Seize The Day

  • Gabbysaky
  • Capitulos 28
  • Gêneros Romance e Novela

Tempo estimado de leitura: 17 horas

    18
    Capítulos:

    Capítulo 14

    Corrigindo

    Hentai, Linguagem Imprópria, Sexo

    Olá.

    Nesse capítulo terá cenas SasuSaku.

    Uma mais fofa que a outra.

    Boa Leitura

    Sasuke e Sakura estavam sentados um do lado do outro, esperando por notícias de Mayu. Assim que chegaram, Tsunade foi chamada, e em seguida Mayu foi levada. Tsunade também se assustou com a temperatura de Mayu, apesar de não ter dito nada. Daisuke dormia com a cabeça apoiada no colo de Sasuke. Ele não queria dormir, queria saber da amiga, mas chegou uma hora que o cansaço falou mais alto. Mayu estava com Tsunade á mais duas horas, e tanto Sasuke quanto Sakura já começavam a ficar agoniados, a segunda ainda mais. Sakura mexia a perna que estava por cima da esquerda, em um mesmo movimento, para frente e para trás, já não aguentando ter que esperar. Tudo que queria era ver Tsunade e a filha. Ela precisava ouvir da médica que sua garotinha estava bem, apesar de tudo. Que está acordada. Ela tinha contado para Sasuke quando estavam no carro que Mayu dormiu depois do remédio e não acordou, e isso a preocupou. Apesar de estar respirando, ela ficava preocupada de a filha entrar em coma. Ela sabia que podia acontecer, mas pedia aos céus que não acontecesse. Sasuke desviou os olhos do filho para Sakura. Percebia a agonia dela. Queria poder fazer alguma coisa, qualquer coisa que pudesse tranquilizá-la um pouco. Ele viu ela morder o lábio, e viu quando o rosto dela ficou mais corado, e por algum motivo ele sabia que ela estava segurando o choro. Ela deveria estar desesperada. E ela estava. Tsunade não aparecia e isso a deixava louca, porque para ela, isso queria dizer que a situação não era nada boa. 

    — Sakura. – Ela voltou a si ao ouvi-lo chamá-la, e o olhou.  

    — Oi? 

    — Quer que eu vá perguntar por Tsunade? 

    — Ela deve estar com a Mayu, não vai adiantar. – Suspirou, colocando as mãos no rosto. – Deve ter acontecido algo muito ruim.  

    — Talvez não. 

    — Ela não veio nos ver, Sasuke. Ela está lá dentro com a minha filha á quase três horas. – Diz rapidamente, desesperada. – É muito tempo. Muito tempo para ficar com a Mayu. Muito tempo para fazer todos os exames... – Ela o olhou. –  E se Mayu entrou em coma? 

    — Ela não entrou em coma. A Mayu está bem, ela só estava com febre. – Pegou na mão dela. – Fica calma, logo Tsunade vai aparecer. – Ela engoliu o choro, e assentiu.  

    — Estou com medo. – Sussurra. A voz quase não saiu pelo choro reprimido. 

    — Está tudo bem. – Sasuke passou o braço pela cintura fina, trazendo-a para mais perto, e então Sakura apoia a cabeça no ombro esquerdo dele.  Os olhos encheram de água, mas ela não deixou nenhuma lágrima descer. Ela puxou a respiração pelo nariz, fazendo com que fizesse um barulho.  

    — Obrigada por estar aqui. – Ela diz um tempo depois. Sasuke sem perceber, beija os cabelos rosados, ao mesmo tem em que ela apertava a mão dele.  

    Tsunade que vinha do corredor, parou ao ver a cena dos dois. Ela tinha presenciado a forma como Sasuke pegou na mão dela, como ele a puxou para deitar a cabeça em seu ombro, a forma como Sakura apertou a mão livre dele. Ela achou fofa, aquela cena. Não sabia que eles estavam tendo algo, mas ficava feliz pela mulher que via como filha. Ela tinha um carinho especial por Sakura e Mayu, e queria muito que ela encontrasse alguém. Sempre disse isso para ela, assim como Suzuki e Hiashi, mas ela sempre dizia não estar pronta para um relacionamento. Talvez ela tenha mudado de ideia. Mas por que esconder? Apesar de não conhecer muito bem o Uchiha, e de saber das coisas que ele fez quando mais jovem, Tsunade não o julgava. A forma que ele tratava Karin, dava para saber que ele era um ótimo garoto, mas com problemas. Quem era perfeito? Ninguém. Todos temos uma imperfeição. E se Sasuke fosse o cara que fizesse Sakura feliz, então ela apoiava totalmente. Se aproximou de vagar, sem querer que Sakura se assustasse, ou se desesperasse. Sakura levantou a cabeça, ao ver Tsunade se aproximar.  

    — Ela está bem. – Diz, mesmo antes de chegar até o “casal”. Ela preferiu dizer logo, para tranquilizar a “filha”.  

    — Mesmo? – Se aliviou. – E a febre? 

    — Consegui contornar a situação. Ela ainda está dormindo porque está muito fraca. Os exames dela deu alterações, e por isso ela está tão debilitada. Sakura, eu sei que você não quer que eu continue com o tratamento, mas... A Mayu não vai aguentar por muito tempo.  

    — Quanto tempo você dá para ela? 

    — Com o quadro dela, na situação em que ela está... Eu dou cinco/seis meses. 

    — Cinco/seis meses? 

    — E ainda assim é só uma estimativa, não é certeza. – Sakura colocou as mãos no rosto, deixando o choro que estava segurando, sair. – Eu sinto muito. Eu não posso fazer mais nada. O que eu fiz... – Se interrompeu, sentindo uma impotência enorme. – A Mayu precisa do transplante, só assim para ela ficar completamente boa. – Sasuke desviou os olhos para Sakura, passando a mão esquerda nas costas dela. Ele podia sentir o desespero dela, ela não chorava alto, mas dava para ouvir os soluços. Ele se colocava o lugar dela, e por isso sentia uma agonia tremendo, principalmente por ter se acostumado com Mayu. Tinha um carinho forte pela menina. Era só uma criança. Tsunade respirou fundo. – Nós podemos conversar sobre a medicação dela? – Sakura a olhou. Seu rosto estava vermelho assim como seus olhos. E as lágrimas ainda desciam. 

