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“Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia. ”
William Shakespeare
Quando abriu seus olhos não soube reconhecer aonde estava, sentia leves vertigens e uma fina dor na cabeça. Tentou se mexer mas percebeu estar presa, grossas correntes controladoras de chakra seguravam seus membros suprimindo sua força a zero. Tudo que conseguia ver era o teto branco, nem para as laterais conseguia se mover, tentaria identificar aonde estava mas não tinha muitos recursos, nenhum som era ouvido, nada!
A última coisa da qual se lembrava era de estar grávida, sim...grávida, mesmo aquilo sendo impossível, ela tinha uma vida sendo gerada dentro de si. E o pai...bem, pelo que se lembrava foi a última pessoa que viu antes de acordar nesse lugar.
Mas então vinha o questionamento, Sasuke seria mesmo o pai?!
Kami...como foi se meter nisso!
Tinha 17 anos, mal cuidava dela, como cuidaria de uma criança?
Acabava de descobrir estar grávida e já estava naquela situação.
Sentiu seu peito apertar e os olhos marejarem.
Pode ouvir passos se aproximando, ficou apreensiva, precisava arrumar uma forma de sair dali, precisava falar com Tsunade, entender tudo aquilo.
-Então é verdade?
Sakura ouviu a voz de uma mulher.
-Não acredito que ele fez isso!!!!
-Ei...me ajude...
Sua voz saiu baixa, estava meio grogue.
Ficou com medo de terem injetado alguma coisa em seu organismo.
Fechou os olhos e respirou fundo, estava enjoada.
Tentou se concentrar e controlar seu chakra, talvez se acumulasse o pouco que tinha em um dos pulsos conseguiria arrebentar umas das correntes. Assim o fez, mas no instante em que liberou o chakra uma enorme descarga elétrica foi jogada de volta em seu corpo.
Gritou de dor.
Sentiu que ia desmaiar
Ao fundo pode ouvir vozes alteradas, quis entender o que falavam mas foi em vão, tudo ficou escuro novamente.
Assim que a ruiva ouviu a piada de Suigetsu no café da manhã dizendo que o cardápio de Sasuke agora contava com cerejas de Konoha ela não entendeu de imediato, mas quando Juugo perguntou o que o Uchiha faria com a garota e o mesmo ficou em silencio ela compreendeu. Procurou em cada quarto do esconderijo, mas foi em uma das antigas salas de experiências de Orochimaru que ela a encontrou, deitava em uma maca com os pulsos e os tornozelos presos por correntes de contenção de chakra.
Ficou cega! O que ele Uchiha maldito achava que estava fazendo?!
Aquilo já era demais, uma coisa era ele sair e comer quantas menininhas quisesse, outra muito diferente era trazer uma delas pra dentro do esconderijo junto da equipe, uma ninja e não era uma ninja qualquer, sua antiga companheira de time!
Assim que pisou na sala onde eles costumavam se encontrar para reuniões foi tirar satisfações com o moreno, mas no instante seguinte puderam sentir um pico de energia.
-É, parece que a princesa acordou. Disse o Hozuki.
-NÃO ACREDITO QUE FEZ ISSO SASUKE, COMO PODE TRAZER ESSA GAROTA PRA CÁ???
Sasuke se levantou e passou por ela como se não estivesse ali, os dois o acompanharam.
Karin gritava. O que era o seu normal, mas naquele dia o Uchiha não estava no clima para o temperamento da ruiva.
-Ela é forte, mesmo com as correntes e dentro do esconderijo ainda conseguiu juntar algum chakra , e olha só...
Suigetsu se aproximou da maca e levantou a mão da rosada que estava desacordada mostrando aos dois que ela conseguira trintar a corrente.
-Hum...
Foi tudo que o moreno respondeu.
-Mesmo uma kunoichi grávida tem variações no chakra, mas essa aqui deve ter um controle perfeito.
-Grávida.... a ruiva arregalou os olhos por de trás dos óculos.
