então ele baixou o olhar e pegou sua blusa a colocando em seguida.

Antes de se retirar a olhou uma última vez.

Sakura ouviu o som da porta sendo batida.

Apoiou as mãos na mesa e puxou todo o ar que pode, passou uma delas pelos cabelos os soltando do coque, quando olhou para baixo notou algo sobre a cadeira dos pacientes.

-Droga.

Retirou o jaleco do corpo e o guardou, se fosse rápida ainda o encontraria pelo caminho.

Andou a passos rápidos, poderia ir pulando pelos telhados mas não podia chamar atenção, principalmente para o destino que tomava.

Quando chegou na porta da casa achou extremamente pertinente o Uchiha ser uma pessoa reservada, a casa ficava numa região mais calma da vila, afastada do centro movimentado.

Bateu na porta.

Poucos segundos depois ela foi aberta.

Com toda certeza ele sim foi pulando pelos telhados.

A figura do moreno se fez presente diante de si.

-Esqueceu isso no consultório.

E lhe estendeu o colete que usara durante todo o dia por sobre a blusa azul.

A encarava, a rosada o olhava de volta, então ele levou a mão para pegar a peça mas foram os dedos da cerejeira que foram tocados.

Mantinham os olhos presos um no outro.

Ela não soltava o colete, ele não soltava sua mão.

O moreno sutilmente a puxou...a rosada foi.

Quando deu por si estava dentro da casa.

Sasuke então fechou a porta atrás de ambos e a puxou para perto de uma vez rompendo a distância mais uma vez.

O colete foi largado ao chão.

As costas da Haruno se chocaram contra a porta enquanto seus braços foram parar no alto da cabeça presos pelas mãos do Uchiha, seus lábios eram tomados com furor.

Num rompante abraçou seu pescoço enquanto em um salto envolvia as pernas ao redor da cintura do moreno.

 Sua mente estava nublada, não queria pensar muito no que estava fazendo.

Não sabia para onde estava sendo levada, mas de uma coisa tinha certeza...

Estaria completamente arrependida no dia seguinte.

Mas naquele instante, somente naquele instante decidiu ser guiada...

... e seguir seu coração.

CONTINUA...