    — Mais medicamentos?  

    — Sim. Ela vai precisar deles para poder aguentar por mais tempo. Só que isso vai deixar ela mais fraca algumas vezes, e muito enjoada. 

    — Mais enjoada. – Balança a cabeça, inconformada.  

    — Eu fico com ela até você terminar de conversar com Tsunade. – Sakura o olha, agradecida.  

    — Mesmo? Está ficando tarde, e o Daisuke está dormindo. 

    — Tem um sofá no quarto, Sasuke pode colocar o filho lá. – Tsunade diz, ao perceber que com o Uchiha no quarto a aliviaria.  

    — Resolvido. – Ele diz. 

    — Tudo bem, então. – Ele assentiu. – Obrigada. 

    — Não precisa agradecer.  

    — Desde quando estão juntos? – Os dois olharam para a médica ao mesmo tempo, surpresos pela pergunta. 

    — Não estamos juntos. – Tsunade arqueou as sobrancelhas ao ouvir a voz dos dois. 

    — Mesmo? Não foi o que pareceu... – Ela se interrompe ao perceber que estava se intrometendo. – Me desculpem. Não devia estar... 

    — Está tudo bem, Tsunade. – Sasuke a interrompe. – Qual é o quarto da Mayu? 

    — Segundo andar, quarto 12 A. – Sasuke pegou o filho com cuidado, para não o acordar e se levantou. – Qualquer coisa mande me chamar. – Ele assentiu e se afastou. – Vamos?  

    **--** **--** 

    Sasuke estava sentado na poltrona ao lado da cama onde Mayu ainda dormia. Sakura estava com Tsunade á meia hora, e possivelmente elas não estavam falando apenas sobre os medicamentos. Do jeito que Sakura estava, ele tinha certeza de que ela estava terminando de chorar para poder ver a filha, sem que a assustasse. Não queria que Mayu notasse que estava triste. A conhecia o suficiente para saber que aquela era a maior razão de todas, de ela ainda não aparecer. Estar naquela poltrona, vendo Mayu dormindo, pálida, o fez se lembrar de quando Daisuke tinha três anos e teve uma reação alérgica. Ele teve por perto, naquele dia horrível, seus pais, Itachi, Naruto, os pais de Karin, seus amigos, mas não o teve. Sasuke ficou sabendo por Gaara que tinha ido visitá-lo para contar pessoalmente o estado do filho. Tinha sido bem forte, Daisuke ficou sem respirar por alguns minutos. Saber que seu filho estava hospitalizado e não poder tê-lo por perto, fez com que mais uma vez se martirizasse. Ele não esteve nos melhores momentos de Daisuke, e muito menos quando ele ficava doente, e isso meio que o incomodava um pouco. Mayu se mexeu na cama, chamando a atenção de Sasuke totalmente para si. Ela abriu os olhos verdes esmeralda, devagar, e ficou nervosa quando não viu a mãe. Sasuke pegou na mãozinha dela e ela o olhou.  

    — Tio Sasuke. – Diz em sussurro. – Cadê a mamãe? 

    — Ela está conversando com a sua médica. Deve estar voltando. 

    — Tira. – Ela pede olhando para agulha enfiada em seu braço. 

    — Eu sei que incomoda, mas eu não posso tirar. – Ela voltou a ficar nervosa. – Você quer água? – Ela balança a cabeça, ainda olhando para a agulha. – Mayu, olha pra mim. Mayu. – Chama pela segunda vez, fazendo-a olhá-lo. – Eu sei que é incômodo, mas não fica olhando, não.  

    — Mais tio Sasuke... 

    — Você quer jogar no meu celular? – Ele a interrompe, tentando distraí-la. – Eu coloquei um joguinho novo. 

    — Mesmo? – Ela fica interessada e Sasuke sorri. – Qual? 

    — Eu acho que se chama “Banana Kong”. Quer tentar? – Ela balança a cabeça com um sorriso no rosto. Sasuke pegou o celular que estava em cima da mesa de cabeceira, e entregou para a garotinha.  

    — Quero água. – Sasuke quase riu. O medo passou, e a vontade de beber água voltou. Pegando a jarra verde claro de plástico de cima da mesa de cabeceira e colocando no copo também de plástico com canudinho, Sasuke a ajudou a beber.  

    — Mais? – Ela balançou a cabeça, negando. – Quer que eu explique como joga? 

    — Uhum... – Sasuke se senta na cama ao lado dela para ensiná-la.  

    Aquela ideia do jogo tinha sido ótima. Mayu estava calma e tranquila, sem se preocupar com a agulha em seu braço, e o melhor, não chorava. Ele não se dava bem com crianças chorando. Ele continuou ali, do lado dela, já que a garotinha não quis que ele voltasse para a poltrona. Ela estava toda concentrada no joguinho. Para a surpresa de Sasuke, Daisuke continuou dormindo mesmo quando a música do jogo ficou alta. Sasuke abaixou o volume alguns minutos depois que Mayu começou a jogar, tentando impedir que o filho acordasse. A porta se abriu, Sasuke a olhou, mas Mayu continuou jogando. Sakura inclinou a cabeça. 

    — Obrigada por ficar com ela. – Mayu ouviu a voz da mãe e a olhou. 

    — Mamãe.  

    — Oi, meu amor. Você está bem? – Ela assentiu. – E está sentindo dor ou alguma outra coisa? 

    — Naum. – Terminou de falar fazendo um biquinho. – O tio Sasuke deu água. 

    — Sasuke, se você quiser ir... – Ela se aproxima. – Eu ficarei aqui com a Mayu. 

    — Ela vai ter que passar a noite aqui? 

    — Vai sim. Tsunade vai refazer os exames nela amanhã e se ela estiver sem febre, ela sai amanhã à tarde.  

    — Eu quero i pra casa. – Eles olham para a garotinha, que tinha soltado o celular. – Não quero dumi aqui, mamãe. 

    — Eu sei, querida, mas você vai ter que ficar aqui hoje, okay? – Os olhos verdes lacrimejaram, e Sakura teve que se segurar para não chorar junto. – Eu sei que é ruim, eu sei disso, mas a mamãe precisa que você compreenda, Mayu. 

