Oshogatsu!

  • Finalizada
  • Naneyagami
  • Capitulos 3
  • Gêneros Romance e Novela

Tempo estimado de leitura: 44 minutos

    16
    Capítulos:

    Capítulo 3

    Capitulo III

    Homossexualidade

    E ai, galera...

    Depois de quase um ano consigo postar o ultimo capitulo de Oshogatsu. Êêêêê...

    Espero que gostem!

    Aviso: Não betado!

    Boa leitura a todos!

    ~ Capitulo III ~

    Shun saiu da quarto somente para comer alguma coisa antes de todos irem para o templo, e, para socializar um pouco. Mostrar que estava bem, antes que todos resolvessem reversar nas visitas em seu quarto.

    Era incrível como sempre se preocupavam com ele.

    Ao descer, encontrou somente Seiya no andar de baixo da mansão, aparentemente todos os outros haviam saído para comprarem roupas para o evento de logo mais a noite. Shun conversou um pouco com o sagitariano e o ajudou a se decidir: o moreno se encontra em um dilema mortal, indeciso entre usar um Obi da mesma cor da Yukata ou se destacaria o branco, claro, isso se não fosse usar uma Haori. Depois de resolvido o problema de Seiya, Shun foi até os jardins onde encontrou Afrodite distribuindo alguns doces para os órfãos do orfanato: Saori também os havia convidado para a festa de ano novo e Minu e Eire havia acompanhado os cavaleiros as compras. Enquanto isso, a reencarnação da Deusa havia ficado para ajudar Afrodite com as crianças. Ou seria o contrario?

    — Ora, então resolveu descer? – O sueco falou ao avistá-lo.

    — Er... Estava tão cansado que não tive animo para descer mais cedo.

    — Espero que mais tarde esteja animado. – Afrodite o chamou para sentarem-se próximo a fonte. – Afinal, muitas revelações são esperadas esta noite. E tudo partiu de você. Estão todos tão animados...

    Shun o olhou com a testa enrugada. Até imaginava a quais “revelações” o pisciano se referia e preferia não pensar. Logo mais estaria frente a frente com Hyoga e ainda não sabia se conseguiria contar ao russo sobre seus sentimentos.

    Conhecia Hyoga desde pequeno. Sempre admirou aquela personalidade taciturna e distante do loiro, que se quebrava toda vez que ele se propunha a conversar com o mais velho. Logo se viu admirando aquele sotaque forte e arrastado do russo ao pronunciar palavras em japonês. E essa admiração só aumentou depois das batalhas, juntamente com o acerco que os unia a cada vitória.

    Ah, como o amava!

    — E você? Qual cor vai escolher? – Afrodite perguntou em dado momento, arrancando um rubor constrangido da face do virginiano.

    — Er... Eu...? Bom...

    Gaguejou o mais jovem. Nem em sonhos falaria ao pisciano que almejava por amor. Até mesmo por que se estivesse tão obvio quanto Ikki dissera, então, talvez, o sueco quisesse somente confirmar o que já suspeitava.

    — Ai que toupeira eu sou. É segredo não é? – O cavaleiro bateu na testa.

    — É...

    Shun olhou para o chão, agradecendo mentalmente por Afrodite ter se lembrado daquela pequena desculpa em seu lugar. Foi então que o mais jovem notou que o loiro não girava bem. Afinal, qual o louco que pergunta e responde a própria pergunta em menos de um segundo? Entretanto, em se tratando de Afrodite, tudo era confuso mesmo.

    — Olha a hora. – Saori, que estava um pouco afastada dos cavaleiros brincando com as crianças, falou. – Acho que devíamos começar a nos prepararmos.

    Shun e Afrodite concordaram. Despediram-se das crianças e foram aos seus respectivos quartos.

    —ooo0ooo-

    Não demorou para que Shun descesse novamente, dessa vez, de banho tomado e vestindo em uma yukata azul com flores brancas e um Geta nos pés. Os cabelos estavam trançados ao lado da cabeça.

    — Shun, você está simplesmente demais. Talvez até seja eleito miss Tanabata.— Seiya falou quando o avistou no alto da escada.

    Todos olharam para ele, incluindo Hyoga que estava com uma expressão carrancuda. O loiro logo virou o semblante, aparentando ainda mais irritação.

    Aquilo doeu no coração do virginiano. As atitudes do russo, que se mostrava terrivelmente irritado com sua pessoa, o deixavam confuso em relação à declaração. Afinal, o que tinha feito para merecer aquela expressão carregada?

