A caverna dos goblins

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    Capítulos:

    Capítulo 3

    Capitulo 3

    Estupro, Violência

    O interior da caverna não era nada animador. Não que Lethie esperasse que uma caverna repleta de goblins pudesse ser receptiva. A dupla seguia por um caminho estreito. Caminhavam com cuidado visto que apenas a luz de um archote segurado pela garota os guiava. Apesar da luz ser reconfortante, ela revelava apenas alguns metros a frente. Se os goblins os atacassem eles só perceberiam o que estava acontecendo com pouco tempo de antecedência.

    - Ei Lethie. Você já viu um goblin antes? Eles são tão feios quanto dizem?

    Lethie estava tão distraída com suas preocupações referentes aquela missão que levou um leve susto ao ouvir a voz do companheiro. Seus olhos e ouvidos estavam atentos ao caminho e ela já tinha um feitiço na ponta da língua caso algo desse errado.

    - Nunca vi, mas já li algumas coisas a respeito. Goblins gostam de viver em cavernas ou regiões montanhosas. Eles saem apenas para saquear vilas e capturar mulheres. São criaturas covardes e ardilosas. Eles sabem que não são fortes por isso agem em grupo, normalmente armando emboscadas.

    - Talvez estejam preparando uma emboscada para nós agora mesmo – provocou Relk com um riso animado – mas não se preocupe Lethie eu vou te proteger caso algo aconteça.

    Ela não se sentia tão segura disso. Relk poderia ter falado aquilo de emboscada apenas por diversão, mas uma coisa dessas era mesmo possível. Com isso em mente a garota movia-se cautelosamente. O caminho a frente deles não parecia ter fim e eles acabaram se deparando com uma bifurcação. O caminho de dividia em dois.

    - Direita? – perguntou ele e como Lethie não se opôs eles seguiram por essa direção.

    Eles sandaram em silencio, as vezes era possível ver alguns pedaços de ossos no chão como também manchas de sangue antigas o que fez Lethie se perguntar se eles havia pegue o melhor caminho. Ela ao menos esperava que nem o sangue nem os ossos fossem humanos. Seria muito deprimente morrer e ter seus restos mortais descansando naquela caverna imunda.

    Um som de passos miúdos se fez ouvir de algum lugar e os dois pararam instantaneamente. Relk sacou sua espada e Lethie moveu o archote para o lado procurando iluminar melhor o caminho. O som se repetiu, era abafado, passos apressados e nervosos. Lethie teve a impressão de ouvir risos baixos e alguns grunhidos ininteligíveis.

    - Goblins! – exclamou Relk com mais animação do que Lethie achava necessario – ei, saiam dai seus monstrinhos verdes!

    Mais risos se fizeram ouvir, agora mais altos e claros. O som era irritante e incomodo, lembrava a Lethie o ranger de metal com metal. Relk havia se colocado em posição de combate, as pernas levemente separadas, as mãos segurando firme a espada.

    - Vamos! Não vão conseguir nada se escondendo na escuri... aiii!!! – antes de completar a frase uma pedra voou pelos ares e acertou sua testa. Ele resmungou irritado. Um enorme calo surgiu em sua testa, mas nenhuma gota de sangue escorreu.

    - O que você estava dizendo mesmo Relk? – Lethie não era de usar de sarcasmo, mas achou que o garoto merecia aquela pedrada. Ela quase agradeceu ao goblin por aquilo. As vezes ela mesma tinha vontade de jogar uma pedra na cara do garoto.

    - Ah! Não enche!!! – resmungou visivelmente irritado. Então, fitando a escuridão gritou – saiam dai seus covardes me enfrentem como homens!!!

    Mais risos de deboche, o que era compreensível já que eles não eram deveriam enfrenta-lo como homens e sim como golbins que era o que eles eram. E não havia nada mais goblins do que ser covarde.

    Eles pareciam crianças a se divertir com provocações simples, rindo cada vez mais alto e, surpreendentemente, Relk aparentava ser tão infantil quanto eles se deixando levar pelas provocações. Lethie porem estava feliz por esse comportamento dos golbins. Rapidamente conjurou seu primeiro feitiço criando pequenos sólidos geométricos semelhantes a pontas de lança. A magia dos magos de jade consistia exatamente nisso, criar objetos com magia. Os sólidos eram quatro ao todo. Cones afiados de cerca de trinta centímetros. Eram feitos de uma energia esverdeada semitransparente e flutuavam no ar próximos a maga.

