A Outra

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    Capítulo 8

    O vento que te toca vai trazer de volta aquilo que perdi

    Adultério, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo

    As pessoas que o encontravam reparavam no novo membro, elogiando o belo trabalho do mesmo, Naruto chegou até a demonstrar certa inveja, dizendo que capricharam mais na de Sasuke do que na dele, que aquilo era um absurdo, que ele era um herói de guerra e mais choramingos que o Uchiha ignorou, depois completou dizendo que aquilo só poderia ter sido coisa da Sakura, pois somente ela teria trabalhado com tanto capricho numa prótese para ele.

    E essas palavras não saíram da cabeça do moreno.

    Ele não a via circulando pela vila como quando eram jovens ou quando retornou da primeira vez antes de sua viagem de redenção, agora ela era retraída, não distribuía mais seus sorrisos e suas gentilezas por aí. Em outra ocasião Naruto marcou novamente um encontro do time 7, dessa vez no Ichiraku, mas ela não fora, nem ela nem seu substituto, mas mais tarde naquele mesmo dia, quando fora buscar sua esposa no hospital já tarde da noite,  enquanto esperava do lado de fora ela sair, reparou nas janelas do mesmo, a maioria das luzes já estava apagada devido ao avançar da hora, mas uma lhe chamou  atenção, estava com a luz fraca, bem fraca, era a janela da sala dela. Se concentrou e qual não foi sua surpresa ao perceber um chakra diferente do esperado no local, era o chakra de Sai na sala da Haruno, fraco mas ele o reconhecia bem, mas o dela mesmo ele não captava. O que ele estaria fazendo sozinho na sala da rosada?

    Não havia alma viva passando na rua, o moreno constatou após olhar ao redor, então ele focou bem a visão e ativou seu poder ocular, apenas o suficiente para sanar sua dúvida.  Se houvesse alguém ali teria notado a surpresa do moreno, ela estava lá, com ele, ambos sozinhos na sala dela àquela hora da noite. Estavam próximos, pode perceber, mas assim que ia focar mais a visão sua esposa chegou.

    -Querido, está tudo bem?

    Ele desativou seu poder ocular e olhou para ela.

    -Sim.

    Ela teve ganas de lhe perguntar o que ele estava fazendo, mas não o fez.

    -Devia ter me esperado lá dentro, fica muito frio aqui fora esse horário.

    -Eu não me importo. Vamos pra casa.

    Ele se virou pronto para caminhar e rapidamente ela se pôs ao seu lado.

    O caminho foi frio e silencioso.

    Estudava aqueles pergaminhos minuciosamente, e quanto mais lia mais achava aquela missão péssima. Porque ela? Porque não qualquer outra? Pessoas sairiam magoadas se ela levasse essa missão adiante. Então pela primeira vez enviou um requerimento pedindo seu afastamento do caso, não queria ficar naquela vila, ver aquelas pessoas que a ligavam a um passado que já não era mais dela.

    “Você vai seduzir e foder com qualquer um entendeu? Pode ser seu amigo, seu parente, qualquer um, pelo bem da missão.”

    Engoliu em seco, as lembranças de seu treinamento vinham como flashes em sua memória desde que pisou em Konoha.

    Devia suprimir isso, enterrar fundo qualquer ligação com a Folha.

    “O que vão fazer é pela paz em todas as nações, é o trabalho sujo que os kages não podem fazer, não pertencem mais aos seus clãs ou vilas de origem, estão acima de tudo isso, qualquer um pode ser um alvo, basta estar respirando, e é função de vocês garantirem que não estejam mais! ”

    Estava já a uma semana na vila e continha a expectativa da resposta de sua baixa, eles só poderiam estar a testando lhe pedindo aquilo.

    Ino sempre insistia que ela retornasse logo ao hospital, mas como não sabia se iria ficar não dava esperanças a amiga.

    Sua amiga, ela lhe odiaria se soubesse o que precisava fazer.

    Ino...talvez ela fosse melhor para o trabalho que Sakura, a loira sempre fora destemida, forte e acima de tudo linda.

