Boa Leitura
Sasuke estava no escritório, quando a secretária entrou na sala toda desesperada, dizendo que tinha recebido uma ligação séria. Ele pensou que fosse algum trote quando ligaram para falar que sua cunhada estava no hospital. Ele só acreditou que era sério quando ligou pessoalmente para o irmão, e o ouviu confirmar. Nem mesmo perguntou o que tinha acontecido, apenas desligou, correu para o elevador, entrou no carro e pisou no acelerador, para chegar rápido ao hospital. Podia imaginar o desespero do irmão. Virou o volante de uma vez, fazendo o carro derrapar e parar perto do acostamento, estacionado corretamente. Desligou o carro, o travou depois de sair de dentro dele, e correu para dentro do hospital.
— Itachi. – Sasuke chama quando o vê ao lado de seus pais, tios e primos. – O que houve?
— Minha filha está nascendo.
— O que? – Sasuke fica surpreso e aliviado. A cunhada estava bem. Bom, se Itachi estava “calmo”, era porque nem sua cunhada e nem sua sobrinha corriam riscos.
— Izumi entrou em trabalho de parto.
— E por que não está com ela?
— A médica achou melhor eu não estar lá dentro. – Deu de ombros. Sasuke se sentou ao lado do irmão. – Alguma coisa a ver com o nervosismo da Izumi.
— Como isso foi acontecer tão rápido? Faz apenas uma semana e meia que ela foi à última consulta.
— A médica disse que isso poderia acontecer. – O irmão assentiu.
— Assustador, não é? – Sasuke riu e Shisui o acompanhou.
— Então, faz tempo que ela está lá dentro? – Pergunta ao se recuperar. Itachi assentiu.
— A médica disse que a bebê poderia demorar a nascer, porque Izumi estava com a dilatação mínima. – A mãe explicou.
— Não entendo nada disso. – Sasuke comenta, e os homens concordam. – Como você está?
— Estou calmo, mas ansioso. – Sasuke sorriu. – Eu só espero que me chamem logo.
— Logo virão aqui para você conhecer sua filha. – Rin comenta, sorrindo.
— Logo vai ter sua filha nos braços... – Itachi sorriu para o irmão. Ele se lembrava da primeira vez que Sasuke tinha pego Daisuke nos braços. O irmão sentiu uma emoção enorme, ele mesmo sentiu essa emoção, e aquele garotinho era apenas seu sobrinho. – Shisui, cadê a Yumi? – Sasuke pergunta quando percebe que a prima não estava ali.
— Está com a Izumi. Itachi e Izumi estavam lá em casa quando ela começou a sentir as primeiras contrações. Parecia estar assustada, então a Yumi deixou a Yuuki com a babá, para nos acompanhar e entrou com Izumi quando chegamos aqui. – Ele assentiu, compreendendo. – Yumi estava conseguindo acalmar Izumi melhor que o Itachi.
— Minha filha está nascendo antes do tempo, o que queria? – Retruca. – Eu sabia que isso poderia acontecer, mas saber é diferente de ver.
— Eu sei disso, só queria te provocar um pouquinho.
— Viu como é bom ser provocado? – Itachi fuzilou o irmão.
— Não começa não, se não quiser que eu te diga umas verdades na frente dos nossos pais, tios e primos. – Sasuke revirou os olhos. – Alguns deles não sabem sobre o...
— Itachi se concentra na sua filha. – Sasuke pede, interrompendo-o de propósito. Shisui e Itachi riu, enquanto que os outros ficaram curiosos. – Você contou para... – Se interrompeu. Era uma pergunta idiota. É claro que Itachi contaria para Shisui sobre o beijo. – Esquece. Eu vou ligar para a Sakura e avisar que eu vou demorar. – Se afastou.
— Até quando ele vai fingir que nada aconteceu?
— Não sei quem é mais cabeça dura. Sasuke ou Sakura. – Essa é a última coisa que Sasuke ouve dos irmão e primo.
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— Alô? – Ela atende no segundo toque.
— Sakura, sou eu.
— Ah. Sasuke. Aconteceu alguma coisa?
— Sim. A Akanne está nascendo.
— Mesmo? – Pôde ouvir a animação na voz dela. – Eu fico muito feliz por Izumi e Itachi.
— Ainda pode demorar um pouco, por causa de... Pouca dilatação, eu acho. – Ele diz, franzindo o cenho e Sakura ri.
— Tudo bem. Isso é normal, às vezes acontece. Mas elas estão bem, certo?
— Estão sim, até onde sabemos.
— Entendo. Então você ligou para avisar que vai demorar.
— Isso mesmo. Eu ia chegar mais cedo hoje, mas com a minha sobrinha nascendo...
— Tudo bem, eu não tenho nada importante para fazer.
— Obrigado.
— Ganhei. – Sasuke ouve o grito animado de seu filho.
— Não é justo. – Mayu reclama.
— Pelo jeito eles estão se divertindo.
— Estão jogando xadrez, mas como Daisuke foi ensinado pelo próprio Nara Shikamaru... É impossível ganhar desse garoto. – Sasuke sorriu.
— Explica para ele porquê vou demorar, por favor.
— Pode deixar. Mas ele vai querer ir ver a Akanne.
— Diz que a verá amanhã. Hoje Izumi vai estar cansada...
— Eu explico para ele. Ele vai entender.
Sasuke não podia discordar. Daisuke sempre compreendeu bem as coisas, sempre foi obediente, então não achava que Sakura teria algum problema. Principalmente porque ela tinha um jeitinho que faria seu filho entender a situação.
— Quer falar com ele?
— Não. Se for demorar mais do que imagino, eu ligo e falo com ele.
— Tudo bem.
— Obrigado. Seu horário é até as 17h, e já tem dias que têm ficado até depois desse horário.
— Eu não me importo. Na verdade, isso me distrai da situação da Mayu.
— Como ela está hoje?
