MAKTUB

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    Capítulos:

    Capítulo 13

    Deformada

    Adultério, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo

    Estava sentada atrás da bancada observando o movimento das pessoas pela porta de vidro que dividia o estabelecimento da rua.

    Passava os dias assim, vendo as pessoas passarem, com suas vidas corridas, indo e vindo...

    Indo e vindo.

    Suspirou.

    Havia se esquecido como o trabalho em uma floricultura poderia ser monótono.

    Principalmente quando boa parte de seus clientes vinham de fora da vila, eram turistas ou pessoas que simplesmente não ligavam.

    Ou não ficaram sabendo.

    Quem compraria uma flor para a namorada ou um simples buquê de rosas para a esposa na Floricultura da Yamanaka?!

    Da mulher que dormiu com o marido da melhor amiga...

    Suspirou ficando de pé com dificuldade, sua barriga pesava.

    Olhar para aquelas flores, aquelas malditas flores, exatamente como as de sua adolescência, lhe dava um ar de fracasso.

    Como se não tivesse saído do lugar, estivesse estagnada, parada.

    Mas era tudo que lhe restava afinal de contas, depois de ter conseguido algo grande...a queda foi brusca, e agora estava ali, exatamente como no começo, sem ao menos poder fazer missões e ter seus méritos próprios.

    Sentia-se péssima!

    Grande, gorda, infeliz, incapaz, sozinha, traidora...

    Quanto mais tempo passava sozinha ali, com aquelas flores, sentindo os diversos aromas lhe embrulhando o estômago devido ao estágio avançado de gravidez, mais tinha tempo de pensar em tudo.

    Tudo que fez seu marido a abandonar.

    Não eram um casal perfeito...mas nenhum casal é afinal de contas.

    Sai distribuía inúmeros sorrisos mas somente ela conhecia os traumas que ele carregava, suas dores. Quando brigavam ela não sabia se ele dizia “Sim querida” por entender a situação ou para simplesmente encerrar o assunto, Sai tinha camadas que ela não alcançava e isso a frustrava.

    Sempre se gabou de sua beleza, de sua jovialidade, não foi difícil se apaixonar pelo garoto que sempre a chamava de “Lindinha”, até porque era exatamente isso o que ela era.

    Mas quando a responsabilidade do casamento bate, bate bem forte. Sai não entendia a profundidade do que ela desejava, do que ela queria, do comprometimento, do amor, ele matara seu irmão para se provar o mais forte por culpa de Danzou!!! Mesmo com o tempo no Time 7 essas marcas permaneciam. Alguém criado para ser frio, acaba sendo frio, e fim.

    Não estavam prontos para ter filhos, e ela não queria, era jovem demais pra isso, na verdade mal pensara em se casar antes dos 25 pelo menos. Mas quando se viu rendida aos encantos do ninja pálido mas extremamente charmoso, foi só ele pedir.

    Sempre foi pragmática quanto aos anticoncepcionais, tomava religiosamente todos os dias, sem falta. Queria preservar o belo corpo de vinte anos e não ser mais um alvo do mito de que é só se casar para começar a engordar, não, ela se manteria sempre bela e plena como sempre foi.

    Ele via os olhares que os homens lançavam em direção a esposa, se sentia orgulhosa e achava que ele também devia se sentir assim, desfilar com uma perfeita Yamanaka do lado não era para qualquer um.

    Achava um absurdo ver a melhor amiga ser martirizando para tentar engravidar de um homem que sequer ficava na vila, que mal havia dito que a amava, ela devia se valorizar mais.

    Por isso, quando aconteceu, quando seu marido, seu amor a deixou, ela perdeu o chão, o rumo.

    O que tinha feito de errado?

    Ela não era uma boa esposa?

    Não era linda? Cozinhava bem? Cuidava da casa que tinham?

    Era certo que brigavam e geralmente era a quem mais gritava e ele somente ouvia, mas que casal não briga?

    Que casal não tem seus desencontros?!

    Não foi justo!

    Ela o amava, de todo o coração...

