Sonic The Hedgehog: Outside N'Counter

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    12
    Capítulos:

    Capítulo 3

    Respondendo discórdia com lógica

    Violência

    Finalmente Sonic e seus amigos conseguiram resgatar Sally. Mas será que tudo vai ficar bem?

    E Silver, será mesmo que voltou ao futuro?

    Nova Mobotrópolis, no futuro.

    De uma forma adrupta, em uma biblioteca, um forte clarão é visto e se dissipa em segundos, trazendo Silver de volta a sua suposta linha temporal. O ouriço, ainda um pouco tonto, se levanta, com uma das mãos em sua cabeça.

    - Nossa... eu voltei novamente... mas será que trouxe alguma diferença?

    Caminhando ainda tonto, procura por algo, indo até uma porta. Era na verdade a porta de saída e, sem saber, a abre. Logo Silver vê um lindo jardim florido, com fontes decorando o fundo, com crianças correndo ao fundo e pessoas andando pelos bosques. O ouriço prateado, surpreso com o que via, logo disse:

    - Minha nossa... Eu... Eu consegui... definitivamente eu consegui...

    Silver mostrava um alívio revigorante em seu rosto, se ajoelhando em seguida. Logo lágrimas escorriam por seus olhos, evidenciando a alegria de finalmente ter conseguido cumprir com seu objetivo: salvar seu presente.

    - Eu lutei tanto por isso, tantas batalhas, desilusões, injustiças... Eu quero saber de tudo. Tudo que aconteceu daquele dia em diante. Eu preciso achar meu mestre.

    Mas antes que pudesse raciocinar para de fato encontrar seu mestre, Silver logo pode uma forte explosão ali proximo. O ouriço, olhando para a direção, diz:

    - Mas o que houve? Alguma coisa aconteceu!

    Observando as pessoas que corriam para se proteger, ele então ouve a conversa entre duas pessoas alí próximas:

    - Nossa... o que foi isso?

    - É mais um ataque dos insurgentes. Devem estar tentando outra vez invadir o reino do nosso soberano Mogul.

    Imediatamente eles correm para longe. Silver, pasmo pelo que acabara de ouvir, diz:

    - Meu mestre é o rei? Eu... eu devo encontrá-lo agora. Preciso mesmo falar com ele.

    Ele então levita em direção a fumaça, na esperança de saber o que está acontecendo de fato.

    Chegando lá, nota que vários guardas, isso ele supondo, por estarem uniformizados, encaram um indivíduo usando um manto. Um dos guardas, que estavam portando armas lasers em suas mãos, diz:

    - Você não passará pela gente, insurgente! Somos a guarda do reino.

    E a tal pessoa, sem esboçar rendição, investe contra cada um, numa velocidade impressionante, desarmando um a um, os nocauteando em instantes. Com o caminho livre, tornou então a caminhar pela entrada principal. Mas logo que pudesse fazer alguma coisa, Silver pousa em sua frente e, já emanando seus poderes, diz:

    - Eu não sei o que quer aqui e o que está acontecendo, mas com o pouco que sei dessa realidade eu sinto que devo evitar que prossiga.

    E uma voz metalizada é ouvida pelo indivíduo:

    - Eu o conheço, Silver, o ouriço. E você não sabe o que faz. Meu banco de dados diz que você estava no passado e agora voltou ao futuro.

    - O que? Como sabe disso?

    - Saia da frente. Não temos tempo.

    - Eu nunca farei isso! Quem é você?

    - Isso não interessa. Somente deixe-me passar, pelo bem de todos.

    - Pelo bem de todos? Do que está falando?

    - Chega de perdermos tempo. Passarei por você a força, se assim precisar.

    - Então venha! Terá de me derrotar se quiser passar!

    - Assim seja...

    O indivíduo então parte para cima de Silver, que evita o ataque levitando para o lado. Ele então volta a investir contra o ouriço, que se esquiva facilmente. E, em um ataque frontal, tenta então atingir Silver que, sem ao menos se mexer, usa de sua telecinese, paralisando seu agressor. O ouriço, visivelmente irritado, diz:

    - Como sabe sobre mim?

    - Eu sei tudo sobre você até você sumir da Death Egg 2.0.

    - Quem é você?

    Silver então retira o manto de sobre a cabeça dele e, para sua imensa surpresa, imediatamente ao ver seu rosto, diz:

    - METAL SONIC?

    Parece que muita coisa aconteceu ao longo dos anos. Silver encontra robô Sonic em seu futuro. Alguma coisa muito estranha está acontecendo...

    Voltando ao presente...

    Nova Mobotrópolis, depois da grande fuga.

    Logo após Sonic voltar ao quartel general dos Lutadores da Liberdade do Ártico para deixá-los em sua base, o ouriço, junto a Tails, Sally e T-Pup, retornavam para Nova Mobotrópolis. Sua chegada foi discreta. Ao avistar em seu radar a aproximação de uma nave cargueiro de Eggman, Nicole logo deu ordem para que retornassem. Tails então se comunicou e abriu o canal de vídeo para mostrá-la que eram de fato o time Lutadores retornando a cidade. Tails pede então a Nicole que chamasse o médico especialista Dr Quack para que fosse emergencialmente para o quartel general dos Lutadores da Liberdade. Sonic, temendo por uma recepção acalorada demais, diz para que Nicole mantivesse segredo de seu retorno. Somente os integrantes dos dois times poderiam ter conhecimento do fato que havia ocorrido: haviam trazido de volta Sally Acorn, princesa do reino de Nova Mobotrópolis.

    Sem perder tempo, a IA lince providencia o chamado e permite que entrassem com a nave por um caminho que não chamassem atenção. Rotor junto com Big vão até o encontro de seus amigos, os ajudando a remover e transportar os feridos.

    A noite seria longa, fato.

