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  • Finalizada
  • Thatangelica
  • Capitulos 39
  • Gêneros Romance e Novela

Tempo estimado de leitura: 5 horas

    18
    Capítulos:

    Capítulo 36

    Capitulo 36

    Álcool, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez

    “Aquele homem não o exemplo a ser seguido como a maior parte das pessoas pensavam. Quantas vezes o ouvi brigar com minha mãe de madrugada, ofendendo-a com nomes vulgares que só fui entender depois de crescido. Quantas vezes fiquei preso no quarto simplesmente porque ele não desejava minha presença, quantas vezes o ouvi dizer que somente Itachi era seu filho e que eu e minha mãe éramos uns imprestáveis. Foi aí que eu jurei pra mim mesmo que jamais aceitaria nada que viesse de Fugaku Uchiha, quando completei 15 anos saí de casa, com minha mãe aos prantos e Itachi tentando me impedir, eu nunca mais entraria naquela casa, até a morte do meu irmão. Nunca entendi porque ele tinha tanto ódio ou o que eu fiz pra merecer isso, quando me tornei médico ele ficou furioso, principalmente por eu trabalhar em um hospital publico, eu deveria engolir seus insultos, baixar a cabeça e ser um empresário frio, grosso e fingir ter uma família feliz com alguém escolhido por ele, mas eu não era assim.

    Mas mesmo depois de tudo isso, não hesitei um segundo sequer ao parar diante daquela maca.

    –Como ele está?

    Perguntei ao paramédico que o trazia entre a multidão. Os repórteres me espremiam, queriam informações, perguntavam se eu era seu famoso filho que renegou a fortuna Uchiha...

    Ignorei a todos e me encaminhei para seu lado até ouvir o chamar aflito de minha mãe.

    –Sasuke, por Deus, tem de ajudá-lo.

    Ela estava com o rosto manchado de maquiagem pelo choro excessivo. Me abraçou apertado.

    –O que aconteceu?

    –Eu não sei, estava no escritório de casa tomando uma bebida antes do jantar, quando fui chamá-lo pra comermos o encontrei caído no chão com a mão no peito.

    –Está tudo bem agora, vamos cuidar dele.

    Quando ia me afastar ela segurou minha mão.

    –Por favor filho, não o deixe partir, eu não aguentaria outra perda...

    Respirei fundo e soltei minha mão da dela.

    As horas que se seguiram foram excruciantes. Fizemos de tudo, tudo para salvar a vida dele, até que o cretino se estabilizou e eu respirei aliviado pela primeira vez naquela noite, não por ele, mas por Mikoto.

    Quando foi transferido para um quarto ela ficou a seu lado o tempo inteiro, e eu os deixei a sós. Gostaria de saber a reação dele ao saber quem o socorreu, mas fiquei mais focado no resultado de seus exames, não podiam ser verdade...

    Mais tarde Tsunade se encarregou de dar uma coletiva avisando que Fugaku Uchiha já estava fora de perigo e agora só precisava permanecer em observação. Os cretinos de seus advogados insistiam para que o transferissem para um hospital particular, com mais recursos e conforto, mas minha mãe não permitiu, dizendo que não haveria lugar melhor pra ele ficar do que onde estava.

    Às vezes me perguntava porque ela o defendia tanto, talvez fosse pelo dinheiro, pelo luxo, mas me lembrava que Mikoto não era uma mulher gananciosa e que até não andava ou se comportava como uma mulher da alta sociedade, esbanjando o dinheiro do marido, ela era contida e amável, e o acompanhava em eventos sociais quando era necessário. Então porque ela aceitava aquilo tudo durante tantos anos, eu não sabia, até aquela noite.

    Fui até o quarto quando minha mãe finalmente aceitou meu conselho de ir a cafeteria comer alguma coisa, estava quase amanhecendo e precisava examinar os batimentos cardíacos e a pressão sanguínea. O quarto só não estava na penumbra por causa das luzes que vinham das ruas movimentadas da cidade, foi aí que ele acordou.

    –Mi...koto...

    Sua voz era arrastada e fraca, pela primeira vez na vida vi aquele homem de uma maneira frágil.

    –Ela não está aqui, saiu pra comer algo e não demora.

    Fui seco e nem sequer o olhei.

    –É você Sasuke?

    –Sim, mas não se preocupe, já falamos com Jiraya e ele quem irá assumir seu caso.

    Estava prestes a me retirar quando o ouvi me chamar

    –Espere.

    Me virei pra ele, a figura pálida e sem forças naquela cama chegou a me dar uma pontada de pena, que passou bem rápido.