— Está bem, por incrível que pareça. – Suspirou. – Se sentiu cansada mais cedo, mas agora está melhor.
— Qualquer coisa me liga.
— Okay. E quando a Akanne nascer, me avisa?
— Claro. Até daqui a pouco.
— Até. – Ela desligou primeiro.
Sasuke guardou o celular antes de se voltar para junto de sua família. Quando se aproximou, viu todos em pé conversando com uma médica. Achou estranho quando viu que o irmão passava a mão nos cabelos, agoniado, e por isso se preocupou.
— Está tudo bem? – Eles olham para Sasuke.
— Eles estão com um problema. Caso Izumi não consiga passar por um parto normal, eles farão cesárea. – Itachi estava preocupado.
— Mas isso prejudica uma das duas?
— Não. De jeito nenhum. O único problema, Uchiha’s, é que a dilatação dela é mínima. Só isso. Totalmente normal para mim.
— Elas ficarão bem?
— Super bem. – Ela não estava preocupada, pelo que todos perceberam. – Sua filha e sua noiva ficarão bem, eu só vim avisar o que farei, caso o parto normal não dê certo.
— Tudo bem.
— Não precisa ficar nervoso, ou se preocupar. Sua filha só está dando um pouquinho de trabalho, só isso. – Sasuke sorriu para o irmão.
— Como eu disse: Ela vai ser levada, e pelo jeito, bastante problemática, diria o Shikamaru.
— Vou fingir que não ouvi você chamando sua sobrinha de problemática. – Sasuke riu. Os pais e tios sorriram ao perceber que assim como Sasuke queria, Itachi estava mais tranquilo. – E esse lado dela, deve ter puxado de você.
— Provavelmente. Sorte a dela. – Itachi revirou os olhos.
— Metido. – A médica sorriu.
— Bom, já que estão mais tranquilos, voltarei para a sua noiva e filha. – Ele assentiu, e a viu se afastar. Itachi se sentou quase ao mesmo tempo que o irmão.
— Falou com sua futura namorada?
— Ela é minha amiga, e não é futura namorada. – Responde, depois de um suspiro. Seu irmão não descansaria até que ele conseguisse o que quer: Ver ele e Sakura juntos.
— Ah, tá. E eu vi um boi voando. – Sasuke arqueou as sobrancelhas, não entendendo o sentido daquela frase.
— Você por acaso se drogou?
— Sasuke. – Mikoto o repreendeu. Os outros riram. – Isso é coisa que se diga?
— A senhora ouviu o mesmo que eu? – Retrucou, apontando para o irmão.
— E então, falou com Sakura? – Seu pai perguntou.
— Sim. Ela vai ficar com Daisuke até eu voltar para casa.
— Se quiser ir...
— Não, mãe. Está tudo bem.
— Sakura está cuidando do seu neto, mãe. Não tem pessoa melhor para ficar com ele. – Sasuke concordava com o irmão. – Preciso me distrair, vamos falar sobre a sua futura namorada. – Shisui riu e os outros sorriram.
— Em primeiro lugar, isso é chantagem, e eu não caio em chantagem. E em segundo lugar, eu e ela somos só amigos. Quantas vezes terei que dizer?
— Achei que fossem mais que isso quando cheguei de viagem naquele dia.
— Até o senhor? – Ele olha para o tio Izuna.
— Bom, foi o que me pareceu. Haruka até comentou comigo mais tarde, que achava que vocês fariam um belo casal.
— Todos já disseram isso para ele, tio.
— Desde quando minha vida pessoal virou o assunto do dia?
— Irmãozinho, Izumi está lá dentro, sofrendo para ter minha filha, e eu preciso de uma distração, então... – Sasuke revirou os olhos.
— Então falamos de outra coisa. Por que tem que ser sobre eu e Sakura?
— Porque vocês são fofos juntos? – Ele olha para Yumi.
— E porque você parece gostar dela, e não tem coragem de dizer? – Shisui diz em seguida.
— Eu não estou pronto para ter algo com alguém agora. Preciso me concentrar no Daisuke.
— De novo? Quando penso que está dando dois passos para frente, você dá dez para trás. – Itachi diz, revoltado. – Fala sério, Sasuke. Você disse que ia conversar com ela. Então converse de uma vez.
— Deixe seu irmão, Itachi.
— Ele sabe a hora de fazer alguma coisa. – Mikoto se pronuncia, concordando com o marido. – Mais cedo ou mais tarde eles conversarão.
— Tudo bem. – Resmungou.
— E me faz um favor, pare de ficar fofocando sobre a minha vida com o Naruto.
— Impossível. Eu e ele fizemos um grupo. – Sasuke o olha incrédulo, e os outros, inclusive os adultos começam a rir.
— Está brincando?
— Não. Estamos torcendo por você e Sakura, irmãozinho. – Antes que Sasuke pudesse dizer mais alguma coisa, eles são interrompidos pela mesma médica. Itachi se levanta.
— Uchiha Itachi... Quer conhecer sua filha? – Todos sorriram. Mikoto colocou uma das mãos no ombro do filho.
— Ela nasceu? – Ela assentiu. – E está bem?
— As duas estão. A senhorita Yumi está com sua noiva, ajudando-a com a amamentação.
— Sua filha nasceu, Itachi. – Haruka diz.
— Tivemos que fazer uma cesárea. Sua noiva não quis dormir, ela ficou acordada o tempo todo.
— Corajosa. – Sasuke diz, olhando para o irmão. – Vai lá. Estaremos esperando aqui. – Itachi assentiu, e seguiu a médica.
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Sakura não imaginou encontrar Tenten na porta do apartamento do Sasuke. Quando ela foi atender, imaginou que poderia ser qualquer um, menos a amiga. Ela estava um pouco desesperada. Tremia, e parecia querer chorar, e isso preocupou Sakura. Antes de perguntar o que houve, Sakura a abraçou, a levou para a cozinha, e avisou as crianças que estaria lá, conversando com a tia Tenten. Ela se sentou ao lado da amiga, e pediu para ela contar o que estava acontecendo, enquanto lhe entregava um copo com água. Tenten demorou um pouco, por causa do nervosismo. Quando Sakura soube o porquê daquela reação, achou que a amiga estava exagerando um pouco, mas não a interrompeu em nenhum momento. Sakura suspirou quando Tenten acabou de falar.