    “A beleza de vocês deve ser sublime, devem atrair o alvo com o corpo, com a mente, com tudo que tiverem disponível, vocês vão aprender a seduzir com o olhar, coma voz, com o silencio...vão aprender a se disfarçar para agradarem a todos os gostos, vão aprender a enlouquece-los sem toca-los, e quando toca-los vão leva-los ao extremo, ao êxtase, tirando assim todas as informações necessárias para a missão.  Sejam damas, sejam putas, sejam submissas, dominadoras, sejam tudo que eles quiserem, menos vocês mesmas.”

    Se sentiu péssima em pensar isso, Ino merecia uma vida plena e feliz.

    Soltou os longos cabelos do coque mal feito e se encaminhou para o banho.

    Após passar o dia em casa esperando a resposta, estava claro que ela não chegaria naquele dia.

    Precisava se aprontar para o encontro que teria a seguir.

    “Os deixem loucos ao tê-las, ou ao não tê-las”. 

    Deixou a água quente bater em seu rosto embaçando sua visão.

    “Yuwakus não choram, nunca.”

     -Yuwakus não choram...  repetiu pra si mesma enquanto a água ainda embaçava sua visão e escorria por sua face.

    Fechou os olhos e respirou fundo.

    Após alguns minutos desligou o chuveiro e se enrolou na toalha, pegou uma roupa qualquer no armário, calça jeans e regata branca, calçou os sapatos baixos e após secar mais ou menos os cabelos, recolheu os papeis da missão os escondendo com um jutso de selamento, logo após pegou suas chaves e saiu.

    Sentiu a brisa da noite tocar sua face, estava tarde, o que era ótimo.

    Assim que chegou ao hospital não viu ninguém na recepção, provavelmente era a troca de plantão, caminhou até sua sala e a abriu, estava tudo como ela havia deixado desde a última vez que estivera ali, no caso, no dia anterior mesmo. Fechou a porta e sentou em sua cadeira, não tardou e pode ouvir batidas na porta.

    -Entre.

    Então ele entrou. Pode ver a mão da prótese a pouco colocada tocando a maçaneta.

    -Chegou cedo.

    -Vi quando entrou no hospital, entrei em seguida.

    -Ainda me espreitando? Perguntou o encarando.

    Ele nada disse, apenas a observava sentada atrás da mesa.

    Então ela se levantou e caminhou até onde estava, passou por ele e fechou a porta a trancando a seguir.

    Os longos cabelos rosados estavam soltos e úmidos, dando um ar leve e ao mesmo tempo selvagem a ela. Nunca antes a cerejeira apareceria assim diante dele, na verdade diante de qualquer um, antes ela estava sempre impecável, ou com roupas ninjas minuciosamente pensadas para batalha ou com roupas civis que exaltavam sua feminilidade, com os cabelos arrumados sempre com uma tiara ou o hitaiate, mas ali, de calça jeans e regata branca ele olhava simplesmente pra ela, não havia roupas ou acessórios, era ela, seus longos cabelos recém lavados cheirando a cereja, sua pele fresca e só.

    -Vamos começar?

    Ela então quebrou seu pensamento se dirigindo para a pia na lateral e lavando as mãos, calçando as luvas já dispostas em seguida.

    -Claro.

    -Sente-se e tira a blusa.

    Então ele o fez, sentou-se na maca e tirou a blusa preta com o símbolo Uchiha nas costas, ele também parecia recém banhado.

    A rosada então se aproximou e analisou a área.

    -Alguma dor ou desconforto?

    -Não.

    Ela estava perto, o cheiro de seus cabelos entrava diretamente por suas vias aéreas, pode vislumbrar os fios cor de rosa formando uma cascata por sobre os ombros e costas dela, lembrava de vê-la sempre com os cabelos presos durante as consultas, mas naquela noite, justo naquele atendimento esse detalhe parecia ter passado despercebido por ela.

