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    Capítulo 6

    E se eu não existisse?

    Hentai, Nudez

    Sentia a maciez dos lençóis ainda sobre sua pele, aquilo o acalentou e fazia com que a preguiça falasse mais alto.

    Remexeu-se e esticou o braço buscando pela companheira mas não sentiu nada ali.

    Por fim abriu os olhos.

    Reconhecia aquele ambiente, esperou a vista entrar em foco e se ergueu ao constatar que não estava mais na casa que dividia com a rosada.

    Aquele quarto...era seu quarto na antiga casa de sua família.

    Mas o que estava fazendo ali mais uma vez?

    Rapidamente seu sangue gelou...haviam pessoas ali, podia sentir.

    Foi até a janela e afastou a cortina, os ônix se arregalaram ao ver a quantidade de pessoas andando pelo local.

    Se virou novamente para o aposento com o coração disparado.

    O que era aquilo afinal?

    Será que...era possível?

    Olhou para a porta

    Balançou a cabeça

    Não! Eles estavam mortos, todos eles...

    Mesmo assim caminhou até ela

    Suas mãos suavam ao tocar na maçaneta

    Quando a girou não teve coragem de olhar para fora de imediato

    Mas então o fez.

    Não viu ninguém.

    Engoliu em seco.

    Começou a dar os primeiros passos pelo corredor.

    Tudo ali estava quase igual a sua infância

    Pode ouvir sons vindos da cozinha

    Seus passos eram firmes mas lentos

    Sim, havia gente ali

    Então quando chegou ao aposento seus olhos umedeceram na hora

    Sua mãe estava de pé sobre a pia da cozinha terminando de preparar o chá enquanto seu pai estava sentado sobre a mesa posta passando os olhos pelo jornal.

    Exatamente como faziam quando era criança.

    Fechou os olhos, aquilo não era real, não podia ser.

    -Sasuke querido, venha, o chá está pronto.

    Era a voz de sua mãe, tão doce e delicada quanto se lembrava.

    Não podia se mover, não conseguia sair do lugar

    Aquilo não era possível, sua família estava morta, todos eles!

    -Sasuke, está tudo bem com você?

    Mais uma vez a voz preocupada da matriarca chegou a seus ouvidos

    Quando estava prestes a se virar e sair dali sentiu alguém esbarrar em si

    Então abriu os olhos

    -O que foi?

    A lágrima que ele prendia verteu pelo rosto do Uchiha mais novo

    Itachi estava ali, bem ali, parado a centímetros dele.

    -Sasuke, está assustando sua mãe!

    Foi a voz firme e grave de seu pai que ecoou pelo ambiente

    Itachi o encarava

    -O que foi irmãozinho, o que você tem?

    Sasuke não conseguia expressar em palavras toda aquela situação.

    Então Itachi sorriu, passou o braço pelos ombros do irmão mais novo e adentrou com o mesmo pela cozinha.

    -Vamos, pare de preocupar a mamãe, isso deve ser fome!

    Ele apenas se deixou ser guiado pelo toque de seu irmão mais velho, olhou para o ombro para ter certeza que era a mão de Itachi ali.

    O mais velho o soltou logo se sentando em uma cadeira.

    Fugaku que observava a cena voltou a olhar para o jornal e sua mãe lhe sorriu

    -Sente-se que eu vou te servir

    Ele fez tudo lentamente

    -Vai sair em missão?

    Seu pai falava direcionado a Itachi.

    -Sim, não sabemos quando vamos retornar.

    -Tenha cuidado e dê o seu melhor!

    Mikoto completou ao filho mais velho.

    Comiam praticamente em silencio, Sasuke sequer tocou em alguma coisa, apenas observava a todos e embebia daquele ambiente familiar

    Aquele ambiente que lhe fora roubado ainda criança.

    -Vai para a polícia comigo hoje Sasuke?

    O moreno estava aéreo

    O patriarca lhe direcionou o olhar

    Então sentiu os dedos da mãe em seu rosto

    Quase fechou os olhos com o ato

    -Kami, você está gelado!

    -Eu....estou bem.

    -Talvez não deva sair hoje.

    -Se ele diz que está bem, então está bem.  Fugaku foi incisivo

    Olhou para o pai

    -Vai me acompanhar hoje?

    -Sim

    Disse por fim.

    -Ótimo, termine de se aprontar, já estamos de saída.