    A um comando de Lethie dois dos cones foram projetados a frente como se flechas fossem. Eles adentraram a escuridão e logo foi possível ouvir os gritos de dor de um goblin.

    - Como você sabia aonde eles estavam? – perguntou Relk com olhar de ingênua surpresa e admiração no rosto.

    - Eu não sabia. Me guiei pelos sons que eles faziam e torci para acertar.

    - Ah você torceu? – perguntou sorrindo – pensei que não contasse com a sorte.

    - Não tem problema em contar um pouquinho com ela – respondeu Lethie correspondendo ao sorriso. Aquela troca de sorrisos era uma sincronia entre eles? Lethie ficou surpresa ao constatar que sim.

    Um pouco a esquerda dos dois algum golbin grunhiu alguma coisa em um tom agressivo. Embora nenhum deles entendesse nada do dialeto goblin estava claro que se tratava de um xingamento. Não importa qual o idioma se fale, os xingamentos são universalmente compreensíveis. Lethie respondeu-o lançando os dois cones de energia restantes em resposta e foi agraciada com outro gemido de dor.

    O único problema era que ela não sabia se havia acertado a cabeça ou a perna do golbin. Não tinha como saber se o ferimento que causara era letal ou não. Ela conjurou outro feitiço criando mais quatro cones de energia. Os goblins porem pararam de rir e avançaram ao ataque.

    A primeira das criaturas a surgir no campo de visão deles era um goblin com cerca de um metro de altura. Sua pele era esverdeada com algumas verrugas. Ele gritava algo loucamente espalhando saliva e expondo pequenas presas de dentes amarelados. Lethie disparou um projetil que perfurou o olho da criatura fazendo-a desabar no chão instantaneamente.

    Mas nem era possível se animar com aquilo, pois logo mais três deles apareceram portando lanças rusticas de madeira e adagas velhas. Lethie mal teve tempo de mirar quando Relk avançou erguendo sua espada.

    - Fique aqui seu idiota!!! – gritou ela mais furiosa com o garoto do que com os golbins – se sair atacando assim vamos perder a vantagem!!!

    Mas Relk não a ouviu, estava empolgado demais para poder finalmente começar sua lenda como matados de goblins e, quem sabe no futuro, dragões. Ele abaixou a espada com força cortando a cabeça do primeiro goblin cm um golpe vertical. A criatura morreu instantaneamente. Sem descanso moveu a espada mais duas vezes decepando o braço de um goblin e perfurando a barriga de outro.

    Lethie mordeu o lábio inferior irritada. Porque diabos Relk havia pedido sua ajuda se não sabia o mais básico sobre uma formação mago-espadachim? Até uma criança saberia que o mais apropriado era que os dois ficassem juntos. O mago atacaria os inimigos que se aproximavam enquanto o espadachim deveria ficar ao seu lado e matar os que conseguissem se aproximar. Com Relk avançando como um idiota suicida toda a estratégia ia por água abaixo.

    O espadachim porem sentia-se todo poderoso. Era como um gato a matar ratos. Sua espada girava da esquerda para direita eliminando um goblin a cada golpe. Sangue escorria em jatos sujando as roupas dele, mas Relk pouco se importava. Ria animadamente. Um golbin, mais ousado e estupido que os demais, pulou em um ataque suicida. O garoto o cortou em diagonal matando-o na hora, mas o sangue que jorrou do ferimento respingou no olho do garoto que piscou por um breve momento. Isso era tudo que os goblins precisavam.

    Ele não pode evitar quando outro golbin pulou agarrando-se ao seu ombro esquerdo e enfiou-lhe a ponta da lança na lateral de seu pescoço. O grito de dor que saiu da boca dele foi angustiante. Lethie lançou um projetil de energia que acertou o goblin no meio dos olhos, matando-o, mas o estrago já estava feito.