— Ten, você não acha exagero? Tudo bem, você não esperava por isso, mas... Você é casada, não é mais uma adolescente.
— Sakura, eu não queria mais. Não queria.
— Aconteceu. O que vai fazer? Abortar?
— Não. – Ela praticamente grita. – Claro que não. Essa criança não tem culpa de eu ter sido tão irresponsável.
— Tenten, você teve uma reação alérgica, é normal que ela corte o medicamento.
— Eu sei. Eu só não queria mais filhos. Eu estou bem com os gêmeos.
— O que o Nejí disse?
— Ele ainda não sabe. Eu fui sozinha buscar o resultado na clínica.
— Não acredito, Tenten. – Sakura passou as mãos nos cabelos. – Você não podia ter feito isso. Deveria ter ido com seu marido, ele te apoiaria.
— Eu estou desesperada, Sakura.
— Okay, Tenten, para. – Se levanta. – Você não é mais uma adolescente. Você é uma mulher, então aja como uma. – Tenten a olhou surpresa pela fala. – Pelo amor de Deus, é só uma criança. Um filho seu e do Nejí. Se aconteceu, é benção. Okay? Você não queria, mas talvez Deus queria... E aí? Vai ficar repudiando esse bebê? – Estava nervosa, e por isso falaria tudo que queria, para tentar abrir os olhos da amiga. – Ele sente, sabia? Sente que você não o quer, e isso é horrível para ele. Por favor, pense com calma... Você não queria outro filho, mas dizer que está desesperada porque ele está aí, na sua barriga? Que você não o quer? – Balançou a cabeça. – Isso é muita maldade com um bebê inocente. – Tentem abaixou o olhar. – Você está assustada, eu compreendo, você não esperava estar grávida..., mas agora aconteceu, então supere isso. – Elas ficaram em silêncio por alguns minutos, até que Tenten olha para a amiga com os olhos lacrimejados.
— Eu sou uma pessoa horrível, não é? – Sakura suspirou e voltou a se sentar. – Ele não tem culpa alguma, mas... Sakura, eu nunca quis filhos, até que eu fiquei grávida e tive que superar tudo. Era uma criança inocente e que precisava de mim. Por isso tinha decidido não ter filhos mais. Porque... Porque eu nunca tinha me visto mãe antes. Mesmo depois dos gêmeos nascerem, eu tinha medo de tudo. De fazer o mesmo que minha mãe... De abandoná-los em algum momento...
— Você não é a sua mãe. E é isso que tem que dizer a si mesma sempre. – Pega na mão da amiga. – Esse bebê que está vindo... É só uma certeza de que você é a melhor mãe do mundo. Ten, eu acho que você deve parar de pensar no passado. Você está sempre me dizendo isso...
— Eu sei. Eu amo meus filhos, Sakura, você sabe disso, né? Esse meu desespero não quer dizer que eu não os ame.
— É claro que eu sei.
— Estou mesmo com medo. Minha mãe teve três filhos e... Nos abandonou quando eu tinha quatro anos. Ela teve uma depressão horrível, não conseguia nem mesmo me amamentar... Por isso eu sempre tive medo de acontecer o mesmo. Aconteceu com a mãe dela e com a mãe da mãe dela... Parece que isso é...
— Não é não. – A corta. – Não fique chamando essas coisas ruins para você. – Ela assentiu. – Você não vai fazer o mesmo que sua mãe. Esse bebê vai sentir seu amor o tempo todo, você vai amamentar ele, vai vê-lo crescer... Vai no primeiro dia de aula... – Sorriu. – Ficar pensando em coisas ruins, faz mal a você e ao seu bebê, então exclua essas coisas de sua mente. Sempre que vier esses pensamentos negativos, você diz a si mesma que não é verdade. Que tudo ficará bem. – A amiga assentiu. – Você é uma mãe maravilhosa, e esse seu bebê vai sentir todo o amor que os gêmeos sentiram e ainda sentem. Tenho certeza. – Diz com um sorriso.
— Como você acha que o Nejí vai reagir?
— Eu acho que ele vai reagir bem. Ele estava desconfiado naquele dia que Ino perguntou se você fez o xixi no palitinho.
— Inconveniente. – Sakura riu. – Ainda fico surpresa por saber que ela estava certa.
— Ino tem esse dom. Bom, agora que está mais calma... – Colocou a mão na barriga da amiga. – De quanto tempo está?
— Quase três meses.
— Então, eu acho que você precisa falar com o Nejí. Hoje. Agora. – Ela concordou. – Quer que eu ligue para ele? – A campainha impediu Tenten de responder. – Já volto. – Sakura caminhou até a porta, e a abriu, se surpreendendo ao ver quem era, mas logo sorriu. – Nejí.
— Ela está aqui, não está? – Sakura assentiu, e ele suspirou.
— Ela estava um pouco... Assustada.
— Então deu positivo? – Sakura voltou a assentir. – Quando ela foi buscar o resultado sozinha e não voltou para casa, eu imaginei que esse tinha sido o resultado. Ela nunca quis ter filhos, e muito menos três.
— Ela está calma agora. Já dei um esporro bem dado. – Nejí sorriu, imaginando a prima fazendo isso. – Mas eu entendo o medo dela. Como não pensar assim quando aconteceu com a mãe, avó e a bisavó também? – Bufou. – Converse com ela, ela está na cozinha.
— Obrigado. Por ter ajudado ela.