    Sentiu um calor agradável quando a luz verde saiu das pequenas mãos dela, as vezes era estranho imaginar o estrago que as mesmas podiam fazer mesmo sendo tão pequenas. Baixou o olhar e a viu concentrada no trabalho, ergueu uma sobrancelha ao constatar que ela mordia o lábio inferior enquanto percorria com a luz verde toda a extensão de seu braço.

    Sem notar molhou seus próprios lábios.

    A rosada então levantou o olhar.

    -Parece que está tudo bem. Antes de ir vamos fazer alguns movimentos para checar.

    Enquanto ela ia ordenando ele ia fazendo.

    -Agora segure meu braço e aperte.

    A rosada estendeu o braço para o moreno que apenas a encarou.

    -Eu não sou contagiosa, pode pegar.

    Apesar do humor na frase dita pela Haruno nenhum dos dois riu.

    Então ele ergueu a mão e a tocou.

    -Muito bom, agora aperte.

    O moreno apertou, mas não foi o suficiente.

    -Tenho certeza que pode fazer melhor do que isso Sasuke.

    Ele apertou mais os dedos ao redor do antebraço da rosada mas mesmo assim não parecia ser forte o bastante.

    -Está com medo de machucar?

    Ela o encava.

    -Você já tentou me matar antes e agora não consegue simplesmente apertar o meu braço?!

    A Haruno sentiu a pressão aumentar em seu membro e seu corpo ser puxado.

    Estava muito próxima a ele, pode sentir a respiração pesada bater em seu rosto.

    -Você pensa nas coisas que fala?

    Sasuke olhava dentro dos orbes esverdeados. Ela não pareceu se assustar com o movimento.

    -É a verdade, não é?

    Ele mantinha o braço dela preso, como estava sentado ficavam cara a cara, a rosada mexeu a cabeça fazendo a franja agora mais longa sair de seu campo de visão.

    -Parece que seu braço está ótimo, já pode me soltar agora.

    Por algum motivo ele não queria solta-la, queria aperta-la mais.

    Sakura sentiu a pressão aumentar um pouco mais.

    Ela deu um passo mais perto.

    Seus narizes quase se tocavam

    -Está tudo bem Sasuke, eu não me importo mais com isso, não devia se importar também, é passado, já superamos isso.

    Disse baixo, quase sussurrando.

    Então sentiu o aperto ir diminuindo, mas ao invés de sumir, o toque se tornou calmo, sorrateiro. Com a ponta dos dedos subiu vagarosamente da região avermelhada pela pressão recém feita próxima ao pulso até o cotovelo. Teve ganas de levar a mão ao rosto a sua frente, onde a respiração de ambos já se misturava. Era só um deles dar o próximo passo, já estavam ali, cara a cara...

    Mas então ela se afastou.

    -Você está se adaptando muito bem a prótese, continue fazendo os exercícios que fizemos hoje e logo poderá treinar com o novo braço protético.

    Disse enquanto se encaminhava para sua mesa e anotava algo em uma prancheta.

    O Uchiha pareceu recobrar a sanidade com o afastamento dela, respirou fundo e passou a mão pelos cabelos negros já não tão arrepiados. Desceu da maca e pegou sua camisa a colocando em seguida. 

    -Nos vemos daqui quinze dias, qualquer problema sabe onde me encontrar.

    A considerou por um instante ainda anotando algo na prancheta sobre a mesa.

    Pensou em dizer algo mas o melhor mesmo foi destrancar a porta e sair.

    Sakura olhou para a porta aberta e a fechou em seguida se jogando em sua cadeira e olhando para o teto.

    Desceu os olhos para a maca e sentiu o bolo sendo engolido em sua garganta.

    Respirou fundo e ajeitou as coisas rapidamente em sua sala, queria sair logo dali como se nada houvesse acontecido.

    Assim que chegou ao saguão do hospital percebeu o mesmo tão vazio quanto quando entrou, olhou para o relógio sobre a recepção, já era madrugada.

    Passou pelas portas e sentiu a brisa da noite tocar sua pele, estava frio.

    -As madrugadas de Konoha são muito frias essa época do ano, deveria se lembrar disso.

    Sasuke estava próximo a entrada recostado tranquilamente, não parecia o mesmo de poucos instantes atrás.