    Relk cambaleou para trás. Uma de suas mãos foi de encontro ao ferimento e quando ele viu seu próprio sangue desesperou-se. Recuou assustado até ficar próximo a Lethie, escondendo-se atrás dela como uma criança que procura proteção ao lado da mãe. Os goblins se inflaram de energia com aquilo e avançavam a passos lentos com sorrisos perversos nos rostos.

    Lethie sentiu um calafrio percorrer a espinha. Conseguia contar seis goblins, mas com certeza haviam outros escondidos na escuridão. Relk gemia baixo atrás dela, uma de suas mãos segurando frouxamente na espada enquanto a outra tentava, inutilmente, conter o sangramento. Sua expressão antes animada e confiante agora estava pálida de medo.

    - Vamos morrer... vamos morrer... – murmurava o garoto parecendo anos mais jovem do que realmente era. Lagrimas escorriam de seus olhos assustados.

    Lethie ainda tinha três projeteis flutuando ao seu redor. Mesmo que matasse um goblin com cada projetil não teria tempo de conjurar mais deles antes de ser estraçalhada pelos inimigos que avançavam. Os risos dos golbins tornavam-se ainda mais altos. Eles salivavam de prazer e seus olhos amarelados estava esbugalhados de excitação. Lethie sabia o que fariam com ela se a capturasse. Seria estuprada e morta e, talvez, estuprada de novo. Não deixaria que isso acontecesse de jeito nenhum.

    - Talvez morramos – disse em resposta ao espadachim - mas não vamos deixar que isso seja fácil para eles... –ela analisava a situação enquanto planejava a melhor estratégia a seguir.

    Lethie disparou os três projeteis de uma forma um tanto improvisada, não tinha tempo de fazer mira em três alvos ao mesmo tempo e a pressão e o nervosismo eram grandes. Acertou um goblin na barriga e outro na perna. Seu terceiro projetil errou o alvo e acabou se fincando no chão da caverna.

    Ao vê-la sem defesas os goblins que estavam em condições avançaram com tudo que tinham. Era exatamente isso que ela esperava que fizessem. Concentrando uma grande quantidade de poder Lethie conjurou uma larga barreira. Criando um muro que se conectava as duas paredes da estreita caverna. Os golbins esbarraram na parede quebrando seus narizes no processo. Lethie sorriu de satisfação com a cena.

    Com um olhar meio abobalhado Relk admirava a barreira que o havia salvado. Pela sua expressão de espanto e admiração parecia até que Lethie havia conjurado a mais esplendida das magias quando na verdade não passava de um dos feitiços obrigatórios para que um mago de jade se formasse.

    - Barreira hexagonal – explicou ela com orgulho na voz. Seus colegas da academia certamente ficariam admirados ao ver aquilo sendo usado eficazmente em uma luta e não apenas durante os treinos – ela não precisa necessariamente ser hexagonal sabe? – disse corando de leve – mas soa melhor assim do que “barreira de forma indefinida”.

    Como a barreira era feita de uma energia semitransparente era possível ver os goblins do outro lado batendo furiosos na parede de energia com suas lanças e adagas.

    - É... incrível... – respondeu ele com uma voz fraca.

    Lethie estava feliz com o elogio, mas sabia que sua barreira não os afastava apenas dos golbins, como também da saída da caverna. Agora eles não tinham escolha a não ser adentrar ainda mais na caverna e torcer para que não houvessem mais golbins por ali.

    Relk estava um tanto pálido devido ao ferimento, mas mesmo assim conseguiu se manter firme e a dupla seguiu mais fundo na caverna. Enquanto andavam em silêncio Relk olhou para trás preocupado.

    - Essa sua barreira vai resistir muito tempo?

    - Não se preocupe, vai nos dar uns quarenta minutos para descansarmos e pensarmos no que fazer. Criar sólidos de energia é a especialidade dos magos de jade. Nossas barreiras duram bastante.

    Lethie nem percebeu que dissera “nossas” quando na verdade não era uma maga de jade. Ela porem procurou não pensar nisso no momento. Com um suspiro cansado a garota seguiu seu caminho ao lado de um Relk não mais tão confiante que com certeza temia muito mais os goblins do que a uma hora atrás.


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