— Ela é minha amiga, e você é meu primo, como é que eu não a ajudaria? – Ele balançou a cabeça. Sakura fechou a porta quando ele começou a andar até a cozinha. – Nejí. – Ele a olhou. – Parabéns. – Ele sorriu agradecendo em seguida.
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Sasuke parou no batente da porta, observando sua mãe com Akanne nos braços, sentada na poltrona. Enquanto que suas tias estavam ao redor dela, seu pai e tios estavam ao lado de Itachi, do outro lado da cama. Estavam todos encantados com Akanne. Ela tinha vindo idêntica ao seu irmão, com exceção dos olhos. Ela tinha vindo com os olhos idênticos aos de Izumi. Ela realmente era linda, ele tinha que admitir. Apesar de ele dizer que ela se parecia muito com Itachi, sua mãe dizia que ela tinha pego alguns traços de Izumi, como o nariz. Sasuke não concordava. Ele olhava para ela e via seu irmão, inteirinho. Claro, quando ela estava de olhos fechados, porque quando ela abria aqueles olhos incrivelmente claros, ela se parecia um pouco com Izumi. Mas só um pouco. Com certeza Daisuke ficaria encantado por ela, assim como ficou com Yuuki. Provavelmente elas seriam as bebês favoritas dele. Bom, sem contar Mayu, por quem ele tinha um carinho especial.
— Ei, irmãozinho. – Sasuke o olhou. Itachi se aproximava de onde ele estava – Não quer pegá-la?
— Eu prefiro deixar para quando ela for maiorzinha.
— Larga de bobo. Ela é sua sobrinha, ela precisa saber que você existe. – Sasuke sorriu.
— Ela vai saber, quando ouvir minha voz. – Itachi bufou. – Eu não gosto de pegar quando está muito novinha, eu disse isso quando a Yuuki nasceu. Vai que... Machuco ela?
— Bobagem. Você não vai machucar ela. Se eu consigo, qualquer um consegue. – Sasuke riu. – Sério, quando Daisuke nasceu eu relutei igual você, mas assim que o peguei... – Deu de ombros. – Percebi que foi uma bobagem pensar desse jeito. Até o Naruto conseguiu.
— O Naruto pegou meu filho nos braços quando ele nasceu? – Sasuke pergunta, surpreso e um pouco assustado. Seu amigo era ótimo, mas muito desengonçado. Seu filho poderia ter chegado perto da morte. Sasuke riu internamente, pensando em como foi um pouco exagerado.
— Pegou. Ele é tio dele também.
— Mas é bem desengonçado, era capaz de deixar meu filho cair.
— Não posso discordar. – Itachi diz, concordando com o irmão. Ele também pensou o mesmo que o irmão quando viu Daisuke nos braços de Naruto pela primeira vez. – Mas agora vem comigo.
— Itachi...
— Você vai pegar sua sobrinha. – Ele diz, sem querer ouvir outra negativa. – Mãe, me passa a Akanne, por favor?
— Ah, decidiu pegá-la, Sasuke?
— Itachi está me obrigando a isso. – Seus pai e tios riram. – Izumi, você pode contestar se quiser.
— Ela é sua sobrinha, por que não a pegar?
— Ele ficou assim quando Yuuki nasceu. Só foi pegá-la no colo alguns dias depois. – Shisui diz, fazendo Izumi olhá-la. – Realmente quando os bebês estão pequenos demais dá um desconforto, primo, mas não vai machucá-la.
Sasuke não respondeu. Ele realmente não estava confortável com aquilo. Apesar de sua sobrinha, como a médica disse, ter 3 quilos e 500 gramas, ela era novinha demais e ele achava que ela poderia quebrar em seus braços. Itachi se virou quando já estava com a filha nos braços, e de vagar ele passou a pequena para o irmão, dando algumas instruções, essas que Sasuke já tinha ouvido quando pegou Daisuke nos braços pela primeira vez; mas isso fazia muito tempo.
— Morreu? – Sasuke revirou os olhos, mas sequer o olhou para o irmão. – Lembranças?
— Daisuke era maior um pouco que ela quando eu o peguei nos braços pela primeira vez.
— Ele nasceu mesmo maior que a Akanne... – Olhou para a mãe. – Ele tinha quantos quilos mãe?
— 3 quilos e 800 gramas. Apesar de ter nascido antes do tempo, muito antes do tempo, ele era grande. – Sorriu, se lembrando da primeira vez que o viu.
— Karin nem mesmo o pegou no colo.
— Ela estava lutando pela vida dele, irmãozinho. – Sasuke sentiu um aperto no peito, mas ao contrário de todas as vezes que se lembrava do nascimento do filho, ele não sentiu aquela mágoa que tinha de si mesmo. Não estava se culpando, não mais. Só queria que a ex tivesse tido aquela experiência.
— Eu sei. – Akanne abriu os olhos e todos se surpreenderam quando isso aconteceu. Ela só tinha aberto os olhos no colo de Izumi, e desde então, estava dormindo.
— Ela voltou a abrir os olhos. – Yumi comenta sorrindo.
— Esses olhos me lembram tanto... Os olhos da minha filha. – Rin comenta. Obito a olhou, ele pensava o mesmo que ela, mas ao contrário da esposa, ele não teve coragem de falar.
— Realmente são muito parecidos, mãe.
— Vocês dizem que ela se parece com a Izumi, mas eu não concordo. – Sasuke comenta, fazendo todos olharem para ele. – Ela é muito parecida com Itachi. Talvez ela seja tão calma quanto ele.
— Tomara. – E todos riram ao ouvir Izumi. – Eu sou muito esquentada.
— Eu que o diga. – Ela o fuzilou e o noivo riu. – Mas você sabe ser meiga quando quer. – Ela sorriu, desviando os olhos para a filha.
— Lembro que quando eu era pequeno eu vivia atrás do Itachi, querendo brincar, querendo que ele parasse de estudar para brincar comigo, ou apenas para me levar ao parque.
— Eu não gostava muito disso, naquela época. – Fugaku se pronuncia. – Mas entendia que você via Itachi como um herói.
