Elihan olhou com uma mistura de decepção e ansiedade para a janela aberta dando a visão de uma noite estrelada e uma linda lua cheia. É noite, mas do que adianta se as noites estão tão deprimentes quanto os dias? pensou com um suspiro. Os dias eram imensamente tediosos para uma vampira. Quando estava em uma caçada, sendo caça ou caçadora, ao menos a adrenalina e a tensão do perigo tornavam o dia mais interessante, uma espera para a emoção que a noite prometia.
Naquele dia porem não havia nada que a emocionasse para esperar a chegada da noite, que veio sem sinais de melhora para o seu humor. Caçar humanos para conseguir alimento era uma atividade cada vez mais perigosa. Haviam os cavaleiros que faziam a ronda noturna a procura de vampiros, sem falar do toque de recolher dos cidadãos o que tornava a caça ainda mais difícil, não que a tornasse impossível, nem perigosa.
O verdadeiro e único perigo real para Elihan bem como para todos os vampiros do seu pequeno grupo eram os caçadores, homens e mulheres que sabiam realmente como rastrear e matar um vampiro, algo que consideravam uma arte. Um lado de Elihan gritava para que ela fosse imprudente e impulsiva e deixasse toda a precaução de lado. Queria saír para caçar, de que adiantava a imortalidade se não poderia aproveitá-la?
Aquela rotina a estava matando, se tédio fosse tão letal para sua raça como luz solar Elihan estaria morta a muito tempo. Ela foi ate o espelho fitar sua aparência que sabia não ser das melhores, mesmo assim agradecia todos os dias de sua pós vida por a historia de que vampiros não se refletiam em espelhos ser apenas um boato.
O espelho lhe mostrou uma moça de pele muito clara e cabelos vermelhos escuros que desciam encaracolados ate um pouco abaixo dos ombros. Vestia um longo vestido negro com um generoso decote em formato de V. Elihan passou as mãos pelos cabelos dando um sorriso tão charmoso e sensual que era impossível para alguém resistir, fosse ele mortal ou imortal.
- Sabe que não poderá sair esta noite Elihan, esta gastando seu tempo se embelezando na frente do espelho.
Mesmo com seus sentidos aguçados ela não conseguiu perceber a aproximação de Magissa. A vampira deslizou por todo o quarto como se seu corpo fosse feito de nevoa ao mesmo tempo que sua imagem surgia no espelho atrás de Elihan. Magissa era, de longe, a mais velha e sabia dentre os vampiros do grupo de Elihan, na verdade era a vampira mais velha que Elihan conhecera, e, embora nunca a tivesse visto lutando com tudo tinha certeza que era também a mais forte.
Sua pele era muito mais clara do que a de Elihan e os cabelos ondulados desciam ate sua cintura tão alvos que pareciam feitos de neve. Ela vestia uma túnica negra e trazia brincos com pequenas luas negras alem de um cordão simples com uma jóia também negra que repousava entre os seios fartos da vampira.
- Hoje a lua esta linda, esplendorosa em sua fase cheia. Noites como essa são perfeitas para caçar, entendo sua ansiedade mas precisamos ser pacientes – a voz de Magissa era doce e distante como um sonho. A vampira a abraçou por trás com intimidade roçando os lábios macios delicadamente no pescoço de Elihana ate beijá-lo – já não é uma vampira de cinqüenta anos, pode controlar muito bem seus instintos.
Não importava quanto tempo passasse, para Elihana a companheira sempre a fazia tremer de desejo só com o mais singelo toque. Magissa era como uma deusa, as décadas iam e vinham. Elihana vira cidades crescerem, pessoas se corromperem, valores mudarem. Acompanhara com dor a morte de vários de seus companheiros no mesmo ritmo que outros se uniam ao grupo. Em todo esse tempo apenas uma coisa parecia não mudar, Magissa. Ela permanecia estática, inalterável, imponente. Era como uma antiga deusa da noite.
- Estou entediada apenas isso – respondeu brevemente sentido-se mais confortável entre os braços da vampira. Os olhos azuis de Magissa a fitavam tão misteriosos como esfinges, ela apertou um pouco mais o abraço, não muito, algo perceptível apenas pelo tato sobre-humano de Elihana.
- Podemos nos divertir de outra forma que não seja caçando – sorriu a vampira de cabelos brancos – você esta linda hoje e seria um crime desperdiçamos essa noite de lua cheia sem fazermos nada de especial.