    Nova Mobotrópolis, QG dos Lutadores da Liberdade.

    Sonic, caminhado de um lado para o outro, estava angustiado, aguardando pelo retorno do médico, que cuidava de Sally. A princesa estava em uma sala especial no próprio quartel general e Vicent, também medicado, estava no próprio louvre do lugar. Rotor, Tails, Amy e Big estavam sentados a mesa, olhando o ouriço. Amy, preocupada, diz:

    - Sonic, porque não se senta e se acalma? O pior já passou.

    - Eu odeio esperar, Amy. Me deixa que tô tenso com tudo isso.

    - Mas ficar tenso só vai te deixar mais tenso.

    - Eu sei. Eu não quero ficar menos tenso, Amy.

    - Bobo. O Dr Quack é o melhor médico de Nova Mobotrópolis. Vai ficar tudo bem.

    - Eu tenho essa confiança, Amy. Mas eu quero ouvir isso dele.

    E, deles de um tempo, o pato doutor logo sai da sala, com um semblante não muito entusiasmado. Sonic, temendo pelo pior, pergunta:

    - E aí? Porque tá com essa cara? Tá tudo bem?

    - Não, Sonic. Não está nada bem.

    - Doutor, o que houve com a Sally? Ela vai ficar bem? Doutor? Doutor?

    - Ei, calma... Fica frio, Sonic.

    - Então o que houve? Diz! Fala logo!

    - Como é que eu posso fazer o meu trabalho num lugar inapropriado como esse? Vocês lutadores da liberdade precisam equipar melhor esse lugar. Construir uma enfermaria, uma sala mais arejada, melhorar esse ar-condicionado e...

    - Doutor, e a Sally? Como ele está?

    - Ah ela era muito bem. Ainda está recebendo oxigênio e por isso está dormindo, mas ele vai ficar bem.

    - Então porque o senhor disse que as coisas não estavam bem?

    - Porque vocês precisam equipar melhor esse lugar. Construir uma enfermaria, uma sala mais arejada, melhorar esse ar-condicionado e...

    - Dr Quack, isso é hora de zoeira?

    - Eu só respondi o que você perguntou. Então não estou zoando ninguém.

    Ele, voltando as atenções a Vicent, que estava dormindo, diz:

    - Então foi esse quem ajudou a Sally como vocês disseram? Bem, ele fez um bom trabalho. Poderia dizer que se Sally está bem foi porque as habilidades dele permitiram isso.

    Tails, se levantando, diz:

    - Ele disse que era um estudante de medicina. Pelo visto era verdade mesmo.

    - Sim, de fato. A oxigenação da princesa Sally está tão boa quanto de alguém saudável.

    Rotor, até então calado, aponta para Vicent e diz:

    - Doutor, e ele? Vai ficar bem?

    - Vai sim. Ele só está fraco. Não vou precisar colocá-lo em isolamento como a Sally.

    - Devemos muito a ele também. Precisamos agradecê-lo pelo que fez a Sally.

    Sonic, interrompendo Rotor, logo levanta uma polêmica:

    - Rotor, camarada... Eu acho que deveríamos agir com prudência.

    - Como assim, Sonic?

    - Esse cara pode ter ajudado a Sally, mas antes disso ele poderia ter destruído ela.

    - O que? Ele?

    - Sim.

    - Mas como, Sonic?

    - Ele pode parecer um overlander normal agora, mas lá na Death Egg ele se transformou.

    - Bem lembrado, Sonic - Disse Amy, concordando com Sonic.

    - Mas Sally ainda era um robô e o atacou. Ele não teve culpa - Disse Tails, indo até Sonic, o fitando nos olhos.

    - Eu sei, amigão. Mas não sabemos nada sobre ele. E se ele, ao acordar, ficar como naquela vez? Pode ser uma ameaça a todos aqui, até mesmo a cidade - Disse Sonic, sendo cuidadoso.

    - E o que propõe a fazer?

    - Bem, vamos fazer o seguinte... Nicole?

    - Sim, Sonic? - Diz a IA lince, se materializando na frente de todos.

    - Teria como colocar um tipo de presilhas a cama pra mantê-lo preso por enquanto?

    Todos alí presentes ficam surpresos com o que Sonic acabara de dizer, principalmente Dr Quack, que diz:

    - ESTÁ LOUCO, SONIC?

    - Não estou não. Nós não sabemos o que ele pode fazer quando acordar

    - Mas ele está dormindo. Acha mesmo que ele parece uma ameaça?

    - Ele não parecia uma ameaça até ser quase robotizado e, depois, cair no pau contra a Sally. Pior, ele mostrou uma força muito maior que a dela.

    - Sonic, seja racional. Ele é um paciente. Lá, nesse lugar que vocês estavam, ele era um prisioneiro.

    - Ei, doutor... não pense errado de mim. Só estou sendo prudente...

    Rotor, se vendo como responsável por todos alí, propõe:

    - Vamos fazer uma votação então.

    - Votação? - Disse Dr Quack, surpreso.

    - Sim. Quem é contra isso que o Sonic disse, levante a mão.

    Levantaram a mão o próprio Rotor, Nicole, Tails e Dr Quack. Rotor continuava:

    - E quem é a favor?

    - Amy e Sonic logo confirmam, o que supostamente seria vitória ao contra. Mas antes que pudessem fazer valer o que Rotor propôs, Cream entra na sala, levantando sua mão, dizendo:

    - Eu concordo com o Sonic

    Rotor se surpreendeu com a escolha da pequena, e diz:

    - Cream, como você pode votar a favor disso?

    - Lembra do que aconteceu ontem aqui? Por causa de erro meu, aquela pelúcia fofinha quase destruiu tudo aqui. Eu não gosto disso. Posso não ser grande, mas eu tento aprender com meus erros.