-Não sabia Karinzinha? Parece que nosso Sasuke vai ser papai... Suigetsu disse e começou a gargalhar mostrando sua repugnante arcada dentária.
-Suigetsu! Sasuke o repreendeu fazendo o mesmo conter o riso.
O Uchiha se virou e saiu da sala mas foi prontamente seguido pelo ruiva.
-É verdade? Ela está grávida?
Ele parou mas não se virou.
-Sim.
A ruiva sentiu seu peito se contrair. Nunca antes sentiu uma dor tão profunda, talvez quando ficou órfã na infância.
Limpou o canto dos olhos.
-Se ela ficar Sasuke, eu vou embora.
Ela não fez escândalos, falou com a voz baixa e firme.
-Esteja livre pra fazer o que quiser. Respondeu e continuou seu caminho.
Apertou os lábios e fechou os olhos sentindo as lágrimas descendo novamente.
Abriu os olhos, ainda sentia as vertigens, reconheceu o teto branco, suspirou.
-Por favor, não tente aquilo novamente.
Sakura ouviu uma voz grave mas extremamente tranquila.
A figura grande e esguia se aproximou dela.
-Todo este complexo é capaz de captar qualquer elevação de chakra e essas correntes foram projetadas pelo próprio Orochimaru para conter suas cobaias, não há formas de escapar.
Juugo falava de forma branda e pausada.
-Se prometer não fazer nada retiro as correntes de seus braços e te deixo se sentar um pouco.
-Tu-tudo bem, eu prometo. Sua voz ainda saia baixa e falhada.
Ele se inclinou sobre ela e lhe soltou os pulsos, era um homem enorme, gigantesco, se lembrava dele, era um dos membros da nova equipe de Sasuke.
-Pronto, precisa de ajuda pra se levantar?
A rosada maneou a cabeça e após se apoiar nos antebraços conseguiu se sentar, pode finalmente olhar ao redor, era uma sala extremamente branca com alguns aparelhos médicos no canto, alguns fracos num armário de vidro e vários tubos de ensaio e outros instrumentos do outro lado e várias bancadas espalhadas, sentiu seu sangue gelar, notou também uma porta na lateral, supôs ser um banheiro.
-Não sinto falta dessas coisas. Viu o ruivo deixar as correntes sobre o chão e olhar para ela com um breve sorriso. –Meu nome é...
-Sei quem você é. Disse a rosada o interrompendo. –E pelo visto estamos em um dos esconderijos do Orochimaru. Ela esfregava os pulsos doloridos.
-Você é bem observadora. Ele ainda sorria.
-Onde ele está?
-Onde está quem?
-O líder do seu time, porque ele mesmo não vem aqui falar comigo?!
-Sasuke –sama me pediu para vir ver se está tudo bem com você e lhe trazer isso.
O ruivo foi até uma bancada na lateral e de lá trouxe uma bandeja com comida, Sakura estava tão concentrada em identificar onde estava que nem havia reparado nela.
-Por favor, peço que coma tudo devido ao seu estado.
Então ele sabia.
Sakura teve ganas de levar a mão ao ventre, até agora não conseguia assimilar que estava realmente grávida.
Como Sasuke pode saber tão rápido se ela mesmo só descobriu a poucas horas?!
E se ele era o pai, porque a tratava assim?
Precisava ser forte, não podia demonstrar fraqueza.
Deu um tapa na bandeja jogando toda a comida no chão.
-Diga ao Sasuke que quero vê-lo! Eu não vou comer nada até ele ter a coragem de vir até aqui!
Juugo suspirou, abaixou-se e recolheu o prato, os hashis e a bandeja.
-Vou transferir seu recado pra ele.
E se retirou.
Olhou para a comida no chão e se sentiu nauseada.
Levou a mão aos lábios e respirou fundo.
Pensou em Konoha, com certeza estava a muitos quilômetros longe de casa, será que já se deram conta de sua ausência?
E se sim, será que já sabiam do seu estado?
Fechou os olhos, não iria chorar.
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CONTINUA...