    Quando voltou para casa que dividiam aquela noite, apenas para pegar algumas coisas e ficar um tempo com Hinata, se enfureceu. Tudo e qualquer coisa que pudesse a lembrar do ex raiz, pois era isso o que ele era, a porra de um ex anbu raiz sem coração muito bem treinado, jogou fora! Rasgou, picou, destroçou...fez de tudo, até mesmo as cartelas de anticoncepcionais foram destruídas, não precisaria mais delas afinal de contas.

    Estava sozinha.

    Sozinha no mundo!

    Completamente só.

    Ela lhe deu tudo...

    Seu teto

    Até seu sobrenome!

    Seu coração...

    Nunca chorou tanto em toda sua vida, justo ela, que havia prometido na adolescência que seria ela a pisar no coração dos garotos, jamais o contrário.

    Estava arrasada, Hinata era uma boa amiga, uma boa esposa, mesmo com o marido tão ocupado, se esforçava para sempre agradá-lo, ter sempre a comida pronta para quando chegasse cansado, sempre sorrindo, sempre disponível.

    Ino viu aquilo com nojo no princípio, casamentos não davam certo...o amor não era real, mas engoliu suas amargurar ao perceber que era ela a infeliz, não os outros.

    Era insuportável estar na casa de Hinata, ver como se davam bem, como funcionavam bem.

    Como ela era boa demais e perfeita demais para o Uzumaki, e como ele sempre demonstrava tudo que sentia, em demasia.

    Então não recusou quando sua amiga, sua irmã, ofereceu que ficasse em sua casa.

    Não queria incomodar, sabia que o marido havia acabado de voltar para vila para ficar...mas Sakura era tudo que lhe restava agora que não tinha ninguém.

    Ela lhe fazia companhia, até tirou uma licença para passarem mais tempo juntas...era uma boa amiga, não, era a melhor!

    Sempre achou um absurdo a forma como ela se doava de maneira unilateral para aquele relacionamento, achava que ela devia se valorizar mais, quando o assunto gravidez surgiu a amiga se tornava irredutível.

    Quando Sakura punha algo na cabeça ia até o fim.

    Foi assim com a medicina

    Foi assim com Sasuke

    Seria assim com um possível filho no fim das contas...

    Evitava falar sobre isso pois sabia que a chateava, então mudavam de assunto, pois era bom estar com ela.

    Mas quando chegava à noite e ela se via sozinha na cama, a dor voltava, pungente, fechava os olhos pedindo para que fosse embora junto com o homem que a abandonou.

    Ele era frio e distante, muito parecido com seu marido.

    Até mesmo na aparência.

    Quando ele, Sasuke Uchiha, o ex vingador, o homem que mal a olhava e sequer lhe diria a palavra mesmo estando hospedada em sua casa lhe apontou uma saída, foi como se o céu se abrisse após uma longa e tortuosa tempestade.

    E ela viu uma esperança, uma chance de sair do buraco a qual foi empurrada, não era mulher de ficar se lamentando, provaria para o mundo que quem perdeu foi ele!

    E se dedicou. Daria orgulho ao pai aonde quer que estivesse.

    Shikamaru foi o que mais a apoiou, disse que estava esperando a hora que ela acordaria para aquilo e foi quem prontamente teve a iniciativa de falar com o Hokage.

    Um fio de felicidade brotava em seu interior novamente.

    Sasuke era o responsável por auxilia-la na entrada para a Anbu e Ibiki tirava seu sangue no setor da inteligência, ficava exausta, moída, mas satisfeita! Finalmente estava fazendo aquilo para o que nascera para fazer.

    Decidiu sair da casa da amiga, estava se reestabelecendo e não era justo continuar invadindo a privacidade do casal, pensou em lhes fazer um jantar de agradecimento mas acabou passando batido devido aos incontáveis turnos de plantão da rosada e de seu próprio treinamento estafante.

    Estava se sentindo poderosa de novo, como a muito não sentia, desde a quarta guerra, não, talvez até mais.

