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“Somente quando encontramos o amor, é que descobrimos o que nos faltava na vida.”
John Ruskin”
Passou o todo o dia preso no quarto junto a rosada, não fazia nada, apenas a observava, de hora em hora Karin vinha ver se eles estavam bem, via se os sinais vitais de Sakura estavam normais e perguntava a Sasuke se ele precisava de algo.
Ele nada respondia, apenas permanecia perdido em seus pensamentos.
Então quando o céu já se pintava de laranja ele se ergueu rapidamente pegando sua espada e juntando seus pertences apressadamente.
Saiu do quarto dando de cara com o ruivo.
-Sasuke-sama!
Ele disse
-Vou me ausentar por uns tempos, fiquem aqui até meu retorno, tomem conta dela.
-Hai!
Foi tudo que ele disse.
Karin saiu de seu quarto ao escutar a voz do moreno
- Sasuke-kun, aonde você vai?
Ele nada respondeu, saiu da hospedaria enquanto terminava de colocar sua capa sobre os ombros.
A ruiva bufou.
-Pronto, sobrou pra gente.
Abriu os olhos e encontrou o teto amadeirado, estranhou, era bem diferente do que vinha encontrando nos últimos dias no ambiente sempre branco do esconderijo de Orochimaru.
Tentou se erguer mas uma voz preencheu o ambiente.
-Por favor não faça esforço.
A imagem do homem grande apareceu diante de seus olhos
-Juugo...
Então a cerejeira levou a mão a barriga.
-Não se preocupe, está tudo bem, a criança está bem.
-O que aconteceu?
-Você teve um princípio de aborto, Sasuke a trouxe rapidamente para esta hospedaria.
Sakura torceu o cenho ao ouvir aquele nome.
-E onde ele está?
-Não sabemos...saiu a dois dias e pediu para que o esperássemos.
-Eu dormi esse tempo todo?
Ele lhe sorriu gentil
-Sim.
Sakura se remexeu na cama e suspirou.
-Vou buscar algo para você comer, precisa recuperar as energias.
Então ele se levantou da poltrona próxima a janela e foi até a porta se retirando em seguida.
Quando voltou trazia uma sopa e algumas frutas, sentou-se na cama com a ajuda do mesmo.
Sentia-se fraca
Notou não estar com as correntes supressoras de chakra.
Não que isso fizesse diferença naquele momento.
Comeu devagar sendo acompanhada pelo olhar atento do ruivo.
-Eu não vou tentar nada, não se preocupe.
-Eu sei que não vai.
Ela interrompeu a colherada que levaria a boca e o encarou.
-Sabe?
-Agora você é mãe.
Sakura então soltou um sutil sorriso
-E os outros?
-Karin deve estar no quarto e Suigetsu...bem, não temos noticiais dele.
A cerejeira franziu as sobrancelhas rosadas
-Não vão atrás dele?
-Não, Sasuke mandou esperarmos aqui, vamos esperar aqui.
-Vocês seguem todas as ordens dele à risca?
-Sim.
-E se elas não forem convenientes?
-Não importa, Sasuke-sama sabe o que está fazendo.
-Sakura largou a colher e soltou o ar pelo nariz irritada.
-Sasuke está cego Juugo, e vocês estão loucos se o seguem dessa forma.
-Bem, cada um de nós tem seus motivos...Suigetsu quer poder, Karin o ama...
Sakura ergueu a sobrancelha rosada
Ele continuou
-E eu... somente ele pode controlar o monstro que existe dentro de mim.
A cerejeira direcionou o olhar para o ruivo, se recostou na cama e o considerou.
-Você não é um monstro Juugo.
-Sou sim.
E se ergueu indo em direção a ela para recolher a bandeja.
-Já acabou?
Assim que o ruivo se curvou para pega-la, Sakura segurou em sua mão.
-Não, você não é!
Então ele olhou dentro dos olhos da rosada.
-Nunca viu do que sou capaz de me transformar.