— Meus dias preferidos eram os finais de semana. Itachi me levava naquele parque das macieiras. Lembra? – Itachi sorriu.
— Claro. Eu levava o Daisuke lá todo final de semana. Izumi também ia comigo.
— Então era lá que se encontravam?
— Lá e outros lugares. – Piscou para a noiva que sorriu. – Daisuke adora aquele parque.
— Eu nunca o levei lá.
— Por que não faz isso esse final de semana? Leve Mayu também.
— E isso foi apenas uma desculpa para você convidar a rosadinha. – Shisui diz, sorrindo assim como Itachi.
— Até eu percebi isso. – Izuna diz, sorrindo. – Vocês não vão descansar até Sasuke chamar a mulher pra sair, não é? – Ambos balançaram a cabeça.
— Sakura é encantadora. Ela conquistou o Daisuke, e nós sabemos como ele é difícil. – Haruka diz, sorrindo, e Mikoto concorda.
— Ele é o Sasuke novamente. – Sasuke olhou para o pai. – O jeito de falar, o olhar quando não está gostando de algo, ele franzindo o cenho quando está irritado...
— Nunca o vi irritado.
— Porque quase nunca acontece. – Fugaku responde.
— Daisuke é bem calmo.
— Ele pegou isso da Karin. – Todos perceberam como Sasuke falava de Karin com naturalidade, sem a dor nas palavras, ou até mesmo nos olhos. Isso deixava a família mais aliviada, Sasuke estava superando. – Ela quem controlava minha raiva. Ninguém conseguia me acalmar como ela.
— Nós sabemos disso. Seu pai principalmente. – Mikoto olhou para o marido.
— Talvez Akanne seja tão apegada á você quanto você era a mim. – Sasuke sorriu.
— É. Assim como Daisuke é com você.
— É capaz dela recorrer ao tio quando o pai não a deixar fazer algo. – Mikoto diz. – Já pensou quando ela começar a namorar?
— Em primeiro lugar, minha filha não vai namorar. – Os outros riram, mas Itachi fingiu não ouvir. – E em segundo lugar, ela é muito pequena para se quer pensar nisso.
— E é aí que o Sasuke entra. – Yumi diz. – Ele vai ser o tio “legal”.
— Eu acho que Akanne vai recorrer ao Sasuke quando começar a namorar. – Ouvem de Haruka, tendo Rin e Mikoto de apoio.
— Minha filha não vai namorar de jeito nenhum. – Olhou para o irmão. – E nem pense em tentar me fazer mudar de ideia.
— A menina mal nasceu... – Sasuke revirou os olhos. – E quando ela começar a namorar, você vai fazer o que? Trancá-la em casa? Vai ser muito pior, Itachi. Ela vai fazer pelas suas costas. Ouve o que estou dizendo, não proíba sua filha de namorar.
— Ouça seu irmão. Eu o proibi de tantas coisas, e olha o que aconteceu?
— Se Akanne vier até mim pra falar disso... Pode esperar, eu vou te convencer a deixá-la namorar. – Itachi o olha incrédulo. – Larga de ser ridículo.
— Você não tem uma filha, por isso me diz isso.
— Mesmo se eu tivesse eu faria o mesmo. Eu sei de todas as coisas que eu fiz para chamar atenção, e porque me proibiram. É melhor você saber do namoro, conhecer o cara, do que você não saber de nada, e sua filha cair em armadilhas.
— Seu irmão está certo. – Izumi diz. Itachi bufou. Apesar de não gostar daquela história, Sasuke estava certo.
— No momento não quero pensar nisso. Minha filha ainda é muito nova. – Sasuke assentiu. – Mas... Se você souber disso primeiro que eu... Cabeças vão rolar. – Sasuke revirou os olhos, e os outros riram.
— É claro que eu vou saber primeiro. Eu sou o tio “legal”, lembra? Isso vai acontecer com a Yuuki também.
— Como é? – Shisui se pronuncia, incrédulo.
— É isso aí. Se ela e Akanne for como você e Itachi, elas estarão juntas o tempo todo, então naturalmente, elas vão recorrer a mim quando precisarem de ajuda para contar sobre os namorados.
— Como é que você fala isso com tanta naturalidade? – Shisui pergunta, indignado.
— Já disse, ele só tem o Daisuke. – Itachi sorriu de repente, e todos o olham curiosos. – Ah, não. Eu esqueci, tem a Mayu.
— Vai começar... – Sasuke volta os olhos para a sobrinha.
— Verdade. Se eu e Itachi estivermos certos, você e Sakura estarão juntos, o que fará de Mayu, sua filha.
— Eu ia achar ótimo. – Sasuke olhou para a mãe. – Iria gostar de ver você com uma mulher como Sakura. Criar sua família.
— E então ele vai ouvir da Mayu, um dia, que ela está namorando.
— Não estou dizendo que isso vai acontecer, mas... Se eu tiver uma filha eu não vou proibi-la de namorar. – Revirou os olhos mais uma vez. – Do que iria adiantar?
— Acho que Sasuke é mais esperto que vocês. – Itachi e Shisui olham para o Izuna. – Vocês não entendem que é o melhor a se fazer? Eu se fosse vocês, faria o mesmo.
— Eu acho que fazer o contrário, seria perda de tempo. – Obito completa. – Como Sasuke disse: É melhor ficar por dentro do que por fora do que acontece com suas filhas. – E eles não puderam descordar.
— E por que estamos falando disso agora, sendo que uma delas só tem um dia de vida?
— Meu pai está certo. – Itachi diz. – Se Deus quiser, Akanne e Yuuki só vão pensar nisso daqui 15 anos. – Sasuke riu.
— Quinze? Você está muito errado se acha que elas não vão pensar nisso antes. Eu perdi minha virgindade com treze, assim como a Karin.
— Você é uma péssima influência para a minha filha. – Shisui diz, tendo Itachi de apoio e os outros riram.