    Acabou por descobrir que a versão fria e distante do moreno era só para os que não o conheciam, pois nos momentos que passavam juntos, descansando após analisar mais uma pilha de pergaminhos, ele poderia ser até muito agradável.

    Quando chegou a lhe contar algumas passagens de sua viagem de redenção, ficou fascinada, chegou até a lhe dizer que gostaria de ir a um lugar como aquele algum dia, ele nada respondeu.

    Na manhã que chegou desabafando sobre a esposa, sua amiga, ela quis ajudar, lhe aconselhou a conversar com a companheira, pois era isso que gostaria que seu marido...ex marido! Tivesse feito com ela, lhe contasse o que estava errado. O consolou dizendo que tudo daria certo para eles, e daria...era Sasuke e Sakura, tudo sempre dava certo para eles no final!

    Foi como receber um balde de água fria quando o Uchiha veio lhe dizer que as reuniões de trabalho em sua casa estavam suspensas, ela não queria parar, estava evoluindo a olhos vistos, então sugeriu a sua própria casa, seu pequeno e singelo apartamento, ele ponderou e acabou aceitando, e a partir daquele dia continuaram a se encontrar por lá mesmo. Trabalhavam até tarde, comiam por lá mesmo, estava até se acostumando a voltar a cozinhar para outra pessoa além dela novamente.

    Naquela noite em especifico, se pegou a admirar o moreno, estava sobre o carpete e havia desviado os orbes azuis do pergaminho sobre a mesinha de centro por um breve momento...

    Mesmo com todas as marcas de seu passado, ainda era um homem bonito.

    Mesmo com a dor, o sofrimento...

    A frieza...

    Ele soubera muito bem trabalhar todos esses sentimentos.

    Então porque Sai não conseguiu?!

    Eles eram tão parecidos...

    E mesmo indo embora, descobriu que Sasuke ainda amava a esposa, se preocupava com ela, demonstrava mesmo que longe, tudo a seu modo, a sua maneira indolente.

    Suspirou levemente e sem querer isso chamou a atenção do Uchiha.

    Deixou os olhos caírem sobre o pergaminho rapidamente...

    E quando os levantou mais uma vez, ele a encarava profundamente

    Aquele homem era tão poderoso, muito mais que seu ex marido, era muito mais quebrado também, e mesmo assim ainda era capaz de amar.

    Sentiu algo aflorar dentro de si, um formigamento acompanhado de adrenalina

    Quando seus lábios se encontraram ela se sentiu desejada como a muito não se sentia!

    Ele a pegava com força, com vontade, como deveria ser, como um homem deveria tocar em uma mulher.

    A penetrava com intensidade, com furor então não demorou para que chegasse ao êxtase.

    O topor a fez sair de órbita, e seus sentidos só pareceram voltar quando ouviu a porta bater com força.

    Piscou os olhos repetidas vezes e se ajeitou colocando a saia no lugar.

    Olhou ao redor, os pergaminhos continuavam na mesinha e sua blusa jogada ao chão

    Passou as mãos pelos cabelos fechando os olhos

    Estava perdida!

    Naquela noite, ficou sentada no mesmo lugar, com os pergaminhos na mesinha, com uma garrafa de sakê entre as mãos.

    Era uma mulher desprezível.

    Abandonada e agora uma traidora.

    Bebia o liquido diretamente da garrafa e pensava o quão desgraçada era.

    Sakura, sua amiga...sua irmã, jamais a perdoaria!

    O gosto amargo e forte da bebia só servia para lhe mostrar a realidade, a triste e cruel realidade.

    Era patética.

    Dormiu ali mesmo no tapete, ao lado da garrafa vazia de sakê.

    No dia seguinte acordou com a maior dor de cabeça de sua vida, se apressou ou chegaria atrasada no trabalho.

    Ibiki não estava com paciência para a loira aquele dia, que cometia erros de principiantes, erros dos quais já não deveria deputar mais, ele gritava para chamar sua atenção o que somente tornava sua dor de cabeça mais pungente.