Elihana relaxou o corpo dando permissão para que a vampira mais velha a tocasse como desejasse. Magissa não era sua parceira sexual. Se amou realmente alguém Elihana jamais soube. Sempre fora uma líder, mais que isso, uma deusa. Como uma deusa não se relacionava de forma seria com ninguém. Magissa tinha algumas parceiras, as vezes dormia com uma mesma vampira por muito tempo mas jamais se entregava a ela, jamais contava seus segredos seus temores nem dividia seus sonhos, era distante e entendia perfeitamente se suas parceiras desejassem manter essa distancia.
Elihana já havia dormido com ela algumas vezes no decorrer de seus trezentos e quarenta anos de existência. A primeira vez que isso ocorrera fora quando completara seu primeiro século de vida. Magissa fora ao seu quarto naquela noite, e como quem cumpre um ritual de passagem a possuira. Elihana nunca havia se sentido tão inexperiente e pequena quanto naquela noite, nunca também suas transas foram as mesmas. A noite de amor que tivera fora mais que perfeita.
Elihana sentiu as mãos de Magissa sobre seu corpo, massageando seus seios e sua vagina por cima do tecido da roupa. Gemeu baixo sentindo os lábios dela voltarem a tocar o seu pescoço acariciando-lhe com beijos gentis, subindo lentamente ate o ápice do prazer quando as duas se beijaram, as línguas se entrelaçaram, enrolando-se uma na outra como duas serpentes. As duas permaneceram paradas por longos minutos apenas desfrutando aquele beijo, para Elihana o tempo parou. Quando terminaram o beijo Magissa começou a despi-la devagar acariciando cada centímetro de seu corpo, a mão esquerda massageou o seio direito enquanto a outra tocou sua vagina penetrando dois dedos e masturbando-a devagar.
Elihana se deixou levar por aquela sensação de êxtase e prazer, fazer sexo com Magissa era para ela tão bom quanto se alimentar de sangue fresco. Havia uma diferença gigantesca entre uma experiência sexual como humana e como vampira. Os vampiros tinham sentidos muito mais apurados, sentiam cada toque e cada carinho com muito mais intensidade. Magissa dominava o prazer com maestria tocando nos locais certos, com a pressão certa e a duração exata para fazer qualquer uma arfar de prazer. Ela beijou Elihana mais uma vez nos lábios mantendo o ritmo gostoso da masturbação e sussurrou em seu ouvido com sua voz de algodão.
- Você esta molhada.
Não havia nem sequer percebido, mas havia chegado mesmo ao orgasmo. Magissa retirou os dedos úmidos de sua vagina e levou-os a própria boca chupando o liquido de forma sensual. Com a mesma delicadeza e silencio de sempre ela se afastou, andou calmamente ate a cama e se sentando sobre ela com as pernas estiradas. Era uma pose bastante erótica, a túnica negra estava levemente levantada revelando um pouco das coxas da vampira, mas apenas um pouco, nada que parecesse vulgar demais. O seu dedo indicador estava entre os lábios, mordendo-o levemente. Ela olhava para Elihana daquela forma calma e provocante como uma sereia que espera pacientemente sua presa.
- Sente-se ao meu lado Eli – disse deslizando a palma da mão sobre o colchão macio.
Elihana se aproximou desfilando nua pelo quarto, rebolando o quadril e fazendo seus cabelos esvoaçarem sutilmente. Sentou-se ao lado de Magissa sendo recebida com um beijo nos lábios. Acariciou os seios da vampira por cima do tecido. Os mamilos estavam duros e ela se felicitou com isso, afastou as alças da túnica revelando os seios e a barriga da vampira, eram brancos com grandes mamilos rosados no centro. Fechando os olhos ela os beijou chupando-os devagar.
Magissa não emitiu nenhum som apenas respirou um pouco mais acelerado. Suas mãos acariciaram as costas e os cabelos de Elihana. Ela por sua vez chupava devagar um dos seios enquanto massageava o outro, alternando entre os dois.
- Bom – disse ela com distraindo-se enquanto enrolava uma das mechas do cabelo de Elihana entre os dedos – continue com um pouco mais de força.
Ela continuou, chupando e dando leves mordidas nos seios de Magissa. Enquanto isso despiu-a da túnica negra deixando-a apenas com os brincos e o colar negro. Levou dois dedos a vagina dela penetrando devagar. Magissa soltou um suspiro baixo gemendo. Sua respiração ficou ainda mais acelerada. Elihana não teve como evitar sorrir, aqueles gemidos eram como musica para seus ouvidos.