    Big, que estava até então calado, e não se pronunciou na primeira vez, levantou o braço, em sinal de concordância com Cream. Rotor, na dúvida, diz:

    - Big, porque levantou o braço?

    - Porque eu concordo com a Cream.

    - Mas porquê?

    - Não cometer o mesmo erro é uma coisa boa.

    - Ah... tudo bem, faz sentido... Bem, então empatamos. E agora?

    Nicole então toma a palavra:

    - Rotor, com o devido respeito, eu concordo com suas intenções, mas Sonic também não está sendo injusto.

    - Nicole...

    - Por um lado nós não devemos ter preconceitos por uma pessoa assim, mas Sonic viu o que ele... bem... se "transformou" lá e tem seus motivos. Sendo assim, tenho algo a propor.

    - E o que seria?

    - Eu ficarei o monitorando. No menor de uma suposta ameaça, eu tentarei inpedí-lo de alguma forma que não o machuque.

    - Bem, é uma boa ideia. E pelo menos é uma proteção que manterá a integridade dele a salvo.

    - Exato. No momento, pode contar comigo.

    Dr Quack então se despediu de todos. Mas antes que pudesse sair pela porta, Sonic vai até ele, o chamando até um canto.

    - Doutor, antes de mais nada quero mesmo te agradecer por tudo que fez. Mas antes de ir eu tenho um pedido.

    - Diga então. Eu preciso voltar rápido ao hospital para acompanhar Antoine.

    - Entendi. Eu gostaria que você não disse a ninguém que Sally está aqui.

    - Sonic, porque esse segredo todo? Quando Rotor me contactou eu fiquei meio receoso com tudo isso.

    - Pra protegê-la.

    - Protegê-la de quem?

    - O rei foi seguido por Eggman, lembra? Ele só conseguiu fugir graças a Antoine.

    - Eu sei. Já conheço essa história. O que tem?

    - Eu sinto que alguém daqui de Nova Mobotrópolis está envolvido nisso.

    - Mas como, Sonic? Todo mundo aqui se conhece.

    - Tem coisas estranhas acontecendo. Eu não quero perder mais ninguém.

    Dr Quack, olhando para o lado, como se estivesse incomodado com algo, volta suas atenções a Sonic, dizendo:

    - Sonic, preciso pedir desculpas a todos vocês.

    - O que? Porque?

    - Eu iria contar isso uma outra hora, até porque eu sei que vocês estão muito ocupados se preocupando em nos defender, mas preciso conversar sobre aquela carta.

    - Ah sei... Da Bunnie...

    - Sim... Me disseram que a encontrou no hospital...

    - Sim, doutor.

    Dr Quack estava falando sobre a carta que Bunnie deixou em um ramo de flores ao lado de seu leito no hospital. Para conhecimento de todos, eis o conteúdo da carta:

    "Aos meus amigos e, principalmente, ao meu mô Antoine.

    Eu num sei como devo dizê, mas eu agradeço de todo coração que eu vô tentá resolvê as coisas da melhô forma possíver. Agradeço a todo mundo que sempre teve paciência cumigo e que em breve vô tá de vorta. Eu tô indo procurá a única pessoa que podi me ajudá a consertá as coisa. Eu num sei quando vou vortá, tamém num sei se tudo vai dar certo, mas eu vô tentá até o fim.

    Ao meu marido, fica bom logo porque eu te amo muito, muito, muito. Me espera que vô vortá pra gente ficá junto dinovo.

    Brigado a todo mundo. Té logo procês. Amo ocês todo.

    Te amo, Antoine, meu docinho. Té logo, bunitinho da sua Bunnie."

    Sonic, visivelmente abatido, pergunta a Quack:

    - Doutor, nós vamos trazê-la de volta.

    - A senhorita D'Coolette é muito importante para a recuperação de Antoine. Sua companhia é essencial.

    - Eu entendo...

    Sonic logo foi até uma árvore e se sentou, parecendo ter sentido mesmo o duro golpe. Quack, entendendo os sentimentos de Sonic, se aproxima e diz:

    - Sonic, você quer conversar?

    - Sabe, doutor... eu não sei mesmo por onde começar.

    - Como assim?

    - Eu vivo correndo por aí, na pressa de resolver as coisas, tentando resolver tudo o mais rápido que posso pra não deixar ninguém chateado ou de baixo astral...

    - Eu entendo, Sonic.

    - Só que nesses últimos dias eu percebi que não basta eu ser rápido e forte. Eu percebi que o que me faz ser o que eu sou são meus amigos. São eles quem me entendem e me animam. Só que...

    - O que foi, Sonic?

    - Eu estou cansado, doutor. Durante muito tempo lutamos contra Eggman e todos os outros perigos que apareceram. De deuses a entidades destruidoras de mundos...

    - E sempre venceram.

    - Sim. Sempre vencemos. Porém eu também percebi que todos nós temos um adversário imbatível e que não tem como vencermos.

    - Eu entendo e sei qual é, Sonic. Não podemos vencer o tempo.

    Sonic, ao ouvir as últimas palavras de Quack, logo abriu um pequeno sorriso, entendendo que estava sendo meus compreendido pelo doutor. Ele continua:

    - O bom de conversar com o senhor é que sempre está um passo a frente.

    - Não esquenta. Já fui jovem como todos vocês. Continuo jovem de espírito, mas o corpo não acompanhou, hehehe.

    - Sei como é. Você tá indo bem até.

    - Sonic, só posso te dizer uma coisa: continue. Continue nessa luta. Hoje é bom que você descanse. Vocês tiveram um longo dia e tiverem uma vitória...

    - E uma derrota...

    - Não entenda assim. A senhora D'Coolette é uma pessoa forte. Ela está bem, acredite.

    - Ela é sim. Mas encontrá-la será nossa próxima missão.

    - Eu entendo. Mas por agora, descanse. Volte pra casa e durma um pouco. E dê um alô para seus pais.

