Capitulo 17

“A vida tem sons que pra gente ouvir

Precisa entender que um amor de verdade

É feito canção, qualquer coisa assim

Que tem seu começo, seu meio e seu fim

A vida tem sons que pra gente ouvir

Precisa aprender a começar de novo

É como tocar o mesmo violão

E nele compor uma nova canção

Que fale de amor

Que faça chorar

Que toque mais forte

Esse meu coração

Ah! Coração!

Se apronta pra recomeçar

Ah! Coração!

Esquece esse medo de amar de novo”

Começo, meio e fim

Roupa Nova

Karin entra no quarto, tem um ar alegre e sorridente mas seu sorriso morre ao ver a rosada sentada abraçada as pernas olhando para um pequeno recipiente contendo os doces coloridos.

-O que é isso?

Pergunta se aproximando

-Dangos

A cerejeira responde sem desviar o olhar dos doces sobre a poltrona

-Sim, mas, porque você está olhando pra eles desse jeito?

-Ontem comentei que sentia vontade de comer os dangos de Konoha

-E o que tem isso?

A ruiva se aproximou pegando o recipiente e se sentando na poltrona

-Comentei aqui no quarto

Karin olhava para a rosada

Sakura levantou os orbes pra ela

-Somente Sasuke estava aqui.

-Ah!

A Uzumaki pareceu compreender

Ficaram em silencio por um instante até a Haruno se levantar num rompante e pegar os doces das mãos da ruiva e se encaminhar até o banheiro.

-O que vai fazer?

Ouviu a outra dizer ainda do quarto enquanto jogava as bolas coloridas dentro do sanitário e dava descarga.

-Dando um fim a essas coisas.

Respondeu já voltando ao aposento.

-Pensei que estivesse com vontade

A rosada encarou a ruiva

-Nem em sonhos em comeria algo que Sasuke trouxesse pra mim.

A Uzumaki suspirou

-Você o detesta, não é?

Sakura não respondeu

-Eu não julgo você, na sua situação nem sei o que faria...

Sakura lhe sorriu resignada

-O que faz aqui?

Karin ajeitou os óculos e sorriu

-Vim buscar a bandeja

A rosada riu alto

-Me conte tudo!

Disse já se jogando na cama

-C-Contar o quê?

-Como o quê, como foi ora essa...é isso que amigas fazem.

A ruiva ficou sem jeito

-Eu...nunca tive uma amiga.

-Pois agora tem, então pode começar a falar.

E Sakura puxou a mão da ruiva a trazendo para junto de si na cama.

Karin sentiu algo estranho, nunca teve esse tipo de relacionamento com ninguém

-Se ele não tiver sido carinhoso eu junto o que tiver me restado de chakra e acabo com ele!

Ela lhe sorriu

-Ele foi...foi carinhoso...

E começou a falar, quando deu por si estava deitada do lado dela rindo e contando coisas que nunca achou que dividiria com alguém na vida.

Então isso era ter uma amiga?

Poderia se acostumar com algo assim

Algo passava por sua cabeça, um fato que não fazia sentido mas ruminava em sua mente desde o relato da rosada sobre como bebe havia sido concebido.

No dia do seu aniversário.

Se lembrava exatamente de tudo naquele dia, do treinamento pela manhã, da saída com Suigetsu, de como deflorou a filha do dono do bar, de sua volta para o esconderijo junto a Juugo, de Karin o perturbar, até o momento que saiu novamente para caminhar, para ficar sozinho, depois tudo eram um borrão, apenas um borrão, só se lembrava de depois despertar em algum lugar na floresta nos arredores do esconderijo.

Imaginava que o apagão foi por causa da quantidade de bebida consumida

Mas agora...isso martelava em sua mente de uma forma enlouquecedora.

Tanto que quase não desviou a tempo do golpe da enorme espada de Suigetsu fazendo o mesmo se surpreender.

-Aonde está com a cabeça?

Sasuke apenas olhou para o fino filete de sangue escorrendo pelo rasgo da camisa.

Deu as costas para o Hozuki e passou a caminhar para longe dali.

Ficaria louco pensando naquilo

Adentrou na estalagem e subiu para o quarto, quando abriu a porta se surpreendeu em ver Karin deitada na cama ao lado de Sakura, ambas riam alto mas sessaram assim que o moreno entrou.

-É melhor eu ir.

A ruiva se pôs de pé e olhou para Sasuke ajeitando a roupa e os óculos.

Se virou para Sakura e disse com a voz baixa.

-Qualquer coisa grite.

Sakura sorriu cumplice e a Uzumaki pegou a bandeja da noite anterior e saiu deixando ambos sozinhos.

Sasuke encarou a rosada.

Então ela desviou o olhar para o braço ensanguentado.

-Está ferido.

Disse vendo o vermelho tingir o tecido rasgado cada vez mais

Sasuke não tirava os olhos dela, então retirou a camisa fazendo o tecido escorrer pela pele pálida.

Diferente do que imaginou, ela se levantou e foi até ele, levantou a pequena mão e levou calmamente até o ferimento, o Uchiha seguia seus movimentos como um predador, e assim que os finos dedos tocaram sua pele segurou em seu pulso a parando.

Estava perto demais

-Pode infeccionar

Ela disse num tom baixo

Sakura ergueu o olhar e encontrou as lagoas negras

Ainda com a mão dele em seu pulso e sustentando aquele olhar, fez surgir a luz verde de entre seus dedos.

