Yooo
TUDO o que vocês irão ver aqui é inédito, pois só se trata sobre as três raças. Eu nunca foquei isso em Os Cinco Selos, porque, como o nome já diz, se trata só sobre os Selos. Então, eu admito que até então não tinha muita ideia sobre os mortais em minha cabeça, mas felizmente passou a surgir muitas, e é extremamente importante esta parte para acontecimentos futuros, que obviamente não posso conta agora.
Enfim!
Boa leitura ^^
Durante muitos anos seguintes, as três raças mantinham-se unidas. Apesar do selamento do Lysfur, ainda existiam suas terríveis criaturas para assombrar a todos, mas os humanos, elfos e anões os confrontavam, e os ataques, por partes dos demônios, diminuíram em força e número.
Aquela era a primeira era em que as Três Grandes Raças não temiam o crescente poder de Abaddon, o deus da destruição. Contudo, as três raças continuavam a guerrear contra os demônios, não mais apenas batalhando para se defender. É claro, junto a estes confrontos, grandes nomes começaram a surgir. Dentre eles, houve um certo humano que ganhou grande destaque, e posteriormente muito importante: Anwill.
Anwill tornou-se um comandante lendário devido a sua força, liderança e presença no campo de batalha, sendo que também tinha grande presença fora. Uma das histórias mais conhecidas acerca dele era de sua infância. Anwill contava que, quando criança, sua casa ardeu em chamas com ele e seus pais lá dentro, porém só perceberam minutos depois do início, quando as labaredas tomaram conta do andar sob eles. Quando o fogo estava quase os engolindo e a consciência esvaindo, conta-se que eles clamavam pela ajuda do Faz-Mundos, mas parecia que não eram escutados pelo seu criador. Eis que, subitamente, a figura de um rosto surge formado pelas chamas, e não era humano. Então, este rosto lhes disse: “Humanos, vocês não hão de perecer hoje pelas minhas furiosas chamas. Eu, Nothnem, concedo-os a minha benevolência”. Anwill e seus pais sentiram seus corpos se moverem por entre o fogo, quase que sozinhos, e, o mais estranho, sentiam o intenso calor, mas não se queimavam.
A partir desse dia, Anwill, sua mãe e seu pai, tornaram-se devotos ao Senhor do Fogo, Nothenm, e nunca esconderam isto. Claro, todos achavam uma grande blasfêmia ao O Construtor, assim passaram a desprezar esta família, exceto os anões, pois deuses não lhe interessavam tanto quanto as outras duas raças. Não obstante, Anwill fora considerado um prodígio quando entrou para o exército, conquistando muitos méritos até se tornar comandante, passou a colecionar vitórias memoráveis contra os demônios. Com o respeito adquirido com árduo trabalho, os humanos passaram a ver Anwill com bons olhos de forma gradativa, e alguns passaram a cultivar algo pelo Nothnem, o Senhor do Fogo.
Anos mais tarde, conforme o Senhor do Fogo adquiria novos seguidores, novos deuses passaram a coexistir: Senhor das Águas, Senhor dos Cosmos, Senhor das Sombras, Senhora da Floresta e Senhora do Ar.
O Senhor do Fogo, Nothnem, apesar de suas mortais chamas cobrirem seu corpo, é feito de carne e osso. É protegido por uma armadura, onde seu aço não derrete com o calor, e utiliza duas longas correntes com extremidades pontiagudas para açoitar seus inimigos; seu elmo corneado oculta seu rosto. Nothnem é justo e cruel na mesma mediada. E é duas vezes maior que o mais alto dos homens.
O Senhor das Águas, Ulgoth, não trajava nenhuma armadura, pois sua pele era dura tanto quanto o próprio ferro. Seu tamanho, quando em contato com a água, pode chegar a quinze metros, mas fora é duas vezes o tamanho do mais alto homem. Em suas costas, sempre mantinha sua longa e poderosa espada, que é capaz de invocar água mesmo muito distante da fonte. Sua aparência é de um velho com barba longa, mas seu corpo é dotado de músculos medianos e definidos. Ama a Senhora das Florestas.