     Quando precisou se encontrar com ele novamente, decidiu que o trataria normalmente, como se nada tivesse acontecido, nem mesmo tocaria no assunto, Sasuke era um homem discreto, e casado...sabia que ele não insistiria.

    E foi assim que aconteceu, se tratavam de forma polida, como dois colegas de trabalho, e nada mais.

    Pois era isso que eram e isso que deveriam ser.

    Sakura jamais saberia do que se passou.

    Levaria aquilo para o tumulo.

    Aquilo a molestava...e não a deixava dormir.

    Porque pior do que a culpa de ter estado nos braços dele, era a de ter estado e agora...

    Querer mais

    Se sentia uma puta

    Uma imunda

    Uma víbora traiçoeira

    Se afastou da amiga pois sequer conseguia a encarar nos olhos

    Sequer conseguia dizer o nome dela

    Queria sentir novamente, tocar e ser tocada, arfar, regojizar...

    Enfiava aqueles desejos no fundo do poço de seu corpo e enfiava a cara no trabalho.

    Até ele tocar sua mão

    Até ele olhar em seus olhos

    Até suas línguas e sabores se misturarem...e estarem ali, novamente, em pecado, sobre a mesa na sede Anbu.

    Não sabia o que acontecia com ela, não sabia o que estava fazendo, não se reconhecia mais...

    Talvez ele, o gênio, tivesse as respostas

    -O que estamos fazendo Sasuke?

    -Eu não sei...

    Entendeu que talvez, para algumas perguntas não existissem respostas.

    Ou talvez elas fossem horríveis demais para serem ditas em voz alta.

    Não percebeu quando os sintomas começaram. A visão escurecer foi o primeiro, mas achou que fosse estresse, as náuseas...por Deus, mas chegou a pensar que fosse pelo que andava fazendo com o marido da amiga, que inconscientemente sentisse nojo daquilo tudo, de toda aquela situação.

    Nem se deu conta da falta das regras, afinal tomava anticoncepcionais sem pausa, elas nunca vinham!

    Até ver uma cartela de sobra dentro da nécessaire que levava na bolsa.

    Havia jogado os anticoncepcionais fora num acesso de raiva, não os tomava mais desde o dia de seu abandono.

    Sentiu o sangue gelar, precisou sentar por um instante para processar aquelas informações que vinham em sua mente.

    Céus, estaria...

    Estaria?

    Levou a mão ao ventre plano.

    Não!

    Não podia ser!

    Quando os ninjas de elite começaram a entrar na sala, disfarçou e se recompôs.

    Precisava ter certeza.

    Fez um teste de farmácia, ela mesma vivia dizendo que aqueles exames não eram eficazes, mas não tinha tempo, precisava tirar a prova.

    E lá estava!

    Jogou a caixa e o palito fora ajeitando a roupa e abrindo a porta com brusquidão.

    -Ino, se já terminou de analisar esses documentos, poderia entrega-los ao Sasuke-sama por favor?!

    O ninja ergueu uma sobrancelha, ela estava ouvindo?

    -Ino!

    -Sim?

    Os azuis caíram sobre o homem fardado

    -Poderia entregar esses documentos ao Sasuke...

    Se pôs de pé pegando a pasta e logo se encaminhando até a sala do líder da raiz.

    O que diria? Simplesmente que estava grávida? Que teriam um filho juntos?

    Parou antes de bater na porta, fechou os olhos e respirou fundo.

    O toque foi tão sutil que ela teve certeza que ele não ouviria, ela quis com todas as forças que ele não ouvisse

    Mas era Sasuke, devia saber que ela estava atrás da porta muito antes de pensar em erguer o braço.

    -Trouxe esses documentos

    Disse por fim

    Então o encarou. Ele mirou os olhos desiguais em sua figura e por alguns instantes sentiu como se um peso saísse de suas costas, porque era Sasuke ali...o que teve a família massacrada, que precisou matar o irmão, talvez aquele filho fosse uma esperança para ele, fosse algo bom de alguma forma, par ambos, que não tinham ninguém...