    - Tudo bem. E obrigado, tá beleza?

    - Tá beleza. Até a vista, Sonic.

    - Até, e manda um abraço para o Antoine.

    - Pode deixar...

    Sonic então volta junto a seus amigos, enquanto Dr Quack retorna ao hospital. O ourico havia mesmo sentido, mas essa última conversa, mesmo que breve, o ajudou a manter o foco.

    Nova Mobotrópolis, de volta para o futuro.

    Silver estava confuso. Seria mesmo Metal Sonic, deles de tantos anos no futuro? Ele não resistiu e continuou a fazendo perguntas:

    - Como pode isso? Você foi destruído por Eggman. Aliás, foi por sua causa que Antoine, um dos amigos do Sonic, ficou em coma!

    - Existe muita coisa que você não sabe...

    - Porque você está aqui? Ou melhor: como você está aqui?

    - Estou aqui a mando de Eggman.

    - O que? De Eggman?

    - Suas ordens foram de me unir a Sonic e a seus aliados até trazê-lo de volta.

    - O doutor? E o que aconteceu com ele?

    - Doutor Eggman foi transformado em pedra.

    - Em pedra? Quando foi isso?

    - Um mês depois de você voltar para o futuro, de acordo com meu banco de dados.

    - E como ele foi transformado em pedra?

    - Banco de dados incompleto. Sem imagens, sem registos.

    - E porque está aqui? Pelo visto o mundo se tornou um lugar melhor para se viver.

    - Eu estou aqui para confrontar Mogul e retornar ao passado. Só ele detém o modulador de Lapso Temporal.

    - Você nunca porá as mãos nele, sua máquina assassina!

    - Você não entende...

    - Eu entendo sim. Você não vai mudar o passado. Lutei muito para fazer o certo e trazer um futuro digno a essa época. Não vou estar você estragar tudo!

    - Seu futuro é um erro. Eu aprendi muito durante todos esses anos...

    - Me poupe de sua conversa!

    - Uma delas foi me tornar um tipo de... herói...

    Silver, quando há estava prestes a jogar Metal Sonic contra uma parede de pedra, interrompe sua ação, dando ouvidos ao robô:

    - O que quer dizer com isso?

    - Sonic, meu eterno inimigo... nós lutamos juntos pela primeira vez, como aliados. Eu fui aceito por seus amigos como um deles... todo esse tempo eu aprendi como é ser um de vocês, de carne e osso...

    - Porque está dizendo isso? Diga!

    - Eu estive ao lado de todos quando eles... eles caíram.

    Silver estava transtornado, não acreditando no que ouvia.

    - O QUE? VOCÊ NÃO PODE ESTAR DIZENDO A VERDADE! ISSO É IMPOSSÍVEL!

    - Eu sou uma máquina. Não posso mentir... Você sabe disso.

    - Mas como... como todos foram...

    - Mortos? Sonic foi o primeiro a cair. Em seguida foram Tails, Amy, Rotor... Até mesmo Shadow foi derrotado. Aliás, ele foi a nossa última esperança. Todo o mundo foi dominado...

    - Por quem?

    - Sem imagens, sem registos.

    - Porque fatos importantes não tem registro em seu banco de dados?

    - Porque algo os apagaram. Eu passei por tudo isso e estive frente ao verdadeiro inimigo, mas não guardo dado nenhum do citado. Sinto muito.

    - Qual a probabilidade de você estar errado, com esses dados faltosos?

    - Probabilidade: 0,00000000000000000001%

    - E porque o futuro está assim, lindo e próspero?

    - Tudo o que você vê é uma fração do que o mundo se tornou.

    - O que quer dizer com isso?

    - O que você vê representa um porcento do que restou de Mobius como sociedade.

    - E o resto?

    - Destruição. O resto do pouco que vive fora de Mega Mobotrópolis foram escravizados. E todos que aqui vivem são nobres subalternos de Mogul. Resumindo: Mogul supostamente dominou o mundo depois do fim de tudo. Ou é o que querem que acreditemos. Esse dia é chamado de "Nada existe".

    Silver estava ainda mais confuso. Será tudo isso verdade ou um plano maquiavélico? Um plano de Eggman seria impossível, já que estavam muito a frente. A forma que Metal detalhou todos os eventos que tinha em seu banco de dados eram muito convincentes. E o que Silver mais tinha medo: Metal Sonic poderia ser uma máquina assassina, mas toda máquina não mentiria. A inteligência artificial de Metal Sonic não permitiria que houvesse alguma dúvida de sua fidedignidade. Foi o fato que mais assustou Silver. Ele, ainda teimando em não acreditar, solta Metal, dizendo:

    - Eu já presenciei muitas coisas estranhas nessas minhas viagens do tempo, mas essa é a primeira vez que volto a meu tempo e vejo as coisas mudarem. Eu não esperava vê-lo aqui e tampouco de ouvir essa história toda. Se de fato Sonic e meus amigos sofreram como você disse, é algo que devo investigar.

    Metal Sonic, olhando para o castelo, diz:

    - Devo voltar no tempo para salvá-lo. É meu propósito número um.

    - Não. Você não vai fazer nada.

    - Iremos lutar novamente?

    - Não. Também não.

    - O que propõe?

    - No momento eu quero que você fuja daqui.

    - Não posso fazer isso.

    - Pode sim. Escuta, eu vou conversar com meu mestre e pegar mais informações sobre o que está acontecendo. Se tudo isso que me disse é verdade, ele vai confirmar e eu vou voltar no tempo pra consertar tudo outra vez.

    Metal Sonic, ao ouvir as palavras de Silver, começa a ficar com seus olhos brilhando por alguns instantes, dizendo em seguida:

    - No momento que Mogul o dizer, você será morto.