— Eu sou uma ótima influência. – Retrucou. – Vou ensinar as melhores coisas para elas. E não coloquem esses filmes e desenhos retardados para elas assistirem, beleza?
— Você vai colocar elas para assistirem o que? A casa mal-assombrada? Ou Harry Potter?
— Não que Harry Potter seja ruim... – Shisui completa. – É maravilhoso, mas não é filme pra criança.
— Você vai colocar “Peppa” pra sua filha assistir?
— Tá marrado em nome de Jesus. – E novamente estava todos rindo, incluindo Sasuke. Itachi e Shisui tinham falado juntos.
— Vocês não acham que estão se preocupando atoa? – Yumi diz, rindo.
— Minha filha também não vai assistir aquela coisa chata chamada “galinha pintadinha”.
— E muito menos “Dora, a aventureira”. Desenho retardado. – Sasuke e Shisui concordaram.
— Vou colocar elas pra assistir “Rugrats”. Eu assistia quando era criança.
— Isso aí é válido.
— Tudo que eu gosto é válido. – Sasuke trucou o irmão.
— Metido.
— “Baby Looney Toones”, esse também vai ser assistido por elas. Só filmes e desenhos que fizeram maravilhas na minha época.
— Vai fazê-las assistirem “Curtindo a Vida Adoidado”? – Olhou para o pai. – Foi esse filme que fez o Sasuke fazer todas aquelas loucuras na escola e fora dela.
— Infelizmente tenho que concordar. – Mikoto diz, cruzando os braços
— Aquele filme é muito louco. – Diz rindo.
— Você já fingiu estar doente para não ir à escola.
— A tia Mikoto é tão boa, ela não conhecia o filho que tinha. – Itachi concordou.
— Eu deveria ter sabido que aquilo era só uma desculpa para matar aula.
— Eu bem que pensei que tinha encontrado você fora de casa naquele dia.
— E ele estava. Com Gaara e Naruto. – Fugaku diz, olhando para o irmão mais novo.
— Gaara? Ele não devia estar no internato?
— E ele estaria, mas como Minato não levou Naruto naquele dia, e ele estava cuidando dos dois, Gaara ficou em casa também. – Fugaku explicou para Obito. – Quer dizer... Era para os três estarem. – Sasuke deu de ombros quando o pai o olhou.
— Meu irmão era uma peste.
— Ah, e você era o santo? – Sasuke bufou. – Conta outra. Você e o Shisui aprontaram pra caramba. O problema era que nunca eram pegos.
— Éramos espertos.
— Eu não me importava de ser pego. – Voltou a dar de ombros. Sasuke viu a sobrinha colocar o dedo polegar na boca pequena, chupando-o com gosto, sorriu.
— Ela gostou do seu colo, porque até agora não chorou. – Itachi comenta ao perceber o mesmo que o irmão.
— Sabe o que eu estava pensando?... Quase que ela nasce no natal.
— Verdade. Estávamos nos esquecendo de falar com você sobre o Natal. – Mikoto diz. – Nós combinamos com os Hyuuga de passarmos o Natal com eles. – Sasuke a olhou.
— Quando combinaram isso?
— Faz uns dias. Esquecemos de dizer. – Quem respondeu foi Rin.
— Como os Sabaku estarão aqui, vamos todos para lá.
— O que? Ryuuji está aqui? – Seu pai assentiu. – E nós vamos para a casa dele? – Novamente seu pai assentiu. – Isso não vai prestar.
— Por que diz isso, querido? – Haruka pergunta.
— Porque ele e Gaara não se dão bem, tia. Gaara ainda o culpa pelo abandono. Ele o odeia. – Olhou para o pai. – Pegue todas as coisas que eu já falei para o senhor, e quadriplica. Esse é o sentimento de Gaara pelo pai.
— E alguém pode culpá-lo? – Izumi se pronuncia. – Desculpe, mas ele era só uma criança quando foi deixado. É totalmente normal sentir-se assim. Você teve seu pai o tempo todo por perto, Sasuke. Vocês não se davam bem, mas ele se importava com você. Gaara não teve nada disso. Itachi me contou sobre a história de Gaara quando disse que iriamos passar o Natal com os Sabaku.
— Sinceramente, eu mesmo já tinha falado com Ryuuji sobre isso. – Fugaku diz, fazendo Sasuke o olhar surpreso. – Eu sabia que as coisas que vocês todos faziam era para chamar atenção. Eu errei muito com você, e Ryuuji fez o pior com Gaara... Disse para ele voltar a se aproximar, e então... Você foi preso.
— Ryuuji ficou louco quando soube de tudo.
— Eu soube pelo Itachi que ele tentou falar com Gaara.
— Não deu certo. Gaara o mandou ir para o quinto dos infernos. – Shisui disse. – Estávamos todos na mansão Uchiha, quando Ryuuji apareceu e... Gaara se enfezou.
— Gaara sente muita mágoa, mas ele precisa perdoar o pai.
— Mãe, ele não vai fazer isso tão cedo. – Diz balançando a sobrinha de vagar. – Gaara tinha cinco anos quando perdeu a mãe, e meses depois ele ficou sem o pai. Ele foi criado por uma governanta. – Sasuke diz, revoltado. – Meu Deus, ele ficou sabendo da morte da mãe pelo irmão mais velho e a governanta.
— Eu entendo, filho, mas...
— Não tem “mas”. Ryuuji pisou na bola. Enquanto que comigo, eu fui... O errado da história por não ter ido conversar com o pai... Gaara não fez nada de errado para passar pelo que passou. Ele ia lá pra casa nos finais de semana, lembra? – Mikoto assentiu. – E ficava às vezes com o tio Minato. Não sei como o papai conseguiu a autorização... Para que ele não passasse os finais de semana naquele lugar, sozinho.
— Eu falei com Ryuuji. – Sasuke o olhou, tão surpreso quanto antes. – E ele me deu a autorização. Como ele me conhecia e conhecia Minato, sabia que Gaara estaria bem.