    –Foi você que me socorreu, não foi?

    –E isso importa?

    Ele me encarava, aqueles olhos dele, que sempre me julgaram, que sempre estavam franzidos pra mim naquele momento pareciam calmos, de algum modo até ternos.

    –Nunca pensei que um dia isso poderia acontecer.

    –O que? Você precisar de assistência médica ou eu ser o seu médico? Falei com desdém.

    –Acho que você tem razão pra me tratar assim

    –Ah, você acha?!

    –De qualquer forma, obrigado.

    Me calei. Nunca imaginei em toda vida aquele homem me agradecendo por qualquer coisa.

    –Fiz um juramento quando me formei, faria isso por qualquer um.

    Me virei novamente para sair.

    –O que eu tive?

    Parei, e sem me virar falei aquilo que nem eu acreditei quando descobri.

    –Teve não, tem. Você tem um problema em uma das válvulas do coração, é de nascença, por algum milagre só apareceu agora, deve ficar em observação e levar uma vida mais regrada para que não aconteça de novo, você escapou por pouco, devia agradecer alguém lá em cima.

    Ele se calou e eu tive vontade de o encarar mas me contive.

    –De nascença, como é possível, sempre fui forte e...

    –Isso não importa mais agora, o fato é que é sim um problema de nascença e...hereditário.

    Não vi sua expressão, mas tenho certeza que ele entendeu o que aquilo significava.

    –Então, quer dizer que...Itachi...

    Por fim me virei o encarando.

    –Sim, Itachi teve a mesma coisa, mas ao contrário de você, ele não teve a mesma sorte.

    O vi levar a mão cheia de tubos até o rosto. De alguma forma, mesmo que indiretamente, ele era o culpado pela doença de Itachi.

    Quando a retirou seus olhos estavam vagos, vazios.

    –Você também tem isso?

    Me surpreendi com aquela pergunta.

    –Não, aqui no hospital sempre fazemos exames regularmente.

    –Entendo.

    –Bom, se não precisa de mais nada já vou me retir...

    –Você me odeia não é.

    Não foi uma pergunta.

    –Você não sido um exemplo de pai.

    Ele não me olhava, parecia distante, preso em alguma lembrança.

    –Há alguns anos atrás, quando éramos somente eu, sua mãe e Itachi nós realmente parecíamos uma família feliz.

    Me remexi incomodado.

    –Mas eu e sua mãe nunca fomos o melhor casal do mundo. Nos casamos obrigados, como imagino que você deva saber, tudo por imposição de nossos pais.

    Ele fez uma pausa e respirou fundo.

    –Mas quando eu a vi, no mesmo instante soube que desejava passar o resto da vida ao seu lado, ela era linda, intrépida, forte, tinha medo que ela não se apaixonasse por mim, e foi aí que nossos problemas começaram.

    Eu sabia que meus pais se casaram a força, mas o resto daquela historia jamais passaria pela minha cabeça.

    –Nos casamos jovens, depois de um ano veio Itachi, e realmente eu achei que sua mãe tinha se apaixonado por mim, que seriamos felizes sempre, que ela era só minha. Mas eu me esquecia do seu gênio difícil, ela não aceitava minha imposições, sempre a mantendo em casa longe dos olhos dos outros, reclamando de suas roupas, seu jeito...até que um dia ela se cansou e saiu de casa.

    Me mantinha calado ouvindo tudo aquilo, aquela mulher que ele descrevia não se parecia em nada com minha mãe.

    –O meu erro foi tê-la deixado ir. Ela fez um escândalo querendo levar Itachi, mas eu não permiti, ele era meu filho e ponto, nunca sairia de perto de mim. Então ela pediu o divorcio, foi atrás de advogados e eu soube que ela estava vendo um homem pra cuidar dos papeis de separação, um antigo namorado do colégio, um homem com quem ela se relacionou antes de ser forçada a se casar comigo.Eu fiquei louco de ciúmes, disse que se ela se separasse de mim nunca mais veria Itachi na vida, que não levaria nada de mim, que ela morreria sozinha e seca sem ninguém porque eu nunca a deixaria ser feliz na vida.

    Mantinha meus olhos fixos nele, eu nunca soube de nada daquilo.

    –Eu sei que fui egoísta, insensível, mas eu a amava demais, e ainda amo. Não sei se ela ficou com medo ou o se aquele homem a dispensou, mas depois de um tempo ela voltou, dizendo que estava grávida e arrependida.

    Arregalei meus olhos, será que eu não era...filho dele?!