    Num impulso, em um puro e simples ato de carinho, antes que ele puxasse a pasta de seus dedos, se inclinou e o beijou.

    Um beijo profundo, cheio de algo que agora ambos dividiam

    E foi aí que a porta foi aberta.

    Foi tudo muito rápido aos seus olhos, se lembrava dos gritos, do choro da melhor amiga, do enorme homem voando para a parede, e do punho vindo em sua direção, então tudo que pode fazer foi clamar

    Por ela

    E por seu filho

    -NÃO! EU ESTOU GRAVIDA!

    E desde então, desde que disse essas palavras pela primeira vez, sua vida tem sido um mar de revolta e lágrimas.

    Ouviu o som da sineta da porta de vidro e se virou sorrindo forçadamente

    -Seja bem vindo.

    Era Shikamaru

    -Ah, é você Shika...

    Seu sorriso morreu.

    -Vim ver como você está, vocês na verdade...

    E levou a mão ao ventre saliente da amiga

    -Do mesmo jeito, como pode perceber.

    Respondeu levemente amarga voltando para seu posto atrás do balcão.

    -E Temari?

    Shikamru se aproximou com seu ar entediado de sempre e respirou fundo

    -Foi passar uns tempos em Suna.

    -O que aconteceu?

    Ino se sobressaltou, apesar das constantes desavenças entre os dois, sabia que se amavam mais que tudo, mesmo sendo severa as vezes, a loira da areia vivia dizendo aos quatro ventos que jamais deixaria seu preguiçoso escapar.

    -Tudo isso foi demais pra ela.

    A Yamanaka sentiu a garganta embargar

    -Não queria atrapalhar seu casamento.

    -Você não atrapalhou nada, ela não quer entender que você...Ele suspirou-Precisa de mim, de alguma forma. Todos estão zangados, ela também está, não aceita o que você fez, não aceita que eu seja seu amigo, sei que o que você fez foi errado mas você está grávida, não pode ficar sozinha.

    -Shika...

    Ino deixava as lágrimas rolarem soltas, o amigo se aproximou e passou a mão pelo rosto vermelho levemente

    -Não se preocupe, ela vai voltar, nem que eu precise ir atrás dela...rastejando provavelmente

    Ele torceu o cenho ao dizer a última palavra o que fez a loira soltar uma leve risada em meio as lágrimas.

    -E o Uchiha?

    Ino fungou tentando conter a emoção e passou os dedos sobre os olhos.

    -Está na academia, dando aulas.

    -Vocês não decidiram nada?

    -Decidir o que? Ele está na casa dele e eu na minha, não é como se fossemos viver uma grande história de amor.

    Ino se calou, Shikamaru a acompanhou no silencio.

    -Se arrepende?

    Ino mirou o amigo

    -O que você acha? Acha que eu queria estar aqui? Numa floricultura, gravida aos vinte anos do marido da minha melhor amiga?

    As palavras saíram mais ferinas do que pretendia

    -Ex- marido  

    Ele a corrigiu

    A loira bufou irritada, por fim mordeu o lábio inferior, só fazia esse gesto quando evitava dizer alguma coisa.

    -Vocês sabem dela?

    Shikamaru caminhou até detrás do balcão e se apoiou no mesmo.

    -Não, depois que ela foi embora com Tsunade peregrinaram por um tempo, depois a própria Tsunade mandou uma carta dizendo que Sakura zarpou para além das fronteiras dos países ninjas, desde então não temos mais notícias.

    -Eu sou um monstro!

    Ino passou a mão pelos cabelos os atrapalhando do tão famigerado rabo de cavalo

    -Ei, calma, o que você fez foi horrível, mas não pode ser martirizar tanto, está se acabando, pense na sua gravidez.

    Detestava estar grávida

    Detestava tudo que envolvia aquela gravidez

    Detestava seu corpo deformado

    Detestava sua vida

    Limpou o rosto levemente e continuou

    -Tem notícias do Chouji?