A Senhora das Florestas, Nyarnar, é uma alta e forte mulher. Sua armadura é feita do mais resistente couro, assim como seu escudo. Sua lança, recebida de presente pelo Ulgoth, tem sua lâmina forjada com a pele do Senhor das Águas e parecia ser mágica. Ela controla todas as plantas, flores e árvores, mas não os animais. Apesar disto, os animais a amam e seguem em agradecimento pelo conforto de seu lar. Nyanar tem três grandes lobos para ajudá-la na proteção de suas florestas. Ela ama o Senhor das Águas.
A Senhora do Ar, Naglyug, era a mais bondosa dentre seus semelhantes, mas não queira a ver irritada. É tão pequena quanto a menor das humanas, seu cabelo curto e liso é prateado e seu corpo é magro, parecendo ser frágil. Naglyug sempre está envolvida em seu manto reluzente, que a protege de todas armas e magias; empunha uma adaga curta que é o suficiente para dilacerar seus inimigos. Ademais, dizem que sua voz é tão bela que é capaz de curar feridas e aquietar dores da alma com o seu canto. A Senhora do Ar, por estar presente em todo lugar, é a que mais se comunica com os seus Semelhantes.
O Senhor dos Cosmos, Ogthoth, é o mais poderoso e misterioso dentre eles. Ele vive muito além das nuvens, e está sempre a observar a todos. Cada estrela é um dos seus muitos olhos. Ogthoth, é responsável pelo nascer e pôr do sol e da lua. Nada mais se sabe sobre o Senhor dos Cosmos.
O Senhor das Sombras, Abnmom, é o menos adorado entre os humanos e seus Semelhantes. Ora, o motivo é que, quando perto das chamas, o Senhor das Sombras rouba o calor e luz; ao tocar a água, transforma-a em negra e podre; ao adentrar em uma floresta, flores e árvores morrem e os animais se afugentam; e quando o ar sopra em seu corpo, torna-o fétido e denso. Abnmom era do tamanho do mais alto humano, porém seu corpo, assim como sua armadura, era coberto pelas sombras, com exceção sua cabeça. Seu rosto era de um belo homem maduro, sem barba, seus olhos eram vermelhos sem íris e seu cabelo negro descia ondulando até o ombro. De suas costas brotavam membros articulados, como em aranhas, porém feito de sombras. Seres como aranhas, escorpiões, lobos, gaviões e outros, eram seus mais fiéis companheiros.
Ora, os elfos não gostavam nem um pouco destes falsos deuses. Para eles, havia apenas uma única e singular verdade: Faz-Mundos construiu onde habitam, Abaddon, o deus da destruição, desejava destruir tudo por inveja e começou matando Lysfur, o Jovem-Deus. E, quando estavam todos à beira da destruição, os Selos, Mortes, Fúria, Guerra, Peste e Fome, derrotaram o Sombrio. Estes eram seus deuses. Os únicos.
A situação entre as três raças tornava-se piores a cada ano, e, na vez de um rei humano assumir a coroa, o equilíbrio entre as raças se perdeu para sempre.
Acontece que o novo rei, Tolisen, era um fanático da nova mitologia, e, ao assumir o trono, exigiu que os antigos deuses fossem esquecidos e visto com blasfêmia. A maioria dos humanos não se importou, mas os elfos, sim. Até mesmo os anões, que, apesar de não serem fanáticos pelos deuses, não gostavam de viver em uma sociedade a base de calúnias. Apesar do descontentamento imediato, nada aconteceu.
Durantes os meses seguintes, enquanto inocentes eram colocados em piras por heresia, os elfos e anões se reuniam secretamente, labutando seu plano em conjunto para derrubar o governo de Tolisen. O líder dos elfos, Lanior, e o dos anões, Thizag, concordavam que a tomada de poder deveria ser feito com sangue e, caso necessário, iriam extinguir a raça humana, pois estavam furiosos e magoados pelos seus semelhantes estarem morrendo desta forma.
Em segredo do rei, Lanior trabalhava com seus elfos para orquestrar as melhores magias para usarem no ataque, enquanto Thizag cuidava das armas, armaduras e dos primeiros navios feitos na história, sempre junto com seus irmãos anões.