    - O QUE? COMO PODE DIZER ISSO? Mogul é meu mestre. Sempre cuidou de mim, ensinou a como controlar meus poderes e como voltar no tempo. Sempre esteve ao meu lado, no pior dos momentos. Como pode ter tanta certeza nessa sua afirmação?

    Metal Sonic então diz uma coisa que talvez deixe Silver mesmo mais confuso:

    - Eu mesmo, Metal Sonic, voltei de um futuro muito distante e fui destruído por Mogul ontem. O Metal Sonic citado disse que você foi morto hoje. Se você entrar nesse castelo, terá seu fim.

    - Mas como você pôde voltar unicamente ontem para avisar que eu iria morrer hoje?

    - Para avisá-lo de não entrar nesse castelo, para que eu possa entrar e conseguir o modulador de Lapso Temporal.

    Embora fosse absurdo, era muito possível que Metal Sonic vivesse o suficiente para conseguir um meio de voltar no tempo e evitar que Silver fosse morto. Aliás, Silver deve ter percebido depois do relato de Metal Sonic que de fato algo de muito errado estava mesmo acontecendo. Ele, se munindo de cuidados, diz:

    - Você não vai fazer isso... Olha, façamos juntos, tudo bem?

    - O que propõe?

    - Eu irei entrar pra saber o que de fato aconteceu. Mas você ficará de tocaia.

    - Impossível. Meu reconhecimento pelos guardas do reino é imediato. Dado incorreto.

    - Não, não... eu vou te levar capturado. Uma vez lá dentro fica mais fácil você fazer algo, não?

    - Probabilidade de êxito: 35,5%. Aguardo novas instruções. Prioridade três: servir os amigos de Sonic até trazer Dr Eggman de volta.

    - Isso. Então vamos fazer isso juntos.

    Os guardas logo acordaram, se levantando aos poucos. Silver, entendendo a situação, diz:

    - Ei, vocês! Eu o capturei.

    Um dos guardas corre até Silver, dizendo:

    - Nossa! Bom trabalho! Estávamos sofrendo novos ataques desse insurgente todos os dias. Agora poderemos mesmo prendê-lo de uma vez por todas.

    - Obrigado. Bem, eu terei de levá-lo com vocês. Meus poderes irão segurá-lo, podem confiar.

    - Tudo bem. E você será recebido por nosso senhor, Mogul. Ele ficará muito agradecido pelo que fez ao reino.

    - Bom saber. Até porque eu o conheço.

    - O conhece? Melhor ainda. Bem, vamos...

    Caminhando junto com os guardas, seguem até o castelo. Pensativo, Silver estava determinado em seguir com o plano:

    - *Em breve saberei a verdade... Metal Sonic não parece estar me enganando... Espero estar fazendo a coisa certa...*

    Nova Mobotrópolis, de volta ao presente.

    Sonic havia contado a todos sobre a carta de Bunnie e que ela saiu de Nova Mobotrópolis cujo destino era uma incógnita. Rotor, ainda confuso, diz:

    - O que faria Bunnie a abandonar tudo e partir? Ela diz "consertar as coisas". Mas conversar o que?

    - Eu não entendo, Rotor. Mas o fato dela ter saído já me é suficiente - Disse Sonic, mostrando cansaço em seu rosto.

    - Como saber para onde foi? Eu não tenho ideia para onde ela poderia ter ido.

    - Eu muito menos.

    Tails, preocupado, toma a palavra:

    - Ela havia voltado a ser normal...

    - Ela já era normal, Tails. Ela nunca deixou de ser a nossa Bunnie por ter partes robóticas, desde sempre - Disse Nicole, sendo um pouco dura com Tails.

    - Sim, Nicole. Desculpa se fui insensível. Mas digo, tudo o que ela sempre quis era ficar livre da robotização de Robotnik. Demorou muito, mas ela conseguiu.

    - Aí veio o Eggman e robotizou a Sally. Acho que foi isso que causou a saída dela de Nova Mobotrópolis - Disse Amy, de uma forma racional.

    - Nossa, pode ser mesmo. Mas podíamos pedir ajuda ao Naugus como ele fez a Bunny.

    - Não, Tails. Nem diz o nome daquele monstro. Ele não é confiável. E graça a tudo que é mais sagrado que Sally não dependeu dele pra voltar ao normal - Disse Sonic, olhando para Tails.

    Rotor ainda olhava para a carta, tentando conseguir alguma pista:

    - *Hum... "consertar as coisas"... "vou resolver tudo"... Isso é bem suspeito... ela diz consertar tudo... isso seus consertar as coisas... o que ela iria conversar? O que "quebrou" pra ela consertar? Consertar a equipe? Não, não faz sentido. Todos nós somos unidos... consertar... consertar... CONSERTAR? NOSSA! É CLARO!*

    Ele, chamando a todos, diz:

    - Gente! Eu sei o que a Bunnie quis dizer em "consertar as coisas"!

    - O que, Rotor? - Disse Sonic, curioso e com brilhos nos olhos.

    - Ela vai... ela quer se consertar. É isso.

    - Não me diga que...

    - Exato! Ela quer voltar a ser a nossa Bunnie!

    - Ela quer reverter a "desrobotização"... mas ela sempre quis não ter sido transformada em robô... - Disse Tails, surpreso.

    - Não, Tails. Na verdade a Bunnie sempre foi feliz sendo ela mesma desde sempre. Ela deve estar pagando por crise de identidade. Se ela decidiu mesmo por isso, é porque ela se aceita como sempre foi.

    - Mas como ela vai conseguir isso?

    - Eu não sei, mas já é uma pista que temos.

    Sonic, pensativo, fiz:

    - Onde é que Bunnie poderia ir pra reverter isso? Nunca procuraria Eggman. Quem mais poderia ajudá-la?