-Não importa do que é capaz, somos capazes de muitas coisas, coisas terríveis, cada um de nós...você não é mais monstro por isso, você é uma boa pessoa, uma das melhores que já conheci...
Juugo tinha os olhos arregalados.
Então Sakura soltou sua mão.
Ele continuou a encarando.
Ela lhe sorriu.
-Obrigado. Ele disse com a voz baixa
E então se ergueu
-Agora você realmente seria um monstro se não me trouxesse Tofu frito.
Então foi a vez dele sorrir.
-Acho que estou com desejo. Ela completou
-Não demoro.
E então ele se retirou do quarto com a bandeja entre as mãos.
E em todo o caminho que fez manteve o sorriso no rosto.
Depois de dois dias no quarto já se sentia recuperada o suficiente para se levantar, deu graças quando por fim pode sentir a água quente caindo em seu corpo a livrando das impurezas, olhou pra baixo e constatou e pequena protuberância.
Juugo lhe fazia companhia na maior parte do tempo, já Karin só vinha para examina-la duas vezes ao dia, nem sequer lhe dirigia a palavra.
Por fim naquele dia decidiu sair do quarto e tomar um pouco de sol, além de que precisava respirar ar puro.
Não sabia em que vilarejo estava.
Mas era um lugar calmo e tranquilo, a hospedaria em que estavam era simples mas aconchegante.
Sentia-se mais tranquila agora que Sasuke não estava por perto.
Sentou próxima ao lago e observou o movimento das árvores.
Baixou os olhos e viu um ponto branco distante, se movimentava devagar.
Apertou os olhos para focar a visão e se levantou.
O ponto foi ficando mais próximo...e tinha cabelos azuis claros, quase brancos.
Sakura viu quando ele não aguentou mais e caiu ao chão.
Então ela correu até ele e gritou
-JUUGO! RÁPIDO!
Suigetsu estava desfalecido em meio a grama, tinha marcas de combate e parecia ter perdido muito sangue.
Sakura se ajoelhou ao seu lado e olhou seus sinais vitais.
Ele estava respirando, constatou aliviada
Juugo chegou correndo e encontrou o companheiro desacordado.
-Rápido, leve ele para o meu quarto.
-Para o seu quarto?
-É Juugo, não temos tempo a perder!
O ruivo fez o que a rosada disse.
Entraram apressados na hospedaria, Karin então pode ver o estado de Suigetsu nos braços de Juugo.
Arregalou os orbes por detrás dos óculos espantada.
-Karin, traga panos limpos e água quente.
Ela apenas encarava o companheiro desacordado que era colocado sobre a cama da rosada.
-Karin, por favor, faça o que eu pedi ou vamos perdê-lo!
A ruiva pareceu recobrar a consciência e por fim correu para fazer o que a rosada dissera.
Então ela se debruçou sobre o Hozuki e começou a analisa-lo.
Se concentrou e começou a passar o chakra verde sobre seu corpo.
-Sakura-sama, não deveria gastar seu chakra, pode ser prejudicial.
Mas ela não pareceu não ouvir.
Continuou a passar a luz esverdeada por todo o corpo de Suigetsu.
Então Karin surgiu com uma bacia com agua quente e panos limpos.
-Molhe e coloque sobre a testa dele.
Então ela o fez.
-Juugo, preciso que me ajude a colocar os ossos do braço dele no lugar, com a dor ele pode despertar, então preciso que o segure.
-Entendido.
Sakura mostrou ao ruivo onde ele deveria segurar e como o movimento devia ser feito.
Juugo o fez.
E foi como a rosada dissera
Ele abriu os olhos e deu um grito
-Calma Suigetsu, está tudo bem, estamos cuidando de você. Ela tentou acalmá-lo.
Juugo segurou o companheiro e o colocou de volta na cama.
O azulado voltou a desmaiar.
-Agora preciso que me traga flores de papoula.
-Hai. Ele disse já saindo do aposento.
-Karin. A jovem mantinha o olhar sobre o rapaz sobre a cama.