    Aquela situação, era demais pra ele...

    Itachi se levantou e deu um beijo no roso da mãe, se despediu do patriarca, Sasuke ergueu o olhar quando os dedos tocaram sua testa.

    -Até outra hora irmãozinho.

    Sem ao menos notar levou a mão aonde o irmão havia tocado.

    -Te espero na sala.

    -Bom trabalho hoje querido.

    A voz doce de Mikoto se direcionou ao marido e então ela olhou para o filho inda sentado a mesa.

    -Não vai acompanhar seu pai?

    Então Sasuke se levantou e olhou para a mãe, se aproximou dela e aspirou o aroma dos fios negros pingados de branco em algumas partes.

    Beijou o rosto da matriarca e admirou o sorriso da mesma, queria e lembrar e cada detalhe dela, então recebeu uma leve reprimenda o lembrando que seu pai o aguardava.

    Antes de ter com o mais o velho passou pelo quarto mais uma vez trocando de roupa, as peças dispostas eram muito mais formais do que costumava usar, e com seus dois braços ali, intactos, a tarefa de se vestir foi muito mais rápida.

    Logo já estava na sala onde o patriarca se encontrava.

    O ar imponente do líder do clã era inquestionável, mesmo com alguns fios brancos lhe tingindo as melenas, Fugaku era um homem de presença.

    Sasuke teve orgulho dele naquele momento.

    Tudo poderia ter sido tão diferente...

    Quando se pôs ao lado do pai este apenas o encarou com a lateral dos olhos e passou pela porta, Sasuke foi junto, logo se surpreendeu ao ver a quantidade de pessoas circulando pelas ruas do bairro.

    Algumas ele até chegou a reconhecer...outras eram novas, haviam até mesmo crianças, muitas delas!

    Por onde passavam eram cumprimentados, tanto seu pai quanto ele próprio.

    Ainda se lembrava dos rostos se virando quando passava, não algo como aquilo...não vendo Uchihas o saudando.

    Pode ver o símbolo do enorme posto policial, quando entraram os presentes que já estavam trabalhando pararam seus afazeres e se ergueram prestando continência a medida que caminhavam.

    Sentiu o clima de rigor e disciplina do lugar.

    Assim que chegaram a uma grande sala branca com moveis em madeira escura, Fugaku se sentou atrás da poltrona na mesa maior e relaxou por alguns instantes.

    Sasuke ficou de pé, na porta.

    -Olá Sasuke.

    Quando se virou para ver quem o cumprimentava o moreno quase não conteve a surpresa

    -Shisui...

    O outro ergueu a sobrancelha

    -O que foi? Parece que viu um fantasma.

    E então o outro adentro no recinto

    -Com licença Fugaku-sama, os relatórios que me pediu.

    -Ah, que bom, feche a porta.

    O mais velho se ajeitou na cadeira pegando os papeis que lhe eram erguidos.

    -E Itachi?

    -Saiu em missão.

    Sasuke viu Shisui sorri e soltar o ar pelo nariz

    -Ele realmente gosta dessa vila.

    -Sim, com todo talento e nível que está já poderia ser Hokage, mas deixaram o cargo nas mãos do filho Canino Branco.

    Sasuke percebeu que falavam de Kakashi

    -Itachi nem mesmo quis entrar na disputa.

    Completou Shisui

    Fugaku ergueu o olhar para o outro

    -Itachi é pacífico demais, ele é bom para a vila mas talvez a politicagem o engolisse.

    Sasuke sentiu um aperto no peito ao ouvir aquelas palavras.

    Eles jamais saberiam do que seu irmão era capaz...

    Do quão grandioso ele era

    E terrível ao mesmo tempo.

    -Ainda haverá o Uchiha que se tornará Hokage.

    Shisui continuou

    -Talvez esteja pra nascer aquele do nosso clã que ocupará esse cargo.

    O mais velho completou passando os olhos pelos papeis novamente.

    -Ao que parece qualquer um pode se proclamar Hokage hoje em dia, veja aquele menino raposa, desde criança diz que será um.

    Sasuke se remexeu incomodado.

    -Ele nunca teve muito talento no fim das contas, o único poder vem da fera que aprisiona, deveria ter se esforçado mais ao longo da vida.

    Seu pai estava realmente falando de Naruto?!

    Olhou para um ponto distante, aquela descrição não parecia com o amigo persistente que conhecia.