    Tails, depois de ouvir as palavras de Sonic, se recorda de algo:

    - Sonic, certa vez, eu ouvi o Knunkles dizer que os Chaotix foram até Oil Ocean pra procurarem por Might (Sonic Universe HQ #48/49). Enfim, eles o acharam, mas no caminho encontraram o tio da Bunnie.

    - Tails, amigão! É isso! O velho Beau! Bunnie na certa tá indo até lá pra pedir ajuda... (Sonic HQ #217/218)

    - Sim, é bem possível que ela pode ter ido até seu tio para tentar voltar ao normal - Disse Rotor, bastante confiante.

    - Então é isso! Já sabemos por onde começar a procurar por ela - Disse Sonic, se levantando, indo até Rotor.

    Mas antes que pudessem continuar a conversa, eis que Nicole percebe que Vicent estava despertando. Logo a IA lince se aproxima do rapaz, ficando ao seu lado. Ele lentamente abria seus olhos, dizendo:

    - Ah... onde... onde estou?

    - Está em Nova Mobotrópolis.

    Ele então, ao ver Nicole, diz:

    - Eu estou no céu?

    - Não, está bem vivo. Porque disse isso?

    - Porque uma vez minha mãe disse que moças com vozes suaves e belas são como anjos que te confortam...

    Nicole logo fica um pouco envergonhada, olhando para o lado em seguida. Ela, para tentar mudar de assunto, fiz:

    - Qual seu nome?

    - Vicent... Vicent Pierre. E o seu?

    - Nicole.

    - Bonito nome.

    - Você é sempre agradável assim?

    E Sonic logo toma a palavra:

    - Pelo visto não. Só quanto fala com mulheres.

    Vicent, ao ver Sonic, logo se levanta, já quase partindo para cima do ouriço. Ele, bastante irritado, diz:

    - VOCÊ! VOCÊ É O CULPADO DE TUDO ISSO!

    Nicole cumpre a promessa feita a Rotor e, usando seus nanites, prende os pés e braços do rapaz, que quase caí. Vicent, frustrado e sem entender, diz:

    - O que é isso?

    - Me perdoe, mas não tive escolha. Eu o prendi com meus nanites para que não machuque meus amigos e para que você também não seja ferido por eles.

    - Tire isso de mim.

    - Sinto muito, mas terei que negar.

    - Tire essas coisas de mim...

    - Já disse, não poderei!

    - TIRE ESSAS COISAS DE MIM, AGORA!

    Sonic também se irritou com o comportamento de Vicent.

    - Qualé, cara? Tá maluco? Fica quieto que você ganha mais. Estamos tentando te ajudar e você trata a gente assim, vacilão?

    - CALE-SE!

    - Ah é? Solta ele, Nicole! Deixa ele vir me calar!

    Rotor logo interveio, para tentar apaziguar a situação:

    - Sonic, não o provoque. E você, Vicent, tenha mais compostura.

    - COMPOSTURA VAI SER MINHA MÃO NA CARA DESSE AZULÃO AÍ!

    Sonic estava muito irritado com Vicent. Talvez o somatório de tudo que estava acontecendo era demais para ele. O ouriço, num momento de descontrole, aplica um soco no rosto de Vicent, que vai ao chão. Sonic, ainda irritado, diz:

    - E me chama de Sonic, tá beleza? Não tô bem hoje não. Me pegou de péssimo humor.

    Vicent, se levantando com muita dificuldade, estava quase explodindo de tão irritado que estava. Olhando para Sonic, diz:

    - SEU COVARDE! SE EU ESTIVESSE SEM ESSAS CORRENTES, VOCÊ IA VER!

    Sonic então aplica um soco no rosto de Vicent, que vai ao chão. Rotor havia percebido que a situação estava quase fora de controle. Logo ele vai até Sonic e diz:

    - Sonic, o que você fez? Está louco?

    - Não, é o cabeludo aí que tá nervosinho demais pro meu gosto. Só isso.

    - Mas porque você bateu nele?

    - Porque ele está com muita marra. Não gosto disso.

    Vicent, mais uma vez, vira para Nicole e diz:

    - Tire isso de mim! Eu não tenho nada contra você.

    - Me perdoe, mas eu não posso soltá-lo. Para seu próprio bem.

    - Meu próprio bem? Se eu estivesse solto eu ia poder me defender do soco dele, sabia?

    - Sonic errou em ter feito isso e você estaria tão errado em ter feito o mesmo com ele, se conseguisse.

    Vicent, respirando fundo, tentando se recompor, diz:

    - Seu nome é Nicole, não?

    - Sim.

    - Ok, Nicole... me solte.

    - Não poderei atendê-lo, Vicent. Sinto muito.

    - Me solte...

    - Me perdoe, eu não posso.

    - ME SOLTE! AGORA!

    Até mesmo Rotor passou a se irritar com Vicent.

    - Ei, não grite com ela! Ela está fazendo isso pra seu próprio bem.

    - Querem me ajudar? Então me soltem!

    - Não, nada disso. Olha, porque não se acalma e...

    E antes que Rotor pudesse concluir, Vicent empurra-o, fazendo com que Rotor caia de costas. Sonic surta ao ver o amigo ir ao chão daquela forma, pois o morsa tinha lesionado sua costas em eventos passados, o que o fez sair dos lutadores da liberdade. Sonic mais uma vez desfere um soco no rosto de Vicent, que vai ao chão novamente, dizendo em seguida:

    - Essa foi a última vez que você machucou um amigo meu. Não te conheço, não sei de onde veio ou porque está aqui, mas antes de você tem meus amigos. Eu não quero te machucar, mas ninguém machuca meus amigos, entendeu?

    Vicent, caído, mal prestava atenção no que Sonic dizia. Estava mesmo querendo se soltar. Tanto que passou a forçar as correntes para tentar de alguma forma sair dessa situação desconfortável. Frustrado e cada vez mais irritado, Vicent se contorcia no chão. A discussão entre Rotor e Sonic continuava, com Tails e Amy tentando ajudar o morsa. Big somente observada, com Nicole tendo atenções somente a Vicent, que continuava tentando se soltar.