-Karin! Sakura voltou a chama-la
-Meu chakra está variando por causa da gravidez e não dispendo de muito por causa dos últimos dias, eu preciso que você me ajude a curar o companheiro de vocês, entendeu?
A ruiva por fim direcionou o olhar para a rosada
-Mas tem que fazer tudo que eu disser.
A Uzumaki apenas afirmou com a cabeça após ajeitar os óculos.
-Então vamos começar.
Quando Juugo voltou já era noite, não era fácil encontrar as flores da papoula naquela época do ano.
Assim que entrou no quarto pode ver o companheiro deitado na cama sem a camisa e com o corpo enfaixado em alguns pontos, Karin dormia recostada ao pé da cama, já Sakura estava sentada sobre a poltrona na janela.
-Trouxe as flores.
Disse lhe estendo o saco com a erva
-Obrigada, vou fazer um xarope pra ele, vai precisar pra quando acordar e as dores vierem.
Juugo ainda observava Karin junto ao leito
-Ela foi de grande ajuda, provavelmente não teria conseguido sem ela.
-Nunca imaginei que Karin ajudaria a cuidar de Suigetsu. Eles sempre pareceram se odiar.
-Ela me pareceu bem preocupada com o estado dele, fez tudo que eu pedi sem questionar, se o odeia hoje não pareceu.
Sakura se levantou se encaminhando a mesa próxima a porta e deixando a erva lá
Se virou para o ruivo e completou
-E existe uma linha muito tênue entre o ódio e o amor.
E ambos olharam para a cama onde o Hozuki repousava sendo acompanhado pela ruiva logo ao chão.
Suigetsu abriu os olhos sem reconhecer onde estava, tentou se erguer mas sentiu todo o seu corpo doer.
-Ei, fique calmo, não se mexa, você precisa se recuperar.
Então a jovem de cabelos cor de rosa apareceu diante de sua visão
-Onde estou?
-Em uma hospedaria, você veio até aqui, está no meu quarto.
-No seu quarto?
-Sim, agora fale baixo ou vai acordar a Karin.
O Hozuki fraziu a testa
-Karin?
Sakura se adiantou até a mesa próximo a porta e pegou o copo com o liquido esbranquiçado dentro.
-Sim, ela me ajudou a te curar, agora beba isso.
Suigetsu se surpreendeu com o que a cerejeira dissera.
-O que é isso?
-Papoula, é para dor, e vai te ajudar a dormir, você precisa se recuperar, perdeu muito sangue.
Ele o ajudou a se erguer um pouco e a tomar o conteúdo do copo.
-Sasuke não vai gostar de saber que estou em seu quarto.
-Ele não está aqui.
Então o ajudou a se deitar novamente e ajeitou os travesseiros.
-E onde você vai ficar?
-Bem ali.
Disse apontando para a poltrona.
-Você está grávida, isso não parece adequado.
Sakura sorriu.
-Não se preocupe, eu sou médica, já dormi em lugares piores, e preciso te observar durante a noite, as primeiras vinte e quatro horas são as mais importantes, você quebrou a costela e outros ossos do braço, perdeu muito sangue, precisa ficar em observação.
-Mas o Sasuke...
Ela o interrompeu.
-Eu já disse, Sasuke não está aqui, eu estou, e estou dizendo que agora você vai descansar, fique tranquilo, está tudo bem.
Então ela se afastou levando o copo entre as mãos.
Suigetsu estranhou tudo aquilo, nunca havia sido cuidado daquela forma.
Virou um pouco a cabeça e pode notar a cabeleira vermelha próximo a cabeceira da cama, estava sem os óculos.
Dormia profundamente.
Voltou a olhar para o teto.
Karin o havia ajudado? Teria ouvido direito?
Refletia sobre tudo aquilo sentido aos poucos as pálpebras pesarem e o corpo relaxar.
Num instante estava entregue ao sono.
Mas mesmo assim ainda pode inclinar um pouco a cabeça para sentir o leve aroma dos cabelos avermelhados.
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CONTINUA...