    -Sasuke!

    O mais novo voltou sua atenção para o pai que já o chamava a um tempo.

    -Quero que leve esses relatórios a central, você é o melhor na distribuição do policiamento pelas ruas, precisamos de um comparativo com as zonas de maior risco.

    -Sim.

    Então pegou os papeis.

    Mas quando estava prestes a se virar se deu conta que não fazia a menor ideia de onde ficava a central.

    -Eu te acompanho, preciso ver como vai o treinamento dos recrutas.

    Se sentiu aliviado quando Shisui se pôs a sua frente.

    Caminharam e silencio. Sasuke pode ver como o lugar era grande e se dividia em seções e subseções, muito maior do que se lembrava das poucas vezes que esteve ali durante a infância.

    Assim que chegaram a central pode ver como tudo ali estava informatizado, era cumprimentado por onde passava e assim que o outro parou diante de uma sala Sasuke simplesmente a abriu.

    -Sei que gosta de ficar aqui e se concentrar, vou pedir que não o atrapalhem, logo vão trazer os dados que precisa.

    Sasuke quase verbalizou seu agradecimento, mas não foi preciso, o outro saiu antes de mesmo que fosse necessário o deixando só.

    O ambiente em si era pequeno mas então ele se encaminhou ate a cadeira por detrás da mesa e se sentou. Reconheceu sua letra em alguns papeis e ao abrir uma das gavetas uma arma ninja dada a ele por Itach quando ainda eram crianças, contatou que provavelmente aquela sala era de uso exclusivo seu.

    Passava os dedos pelo metal da shuriken quando ouviu batidas na porta.

    -Entre.

    Disse guardando a arma novamente na gaveta

    -Com licença Sasuke-sama, trouxe os arquivos com o mapeamento que foi pedido.

    -Ah, sim.

    Uma jovem de fios castanhos escuros até o queixo e jeito tímido entrou no local e deixou a pasta sobre a mesa e fez uma reverencia para logo se retirar, mas Sasuke a impediu de sair.

    -Temos um arquivo com os moradores da vila?

    A jovem se ergueu sem entender

    -Sim, sempre tivemos como medida de segurança

    -Preciso que traga pra mim.

    Seus olhos escuros se arregalaram

    -Mas, são muitas pessoas, dados assim estão digitalizados.

    Sasuke franziu o cenho

    -Se disser quem procura posso trazer os dados para o senhor

    Ele a considerou por um instante, era uma jovem baixa e franzina

    -Uzumaki Naruto.

    Ele percebeu a surpresa dela mas a mesma tentou não demonstrar

    -...e Haruno Sakura.

    -Sim, algo mais?

    -Com urgência!

    Sasuke disse por fim.

    A jovem voltou a fazer a reverencia e saiu apressada.

    Deixou seu corpo recostar na cadeira, céus...que ela estivesse bem.

    Aquela realidade era...maravilhosa.

    Nunca houve golpe

    Todos estavam vivos

    Sua família estava bem ali!

    Seus erros nunca existiriam

    Eram como uma nova chance!

    Inacreditável demais pra ser verdade.

    Mas para ser perfeito só faltava ela ao se lado.

    No final das contas aquele trabalho lhe pareceu muito fácil, apesar de levar um certo tempo, mas quando a jovem retornou com o que pedira ele já havia terminado.

    -Com licença, aqui está a informação que me pediu.

    Disse lhe estendendo uma pasta.

    Sasuke se ajeitou na cadeira e a pegou apressado, mas antes que ela pudesse se retirar foi incisivo.

    -Ninguém deve saber que lhe pedir esses dados.

    A outra apenas o encarava com os enormes olhos castanhos escuros.

    -H-hai!

    Respondeu para logo se retirar

    Abriu a pasta e começou a ler.

    As informações que tinham sobre Naruto eram inacreditáveis.

    Os arquivos diziam que era um jovem órfão que não tinha talento para jutsos mas mesmo assim foi incorporado a um time por insistência do terceiro Hokage. Não tinha grandes feitos e devia ser observado e perto devido a besta que levava.

    Baixou os papeis.

    Aquele não podia ser Naruto...

    Os recolheu novamente e engoliu em seco para ler o próximo arquivo.

    Seu choque foi maior ainda.

    Lá constava que os Haruno eram uma família de lavradores bem pequena.