    — Eu não quero. – Ela começa a chorar. 

    — Tem certeza de que ela tem que ficar? — Sasuke pergunta, incomodado por ver a garotinha chorar. 

    — Tsunade disse que apesar da febre abaixar, ela tem medo que volte pior, então sim. – Sakura pegou na mãozinha da filha. – Não chore, filha.  

    — Eu não quero ficá aqui.  

    — Mayu, você não estava se divertindo com o joguinho? – Sasuke tenta distraí-la. – Daisuke chegou na missão cinco, será que consegue ir mais que ele? – Ela piscou algumas vezes, olhando-o. Sakura percebeu que ele tinha conseguido a atenção da filha, e se aliviou. – O que você acha? Amanhã você pode dizer pra ele que conseguiu mais que ele. 

    — Mas Sasuke... – Ele a olhou. – Seu celular.  

    — Pego amanhã com você.  

    — Mas... – Ele balança a cabeça, e ela não termina a frase. – Tem certeza? 

    — Tenho. Eu peço para que meus pais liguem para o celular da empresa. – Ela assentiu. 

    — Obrigada. – Ele balança a cabeça. – Você veio comigo, ficou aqui até agora... 

    — Você faria o mesmo se fosse Daisuke, ou não? – Ela sorriu, apesar de ter saído fraco, foi verdadeiro.  

    — Claro. – Olhou para o garotinho que ainda dormia. – Eu não sei se vou trabalhar amanhã... 

    — Não se preocupe com isso. Eu fico com o Daisuke, não vai ser um problema para mim. A Mayu precisa de cuidados e claro, da mãe dela... Você deve ficar com ela.  

    — Explica para o Suke pra mim?  

    — Provavelmente ele vai querer vir ver você e Mayu, e você sabe que eu não consigo dizer não para ele... – Ela sorriu. – Eu te ligo caso eu venha.  

    — Tudo bem. Liga quando chegar em casa? Eu fico preocupada. – Ela sorriu de lado. 

    — Claro. Se você prometer ligar caso alguma coisa aconteça. 

    — Prometo. – Ele assentiu, se virando para pegar o filho.  

    — Já vai tio Sasuke? 

    — Vou, Mayu. O Daisuke está dormindo, e já está tarde. 

    — Mais o tio não pode ficá? – O jeito que ela pedia foi tão fofo que os adultos sorriram. 

    — Não, Mayu. Só sua mãe pode ficar aqui hoje. – Ela fez um biquinho. – Mas, você pode ficar com meu celular para jogar “banna kong”, e eu venho amanhã com o Daisuke. 

    — Promete? De vedade? – Sakura olhou para Sasuke, esperando pela resposta dele.  

    — Prometo. Mas você tem que ficar quietinha e não vai poder chorar. – Sakura mordeu o lábio, desviando os olhos para a filha. Ela sabia que ele pedia aquilo não só por preocupação com Mayu, mas também por ela, afinal ele a viu chorar mais cedo. Mayu colocou uma das mãos na boca, pensando. 

    — Vo tentá. – E eles sorriram.  

    — Combinado, então. – Ele se aproximou e mesmo com Daisuke no colo, ele beijou os cabelos rosados. – Boa noite, Mayu. 

    — Boa noite, tio Sasuke. – Sasuke se aproximou de Sakura, que deu um beijo no rosto de Daisuke, dizendo um “boa noite”. 

    — Te vejo amanhã. 

    — Até amanhã. – Sakura mordeu o lábio, pensando se deveria pegar na mão de Sasuke, a que estava em volta das costas do filho, e então ela o fez. – Obrigada, Sasuke. 

    — De nada. – Ele beijou o rosto de Sakura que fechou os olhos ao sentir os lábios dele em seu rosto. – Boa noite. – Ele sussurra. 

    — Boa noite. – Diz no mesmo tom, se aproximando, beijando no rosto dele. Ela se afastou e os olhos deles se encontraram. Eles sentiam borboletas no estômago, e a lembrança do primeiro e único beijo que tiveram, passou como um filme na mente de ambos. Tudo que sentiram naquele momento, eles sentiram novamente. Mayu riu chamando a atenção deles. Ela tinha os olhos fixos nos dois.  

    — Eu já vou. – Sasuke diz. – Tchau, Mayu. – Se afastou para a porta. 

    — Tchau, tio Sasuke. – Balançou a mão que estava livre da agulha, e o viu sair pela porta.  

    **--**  

    Sasuke pegou a jarra com suco que Sakura tinha feito no dia anterior, e colocou em cima da mesa. Ele tinha acordado cedo, já que não havia conseguido dormir. Havia ficado preocupado com Mayu; mesmo que ela estivesse melhor quando saiu de lá. Como havia prometido, ele passaria no hospital para ver Mayu, já que Sakura havia ligado a alguns minutos para dizer que a filha ficaria mais aquela noite no hospital. Tsunade queria observá-la por mais algumas horas, e Sasuke achava que era o melhor, afinal, a menina estava mal á dias. Sasuke ouviu passos, e soube que o filho havia acordado, e na hora certa, já que havia terminado de fazer o café da manhã. Ao mesmo tempo que colocava as panquecas em cima da mesa, o filho entrava na cozinha, coçando os olhos. 

    — Bom dia, filho. — Diz sorrindo. 

    — Bom dia, papai.  

    — Está com fome? — Ele balançou a cabeça. — Então vamos comer logo, porque temos que ir ver a sua priminha. 

    — Papai, pur que não acordô eu pra dispidi da Sakura?  

    — Já estava tarde, filho, por isso não pensei em acordá-lo.  

    — A Sakura tava muito tristi... — Sasuke passou a mão nos cabelos negros.  

    — Ela estava assustada por causa da Mayu, mas ela está bem agora.  

    — Papai, a Mayu tá melhó, né? 

    — Ela está sim, mas vai ficar no hospital por mais um dia. — O menino o olhou finalmente. 

    — Mais... Mais intão a Sakura não vem cuidá de mim? 

    — Não, filho. Hoje não. — Ele fez um bico, mostrando o quão desagradado estava. — Mas nós a veremos. — Isso fez com que o filho o olhasse com interesse. — Vamos visitar a Mayu daqui a pouco. 

