Os Cinco Selos

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    Capítulos:

    Capítulo 195

    Nagduz

    Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Yoooo

    Sem nenhuma nota inicial não

    To de boa

    Boa leitura ^^

    Após derrotar cinco krakens-de-areia, quatro caranguejos e três escorpiões, finalmente Dante conseguiu percorrer seu caminho sem nenhuma perturbação. Não demorou a conseguir alcançar os moribundos, que seguiram seu caminho como se nada estivesse acontecendo, porém eram lentos. No limite da visão do Selo, uma linha de pedra se entendeu seguindo o horizonte até onde era possível enxergar, e ele julgou que aquilo era uma espécie de muralha feita por forças naturais.

    Ora, Dante estava completamente errado. O que se formava por uma longa extensão no horizonte era, na verdade, cânions. Os moribundos caminhavam pela estrada não mais de areia por entre essas gigantescas elevações de rochas, e o Selo percebeu que aquela não era a única passagem para adentrar por entre os cânions.

    Seguindo pelo cânion, o solo, antes de areia negra e quente, agora fora substituo por um completamente rochoso e irregular, onde em alguns lugares era pontiagudo. Estas pontas perfuravas os pés dos moribundos, mas as grevas do Selo a esmagavam facilmente. Dante percebeu que os moribundos estavam ficando com as costas cada vez mais arqueadas para baixo, fazendo-o pensar no tamanho do sofrimento que era carregar uma pedra tão pesada sob três sóis, pelo deserto de areia e agora no deserto de pedra. Contudo, eles continuavam a seguir sem reclamar, sempre em frente. Para completar seu pensamento, ele olhou para frente e fintou uma estrutura que se erguia no fim do cânion. Parecia ser um castelo e emanava uma sensação que lhe lembrava do Sa'ezuroth. "Estou próximo de um dos Dedos", pensou.

    Subitamente, um grito agudo ecoou afrente da marcha, seguidamente cada moribundo passou a fazer o mesmo, até o final da fileira que já estava por entre as imponentes paredes rochosas. Os braços do moribundo em sua frente se expandiram em músculos e seu torso em seguida, assim como muitos, porém havia aqueles que simplesmente se transformavam em areia negra e eram levados pelo vento cálido. No fim, certas almas se transforam em demônios quadruples pequenos, e outros uma besta demoníaca quadruple maior com fêmur alongado, pelagem marrom e de crânio longo, porém não achatado.

    Todas as criaturas observaram Dante, que abriu um sorrisinho.

    Ora, o primeiro a atacar foi o moribundo que outrora estava perto do Selo, mas acabou sendo facilmente derrotado com o golpe na cabeça. Um segundo se agarrou no braço esquerdo dele, cravando as garras, contudo sem conseguir penetrar na pele. Com indiferença, Dante ia golpeá-lo, mas sua visão periférica notou a concentração de energia vermelha entre os chifres de uma besta, que disparou em sua direção. A esfera de energia o atingiu em cheio, e o Selo deslizou poucos metros para trás. Todo o ataque foi absorvido pela sua couraça, que exalava fumaça, dessa forma não sofreu danos. As chamas vermelhas pulsaram pelo seu corpo, incinerando o demônio em seu braço, que tento fugir, mas acabou sendo pego pelo pescoço.

    — Vocês estão mais fracos ou eu que fiquei mais forte desde que adentrei no inferno?

    Dando de ombros, Dante arrancou a cabeça do demônio em suas mãos e jogou-a sobre os pés dos demônios em seu lado direito e o resto do corpo para os em sua esquerda.

    A besta demoníaca avançou de frente. O Selo retesou seu braço direito, mas atacou com sua perna direita, arremessando-a para cima em um rasto de chamas vermelhas. Em seu flanco esquerdo havia uma segunda besta, então ele utilizou seu braço direito para frustrá-la, acertando-a bem na face e fazendo com que arrastasse outros demônios pelo caminho.

    Ora, antes que Fúria conseguisse destroçar todas as criaturas, um novo grupo chegou, e estes, porém, confrontaram os demônios. Eram altos, musculosos, detinham pele avermelhada e quatro braços. Com suas lanças, o grupo composto por seis dilaceraram os que ali estavam, sem muita dificuldade. Em seguida, rodearam o Selo, que se manteve parado, e não apontaram nenhuma de suas armas para ele.

    Um ser entre eles se aproximou de Dante, sendo uma cabeça mais alto. Havia dois pares de olhos sobrepostos, de cor laranja e sem íris; seus dentes caninos inferiores se alongavam para fora da boca e terminavam pontiagudos. Seu cabelo era marrom e descia trançado. Sua armadura, rudimentar, era feita de carapaça e a lança que empunhava com a mão direita superior consistia em uma pedra afiada. "Com esses músculos, nem precisa ser muito afiada", pensou Dante.

    — Fci’zz inn ghyii? — entoou o estranho ser ao Selo.