    Sasuke nem sequer viu o nome dos pais de Sakura ali.

    Se levantou apressado e saiu da sala.

    Olhou ao redor e viu a jovem sentada a uma mesa próxima a porta

    -Onde estão os dados sobe Sakura Haruno?

    Foi direto.

    A garota se remexeu levemente na cadeira

    -Tudo que havia sobre a família Haruno está nos documentos que lhe entreguei senhor, conferi os dados e não tem nenhuma Sakura Haruno em Konoha.

    O moreno sentiu seu sangue gelar

    -E em outras vilas?

    Então ela se virou para o computador e começou a digitar freneticamente.

    -De acordo com o sistema de dados compartilhados pelas nações aliadas, os Haruno vivem apenas em Konoha.

    Então ela se virou para ele e disse aquelas palavras

    -Não existe nenhuma Sakura Haruno.

    Sasuke deu dois passos para trás

    -Senhor, está tudo bem?

    -Diga a meu pai que fui para casa.

    Sem esperar por uma resposta se virou e saiu daquele lugar.

    Assim que pôs os pés para fora do prédio olhou para as duas direções, uma a levava diretamente para o distrito, a outra para o interior da vila, e sem nem pensar muito ele foi para a vila.

    Não soube por quanto tempo caminhou, mas pode ver todo o desenvolvimento de Konoha e como ela estava diferente, viu as crianças saindo da academia ninja, todas felizes e contentes, viu o movimento das ruas e como todos o olhavam com respeito.

    Seu clã estava reerguido como sempre sonhou.

    Quando chegou sobre uma ponte olhou para a água límpida onde as carpas disputavam pequenos pedaços de pão que algumas pessoas jogavam.

    Olhou para seu reflexo, os cabelos negros mais curtos agora já não mais tão arrepiados, a franja curta deixando a mostra o par de olhos negros.

    Ele sabia que naquela realidade provavelmente não estaria com o Rinnegan e agora tinha a certeza.

    Afinal naquela realidade ele e Naruto não eram amigos, e, portanto, não eram rivais, por isso ele tinha os dois braços perfeitos...e também não lutaram juntos na guerra que nem chegou a acontecer pelo desenrolar dos fatos, então não haveria como ele ter o Rinnegan.

    Suspirou.

    Sentiu um vazio profundou e se martirizou por isso.

    Ele tinha tudo que sempre sonhou.

    Mas não estava feliz, porque lhe faltava algo.

    E seu peito se comprimiu ao constatar o que era.

    -Faça um pedido querida!

    Ouviu uma mãe dizer a filha pequena enquanto olhava para o lago.

    Se aproveitou daquele momento e também fez um pedido mudo.

    Pediu em silencio, somente para si mesmo...sussurro para seu interior que pudesse vê-la, nem que fosse por uma ultima vez.

    Quando chegou na casa de sua família já era noite alta, e apesar do horário sua mãe ainda estava acordada.

    -Sasuke! Isso são horas? Você nos assustou!

    Não pode deixar de sorrir para ela

    -Eu estou bem mãe.

    -Seu pai estava acordado até agora pouco, está bravo porque você sumiu do trabalho.

    -Depois eu me entendo com ele.

    Então a progenitora deu um passo e tocou no rosto do filho mais novo.

    -Sei que você já é um homem feito, mas não nos assuste assim.

    Sasuke apenas a abraçou.

    Mikoto se surpreendeu, ele não era dado a muito afeto.

    Mas sorriu e retribuiu

    -Eu te amo mamãe.

    Ela ergueu a mão e passou pelos fios não tão rebeldes

    -Eu também te amo.

    Ele continuou

    -Vou te amar de onde eu estiver.

    Ela se separou e o olhou erguendo uma sobrancelha

    -Como assim de onde estiver? Você sempre vai estar comigo, sabe porquê?

    O moreno apenas a encarava

    -Porque eu sou sua mãe.

    E então ela lhe beijou a face e Sasuke fechou os olhos para apreciar aquele toque.

    -Não demore a deitar.

    Disse se afastando do filho que seguia cada passo da matriarca com o olhar, queria se lembrar de cada detalhe dela.

    Quando chegou ao quarto deitou na cama com a roupa do corpo.

    E assim que fechou os olhos não desejou mais nada

    Apenas o que fosse o melhor

    O melhor para todos!

    CONTINUA...


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