    Shun soltou um suspiro cansado, talvez não devesse mesmo contar seus sentimentos a Hyoga. Desceu as escadas e se juntou aos demais.

    Saori havia alugado limusines para levar seus convidados ao templo.  Uma somente para os dourados e o grande mestre, outra para ela e as crianças e a ultima para as amazonas e o quatro de bronze, Ikki disse que chegaria um pouco tarde. O que já era normal.

    Todos iam conversando animadamente dentro do automóvel, menos Shun e Hyoga. O primeiro evitava contato porque o loiro não parava de encará-lo, ainda com uma expressão zangada. Ele próprio já estava se irritando com a atitude de Hyoga, mas nada falaria. Foi o primeiro a sair da limusine assim que chegaram ao templo: precisava urgentemente se livrar do olhar do russo.

    Caminhou a passos largos para dentro do templo. Os demais o seguiram.

    Tudo estava harmonicamente organizado. Shun e companhia haviam feito um ótimo trabalho, foi o que confirmaram aqueles que não puderam ajudar na organização do templo.

    A criançada correu para a mesa da comida. Alguns dos dourados seguiram Shun quando o mesmo se prontificou a mostrar todo o templo e como as coisas seriam feitas.

    — Ok. Tá tudo muito bonito, mas quando é que vamos fazer os pedidos? – Aiolia perguntou impaciente.

    — Ora, não seja apressado leãozinho. – Afrodite ralhou. – Deixe que o nosso pequeno anfitrião termine com a apresentação do local.

    — Obrigado, Afrodite. – Disse o virginiano.

    — Cretino. – Resmungou o leonino contrariado, saindo pisando duro em direção a duas figuras conhecidas.

    E Shun continuou com o tour.

    Seiya se divertia competindo com as crianças do orfanato. Incitando-as em uma aposta de quem comia mais. No fim, teve pedir ajuda ao grande touro, Aldebarã.

    Mu e Shaka estavam próximos à mesa dos tanzakus, ambos com expressões indecifráveis. Talvez tentando decidir qual cor escolher, ao menos foi isso que pareceu aos olhos de Aiolia.

    — Amor ou paixão? Quais vão escolher? – O leonino se arriscou a perguntar, abraçando os colegas pelos ombros.

    — Er... eu ainda não sei. – Respondeu o ariano constrangido. A face tão vermelha que Aiolia não se conteve em colocar a mão na testa do menor, a fim de constatar febre.

    Shaka revirou os olhos, achando aquilo no mínimo ridículo. Quando Aiolia iria perceber o interesse de Mu?

    — No meu caso, nem um nem outro, a cor que pegarei é amarelo. – O virginiano pegou o papel. – Não que eu acredite nisso, apenas não quero ser o único do contra.

    — Eu achei que os monges pregasse o desapego dos bens materiais. – Aiolia alfinetou.

    — Somente na sua terra que alguém consegue sobreviver sem dinheiro nos dias de hoje. – O loiro devolveu. Mu aproveitou aquela pequena distração para pegar seu papel.

    Longe dali, mas especificamente em um dos cantos de uma pilastra afastada do local da festa, Camus e Milo apreciava a figura de uma estatueta. No quanto ela era resistente por sustentar as investidas que o escorpiano inferia contra o corpo do aquariano, em um beijo bem envolvente, onde Milo pulava da boca do ruivo para o pescoço em uma velocidade incrível.

    — Milo pare com isso. Alguém pode nos ver. – O aquariano murmurou sem muito animo de se livrar do amante atacado em sua jugular.

    — Não se preocupe. Nossos amigos, com certeza, se certificarão de que todos fiquem longe daqui. – Volveu o loiro, tornando a beijar o francês que, vez por outra, comprimia os lábios fortemente tentando evitar gemido.

    — Acho que nossos amigos já começaram a pegar os papeis. Você não vai pegar nenhum? – Tentou Camus uma ultima vez. Sentindo as mãos do grego entrar por baixo de sua camisa.

    — Acho que não precisamos disso, não é?  

    Camus sentiu-se quente com a pergunta. Realmente não precisava de desejos em papeis uma vez que tinha Milo ao seu lado. Então, como se pudesse suprimir qualquer tentativa de duvida, Camus beijou o amante tão apaixonadamente que, por um instante, Milo achou que ele quisesse arrancar sua alma.

    —ooo0ooo-

    Terminada a excursão, Saga, Aioros e Shura foram se juntar a Aiolia, Shaka e Mu ainda próximos a mesa.