    — Depois da gente i vê a Akanne?  

    — Isso mesmo. — Sasuke colocou o filho sentado na cadeira. — Quer suco de laranja? 

    — É da fruta, né? — Sasuke riu. 

    — Sim, filho. Sakura o fez ontem. — Colocou no copo para o filho.  

    — Papai, o natal tá chegano, né?  

    — Está sim. Nós vamos passá-lo com seus tios e avós. 

    — Todo mundo? — Sasuke assentiu, tomando um gole do café. — A Sakura tamém

    — Não sei filho, mas provavelmente sim. Ela é amiga dos seus tios. 

    — Agente pode comprá um presente pra ela? — Sasuke o olhou. Conhecendo o filho como conhecia, não deveria estar surpreso, mas havia ficado. Não esperava por aquela pergunta. 

    — O que você quiser, Daisuke. — O menino sorriu. — Agora coma, a gente tem que sair logo para não chegar tarde em casa. 

    **--** **--** 

    Sasuke estacionou o carro no estacionamento do hospital, saiu do mesmo e ajudou o filho a fazer o mesmo, colocando-o no chão em seguida. Pegou na mão de Daisuke e entrou no hospital, indo em direção à recepção, onde o liberou para seguir até o quarto onde sua cunhada estava. Ele via que o filho estava ansioso, só não sabia dizer se era porque veria a priminha finalmente, ou porque queria ir logo ver Sakura e Mayu. Sasuke bateu na porta quando chegou, e assim que ouviu a autorização, abriu a mesma, entrando em seguida, vendo o irmão sentado na poltrona ao lado da cama onde Izumi estava sentada, recostada a cabeceira com Akanne nos braços.  

    — Sasuke. — Itachi cumprimenta, sorrindo. — Que bom que veio. — Daisuke correu até o tio, que beijou os cabelos negros. — E você, campeão? Como está? 

    — Bem, tio Ita. — Ele desvia os olhos para a priminha, se aproximando da cama. — Quero  a Akanne. 

    — Daisuke, cumprimente sua tia antes. — Izumi sorriu. 

    — Tudo bem, Sasuke, ele está ansioso para ver a priminha. — Itachi colocou Daisuke sentado na cama, para poder ver sua princesinha.  

    — Ela é tão linda. — Todos sorriram. — Olha a mãozinha dela... — Pegou com cuidado na mão da prima. — E ela parece o tio Itachi. 

    — Eu não disse? — Sasuke diz olhando para o irmão. — Como você está Izumi? 

    — Estou ótima. Mas como meu parto foi um pouco complicado, eles me querem em observação até amanhã. 

    — Entendo. — Balança a cabeça. — O importante é que você e Akanne estão saudáveis. 

    — Como é que essa pequena não seria saudável? Desde que ela nasceu, ela só dormiu e comeu. — Sasuke e Izumi riram. — Mal chorou de madrugada. 

    — E o olhos dela, tia Izumi? É que cor? 

    — São iguais aos meus. — Ele sorriu, desviando os olhos para a prima.  

    — Itachi, você montou o berço? 

    — Montei. Estava terminando de montar ele mais o Shisui quando a Izumi entrou em trabalho de parto. — Sasuke balançou a cabeça. — Era para ter feito isso antes, mas quase não tive tempo, por causa do meu trabalho. 

    — Bom, o que importa é que está tudo certo para essa princesinha dormir no próprio quarto. 

    — Eu e Itachi achamos que vai ser melhor ela passar pelo menos as primeiras semanas com agente. Ela é muito novinha.  

    — Shisui vem aqui mais tarde para poder ficar com ela, enquanto eu monto o outro berço no meu quarto. 

    — Eu faria isso, mas hoje está... Complicado.  

    — Aconteceu alguma coisa? — Daisuke interrompeu a resposta de Sasuke. 

    — Tio Ita, sabia que a Mayu passô mal ontem? — Itachi olhou de Daisuke para o irmão. — Ela ficô muito mal, né, papai? 

    — O que houve? 

    — Ela estava com febre altíssima, que não abaixava de jeito nenhum... Tinha manchas pelo corpo. Se sentia fraca. – Suspirou. – Quando cheguei Sakura disse que ela tinha dormido, mas não acordava a algumas horas.  

    — Não... Não acordava? — Izumi temeu que tivesse acontecido o pior. 

    — Ela está bem agora. Nós a levamos ao hospital, Tsunade cuidou dela e ela acordou algumas horas depois. — Izumi suspira aliviada, assim como o marido. 

    — Que susto que Sakura deve ter passado. 

    — Eu nem me dispidi. O papai não me acor

    — Com certeza porque já estava tarde, Daisuke. — O tio diz. — Tem certeza de que está tudo bem? — Se virou para o irmão antes de perguntar. 

    — Tenho. Ela estava acordada quando eu fui para casa. Estava assustada, e não queria ficar no hospital, mas estava bem. Eu deixei meu celular com ela, para ela jogar, foi um jeito que consegui para ela não começar a chorar. — Itachi sorriu. 

    — Você se apegou a menina assim como Sakura se apegou ao Daisuke. 

    — É meio impossível isso não acontecer, né? Mayu passa a maior parte do dia lá em casa. — O irmão assentiu, concordando. — E também, não me dou bem com crianças chorando. 

    — Com certeza pensou também que Sakura ficaria bastante desesperada se a filha começasse a chorar, ou não?  

    — Também. — O casal sorriu. — Ela estava com medo da Mayu entrar em coma. — Izumi olhou para a filha. — Até mesmo chorou. — Daisuke não mais prestava atenção na conversa, ele brincava com a mãozinha da prima, que continuava a dormir.  

    — Eu queria poder ajudar, mas...  

    — Eu também penso assim, Itachi. Mas o que poderíamos fazer, já fizemos. — Ele assentiu. — Agora a Mayu precisa de um milagre, só assim para ela melhorar. 

    — Eu acredito que vai acontecer esse milagre. — Eles olham para Izumi. — Mayu passou por tudo isso, e sobreviveu, ela vai sobreviver novamente. Acho que... Deus tem um propósito. 