— Se é que ele se preocupou com isso.
— Sasuke.
— Pai, o senhor faria isso? – Mikoto olhou para o marido, assim como Itachi olhou para o pai. – Se perdesse a mamãe, o senhor me deixaria? Deixaria Itachi?
— É claro que não.
— Então... Eu não deixei Daisuke. Mesmo depois da morte da Karin, mesmo sentindo aquela culpa horrível... Eu não o deixei. Eu sabia que ia me lembrar dela o tempo todo ao olhar para o meu filho, mas... Ele era tudo pra mim. Era e é alguém que ela me deixou. Uma parte dela. E Ryuuji jogou tudo para o alto. Ele definitivamente deixou partes da Karura para qualquer um cuidar. Na minha opinião ele foi um fraco. – Desviou os olhos para a sobrinha, que voltava a dormir, enquanto segurava um dos dedos do tio.
Eles entendiam a forma como Sasuke via aquilo. Ele presenciou os choros de Gaara, presenciou a raiva, o ódio. Ele viu como aquilo destruiu o amigo por dentro e por fora. O ruivo era rebelde, não se importava com nada que os outros diziam. Gaara não se importava com os sentimentos de ninguém. Ele se importava apenas com os irmãos, os amigos e ele mesmo. As notas dele eram as piores; não por não saber as matérias, e sim porque ele não queria nada com nada. Ele ia para a direção quase todos os dias. Naruto e Sasuke, como queriam ter o amigo mais perto e não o deixar se excluir de tudo e todos, estavam com ele o tempo todo. Até mesmo quando ele aprontava. Fugaku tinha perdido as contas, de quantas vezes teve que ir à escola por causa de Sasuke. Assim como Minato, por causa de Naruto. Mas ao contrário deles, Ryuuji não aparecia nenhuma vez. Estava sempre muito ocupado, e isso revoltava mais e mais ao Gaara. Izuna mesmo já tinha ido à escola no lugar do irmão, assim como Obito para resolver a situação. Eles sabiam porque o sobrinho se envolvia em problemas, era pelo amigo. E apesar de saberem que era errado, eles o compreendiam, assim como Mikoto compreendia o filho. Ela não gostava do que estava acontecendo, assim como o marido, mas ambos sabiam o porquê de Sasuke fazer tudo aquilo. E não era só para chamar atenção, era para ajudar o amigo. Apesar de não gostar da forma como o filho estava levando a vida, Fugaku o compreendia, afinal parte daquilo tinha sido sua culpa. E era por isso que ele e a esposa quase nunca discutiam com o filho mais novo, porque sabiam que era a forma dele de ele ajudar o amigo; apesar de tentar fazê-lo entender que aquela não era a forma certa de ajudar Gaara.
Sasuke pensava enquanto observava a sobrinha, nas vezes que viu Gaara se envolver em brigas na escola. Ele e Naruto sempre estiveram do lado do amigo ruivo, até mesmo para entrarem nas brigas. Eles entendiam porque ele fazia aquilo tudo, e muitas vezes, ele e Naruto amaldiçoaram Ryuuji. Gaara era totalmente diferente quando entrou no internato. Pelo menos até perceber que o pai nunca o visitaria. Nunca o levaria para passar as férias com ele. Foram três meses, esperando ter notícias do pai, e ele nunca apareceu. Desde então Gaara mudou completamente. Era recluso, fechado, e mal sorria. Naruto era o palhaço da turma, e era o único que fazia Gaara rir. Os problemas começaram a piorar quando no final segundo ano em que estavam no internato, Gaara quebrou todo o quarto que dividia com Sasuke e Naruto, por causa de uma carta no final do ano dizendo que ele passaria o natal no internato. Ele tinha ficado possesso. Ninguém conseguia acalmá-lo. Sasuke mesmo não sabia o que fazer, eles tinham seis anos apenas. Então de repente, Yamanaka Ino se aproximou, de vagar e conversando com ele, conseguiu fazê-lo parar de quebrar as coisas. Tinha sido uma surpresa para os amigos do ruivo. Na opinião de Sasuke, Ino foi a melhor coisa que aconteceu com Gaara. Ela o acalmava como ninguém, e o fazia repensar nas besteiras que fazia, como ninguém. E apesar de Gaara continuar com as brigas na escola e a ir para a direção quase todos os dias por causa de alguma ação que fazia junto de Sasuke e Naruto, Ino quem o fez perceber que para ele sair do internato ele teria que estudar. Tirar notas boas, mesmo que não fosse para mostrar para Ryuuji. Ela tinha sido um... Anjo na vida de Gaara. Sasuke não acreditava em destino até se lembrar daquele dia, o dia em que Ino entrou no quarto, e o fez se acalmar. Ele percebeu que talvez, ela era a pessoa que Gaara precisaria na vida dele. E olha aí, eles estão juntos até hoje. Ele só parou de acreditar em destino quando Karin morreu, mas, depois de um tempo... A poucos dias na verdade, ele percebeu que não era culpa do destino, ou de Deus que ela tinha morrido, ou sua... Não era para ser. Karin deve estar feliz onde quer que ela esteja, observando Daisuke, protegendo-o, e esperando que Sasuke se desse uma nova chance. Chance essa que ele a tinha nas mãos, mas que não estava pronto para realizar. Akanne bocejou e Sasuke sorriu. Talvez algum dia ele teria essa “coragem”.
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Sasuke pisou no acelerador assim que ligou o carro. Ele tinha ficado mais do que esperava com a família. Quando ele olhou no relógio de pulso, já passava das 18h. Ele tinha ligado para a Sakura era umas 16h, e em seguida a Akanne nasceu. Já deveria estar em casa, mas perdeu a hora. Como Sakura não ligou, era porque estava tudo bem, por isso não estava preocupado, só apressado, pois ela já deveria estar em casa. Assim que entrou no condomínio, ele estacionou e correu para dentro do prédio.