    Dante fez uma careta. — Entendi porra nenhuma.

    De imediato, o ser mais próximo recuou um passo e apontou a lança em direção ao Selo, e todos os outros fizeram o mesmo.

    — Fzzygypy! — urrou um deles.

    Começando a ficar estressado, Dante ponderou por poucos segundos sobre deveria fazer. No fim, ergueu os braços e disse em um tom mais alto para ser escutado:

    — Espero que algum de vocês fale minha língua, pois realmente não estou afim de matar vocês.

    — Nós falamos — soou uma voz de fundo, ressoando o idioma certo perfeitamente.

    O círculo se abriu para que outros dois adentrassem. O homem daquela raça que se aproximou era ainda maior, uma cabeça e meia mais precisamente, e de sua cabeça calva brotava uma parte de chifres retos e pontiagudos. Ao seu lado, o que seria uma mulher de sua raça, era do tamanho dos demais deles, tão musculosa quanto, e as únicas diferenças notáveis era a ausência de um par de braços e que seu cabelo era solto. A armadura destes dois, apesar de ainda ser de carapaça, parecia ser melhor construída.

    — Vocé serr hum... d...d...Fzzygypy? — perguntou a mulher.

    — Fizi-o-quê?

    — Significa Imundo... é como chamamos os demônios — respondeu o homem, falando com um pouco de sotaque de sua raça. — Perdoe ela. É muito difícil para nós apreendermos sua língua.

    — Entendo. Acho que dá para perceber que não sou um Imundo, assim como vocês. Quem são, então?

    — Somos Nagduz, crias do Inferno. Me chamo Dahklag, sou o Taall, o que seria equivalente a um líder para vocês. Esta, ao meu lado, é Akriz, minha Yiino. Se pergunta isso, julgo que você seja aquilo que os Fzzygypy chamam de humano... certo?

    — Não. Só minha aparência que é semelhante. Apesar de vivermos no mesmo lugar, sou de uma raça muito superior a eles, os nephilins. Chamo-me Fúria.

    Ao escutarem seu nome, Dante percebeu, que os nagduz se ouriçaram e entreolharam-se rapidamente.

    — Fúria... dos Selos? — questionou Akrim, demonstrando estar intrigada.

    — Sim. Sou o terceiro selo.

    — Iicii inn Fúria, pii haa Selos! — vociferou Dahklag. — Oorhiichi’zz!

    Depois disto, os nagduz se ajoelharam, inclusive seu próprio líder, que depois ergueu a cabeça para fintar o Selo.

    — Por favor, Fúria, nos ajude. Naquela grande construção a frente, há muros feitos por demônios que aprisionam os nossos semelhantes. Nossa raça é escravizada para treinar os Fzzygypy inferiores. Com nossa força, talvez conseguíssemos salvá-los, mas... há um deles que é extremamente poderoso... e nos amedronta. Ro'resh. Eu já passei um tempo lá dentro, para saber como é, e o nome dos Selos sempre ecoava. — Dahklag tocou a testa no chão em absoluta reverência. — Eles temem você. Por favor, nos ajude, Fúria.

    Dante olhou além do cânion. Sua visão percorreu até a tal construção que Dahklag havia citado, e determinou que era um castelo. Conforme mais focava no castelo, que dada a distância era quase um ponto, ele sentia uma forte presença emanando, e soube que era um Dedo. "Ro'resh... ótimo", pensou.

    — Nós, Selos, viemos aqui para matar Lúcifer, o Imperador destes demônios — dizia Dante —, e isso inclui Ro'resh. Então, não se preocupem, ele morrerá em breve.

    — Obrigado, Fúria.

    Quando Dante ia passar, Dahklag o impediu segurando pelo punho.

    — Nos deixe atacar com você. Podemos lidar com os demônios sem atrapalhar sua luta principal.

    — Certo — concordou Dante, depois de um curto tempo pensando.

    — Nos siga.

    Um dos subordinados do Dahklag entregou uma espécie de inseto de carapaça verde, duas vezes maior do que sua grande palma, que o colocou no chão. O inseto rapidamente cavou um buraco e sumiu terra adentro. Em seguida, Dahklag seguiu em frente e seu pequeno grupo o seguiu, sendo que Dante foi ao seu lado, com todos em silêncio.

    Dirigindo-se até uma das paredes de pedra do cânion, o grupo seguiu adentro por uma fresta que era praticamente da largura de seus corpos. Em fila única, caminharam por esta fissura até ela terminar em uma abertura que levava para dentro de uma caverna, que logo fora selada por uma rocha quando todos adentraram. No absoluto escuro, os nagduz prosseguiram, desviando de todos os obstáculos e acertando os caminhos, pois seus olhos eram capazes de enxergar os traçados mesmo no mais profundo breu. Dante, não querendo chamar ainda mais atenção e tentando notar as características das crias do Inferno, não utilizou suas chamas para clarear o caminho, mas conseguiu acompanhá-los sentindo a presença de todos, o que não o livrou de tropeçar diversas vezes.