    -Está numa missão na Nuvem...outra vez.

    Shikamaru suspirou entediado.

    -Ele também vai me odiar quando voltar, já posso até imaginar a expressão no rosto dele....

    Os olhos azuis voltavam a ter o brilho das lágrimas

    -Choji não é assim Ino, você sabe do coração mole que ele tem.

    -Mas...

    Tentou continuar

    -Ei, deixe que os outros a crucifiquem está bem?! Pare de fazer isso com você mesma!

    Shikamaru era um bom amigo, no início, o pior foi o seu silencio, o olhar de decepção que lhe lançava, mas depois, quando a gravidez foi confirmada por Shizune e ela perdeu seu trabalho, ele se mostrou mais presente, não deixando a depressão a atingir.

    Fazia exatamente como fez com Kurenai, sendo um apoio.

    -Descobriram o sexo?

    -Não me importo com isso.

    O som de desaprovação que o Nara fez foi mais alto que o natural

    -Você repudiar essa gravidez não vai fazer com que sua barriga desapareça, o que está aí dentro-apontou para a barriga saliente- Vai precisar de você, então seja forte, a criança não tem culpa das condições em que foi gerada!

    Então lhe deu um beijo rude na testa e saiu, sem dizer mais nenhuma palavra.

    E ela ficou ali, sozinha como tem sido, se martirizando e pensando nas palavras do amigo

    Seu único amigo.

    Ele surgiu à tardinha, no fim do expediente. Não era todo dia que aparecia, mas se fazia presente de alguma forma.

    -Como você está?

    Ino encarou o rosto do Uchiha e apenas suspirou.

    -Bem.

    -Fez o exame?

    Sasuke a olhava com o único olho negro de maneira inquisidora

    -Não...

    Diferente de Shikamaru ele não suspirou.

    -Vou marcar outra data.

    -Sasuke...

    -Você precisa fazer os exames Ino, precisa acompanhar a gestação, saber se está tudo bem, senão do que adianta...

    -Do que adiantou tudo não é? Do que adianta ter tido um caso, seu divórcio... Do que adianta estarmos aqui, agora, sem nada?

    Sua voz saiu alta e estridente.

    As lágrimas começaram a verter mais uma vez do olhar azul da Yamanaka

    -Do que adianta termos um filho se não é pra cuidar bem dele?!

    Ino levou as mãos ao rosto para conter a emoção

    -Eu não quero um filho, eu não quero nada...

    A voz saiu abafada e anasalada devido a pressão que as mãos faziam na face banhada em lágrimas.

    Estavam na frente da floricultura, Ino terminava de fechar a loja quando o moreno chegou, apesar da quantidade menor de pessoas que passavam ali, os que transitavam puderam ver quando o Uchiha se aproximou e abraçou seu volumoso corpo.

    -Vai ficar tudo bem

    Era isso que ele sempre dizia.

    Mas não ia ficar, nunca esteve e nunca ficaria!

    O mirou com a face vermelha e o tom desesperado

    -E se eu não souber cuidar dele? E se eu for uma péssima mãe? Eu sou péssima em tudo que faço! E se ele me abandonar também? E se eu estragar tudo...

    O olhar que ela lhe lançava era de angústia, de puro desespero.

    Sasuke a abraçou, dessa vez de maneira forte, intensa, tentando passar-lhe alguma coisa

    Coisa essa que ela não sentia, pois sua agonia era cega.

    -Eu não vou te abandonar, vou estar com você.

    -Não, eu não quero...

    Ela se debateu, tentando sair de seu agarre

    Então sentiu a pressão aumentar e mirou os olhos do moreno, ele a olhava intensamente

    -Ino! Sasuke a sacudiu levemente. –Vamos cuidar do nosso filho, juntos.

    -Você também vai embora, eu sei que vai, vai atrás dela, aonde quer que ela tenha ido, eu sei que vai!

    Então, apertando seus braços e a olhando nos olhos, confirmou

    -Eu não vou a lugar nenhum.

    continua...


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