Apenas os mais confiáveis elfos e anões participavam do início da revolta, sendo que a grande maioria só soube a seu respeito pouquíssimos dias antes de acontecer, pois Lanior e Thizag temiam que o plano fosse descoberto. E, pelo que percebiam, Tolisen não suspeitava de revolta alguma.
Ora, o grande dia havia finalmente chegado e todos se preparavam, tensos. O céu da madrugada estava límpido, com a maior, mais bela e iluminada lua no topo. Os anões já haviam se equipado com suas melhores armas e armaduras e também forneceram o que faltava para os elfos. Agora, estavam ocultos em meio as construções do reino. Boa parte dos elfos se encontravam fora dos muros em meio a floresta, preparando-se para utilizar sua magia em conjunto, que era a primeira parte do plano.
Com suas magias, os elfos fizeram densas nuvens pairar sobre o reino, ocultando a luz e fazendo com que uma torrente de água abatesse em forma de chuva. Ademais, também foram responsáveis pela densa neblina que circulou o reino.
Enfim, a Revolta teria seu início. Elfos e anões pediram ao deus da Fome para que tivessem força o suficiente para saciarem sua ânsia de destruição. Ao deus da Fúria, pediram para que a fúria de seus semelhantes mortos se amalgamasse com a própria e dessem-nos força. Ao deus da Guerra, pediram para que caminhassem junto a eles e dedicariam este embate a ele. A deusa da Peste, desejavam que ela protegesse a mente deles da loucura, mas não do frenesi. Ao deus da Morte, dedicariam cada alma ceifada de seus inimigos a ele. Por fim, ao O Construtor, clamaram por piedade de suas almas.
Os anões foram os primeiros a avançar, pois sua pequena altura mesclada com a neblina e o barulho da chuva os transformavam em assassinos mortais e silenciosos. Muitos guardas de vigia, não inconscientemente, eram colaboradores da revolta, e os anões assassinaram sorrateiramente os guardas humanos.
A princípio, o plano de Lanior e Thizag consistia no menor derramamento de sangue o possível. Iriam assassinar todos os guardas até o castelo do rei, e lá iriam subjugar a vida de Tolisen sem emitir algum alarde sequer. Esperavam que, com a perda do rei e o exército dos elfos e anões reunidos, fosse capaz de abalar a moral dos humanos. Por fim, iriam proferir um alvitre: os humanos teriam que abrir mão do absolutismo de sua crença ou morrer com ela.
Tendo isso em mente, os anões avançaram até o jardim de entrada do castelo, e ceifaram a vida de qualquer humano. Neste momento, os elfos se aproximaram e zonearam junto com os anões o perímetro do castelo. Lanior se juntou ao Thizag, que o esperava na porta do castelo, e adentraram juntos. Seus subordinados os seguiram, limpando o caminho deles. Quando adentraram nos aposentos do rei, porém, não encontraram Tolisen lá.
No instante seguinte, o castelo explodiu.
Ora, acontece que o rei Tolisen já tinha o conhecimento da revolta desde muito cedo. Tolisen, desconfiado de que algo iria acontecer com sua intenção sobre os novos deuses, antecipou-se, subornando dois das raças inimigas com belas promessas. Sigeir era o nome do anão, e Aanor do elfo.
Tolisen, então, sabendo que lhe aguardava, apenas havia um grande problema: era duas raças contra uma. Certo dia, Sigeir, o anão, contou um segredo sobre seus semelhantes: através de uma certa mistura, os anões descobriram um líquido que, em contato com as chamas, gerava reações explosivas. O elfo e o humano ficaram surpresos pela descoberta, mas não por ter sido um anão a descobrir, pois eram os mais espertos na arte da criação. Aanor, o elfo, completou os pensamentos com a ideia que deveriam explodir em um local onde os líderes e grande parte do exército estivessem reunidos, assim devastando-os consideravelmente em um único ataque e também não colocando o reino todo em risco. Quando Tolisen descobriu que iriam matá-lo em seu castelo, não hesitou em escolher a construção como armadilha.