    — Propósito? Deixar que uma criança inocente passe por isso, é um propósito? 

    — Sasuke. — Itachi o repreende.  

    — O que? Eu não estou errado. 

    — Não é culpa de Deus, Sasuke. É culpa do homem. O que precisamos fazer é continuar buscando por ele, e manifestando a nossa fé. — Sasuke não acreditava mais naquilo desde a morte de Karin. — Eu sei que você se revoltou depois do que houve com a... Com a Karin... — Sasuke que estava com os olhos nas crianças, a olhou. — Mas ELE não é culpado pela maldade do homem, Sasuke. Nós temos o livre arbítrio. Temos a liberdade de escolher nosso caminho, seja ele bom ou ruim, mas claro que tudo tem consequências. E é esse o problema. Não foi Deus quem fez Mayu passar por isso, foi o pecado do homem, Sasuke. 

    — E eu concordo. Você não se lembra desses ensinamentos?  

    — Me lembro de tudo. Eu sei que está certa, Izumi, mas... Eu perdi minha fé a anos.  

    — E eu compreendo.  

    — Nós compreendemos. — Itachi diz, corrigindo a noiva. 

    — Não culpo Deus pela morte de Karin, nunca o culpei, mas... Me perguntava sempre porquê ele deixou que ela morresse.  

    — Talvez já era a hora dela, Sasuke. Deus tem um propósito para todos. Talvez, o propósito de Karin tenha sido o de te fazer feliz e trazer Daisuke á esse mundo. — Passou a mão nos cabelos negros, sorrindo. — E talvez, ele tenha escolhido alguém especial para você, e por isso ela não está aqui hoje. 

    — E esse alguém... Eu acho que é a Sakura. — Sasuke revirou os olhos. — Não faça isso, é a verdade. Ele colocou a mulher na sua vida e na de Daisuke, fez com que seu filho a amasse, está fazendo com que você sinta algo por ela... Por que ele faria isso, se não tem um propósito para vocês dois? E Daisuke e Mayu também, mesmo com tudo que está acontecendo. 

    — Talvez tenha razão... — O casal se surpreendeu com o que ouviu. — Mas eu ainda não estou pronto para me abrir dessa forma.  

    — Totalmente normal. Faz quase cinco meses que você voltou para casa, está se acostumando com o que está sentindo... 

    — E por mais que eu empurre você para cima de Sakura, irmãozinho, eu sei que você precisa do seu tempo. 

    — Você então poderia parar com esse fã clube idiota, e com os comentários indiscretos? – Itachi sorriu. – Principalmente quando estou com a Sakura. 

    — Isso é pedir demais, irmãozinho. — A noiva riu. Sasuke então decidiu que não mais falaria sobre aquilo, afinal, seu irmão continuaria com as insinuações.  

    — Olha... — Eles olham para Daisuke. — Ela tá abrindo o olhos. 

    — “Os olhos”, Daisuke. — Corrigiu. O filho assentiu. — Não assenti não, fala.  

    — Os olhos. — Itachi sorriu. 

    — Vai começar a corrigi-lo? 

    — Eu já devia ter feito, na verdade. — Sasuke responde. No caminho de casa até o hospital, ele e o filho vieram conversando; Daisuke mais que Sasuke. E foi a partir daí que Sasuke começou a corrigir as frases do filho, achando que era hora de ele aprender a falar o certo, afinal, seu filho já tinha cinco anos. 

    — Por mais que seja normal para uma criança falar errado, é bom que já vá corrigindo, para ele aprender a falar certo. 

    — E é isso que vou começar a fazer. 

    — Viu como os olhos dela são idênticos aos meus? — Daisuke olhou para a tia e depois para a prima.  

    — São brilhantes igual à da tia.  

    — Viu? Tem hora que ele acerta na frase. — Sasuke diz sorrindo. 

    — Papai, que hora a gente vai  a Sakura? 

    — Mas você acabou de chegar, e já quer deixar seu tio? — Sasuke revirou os olhos ao ouvir o irmão, mas continuou olhando para o filho, esperando sua reação. 

    — Tio Ita, você tá bem, a Sakura não. Isso é egoísmo. — E eles sorriram.  

    — E onde você aprendeu essa palavra nova? 

    — Com a Sakura. Ela tá lendo muito pra mim e pra Mayu. — Desvia os olhos para a prima. 

    — E você aprendeu mais palavras novas? — Ele assentiu. — Como o que? 

    — Adiloso. — Os adultos sorriram. 

    — Ardiloso, filho. Tem um “r” depois do “a”.  

    — Ardiloso. — Repete, puxando o “r”. 

    — E o que significa essa palavra, Daisuke? — Ele colocou a mão no queixo, parecendo pensar. O pai e os tios esperam pacientemente. 

    — Ahmm... Esperto. Né? — O pai assentiu. 

    — Isso mesmo. Eu não sabia que Sakura estava ensinando palavras novas. 

    — Isso é ótimo para ele e Mayu. — Izumi diz. 

    — Os livros ajudam muito também. 

    — Realmente ela está lendo bastante livros para eles. Esses dias ela estava lendo “O Mágico de Oz”. 

    — Esse é o melhó. A Sakura leu duas vez. 

    — “Melhor”. Se diz “melhor”, e “vezes”.  

    — A frase está no plural, Daisuke. – Itachi diz, e ele inclina a cabeça, confuso. – Sabe, quando eu digo: “tem muitas coisas aqui”, estou falando no plural, por causa do tanto de “s”. 

    — Você vai entrar na escola o ano que vem, e vai aprender tudo isso. 

    — Eu vo pra escola, papai? 

    — Se diz “vou”. E sim... Você vai. Por falar nisso, tenho que falar com Naruto sobre isso. 

    — Na mesma escola que o Bolt? 

    — Sim, vai ser na mesma escola que o Bolt e seus outros primos. – Ele ficou animado. – Espero que ele fique assim no primeiro dia de aula. 

    — Eu acho que não vai ser um problema. 

    — Eu acho que será, sendo que ele não passará a parte da manhã com Sakura. 

    — Oh... Tinha me esquecido disso. — Itachi diz, preocupado. — Ele não vai gostar. 

    — Gostá de que? 