Então ele sentiu aquela sensação, aquele calor que parecia o abraçar e o acalentar e quase teve vontade de fechar os olhos para apreciar mas não o fez, não quando os orbes esverdeados estavam ali, tão perto, tão intensos...

Quando o calor passou ela finalmente desviou o olhar

-Pode me soltar agora.

Demorou alguns instantes mas ele o fez e então ela se afastou levando a mão a pulso.

Por fim se encaminhou até o banheiro e fechou a porta com força, apoiou as mãos sobre a pia e ergueu o rosto se olhando no espelho encarando seu reflexo, direcionou o olhar para o braço recém curado, não havia mais nada ali, nenhum sinal de ferimento.

Levantou a mão do braço curado a passando pelos cabelos os atrapalhando mais e mordendo o maxilar ao olhar mais uma vez para seu reflexo.

Sentou-se para comer junto aos outros, o silencio pairava na mesa até Juugo olhar para os membros comendo e tentar quebrar aquele clima.

-E então, Sakura-chan, prefere menino ou menina?

A rosada ergueu o olhar ao ninja

-Na verdade ainda não pensei sobre isso.  

Disse lhe sorrindo levemente sem jeito

Ele apenas ouvia enquanto prestava atenção em sua refeição.

-Mas quando penso nele, não sei porque mas imagino um menino.

Sasuke parou de comer

-Dizem que intuição de mãe é forte

Sakura abriu o sorriso para Juugo

-Não é intuição, é apenas um palpite.

Um menino...será que seria parecido com Itachi?!

Teria sua inteligência, suas habilidades, sua aparência?!

-Mas independentemente do que for, só espero que nasça bem.

Finalizou a cerejeira

De repente aquela comida não lhe parecia mais tão tragável.

Então se levantou da mesa e saiu sem nada dizer

Alguns dos presentes apenas o seguiram com o olhar

Parou assim que chegou ao lago na frente da estalagem.

A brisa da tarde passou balançando a copa das árvores e seus rebeldes fios negros.

-Porque Nii-san, porque você foi e me deixou com essas dúvidas?

 Observou algumas folhas caindo com o vento e pousando sobre a água.

-Porque ela? Você a amava, a desejava, a queria de alguma forma?

Viu alguns peixes do lago tentando alcançar as folhas pousadas no mesmo

-Você tinha que engravidá-la? Com tantas mulheres no mundo, você foi escolher logo ela?

Virou o rosto mordendo os lábios com mais força que o necessário.

-Eu admirei você por toda minha infância, e depois o odiei com a mesma intensidade...

Pausou fechando os olhos

-Eu tive orgulho de você, eu quis ser como você, depois senti raiva, angustia, amargura, rancor, tudo de bom e de ruim que você possa imaginar.

Respirou fundo ainda de olhos fechados

-Mas nunca senti inveja...até esse momento.

Abriu os olhos e os voltou para o lago

-Nunca pensei que depois de ter descoberto tudo que você fez, do herói que foi, de ter aberto mão de tudo por um bem maior, por amor...eu sentiria isso que estou sentindo agora por você.

Levantou a cabeça e olhou para o céu azul e límpido com poucas nuvens

-Eu te amo meu irmão, amo mais que tudo no mundo, mas se pudesse...te socaria agora.

Se virou olhando para a estalagem mais adiante e suspirou.

O entardecer caía pintando de laranja o céu daquele vilarejo, adentrou no aposento constatando que o mesmo estava vazio, então foi até o banheiro já se despindo, após fechar a porta e abrir a camisa, levou as mãos ao nó da calça quando viu algo colorido dentro do sanitário.

Era um palito de Dangos

Os dangos que ele trouxera pra ela

Sentiu algo diferente lhe brotando no peito, voltou a fazer o nó na calça e ajeitar a camisa saindo do banheiro em disparada.

A encontrou entrando no aposento

-Porque não comeu os dangos que te trouxe?

Sakura terminou de fechar a porta do quarto e passou por Sasuke sem nada dizer.

-Me responda!

Ele segurou em seu braço e a virou para si

Ela permaneceu muda

O moreno franziu o cenho

-Não confia em mim.

Constatou soltando seu braço em seguida.

Sakura passou a mão pelos cabelos

-Jamais faria algo com essa criança em seu ventre

Disse se aproximando mais dela

A rosada desviou o olhar

-Você não entende não é?

O Uchiha disse passando a mão pelos cabelos nervosamente

A cerejeira voltou a olha-lo sentindo um bolo na garganta

-É meu único elo com Itachi.

Sakura levou a mão ao ventre

Ele a mirou profundamente e finalizou

-É tudo que me restou.

E saiu batendo a porta com força.

Desceu as escadas com velocidade e encontrou o companheiro de equipe sentado no hall junto a ruiva.

-Estou indo ao centro, me acompanha?

Suigetsu olhou para Karin

Sabiam muito bem o que iria buscar indo ao centro do vilarejo.

Voltou a olhar para o Uchiha e respondeu

-Vou ficar por aqui mesmo.

O moreno estranhou, o Hozuki não era de rejeitar uma noitada.

Então Sasuke saiu bufando.

Quando a rajada de vento da noite o atingiu, o arrepio o fez olhar para trás.

Estava hesitando?

Virou novamente para a escuridão e seguiu seu caminho

Porque para ele só existia um caminho

O da perdição.

CONTINUA...