Capítulo 11

O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.

                      Mário Quintana

Chegou novamente ao esconderijo com os primeiros raios de sol brotando no horizonte, passou pelos corredores pouco iluminados e encontrou seu companheiro ruivo parado diante da porta de seu quarto.

Tendeu a ignora-lo, queria se jogar na cama e esquecer tudo, mas nem a bebida nem as acompanhantes da noite parecem ter resolvido essa questão.

-O que foi agora Juugo?

O enorme homem se desencostou da parede.

-Ninjas de Konoha foram vistos rondando a vila, não devemos permanecer aqui por mais tempo.

Sasuke o encarou.

-Até que foram rápidos.

-Bom, eles vieram atrás dela...é importante pra eles, já devem saber do estado dela.

-Hum...  

-O que faremos?  Quis saber o ruivo.

Sasuke desviou o olhar para o corredor

-Prepare nossas coisas e avise aos outros.

-Certo.

Quando Juugo saiu Sasuke teve ganas de entrar em seu quarto, mas decidiu dar meia volta e ir até ela.

Ele não tinha muita educação, o rancor, o tempo que passou com Orochimaru e as recentes descobertas o deixaram mais rude que nunca, então ele simplesmente abriu a porta e a encontrou deitada ligada as maquinas.

Tinha os olhos fechados e as mãos sobre o ventre. Reparou na badeja vazia.

-Vejo que está começando a colaborar.

Ela sabia que ele estava lá, mas mesmo assim não abriu os olhos, não queria olhar pra ele, nem sabia descrever o que sentia por Sasuke naquele momento, mas nunca imaginou que todo aquele amor, todo sentimento puro que teve por ele durante todos aqueles anos pudesse se transformar naquilo que sentia agora.

-Pode ter certeza que se faço alguma coisa não é por você.

Seu tom era firme mas brando.

Percebeu ele se aproximando, o cheiro que emanava fez seu estomago revirar.

-Konoha veio atrás de você

Por fim abriu os olhos.

-Imaginei que viriam. Tsunade já deve ter descoberto minha gravidez.

Ela o olhou, estava com os cabelos mais arrepiados, as roupas amassadas e cheirava a bebida e a perfume.

Levou uma das mãos a boca.

Ele observava os aparelhos.

-Sairemos daqui a uma hora esteja pronta ou não.

-Estou muito fraca pra viajar agora, seria prejudicial tanto pra mim quanto para a criança.

Ele por fim olhou para ela.

-Isso não me importa, irá arrastada se for preciso.

Então se virou pronto para sair mas ela continuou.

-Em que tipo de monstro você se transformou Sasuke?

Ainda de costas ele respondeu

-Em um que vai destruir tudo que é mais precioso pra sua vila.

-E eu estou inclusa nisso, certo?

Ele não respondeu.

Ela continuou.

-Eu não me importo com o que faça comigo, mas eu vou lutar contra tudo pelo meu filho!

Ele se virou para ela

-Inclusive contra você.

Então ele soltou um sorriso lateral.

-Eu já lhe disse que essa criança não é sua, ela é filha do Itachi e por tanto pertence aos Uchihas.

-Eu não me importo de quem ela é filha, Itachi não está aqui para reclamar por ela, está morto porque você o matou! Ela é minha, é dentro de mim que ela está crescendo, e eu vou fazer de tudo por ela, eu não vou deixar você transformar essa criança inocente num monstro como você. Nem que eu precise me jogar de uma ponte e acabar com nós dois, ela não será uma condenada.

Viu o vislumbre dos olhos vermelhos dele voltados diretamente para ela, no instante seguinte ele estava ao seu lado, acariciou os cabelos rosados e os prendeu entre os dedos.

-Está me ameaçando Sakura-chan?

Lá estavam os olhos vermelhos sobre ela, vívidos como sangue.

Mas ela não se encolheria mais diante dele.

-Estou te avisando.

Tentava segurar o choro, não seria fraca mais diante dele, não poderia ser.

Então ele a soltou e se afastou.

-Em uma hora.

E se retirou do local.

Karin entrou no aposento às pressas e retirou os aparelhos dela, lhe jogou uma capa e apenas a mandou seguir sem perguntas.

Agora estava ela ao lado de Juugo, Sasuke ia mais à frente e Karin mais atrás dando cobertura, Suigetsu havia ficado para trás para atrasar o grupo de resgate, quase não haviam conseguido escapar, então o ninja aquático ficou para garantir que tudo daria certo para o grupo fugitivo. Sakura até planejou escapar e tentar se encontrar com seus companheiros de Konoha, mas ainda utilizava as correntes que controlavam chakra, estava muito fraca e Karin a mantinha por perto todo o tempo usando sua capacidade sensorial, sabia que Sasuke também estava de olho nela, qualquer coisa que tentasse seria muito arriscado tanto pra ela quanto para a criança, iam mais devagar devido a seu estado e a qualquer momento a medica-nin sentia que padeceria.