    — Cadê o “r”? — Itachi pergunta. — “Gostar”. 

    — Gostar de que? — Ele puxou o “r” e todos sorriram.  

    — Agente conversa sobre isso depois. — Sasuke acha melhor dizer. Não queria que o filho ficasse chateado, ou assustado antes do tempo. Com certeza ele não iria gostar de ir para a escola, quando souber que não ficará com Sakura. Ele nem mesmo deve ter pensado nisso.  

    — Vai ser um problema. — Izumi sussurra, mas o noivo e cunhado ouvem. 

    **--** **--** 

    Sakura observava a filha jogar o jogo que estava no celular do Sasuke. Tinha feito até mesmo ela jogar mais cedo. Ela estava aliviada por ver que a filha não estava pálida e que tinha acordado animada, mesmo que reclamasse por querer ir para casa. Sakura não sabia se tinha sido o pedido de Sasuke, mas a filha não havia chorado desde na noite anterior, quando Sasuke as deixou e foi para casa, coisa que acontecia sempre que era internada. Ver a filha rindo ou ficando emburrada por causa de um joguinho, alegrava Sakura, porque assim, a filha estaria se distraindo, além de que queria dizer que sua filha estava bem. Mayu desviou os olhos do celular para a mãe, perguntando se ela queria jogar de novo, mas ela mesmo interrompeu a mãe. 

    — Tio Sasuke. – Diz com um sorriso. Sakura olha para a porta. 

    — Oi, Mayu. – Daisuke corre para abraçar Sakura. – Como você está? – Pergunta já perto da pequena, passando a mãe direita nos cabelos rosados. 

    — Tô bem. Não tô mais dodói. – Ele diz “que bom”, sorrindo.  

    — E você, Sakura? 

    — Estou bem. – Responde depois de beijar os cabelos negros de Daisuke. – Mayu passou bem á noite, graças a Deus. E você? 

    — Estou bem também. Acabei de passar no hospital para ver Izumi e Akanne. – Ela sorriu. 

    — Ela é tão linda, Sakura.  

    — Quiria vê a bebê. – Daisuke olha para Mayu. 

    — O papai tem fotos, né, papai? 

    — Sim. Eu te mostro se quiser. – A garotinha sorriu. 

    — Como ela é? 

    — A cara do Itachi. 

    — Mais ela tem os olhos da tia Izumi. 

    — “Os Olhos”. – Sakura repete, surpresa por ouvir ele falar certo.  

    — Eu estou corrigindo ele. 

    — Vou começar a fazer o mesmo com a Mayu.  

    — Suke, eu não tô coseguinu passá desse. – Mostrou o joguinho e Daisuke se sentou na cama, para ajudá-la. 

    — Hoje ele falou algumas palavras diferentes. Disse que você ensinou. 

    — Ah, por eu ler livros, aparece palavras que eles desconhecem e por isso eu explico o significado. 

    — Já que estamos falando sobre isso... – A chamou com a cabeça para se sentarem no sofá, longe das crianças. – Preciso de ajuda. – Diz, sentando-se junto dela. 

    — Em quê? 

    — O ano que vem vou colocá-lo na escola durante o amanhã. – Sakura ficou surpresa. – E eu queria muito que me ajudasse a convencê-lo á aceitar isso. 

    — Claro. É só me dizer quando falar com ele.  

    — Eu sei que ele ficará chateado, porque não ficará com você, e sei que vai ser difícil convencer meu filho, afinal ele adora você. – Sakura sorriu. 

    — Eu compreendo, mas ele vai se acostumar. 

    — Espero que esteja certa. – Diz depois de um suspiro. 

    — Então... Quer dizer que ele não vai mais precisar de uma babá? 

    — Ainda vou precisar de você durante a tarde. – Sakura se sentiu aliviada, não pelo dinheiro, mas porque sentiria muita falta de Daisuke. – Você o buscaria na escola e ficaria com ele até eu chegar. – Desviou os olhos para as crianças, depois de explicar. 

    — Não se preocupe, falarei com ele, e o farei aceitar. 

    — Obrigado mesmo. Eu tenho certeza de que ele ficará chateado, e não sei se conseguiria convencê-lo de aceitar em ir á escola. 

    — Você me ajudou tanto Sasuke... – Eles se olharam. – Eu faço isso não só por agradecimento, mas também porque adoro o Daisuke, e sei que vai ser bom ele estar na escola, junto de outras crianças. 

    — Você deveria fazer o mesmo com a Mayu. 

    — No estado em que ela está? – Pergunta, não estando certa daquela ideia. 

    — Tem tantas crianças no estado dela, que continuam indo á escola, Sakura. E pense que assim, ela estará em volta de outras crianças. 

    — Mas e se ela passar mal? 

    — Vão chamar por você. Eu sei que Tsunade disse que ela não está bem, mas ir à escola não faria mal a ela, na verdade, pode ser o contrário. E ela continuará tomando os remédios. E outra, Sakura, ela estará na escola só por meio período. 

    — Vou falar com Tsunade. Talvez esteja certo. – Ele assentiu. 

    — Mudando de assunto... Ela será liberada amanhã? 

    — Bem cedo.  

    — Então irá trabalhar? 

    — Vou sim. Tem algo importante na empresa? 

    — Uma reunião com um casal. – Ela assentiu. – Mas vou almoçar em casa.  

    — Vou ser liberada ás 8h. 

    — Minha reunião será ás 9h30min, então está tudo bem. – Sakura mordeu o lábio e Sasuke teve vontade de beijá-la.  

    — Eu nem sei como agradecer, Sasuke. – Ele piscou algumas vezes, desviando os olhos dos lábios dela. – Não é qualquer pessoa que entenderia minha situação. 

    — Eu também sou pai, Sakura. Já disse, no que eu puder ajudar..., ajudarei. — Ela assentiu, agradecida.  