    -Ainda está aqui?

    -Estava esperando pra ver se Akemi sairia ainda essa madrugada.

    -Entendo, então, boa noite.

    Desceu a escadaria do hospital passando por ele.

    -Te acompanho até sua casa.

    Sakura parou.

    -O que?

    -Disse que te acompanho.

    -Não está esperando sua esposa?

    -Se ela não saiu ainda é porque houve alguma emergência. Não preciso ficar esperando, ela vai pela manhã.

    -É tipo um acordo de casal?!

    Ele nada respondeu.

    -Boa noite Sasuke.

    E então se virou e voltou a caminhar.

    Pode ouvir os passos dele junto aos seus, logo ele estava ao seu lado um pouco mais atrás.

    -Pensei ter lhe dado boa noite duas vezes.

    -E eu que lhe acompanhava até em casa.

    -Não preciso que me acompanhe.

    -Não seria correto te deixa andar sozinha pelas ruas essa hora da madrugada.

    A rosada soltou uma risada debochada.

    -Não é como se eu não pudesse me defender. Acredito que todos saibam disso.

    O vento da madrugada soprou mais uma vez fazendo a cerejeira se arrepiar e abraçar os próprios braços, seus cabelos balançavam junto a brisa.

    Então de repente pode sentir algo quente envolver seus braços e ombros.

    Parou no mesmo instante.

    -O que é isso?

    -Um casaco.

    A rosada olhou para aquilo que a envolvia e notou ser a blusa preta de mangas longas que Sasuke usava quando chegou no consultório, olhou pra ele e notou que o mesmo usava outra camisa sem mangas, não percebeu a mesma quando o Uchiha retirou a blusa em sua sala, com certeza havia retirado as duas ao mesmo tempo.

    -Obrigada mas não posso aceitar.

    E tirou a peça de suas costas.

    -Não está com frio?

    -Não o suficiente pra aceitar sua blusa.

    Ele a considerou por alguns instantes e continuou a caminhar desviando da mão estendida com sua blusa que a Haruno oferecia.

    -Sasuke!

    Sakura se virou já irritada.

    Ele parou e se virou.

    -Eu não preciso de proteção e cuidados, principalmente dos seus.

    Mais uma vez o vento soprou, dessa vez mais forte, os longos cabelos da cerejeira voaram em direção ao moreno o envolvendo, quase o abraçando.

    Ele sentiu os fios rosados tocando sua pele. Pareciam querer impedi-lo de se afastar, e aquele cheirotão doce, tão inebriante, deu um passo mais perto, queria senti-los mais junto a si.

    Mas então o vento traiçoeiro cessou e os cabelos da Haruno, apesar de levemente selvagens, voltaram para junto dela.

    -E parece que também não sabe ser agradecida.

    Ele se aproximou mais e pegou a blusa da mão da rosada.

    -Eu sei o quão forte você é, todo o mundo ninja sabe o quanto você é mortal, te acompanhar até em casa e ceder meu casaco são formas de agradecer o que fez por mim me ajudando com a prótese.

    Sakura ficou calada, Sasuke não era assim.

    -E desde quando você faz esse tipo de coisa?

    Ele se aproximou e voltou a colocar a blusa sobre ela.

    -Kakashi andou me ajudando um pouco, o Dobe também, e...não é como se eu saísse fazendo esse tipo de coisa para qualquer um, somos amigos, de alguma forma, acredito eu.

    A Haruno puxou todo o ar que pode e ajeitou a peça de roupa sobre os ombros apenas voltando a caminhar.

    Caminharam em silencio até avistarem o prédio da rosada.

    Assim que parou diante da portaria retirou a peça de si.

    -Obrigado e boa noite.

    Ele disse antes que ela pudesse pronunciar alguma coisa, pegou a peça de roupa de suas mãos e deu meia volta.

    A rosada subiu as escadas apressada e abriu a porta de seu apartamento, fechou rapidamente analisando a escuridão a sua frente.

    Nada ali fazia sentindo.

    Nada em Konoha fazia sentido.

    CONTINUA...


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