Fazia força para aguentar a caminhada, Juugo a encarava de rabo de olho mas nada dizia, com certeza o Uchiha queria chegar logo ao destino deles. Andavam já a um bom tempo e a rosada se esforçava até sentir algo estranho e levar as mãos ao ventre.

-Ai... ela sussurrou já parando a caminhada.

Uma fincada no baixo ventre e caiu de joelhos.

-Sakura-sama? Juugo parou e se ajoelhou a seu lado

Mais uma fincada.

-Ahhhh! Dessa vez o grito foi ouvido pelos outros dois.

Sasuke se virou e viu a rosada ajoelhada no chão com uma das mãos no ventre e a outra coberta de...

-Sangue!  Ela está abortando!  Karin disse já ao lado dos dois ao chão.

A rosada respirava pesadamente e gotículas de suor escorriam por sua testa.

Então num rompante ele se ajoelhou e a pegou nos braços.

A última coisa que viu foram os cabelos negros de Sasuke balançando enquanto ele voava de galho em galho para a vila mais próxima.

-Devíamos tê-la levado pra um hospital.   Ponderou o ruivo

Juugo e Karin estavam do lado de fora do quarto. Pararam na primeira vila que viram e foram para uma hospedaria, a primeira coisa que Sasuke fez ao falar com a dona do local foi dizer que sua esposa estava grávida e que precisava de ajuda profissional, deixou uma quantidade de dinheiro considerável no balcão e disse que tinha pressa.

Instantes depois e uma senhora idosa entrou no quarto que havia sido separado para a rosada e agora todos estavam apreensivos.

Karin nada podia fazer pois seu conhecimento médico era básico e inconsciente Sakura não poderia morde-la , e mesmo que pudesse, uma mordida não conseguiria parar um aborto.

Sasuke saiu do quarto e bateu a porta.

Nenhum dos dois ousou perguntar pela rosada.

Suigetsu também não estava lá, Karin havia deixado de senti-lo quando correram para a vila que estavam.

Tudo estava um caos.

Já era madrugada e Sakura ainda estava no quarto sendo tratada pela senhora, Karin dormia em uma cadeira na recepção e por fim Juugo decidiu ir procurar pelo Uchiha.

Não demorou a encontra-lo.

Por um momento achou que ele estaria em um bordel, como era comum, mas dessa vez ele estava sentado na beira de um lago, parecia meditar.

-As coisas não vão bem, não é?

O ruivo se sentou ao seu lado.

-Não deram muitas esperanças.

-Se a criança não sobreviver, o que vai fazer com a Sakura?

Sasuke olhava o lago, parecia distante.

-Sasuke, ela não tem culpa pelo que Konoha fez, ela não pode pagar por uma vila inteira!

-Ela me desafiou hoje de manhã sabia? Disse que não deixaria eu transformar o filho dela num monstro como eu e que se fosse preciso pularia de uma ponte para salvar ela e a criança.

Juugo ficou surpreso.

-Talvez agora saibamos porque Itachi a escolheu.

O moreno direcionou o olhar para Juugo.

-Sasuke, Juugo!!!

Era a voz de Karin.

Os dois se levantaram e a ruiva se aproximou.

-A senhora já foi.

Todos ficaram em silencio, ele esperou que o Uchiha fizesse a pergunta, mas como o mesmo permaneceu calado ele mesmo fez.

-E Sakura e a criança?

-Estão fora de perigo.

Juugo sorriu.

-Podemos vê-la? Ele quis saber.

-Ela está dormindo, terá de ficar em repouso por um tempo.

-Bom, então acho melhor nós também irmos dormir.

Juugo se adiantou e chamou pela ruiva.

-Vamos Karin.

A Uzumaki olhava o moreno que ainda estava no mesmo lugar.

Então ela ajeitou os óculos, deu meia volta e caminhou junto ao companheiro para a hospedaria.

Voltou-se para o lago, parou diante do mesmo e sentiu a brisa da madrugada tocar sua pele pálida.

-Escolheu ela Otou-san...logo ela, por que?!

Quando por fim resolveu entrar na hospedaria a mulher da recepção o abordou.

-Sua esposa é uma guerreira senhor, lutou o máximo que pode para segurar a criança, outra não teria aquela força! Tome, essas são as ervas que ela deve tomar para ajudar na recuperação e outros cuidados que deve ter durante a gestação.

E lhe estendeu o papel.

Ele pegou mas não agradeceu.

Subiu as escadas e abriu a porta do quarto, ela dormia tranquilamente, suas roupas foram trocadas e sua pele transparecia o frescor de quem acabara de se banhar.

“-Eu não me importo com o que faça comigo, mas eu vou lutar contra tudo pelo meu filho!

-Inclusive contra você.”

Retirou sua Kusanagi da cintura e se sentou na poltrona do outro lado do cômodo, pegou no sono se lembrando dessas palavras ditas pela rosada.

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.CONTINUA...