    Os eventos são bem diferentes comparados aos da Death Egg. O perigo era completamente menor, mas Vicent sentía-se ameaçado. A impossibilidade de se soltar e as agressões cometidas por Sonic foram demais para seu ego. Sua mente estava devastada, pois se sentia vulnerável em um lugar estranho e desconhecido, com pessoas que não conhecia. Tudo isso foi um somatório de fatores, fazendo com que começasse que aquela mesma pedra rubra começasse a se iluminar.

    Sonic, até então discutindo com Rotor, logo repara que os cabelos de Vicent estavam começando a ficar vermelhos, assim como seus olhos. Era o sinal para que o ourico começasse a se preocupar.

    - Não... essa não... olhem. Tails, Amy... Ele está se transformando...

    - Se tansfor... MINHA NOSSA! - Disse Rotor, olhando para Vicent, ainda caído.

    Não demora muito e Vicent, já com todo seu longo cabelo da cor vermelha, assim como seus olhos, se levantasse e, com um simples movimento, arrebenta as correntes de Nicole. Olhando fixamente para Sonic, ele investe contra o ouriço, que se esquiva com facilidade. Rotor, vendo que já havia perdido o controle de tudo, diz:

    - Sonic, o que significa tudo isso?

    - Era o que eu te falei, Rotor. O carinha aí surtou do mesmo jeito lá na Death Egg.

    - Mas como ele ficou assim?

    - Eu não sei.

    - Nossa. Temos que fazer alguma coisa antes que ele machuque alguém.

    - Fazer o que, Rotor? A gente só pode tentar lutar contra ele.

    Vicent mais uma vez tenta acertar Sonic com um soco, com o ouriço novamente conseguindo desviar. Big então intervém, lhe segurando pelas costas. Num primeiro momento o forte gato consegue segurá-lo, mas Vicent mostrava-se ser muito forte, se soltando e, virando-se, ameaçou desferir um soco em Big. Mas por alguma razão ele interrompe seu ataque, voltando novamente a Sonic, tentando lhe acertar um soco, em vão.

    Amy, até então distante de toda confusão, corre e assim que Vicent iria desferir outro ataque contra Sonic, ela se coloca entre os dois. No mesmo instante, o rapaz evita o pior, cessando seu ataque para não atingí-la. Amy, bastante irritada, fiz:

    - CHEGA! O QUE VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO?

    - ESTOU FAZENDO O QUE EU QUERO! ESMURRAR ELE ATÉ ABRIR UM BURACO NO MEIO!

    - NÃO, NÃO VAI!

    - E quem vai me impedir?

    - Eu vou. A não ser se você seja tão covarde assim!

    - COVARDE? Você viu o que ele me fez?

    - Vi sim e não estou fingindo que ele não está errado. Mas você não está agindo certo também. Estamos tentando te ajudar. Precisamos entender o que está acontecendo.

    Vicent, pensando um pouco, viu que estava mesmo errado em ter se exautado e, por isso, simplesmente deu as costas a todos, em direção a saída, dizendo:

    - Querem saber? Cansei disso... tô caindo fora dessa droga de lugar.

    Mas antes que pudesse sair, Nicole logo fecha a porta com suas nanites, criando uma barreira. Instintivamente, Vicent executa um soco fortíssimo, destruindo toda a barreira com um único golpe, impressionando a todos. Rotor, preocupado, diz baixo:

    - Nossa! Vocês viram a força dele? Se ele for para a cidade, pode machucar alguém, ainda mais dessa forma diferente que ele está...

    - E o que é que podemos fazer? Não dá pra conversar decentemente com ele dessa forma...

    - Olha só quem fala, o cara que esmurrou ele duas vezes...

    - Ele mereceu. Nem vem.

    - Tá legal... vai nessa...

    Nicole, pressentindo o pior, logo vai até Rotor e diz:

    - Eu irei falar com ele.

    - Você está louca, Nicole? Ele pode te machucar também - Disse Rotor, preocupado com sua amiga.

    - Não, ele não vai. Deixem comigo.

    - Toma cuidado com ele.

    - Não se preocupem. Eu o entendo melhor do que vocês.

    - Como assim?

    - Depois eu explico.

    Vicent estava quase saindo do quartel general quando, a sua frente, materializa Nicole. O rapaz, ainda transformado, diz:

    - Saia da minha frente.

    - Não, não irei.

    - Saia...

    - Eu não vou.

    - SAIA!

    - Já disse, não irei.

    - Saia senão terei de passar a força.

    - Não, você não vai.

    - Como pode ter tanta certeza?

    Ela, o olhando nos olhos, diz:

    - Porque eu sei que você não é uma má pessoa. Só está perdido e assustado. Eu te entendo perfeitamente.

    - Como sabe? Não me conhece.

    - Você não agrediu Big quando teve a oportunidade e também não feriu Amy. Você, embora tenha gritado comigo, disse que não tem nada contra mim, então eu vim conversar.

    - O que você quer conversar? Já está decidido. Eu vou cair fora daqui e voltar pra casa.

    - Sonic me disse sobre o que aconteceu na Death Egg. Me diga a verdade: você não tem noção de onde está, não?

    O rapaz, mostrando um pouco de calma, diz:

    - Não, eu realmente não sei. A única coisa que tenho certeza é que não estou no meu planeta, sei lá.

    - Então, eu quero te ajudar.

    - Pode fazer isso me deixando passar agora.

    - Não, eu não posso deixar que saia desse lugar, pelo menos não antes de me ouvir.

    - Vocês estão querendo me prender outra vez?