    Era tão difícil reprimir aqueles sentimentos. Sakura, por mais que tentasse o contrário, a cada dia ela se apaixonava mais por Uchiha Sasuke. A preocupação, o carinho, as ajudas, tudo que ele fez e faz por ela e sua filha, fazia com que ela o amasse ainda mais. E isso a assustava. E Sasuke não estava atrás.  Ele também estava assustado com o que sentia por Sakura. Ele não mais reprimia esse sentimento, mas continuava confuso. Ele não mais tinha lembranças com Karin; em contrapartida, ele pensava cada vez mais no beijo que ele e Sakura trocaram, imaginando que deveria ter retrucado quando ela disse que tinha sido um erro; por mais que tenha concordado com ela naquele dia, por causa da confusão que estava sua mente. Agora ele se arrependia. Por mais que Sasuke tenha tentado, ele não se esquecia do que sentia por Sakura, e esse era um dos vários motivos de ele parar de tentar fazer isso. 

    **--**  

     Sasuke ponderou, e muito antes de fazer aquele convite. Ele pensou em primeiro lugar na felicidade do filho, mas também estava ansioso por aquilo. Ele e Sakura nunca ficavam tanto tempo sozinhos, sem as crianças por perto; apesar de elas também irem com eles. Quando Daisuke pediu para saírem os quatro naquele dia, quando voltou para casa no horário de almoço, - principalmente porque Mayu estava completamente bem - ele imediatamente se lembrou do parque em que ia com o irmão quando mais novo e na conversa que teve com o mesmo no dia que sua sobrinha havia nascido, especificamente á uma semana. Mesmo que Sakura tivesse pensado duas vezes antes de aceitar o pedido, lá estava ela, no carro, sentada ao lado do Uchiha. Antes de tudo, ela tinha aceitado aquele convite pela filha e por Daisuke, ela fazia qualquer coisa por aqueles dois, apesar de não querer estar perto de Sasuke; não por não gostar de sua companhia, pelo contrário, adorava estar perto dele, mas isso era um problema para alguém apaixonada como ela. Ela não estava preparada para aceitar aqueles sentimentos, apesar de saber que os sentia. Ao contrário do que ela pensava, Sasuke não estava mais confuso com seus sentimentos. Não era fácil aceitar que isso estava novamente acontecendo, e ele tinha medo de começar um relacionamento, mas ele não estava nenhum pouco confuso. Mas sabia que precisava de um pouco mais de tempo, tanto para se acostumar com o que estava sentindo, quanto para Sakura fazer o mesmo; porquê ele sabia, ela estava assustada com o que estava sentindo. Ela não tinha dito que era um erro apenas por ele estar confuso naquele dia, mas também porque ela estava com medo do que aquilo poderia significar para eles, principalmente por ela não ter tido uma experiência muito boa com o ex-namorado. Daisuke e Mayu correram com Shasta – Sasuke tinha passado nos pais para pegar a cadela – assim que desceram do carro; não para muito longe, claro. Sasuke e Sakura se sentaram na grama, onde tinha uma macieira grande, para observarem as crianças. 

    — Nunca vim a esse parque antes. — Sakura comenta, enquanto se sentava. Sasuke fez o mesmo em seguida, ao lado dela. 

    — Eu vinha aqui quando era mais novo. Bem mais novo. — Frizou o “bem” e Sakura sorriu. — Itachi me trazia aqui. Eram meus dias preferidos. 

    — Vocês são bem ligados um no outro, não é? 

    — Desde pequeno. Itachi quem me ensinou a andar, foi ele quem me levou no meu primeiro dia de aula... 

    — Não foram seus pais? 

    — Meus pais tiveram que fazer uma viajem importante... – Deu de ombros. – Não me importei, eu compreendia que meus pais eram ocupados com o trabalho. E também, eu preferia o Itachi, ele era meu ídolo. – Sakura sorriu. 

    — Todo irmão mais velho é ídolo do mais novo. Hinata era e ainda é assim com o Nejí. Gaara é assim com a Temari, apesar de ele a irritar bastante. — Eles riram.  

    — Itachi me irrita bastante.  

    — É, eu percebi. — Diz balançando a cabeça, mas com um sorriso no rosto. — Parece que esse virou o hobby dele. 

    — E do Shisui. — Ele revirou os olhos. — Quando era mais novo, tinha ciúmes do Itachi com o Shisui. — Sakura gargalhou, e ele adorou ouvir a risada dele. — Eu grudava no Itachi, quando Shisui chegava em casa. 

    — Que fofo. 

    — Odiava quando minha mãe me tirava do quarto dele, porque os dois tinham que estudar. Ficava revoltado. — Sorriu. — Lembro que eu disse uma vez para minha mãe: Mas eu sou o irmão mais novo, mereço ter mais atenção. — Sakura voltou a rir. — Ela também riu, mas parou logo em seguida, porque viu eu ficando emburrado. 

    — Você devia ficar fofo emburrado.  

    — Minha mãe dizia que sim. Minha infância foi muito boa. 

    — E você e seu pai?  

    — Bom, eu tinha ciúmes da atenção que ele dava para o Itachi e por isso não nos dávamos muito bem quando eu era mais novo. No começo eu não me importava, tinha o Itachi... Mas comecei a me incomodar quando tinha sete para oito anos.  

    — Talvez ele nem percebesse o que estava fazendo. 

    — Não sei. Mas eu fazia várias coisas para chamar sua atenção.  

    — Por isso fazia aquelas coisas na escola? — Ele assentiu. Gaara fazia o mesmo. 

    — Mas ao contrário do meu pai, Ryuuji nunca apareceu na escola, mesmo com as advertências e suspensões que Gaara levava. Eu levava uma bronca, mas não me importava..., era uma forma do meu pai..., estar ali, para mim, entende? 

    — Para você, seu pai estar na escola brigando com você, já valia a pena. — Ele assentiu. — Ele provavelmente sabia porquê você fazia aquelas coisas 

    — Tenho certeza de que sim. Ele me disse á alguns anos, quando me visitou na cadeia. — Ela piscou algumas vezes. — A única vez que ele foi. 

    — Ele..., só o visitou uma vez? 

    — Ele não estava feliz por me deixar lá, mas queria que eu aprendesse que tudo que eu faço tem consequências. Eu soube disso em alguma das visitas de Itachi, e parei de ficar culpando-o. Odiando-o. Eu ainda não tinha muita paciência com meu pai, isso eu não posso negar. Quando voltei para casa, só o que eu pensava era que eu teria que conviver debaixo do teto dele, suportando a presença dele. 