    Por minutos serpentearam no escuro, fazendo o Selo perder a noção de direção. Contudo, subitamente os nagduz pararam. O barulho de rocha atritando contra rocha ressoou e raios de luz começaram a iluminar. No momento em que desobstruíram a passagem oculta, foram para fora, e Dante percebeu que estava no topo do cânion, e de lá vislumbrou da beleza do deserto de areia negra e do rochoso. Também foi possível enxergar melhor o covil onde Ro'resh se escondia.

     Mais um grupo de nagduz se aproximou, sendo este uma centena deles. Quem seguia a frente deles, era uma mulher nagduz. Assim como Dahklag, ela era meia cabeça mais alta que os demais de seus semelhantes e detinha um par de chifres, mas eram da metade do tamanho. Gharol era seu nome, e ela se dirigiu até Dahklag.

    — Hyjfcii z’ii hyo’zzhc? — perguntou a ele.

    — Nos encontramos com quem os Fyzzygyp chamam de Fúria. — Apontou para o Selo com a cabeça. — Ele nos ajudará a resgatar os de nós e irá matar Ro'resh.

    — Ii hyzzh k’iiz hiijk’iiroo?

    — Então comprove.

    Gharol passou pelo Taall e ficou de frente para o Selo, encarando-o intensamente, e Dante devolveu o olhar. Cerrando o punho esquerdo, ela retesou em muito seu braço e seus músculos tencionaram. Quando iria atacar, porém, abaixou-o por completo, e continuou encarando o nephilim.

    — É ele, mesmo sendo pequeno — disse Gharol.

    Em seguida, se ajoelhou perante ao Fúria, do mesmo modo que a nova centena de nagduz fizeram o mesmo.

    — Vocês parecem uma raça guerreira e orgulhosa. — Dante levou seu olhar de Gharol ao Dahklag. — Se ajoelhar é costume de meu mundo e destes demônios, então por que fazem o mesmo?

    — Tem razão, não é nosso costume. É vergonhoso para nós. — respondeu Dahklag. — Somos obrigados a isso quando feitos de escravos, mas agora fazemos isto porque necessitamos de sua ajuda, Fúria.

    — Entendo. Se treinam os demônios, quer dizer que muitos deles são fracos. Vocês são fortes e devem ter uma boa quantidade lá dentro... por que não se rebelam?

    — Rebelar?

    — Lutar para fugir — esclareceu o Selo.

    — Podemos até tentar, senhor, mas seria difícil conseguirmos — respondeu Gharol. — Estão em maior número e os de nós que vivem lá são mais fracos, por causa das condições que vivem. Além disso, Ro'resh nos subjugaria no fim. Dessa forma, nós, a última esperança de nossa raça, seriamos escravizados também.

    — O Taall antes de mim tentou enfrentar este Fyzzygyp, mas morreu sem conseguir encostar um dedo nele. E era mais forte que eu — acrescentou Dahklag.

    Sem dizer mais alguma coisa, Dante voltou seu olhar para o castelo de Ro'resh, sentindo a forte presença do Dedo emanando. "Um ser que nem Pietra, Kleist e Amtiel lutando em conjunto conseguiram sequer encostar... será que consigo?", pensou ele, e depois cerrou os dentes, tencionando o maxilar. Se me causa dúvida, pode me causar fracasso. Seus punhos se cerraram com força. A existência dele traz riscos. E não irei deixar nenhum risco prosperar no mundo em que Miana e Deckard vivem. Voltando sua atenção aos nagduz, disse:

    — Não precisam se ajoelhar perante a mim. Vamos logo, tenho pressa.

    Dante prosseguiu com a caminhada, e os nagduz o seguiu, tomando a frente logo depois de um tempo. No caminho tortuoso do deserto de pedra, eles encontraram outros animais — se pode assim dizer —, porém menores, mas ainda sim estranhos para o Selo; as crias do Inferno deram conta deles de forma veloz.

    Minutos depois sob os escaldantes sóis, haviam se aproximando em muito da fortaleza dos demônios, podendo obter, assim, uma clara ideia de sua dimensão. Os nagduz disseram para o Selo que o alto muro seria um grande problema para a invasão, mas ele assegurou que aquele isto seria facilmente resolvido.

    Ora, Fúria seguiu enquanto os nagduz aguardaram. Em um piscar de olhos, suas escleras tornaram-se negras e suas íris vermelha brilhou intensamente. Suas chamas vermelhas começaram a tomar conta de seu braço esquerdo, engolindo-o por completo. Em um poderoso movimento do membro, as chamas atingiram o muro em um turbilhão, fazendo com os destroços esvoaçassem em meio ao vermelho e o estrondo alto.

    Desta forma, a fortaleza de Ro'resh não mais era impenetrável.

    Continua <3 :p


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