    - Não, eu não vou mais te colocar correntes nem nada do tipo. Sabe, eu não me senti nada confortável em ter feito isso com você. Mas eu não tive escolha. Todo mundo que está lá dentro está com medo de você.

    - E eu deles.

    Nicole, já com um semblante mostrando preocupação, diz:

    - E de mim, você tem medo?

    - Um pouco... Você parece ser um tipo de maga ou coisa do tipo, pois colocou aquelas algemas do nada.

    - Me desculpe se te assustei com isso. São meus nanites. Eu os uso de forma tão natural que esqueci que não é uma coisa tão natural assim pra todo mundo.

    - Nanites? Tipo, são nano robôs?

    - Você conhece?

    - Mais ou menos. De onde venho já desenvolvemos esse tipo de tecnologia, mas está muito longe de controlarmos.

    - Eu entendo perfeitamente. Bem, eu as controlo pois sou uma inteligência artificial. Sou responsável pela defesa da cidade.

    - Sério? Isso é legal. E você na minha opinião não tem nada de artificial. Mas do que quer conversar?

    - Antes de continuarmos, poderia me explicar porque você se transformou?

    - Me transformar? Do que está falando?

    Nicole, por perceber que de fato o rapaz bem sequer sabia que havia mudado, cria com seus nanites um monitor, mostrando a Vicent sua repentina mudança de visual. Ao ver sua auto imagem, pega seu longo cabelo e constata que era mesmo verdade.

    - MINHA NOSSA! Olha só pra mim! O que é isso?

    - Isso não é algo da sua natureza?

    - Não, nunca! Mas como isso foi acontecer?

    - E sua super força?

    - Super força?

    - Sim. Você se soltou sozinho, destruiu minha barreira com um só soco até.

    - Nicole... eu não sei. Agora que você falou, eu lembro que fiz isso mas não tenho ideia do que está acontecendo comigo...

    - E essa pedra no seu braço?

    Ele então olha para o braço onde Nicole indicou e mais uma vez fica claro que Vicent não tem noção alguma das coisas. Ele até mesmo tentou tirar a pedra, sem sucesso.

    - Mas como isso veio parar aqui? Eu não consigo tirá-la de jeito nenhum, está preso.

    - Vicent, isso é muito estranho.

    - Não precisa dizer duas vezes... Eu estou com medo...

    A IA lince, já um pouco mais séria, diz:

    - Vicent, pense bem. Você está em um lugar que você não conhece e desconhece essa sua suposta transformação. Você não tem noção alguma de como voltar pra casa também. Aliás, você sabe que está longe de casa, pois não é comum ver pessoas como nós, não é verdade?

    - Sim. Eu concordo.

    - Por isso. Eu serei bem franca: eu não vou inpedí-lo de sair daqui. Está livre pra fazer o que quiser. Porém, você saindo, terá um mundo desconhecido enorme para descobrir. Aquele doutor que prendeu você e te machucou está solto lá fora e ele vive tentando nos destruir. Acha mesmo que ele não vai te procurar? E mesmo assim, tirando Eggman, tem outros perigos. Quer mesmo se arriscar dessa forma?

    O rapaz tinha sido colocado de costas pra parede por Nicole. O choque de realidade talvez o tivesse feito pensar um pouco sobre sua situação. Ele, visivelmente sem jeito, diz:

    - Você... bem... você está certa... mas...

    - Mas o que? É um fato que você acabou de aceitar. Mas se você ficar, nós vamos te ajudar da melhor maneira possível.

    - Me ajudar, depois de tudo que aconteceu dentro daquela sala? Jamais. Aquele azulado tá com muita marra...

    - Ele disse o mesmo de você, sabia?

    - Insolente.

    - Não, não diga isso do Sonic.

    - E porque não?

    - A história dele é muito longa e triste. Na verdade todos estamos passando por momentos muito ruins. Mas mesmo assim, estamos dispostos a te ajudar no nosso mundo. Pra fazer você voltar pra casa.

    - Mas como, Nicole? Nesse momento deve estar todo mundo irritado comigo.

    - Se existe uma coisa que todos nós fazemos é saber perdoar. Você não agiu da melhor forma possível, mas diante as circunstâncias, ninguém estranharia sua reação de estar preso. Eu já passei por isso, sei como é.

    Nicole somente olhava para Vicent, que desviava o olhar, incomodado por estar mesmo sentido por tudo que fez. Ela, percebendo que não poderia perder mais tempo, diz:

    - Muito bem... o que vai fazer, Vicent? Você fica ou sai?

    O rapaz, pensativo, analisava sua situação:

    - *O que fazer? Ela está certa mas... eles podem tentar me prender outra vez... mas Nicole esta sendo gentil comigo, vindo até aqui sozinha, mesmo depois de tudo que aconteceu...*

    Dentro do QG, Rotor era o mais nervoso com a situação. Sonic então para a tranquilizá-lo.

    - Calma, Rotor. Ela vai estar bem.

    - Como vou ficar calmo, Sonic? Você viu o que ele fez a barreira da Nicole? E o Big? Ele se soltou do abraço do Big como se não fosse nada.

    - Mas ele não fez mal a ninguém. Ele mostrou que só quer tirar satisfações comigo...

    E, para surpresa de todos, Vicent aparece a porta. No mesmo instante todos ficam em posição de luta, com Rotor colocando seu traje nanosuit. Mas, impressionando sua que estavam ali, Nicole se materializa na frente de todos, dizendo.

    - Pessoal, ele decidiu. Vicent veio de um lugar chamado Terra e tem algo a dizer a todos aqui.

    E, como Nicole disse, Vicent, já voltando ao seu estado normal, diz:

    - Eu... Eu Gostaria de pedir desculpas a tudo que eu disse e fiz. Eu só quero voltar pra casa e preciso de toda ajuda possível. E por favor... me perdoem.

    A filosofia de Nicole realmente surtiu efeito.

    Continua.


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