    — E por que? — Ele suspira. — Por que pensava assim? 

    — Por ciúmes dele com Itachi. Por raiva. O pai da minha mãe tinha dito que meu pai não teve escolha quando me disse que eu o substituiria na empresa. Que ele sempre quis Itachi, mas como o filho mais velho decidiu por medicina... 

    — Oh..., você achou que estava sendo a segunda escolha. — Ele assentiu, e Sakura balançou a cabeça. — Seu avô foi um insensível. 

    — Ele nunca gostou do meu pai, então... — Sakura arregalou os olhos, incrédula. 

    — Ele fez isso para te colocar contra o seu pai? 

    — Isso mesmo. Descobri quando eu e meu pai estávamos conversando sobre a empresa. Era a nossa primeira conversa, de verdade. — Ela assentiu. — E ele contou que tinha sim conversado com Itachi, mas para perguntar se ele se importava em não ser o CEO da empresa da família. E foi nessa conversa que meu pai soube que Itachi tinha se decidido pela medicina. 

    — Inacreditável. 

    — Se você ficou assim, imagina eu, quando descobri que tinha sido tudo uma armação do pai da minha mãe.  

    — Você pelo jeito não o chama de avô. 

    — Não. Só o pai do meu pai. Apesar do que ele fez com meus pais, ele se arrependeu quando Itachi nasceu.  

    — E o que ele tinha feito? — Estava curiosa, Sasuke sorriu ao perceber isso. 

    — Ele não queria que meu pai se casse com minha mãe. Ele nunca achou que minha mãe fosse a mulher certa para o filho dele. Bom, isso mudou quando ele a conheceu de verdade.  

    — Se ele nunca quis, como seus pais se casaram? 

    — Minha mãe ficou grávida.  

    — Oh... — Sasuke balançou a cabeça. — Entendi.  

    — Se meu pai tinha Itachi como preferido, meu avô tinha a mim; não que ele não amasse Itachi. — Ela assentiu, compreendendo.  

    — Eu não o vi nas vezes que estava na casa dos seus pais. 

    — Ele está viajando á trabalho. Mas ele volta em algumas semanas; pelo menos foi o que ele disse na carta. Por falar nessa carta, eu ainda não sei como ele descobriu meu endereço. 

    — Com seus pais? 

    — Talvez. Ah, sobre isso do meu avô voltar, não fala nada não, ele quer que seja surpresa.  

    — Pode deixar. — Eles observaram os filhos se aproximarem com Shasta atrás deles. 

    — Papai, tô com sede. 

    — Eu também. — Sakura abriu a caixa térmica ao lado dela, tirando uma garrafa média de água, pegando dois copos descartáveis em seguida.  

    — Nós chegamos á meia hora e vocês já estão sujos. — Sakura riu ao ouvir Sasuke. — Dessa vez eu não fiz a burrice de colocar bermuda clara em você. 

    — Isso acontece com qualquer um. Eu coloquei um vestido branco na Mayu para a festa de aniversário dos gêmeos do Nejí, e no final da festa, estava marrom. — Ele riu. — Fiquei louca quando eu vi. Eu não imaginei que ela fosse sujá-lo tanto... 

    — Eu pensei o mesmo com Daisuke. — Sakura entregou os copos para eles. 

    — Depois daqui agente ainda vai tomá sorvete, né? 

    — Cadê o “r” depois do a? — Sasuke pergunta e o filho inclina a cabeça. — “Tomar”, Daisuke.  

    — Ah... Tomar. — Puxou o “r”. 

    — Nós vamos sim. — O pai responde. — Mas do jeito que estão sujos não vamos poder ficar na sorveteria. — Eles fizeram um bico. — Podemos tomar em casa. 

    — Ah, papai. Agente senta nas cadera lá fora.  

    — “Cadeiras”. — E dessa vez Sasuke e Sakura o corrigiram ao mesmo tempo, o que os fez se olhar. 

    — Tá. Cadeiras. — Diz impaciente. 

    — Itachi tem razão quando diz que você está a cada dia mais parecido comigo. — Sakura riu. — Tem dia que é impossível não reconhecer. 

    — Agente vai tomar lá, né? 

    — Por favor? — Mayu pede em seguida, juntando as mãozinhas em frente ao corpo.  

    — Tudo bem. — Eles sorriram animados. — Agora vão brincar, nós não vamos ficar aqui muito tempo. 

    — Pur que? 

    — “Por que”. — Daisuke fez um bico. — Eu vou te corrigir toda hora, até você acertar. Diz. — Sakura sorriu.  

    — Por que? — Ele repete vagarosamente, puxando o “r”. 

    — Porque já são 15h da tarde, e vai escurecer logo.  

    — A gente vem outro dia mais cedo, Suke, e então ficamos mais tempo. 

    — Todo mundo ingual hoje? 

    — “Igual”, Mayu. — Ela inclinou a cabeça, confusa. — Repete.  

    — Igual. — Ela repete devagar, fazendo um bico ao terminal a palavra. — Vai, né mamãe? 

    — Sasuke trabalha.  

    — Mais e o sábado? 

    — “Mas”. Não é “mais”, Daisuke”. 

    — “Mas”. – Fez um bico. – Isso é chato. – Sakura segurou uma risada. 

    — Mas é importante. Quando você for para a escola, vai ficar falando errado? — Ele balança a cabeça várias vezes. — Então..., vou te corrigir o tempo todo. 

    — Papai, agora me responde... Por favor. — Ele fez a pausa, falando a última palavra corretamente, puxando o “r”. 

    — Vamos conversar sobre isso depois. 

    — Papai... — Sasuke e Sakura viram os olhos das duas crianças brilharem, querendo uma resposta. — Esse sábado. Nóis quatro. 

    — “Nós”. – E o garotinho repetiu. – Você quem sabe. — Diz olhando para Sakura. 

    — Mas e o almoço na casa dos seus pais? 

    — Eu digo que já combinei de sair com o Daisuke, e ficará tudo bem. 

    — Então tudo bem. – Daisuke e Mayu pularam animados, dizendo obrigado várias vezes. – Agora vão brincar, o tempo está passando. – E não precisou ter dito outra vez, eles correram para longe dos pais, com Shasta seguindo-os. 


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