— Senhor, chegou a correspondência. – Sasuke se voltou para a recepcionista do prédio, se aproximando dela.
— Me desculpe, eu devia ter vindo aqui ontem pegar isso.
— Ah, tudo bem. Eu sei como o senhor é ocupado. – Ela pegou o envelope azul que estava em cima do balcão e o entregou. – Ah, e vai ter uma reunião do condomínio amanhã, se o senhor puder comparecer...
— Que horas?
— Às 10h da manhã.
— Obrigado, eu vou tentar aparecer. – Ela assentiu.
— Tenha uma boa noite.
— Para você também. – Ele responde, dando de costas em seguida, se direcionando para o elevador, entrando e apertando o número de seu andar.
Sasuke abriu o envelope azul, pegando as correspondências de dentro dele. Uma das cartas era sobre a reunião do condomínio; Sasuke o colocou de volta no envelope, decidido a ler mais tarde. Percebeu que uma das cinco correspondências que ainda se encontravam em sua mão, era uma carta do avô, pai de seu pai. A abriu e leu rapidamente. Ele estaria chegando em algumas semanas, e pedia ao neto que não avisasse ninguém, queria fazer uma surpresa. Como o avô soube que ele estava morando naquele condomínio, era o que Sasuke se perguntava. Quando seu andar chegou, ele colocou tudo de volta no envelope, fechando enquanto saía do elevador. Seu celular vibrou no mesmo momento em que ele abria a porta, mas antes que pudesse ver quem era, depois de fechar a porta, Sasuke foi interrompido pelo filho.
— Papai. – Sasuke o pegou no colo, percebendo o desespero do menino, e por isso se preocupou.
— O que foi? Cadê a Sakura? – Olhou em volta quando chegou à sala, mas não a encontrou, nem ela e nem Mayu.
— A Mayu tá mal de novo.
— Onde elas estão?
O menino apontou para o segundo andar e mais que rapidamente, Sasuke se dirigiu para lá, preocupado. Sakura tinha dito que a menina estava bem, ele mesmo ouviu a voz de Mayu pelo celular, o que será que tinha acontecido? Ele se perguntava se era por causa da doença ou de outra coisa, apesar de saber que 90% de chance era a primeira opção. Desviou os olhos para o filho por alguns segundos, percebendo que ele estava assustado, não o culparia por isso, ele mesmo ficou assim quando cuidou de Mayu naquela outra vez. Percebendo que a porta do quarto onde Mayu tem dormido estava aberta, ele entrou ainda com o filho nos braços, encontrando Sakura sentada na beirada da cama. Mayu dormia, serena, apesar da palidez de seu rostinho e das manchas avermelhadas em seu corpo.
— Sakura. – Ela olhou para trás.
— Sasuke.
— Daisuke disse que ela está mal. – O colocou no chão e se aproximou da cama. – O que ela tem?
— Ela está com febre.
— Você disse que ela estava bem...
— Ela estava, mas de repente começou a se sentir fraca, e enjoada. Coloquei ela deitada no sofá e percebi que estava com febre. – Suspirou, voltando seus olhos para a filha. – A febre só tem aumentado.
— Vamos levá-la para o hospital. – Ela voltou a olhá-lo. – Tsunade vai saber como fazer para que a febre abaixe. Ela vai estar melhor lá do que aqui. – Ela assentiu, tremendo. – Ela vai ficar bem. – Afirma ao perceber o corpo trêmulo de Sakura. – Eu dirijo.
— Não precisa.
— Do jeito que está não vai conseguir dirigir. Por isso eu vou fazê-lo.
— Mas e o Daisuke?
— Ele vai com agente. A Mayu precisa da Senju o mais rápido possível. – Ela concordou, afinal estava preocupada demais com a filha.
— Tudo bem, obrigada.
— Daisuke, pega uma blusa de frio pra você, filho. – O menino nem mesmo fez menção de sair do quarto, os olhos dele estavam presos em Mayu. Estava preocupado com sua amiga. E um pouco assustado por vê-la daquele jeito. – Eu a pego. – Sasuke diz, quando Sakura faz menção de fazê-lo.
— Tudo bem, então. Eu vou com o Suke pegar a blusa. – Se levantou, pegou na mão do garotinho e se dirigiram para o quarto ao lado.
— Sakura, a Mayu vai ficá bem, né? – Se fosse em outras circunstâncias, Sakura sorriria, achando fofa a preocupação de Daisuke, mas ela não conseguia fazer isso de tão preocupada e temerosa que estava.
— Vamos ter fé que sim.
— Pur que ela tá assim de novo?
— Ela está doente, Daisuke.
— De que? O papai disse que ia falá pra mim, mais não falô. E o tio Ita disse que é complicado pra mim intendê. – Sasuke suspirou quando chegou ao guarda-roupa personalizado do "homem aranha".
— Ela tem uma doença muito séria que a deixa assim, fraquinha. – Ele abaixa os olhos. – Um dia você vai entender isso melhor, prometo. Vamos pegar sua blusa logo, está bem? – Ele assentiu. Sakura pegou a primeira que viu no guarda-roupa e junto de Daisuke se dirigiram para a sala, encontrando Sasuke com Mayu no colo. A preocupação estava no olhar de Sakura, assim que os dele encontraram com os dela.
— Eu já liguei para a Tsunade ela está nos esperando. – Sakura assentiu, se aproximando dele, ficando ao seu lado, olhando para o rosto pálido da filha. Ela tremia, Sasuke percebeu.
— Então é melhor irmos logo. – Sasuke se virou completamente, para olhá-la melhor, e ela, percebendo isso, o olha nos olhos; eles estavam marejados. Sasuke sentiu uma vontade súbita de abraçá-la, mas apenas diz com a maior serenidade possível, e com um carinho que Sakura pôde observar nos olhos negros.
— Ela vai ficar bem, Sakura.