    –Ela dizia que o filho era meu, que nunca dormiu com aquele homem, que desejava ficar perto dos filhos, e eu a aceitei de volta, meu ciúme, se é que era possível, cresceu, mas diferente das outras vezes ela me obedecia, se isolava, tinha virado uma verdadeira senhora Uchiha. Mas a duvida se o filho era meu me corroia, a prova de que ela tinha sido de outro homem, a prova de que ela não me amava.

    Eu estava apreensivo, então eu não era filho dele...isso explicava muita coisa.

    –Então você nasceu, seu parto foi difícil e teve de ser feito em casa porque Mikoto não teve forças de ir ao hospital, vocês ficaram entre a vida e a morte.

    Ele sorriu.

    –Itachi ficou desesperado e não largava da barra da saia da babá, dizia que não queria perder nem a mãe nem o irmãozinho. No final tudo acabou dando certo, mas a duvida ainda me atormentava, até eu te ver. Você era exatamente igual a mim, o rosto, o olhos, meu jeito, não havia duvidas que era meu filho.

    Não aguentei e disparei

    –Mas então porque sempre me tratou daquele jeito??

    Eu estava angustiado.

    Ele me encarou.

    –Com o passar do tempo você ia crescendo e eu sempre me pegava observando seu jeito, vendo se suas características físicas e personalidades eram de um Uchiha, me martirizava por sua mãe não me deixar tocá-la mais e acabei te culpando por ser o motivo dela voltar pra casa, ela não me queria, nunca quis, só não queria que o filho que esperava morresse de fome dentro dela.

    –Mas porque comigo? Itachi também era filho de vocês, ela também voltou por ele!!

    –Sim, e era exatamente igual a ela. Doce, gentil, mas ao mesmo tempo forte e não se calava diante das injustiças. E eu acabei matando isso nela. Me apeguei a Itachi por seu como Mikoto, e reneguei você por ser igual a mim e sempre me lembrar que ela havia me deixado, que ela não queria saber de mim.

    Ficamos calados por alguns instantes, as respostas que procurei durante anos me eram dadas, e eu não conseguia discerni-las.

    –Então por fim você se rebelou, não queria mais ser um Uchiha, eu fiquei furioso mas ao mesmo tempo cheio de orgulho.

    –Você, com orgulho de mim?!

    Eu não podia acreditar naquilo

    –Sim, porque você resistia em ser como eu, você foi atrás do seu sonho e diferente de mim se tornou uma pessoa melhor. Eu me apegava cada vez mais a Itachi tentando esquecer você, como estava se tornando um bom medico sem a ajuda ou influencia dos Uchihas. Mas aquela tragédia aconteceu, seu irmão foi tirado de nós e por minha culpa.

    Pela primeira vez em toda minha vida eu vi aquele homem cruel, frio, insensível...chorar.

    –E eu sei que não foi por um erro seu mas eu precisava culpar alguém, culpar você que não estava por perto, te afastando ainda mais. Eu sempre afasto todos de mim, não importa a situação.

    –Não foi culpa sua a doença de Itachi, as coisas aconteceram como tinham que ser.

    Foi tudo que consegui dizer diante daquilo tudo.

    –Não seja como eu filho, não afaste a mulher que ama, vá atrás dela e mostre seu amor acima de qualquer coisa. Não cometa os mesmos erros que eu.

    Aquelas palavras soaram como uma injeção de adrenalina em mim.

    Foi quando minha mãe chegou e notando meu pai acordado correu até ele.

    Ela o abraçou e lhe deu um beijo na testa, sentou a seu lado na cama e o enchia de perguntas, se ele estava bem, se sentia dor, que ele havia dado um susto em todos e que eu cuidei muito bem dele.

    Aquelas palavras, aquele comportamento eram de uma mulher apaixonada, só era preciso Fugaku perceber isso.

    Dei meia volta e em silencio sai dali. Eu tentava odiar meu pai, eu sempre acreditei odiar ele mas por incrível que pareça de alguma forma eu podia entende-lo, ele não foi mais feliz que nós, ao contrário, passou a vida sofrendo em silencio.

    Então de repente me deu um estalo. Quando fui baleado perdi muito sangue, eu sabia que havia precisado de uma transfusão mas meu tipo sanguíneo é raro. Conferi com pressa os exames dele que tinha em mãos, sim, lá estava, meu tipo sanguíneo raro. No fim das contas eu devia minha vida a ele. Ele me deu a vida...duas vezes.

    Naquele instante parecia que um céu nublado havia se dissipado de sobre mim.”

    CONTINUA...


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