Magissa segurou seus ombros devagar afastando-a. Ela não entendeu o porque daquela reação achava que a estava agradando. Quando a vampira mais velha tocou na lateral do seu pescoço afastando os cabelos ela entendeu tudo.
De forma submissa inclinou o pescoço para o lado, os olhos fechados e os lábios semi-abertos. Sabia o que Magissa queria, não havia nada mais prazeroso para um vampiro do que se alimentar durante a relação sexual. Magissa queria beber seu sangue e Elihana desejava aquilo tanto quanto ela.
- Beba – disse com uma voz sensual – é todo seu.
Magissa esboçou um leve sorriso, o que veio a seguir foi completamente diferente. O rosto delicado assumiu um ar selagem quando as duas presas da vampira surgiram em sua boca, seus olhos que eram como dois cristais de gelo pareciam ferver. Sem cerimônia ela mordeu Elihana com força. A dor fez a vampira mais jovem quase gritar, mas depois da dor veio o prazer. A pele do pescoço ficou dormente e uma sensação de êxtase percorria todo o seu corpo. Era como ter orgasmos múltiplos, mas era muito melhor.
Elihana gemia enquanto seu sangue era sugado com mais e mais força. A cada minuto os gemidos iam se tornando mais baixos e ela se sentia mais fraca, seu corpo ia ficando mais mole enquanto sua força era drenada juntamente com cada gota de sangue de seu corpo.
Havia alem da atração entre as duas uma relação maternal e de submissão. Elihana não tinha coragem nem de pedir para que a parceira parasse, mesmo que estivesse quase sem forças. Estava quase desmaiando e sentia que iria morrer, entendendo-se a ironia contida nessas palavras, mas confiava em Magissa. Ela era uma vampira inteligente e controlada, sabia a hora certa de parar. Amparada por essa confiança ela relaxou deixando que a outra se alimentasse dela a seu bel prazer.
Foi com um gemido de alivio e decepção que ela sentiu os lábios de Magissa se afastarem de seu pescoço. Se tivesse perdido mais uma gota de sangue teria desmaiado ali mesmo.
- Como se sente? – perguntou com uma voz maternal lambendo uma pequena quantidade de sangue que se derramara em seu pescoço – muito fraca?
- Sonolenta apenas, estou bem – sorriu, era uma mentira claro, se sentia esgotada e sabia que Magissa percebia isso, ela parecia sempre saber o que se passava em sua cabeça.
Magissa se levantou devagar deitando a cabeça da companheira em um travesseiro. Vestiu sua veste negra e balançou a cabeça fazendo seus cabelos de neve ondularem brevemente.
- Vou sair para pegar um lanche para você, essa noite esta mesmo boa para caçar – disse de costas para ela fitando a lua. Apesar de não ver seu rosto Elihana sabia que devia ter aquele discreto tom de melancolia nele, misturado com o sorriso pela expectativa de uma boa caçada.
- Não... estou mesmo bem. É perigoso sair esta noite.
Magissa virou o rosto para ela com um sorriso de descaso.
- Para mim nada nessa cidade é perigoso Eli, então... alguma preferência para o cardápio?
Elihana se espreguiçou na cama, sabia que estava sendo mimada com refeição na cama, mas não resistiu ao mimo. Pensou um pouco no que seria perfeito para uma noite de lua cheia.
- Quero um virgem, ainda bem jovem entre quinze e dezoito anos, ah! Loira por favor, faz tempo que não desfruto o sangue de uma moça loira, tenho uma queda por elas.
- Você esta mesmo exigente hoje Eli. Virgem-jovem-loira. Sabe que isso vai ser difícil de encontrar. Ate para mim. Pode demorar um pouco ou talvez eu não volte com o que você queira.
- Tudo bem – sorriu com malicia – me contento com morenas também.
Magissa apenas fez um sinal positivo com a cabeça, e, se movendo como um raio sumiu em um piscar de olhos. Elihana se deitou confortavelmente na cama, estava mais a vontade com a sua nudez. Pegou um livro no criado mudo e continuou com a leitura aonde havia parado no dia anterior. Seria bom se distrair um pouco com uma leitura de lord Byron como entrada enquanto esperava o prato principal.
Desejava muito ter uma virgem loira naquela noite.