Então, meses de labuta se seguiram. Sigeir e Aanor trabalhavam em conjunto para criar o líquido explosivo, que passou a ser chamado de bafo-de-dragão. O rei Tolisen garantiu o transporte secreto e cuidadoso do bafo-de-dragão em barris, escondendo-os no porão do castelo, onde estocavam vinho.
Eis que o grande dia finalmente havia chegado. Tolisen escolheu um dentre seus homens para ficar no porão do castelo e atear fogo, que, em nome do Senhor do Fogo, Nothnem, aceitou de bom grado.
Os humanos, ao Senhor do Fogo, dedicariam cada alma tragada pelas chamas a ele. A Senhora do Ar, clamaram para que suas futuras feriadas fossem curadas com sua bela canção. Ao Senhor das Sombras, desejaram distância. Quando a chuva começou a cair, ao Senhor da Água suplicaram por força e nervos de aço.
Ora, o castelo implodiu causando destruição até todo o jardim, lançando destroços e labaredas multicoloridas aos céus: azul, verde, amarelo, prateado e vermelho. Então, de dentro das casas, soldados humanos saíram aos montes e foram de frente ao exército inimigo, iniciando o verdadeiro embate.
No último instante, Lanior sentiu o chão vibrar e, de imediato, criou uma barreira de proteção com sua magia por precaução, e foi rápido o suficiente para proteger Thizag e seus subordinados dentro do castelo, mas não os que estavam no jardim. Sem tempo para lamentação, o líder dos elfos e o líder dos anões se juntaram ao seu exército no embate.
Acontece que os humanos eram muito mais espertos e fortes do que as outras raças no quesito da arte da guerra. Sabendo que iriam ser subjugados caso mantiverem um combate tão direto, Lanior ordenou aos seus elfos para que fizessem uma lança e dessa forma abrissem caminho por entre as forças humanas. Percebendo a intenção de seu aliado e considerando que a raça deles havia, naturalmente, menos disposição e gente para guerra, Thizag ordenou para que seus homens e mulheres assegurassem primeiro a fuga dos elfos.
Quando haviam garantido a fuga dos elfos, foi a vez dos anões baterem em retirada, seguindo por entre a floresta em direção a costa. Contudo, para o espanto e temor do Thizag, os elfos haviam fugido sem eles com quatro dos seis navios da frota. E o que sobrou não era o suficiente para comportar todos.
Thizag, temeroso pela sobrevivência de sua raça e sem tempo para elaborar um bom plano, tomou uma decisão sábia, porém triste. Ele separou alguns dos guerreiros mais fortes e juntos com os guerreiros feridos que ainda conseguiam lutar. O restante fora divido para adentrar nos navios.
O rei dos anões adentrou na floresta com alguns de seus guerreiros mais poderosos e feridos, e todos sabiam que morreriam confrontando os humanos para garantir que o navio zarpasse. Os anões que iriam escapar não gostaram nem um pouco disto, mas, com seus corações mais duro que o próprio ferro, aguentaram toda aquela dor em prol da sobrevivência de sua raça.
Conta-se que o embate na floresta fora o mais sanguento e brutal. Os anões lutaram como um verdadeiro exército, matando em muito os humanos, mas só adiaram o inevitável, e todos pereceram. Thizag, mesmo após a morte de seus homens e mulheres, continuou lutando como uma besta entorpecida pela fúria, matando quinze homens sozinho até ser decapitado por Tolisen.
Aos anões que fugiram graças ao sacrifício de seu rei e semelhantes, a única vitória que levaram daquela sangrenta e cruel noite, foi que os elfos, não sabendo navegar direito, foram na direção completamente oposta das terras já conhecidas.
Os humanos chamaram o embate de Guerra da Blasfêmia.
Os anões a chamaram de Guerra das Lágrimas de Sangue.
Os elfos chamaram simplesmente de A Grande Derrota.
Aos olhos dos Mephistos, no entanto, chamava-se A Guerra do Desmembramento, pois sabiam que seria o último dia da união das Três Grandes Raças, pelo menos por tempos longínquos. Assim como também sabiam que as chamas coloridas que subiram aos céus com a explosão do castelo era o primeiro indício de que Abaddon retornaria, o único e verdadeiro inimigo das Três Grandes Raças: o deus da destruição.