    — O que estão fazendo crianças? – O sagitariano perguntou.

    — Decidindo qual cor desse troço pegar. – Respondeu Aiolia estendendo a mão e pegando um tanzaku rosa. – Será que isso funciona mesmo?

    — Ora, o meu irmãozinho almeja amor. – Aioros abraçou o irmão pelos os ombros enquanto bagunçava lhe os cabelos.

    Saga riu. – Não precisa ir tão longe. Marin já está totalmente na sua.

    Todos no santuário sabiam do aparente amor platônico que o leonino nutria pela amazona de águia.

    — Sinto informá-lo Saga de gêmeos, mas seu equivoco é imenso. – Regougou o leonino. – É triste dizer, mas, o coração da Marin já pertence a outro, no caso, a outra.

    — Agora eu entendi porque o desespero. – Shura alfinetou. Os outros riram.

    — E você Shura, não tem nenhum desejo? – Aiolia perguntou desafiador.

    — Tenho, mas duvido muito que esses papeizinhos resolvam.

    — Eu também não acredito. Mas entrei no clima, portanto faça o mesmo. – Sugeriu/ordenou o indiano.

    O espanhol ficou olhando torto para a mesa repleta de tanzakus. Aioros resolveu desencana o amigo e aproximou-se da mesa.

    — Bem, eu também pegarei um rosa. E você, Saga? – O sagitariano voltou-se para o geminiano com um olhar sugestivo.

    — Nesse caso, pegarei o verde. Como diz um velho ditado: à esperança é a última que morre, não é?

    — Certo. Então não serei o único a ficar de fora, pegarei um vermelho.

    — Paixão? – Todos falaram.

    — Não. É a cor que deixa os touros zangados. – Devolveu o capricorniano ranzinza.

    — Quer parar? – Aioros bateu no braço do amigo.

    — Já está na hora de pegar? – Afrodite perguntou se juntando ao grupo. Junto com ele vinha Mascara da morte.

    Todos se olharam interrogativo.

    — Er... Shun não especificou a hora, não é? – Saga perguntou.

    — Bem, nesse caso, pegarei os meus também. – O pisciano pegou um tanzaku de cada cor.

    — Afrodite, você tem pegar somente um...

    Afrodite olhou de canto para Mascara.

    — Quem disse? – Todos se olharam novamente. Shun também não tinha dito nada sobre a quantidade. – Meu querido, eu quero que algo seja realizado na minha. Então vou fazer um pedido de cada, assim vou me conformar com o que se realizar.

    O raciocínio tinha um pouco de logica, no entanto, era abusar demais da boa vontade das estrelas Vega e Altair. Assim sendo, os cavaleiros resolveram continuar somente com um, deixando as estrelas se preocuparem somente com a indecisão de Afrodite.

    — Caspita, ao menos deixe o rosa e o vermelho. – Pediu o canceriano irritadiço.

    — Você é burro? Os mais valorosos são o rosa e o vermelho. E minha vida está precisando de muito amor e muita paix... – Afrodite teria continuado se não fosse por Mascara tê-lo calado com um beijo de fazer inveja a qualquer um.

    — Você que é burro. Você já tem o meu amor e minha paixão.

    Afrodite havia sido pego de surpresa pelo italiano. Tanto que se não fosse pelo mesmo segurá-lo tão firme, suas pernas bambas já o tinham feito encontrar o chão. Afrodite ficou algum tempo somente olhando para o companheiro de batalhas, como se estivesse em um transe. O canceriano, constrangido, soltou o loiro e se afastou um pouco.

    — Afrodite, diga alguma coisa.

    Levou somente alguns segundos para que o sueco associasse a situação. E então soltasse todos os tanzakus no chão e pular de encontro a Mascara para um novo beijo.

    Saga, Aioros, Shura, Aiolia, Shaka e Mu boquiaberto para cena. Desacreditados de que aquilo estava realmente acontecendo. Mascara e Afrodite decidiu conversar em outro lugar, depois disso, os cavaleiros restantes correram de volta para a mesa. A fim de realizarem seus desejos. No fim, agir como o Afrodite de vez em quando poderia ser algo bom.

    Shion e Dohko avistavam de longe a conversa pacata entre os cavaleiros, rindo vez por outra.

    — Você não vai pedir nada, Dohko? – O ariano perguntou brincalhão. Dohko balançou a cabeça.

    — Shion, Shion... Quando vai entender que você é tudo o que eu preciso para ser feliz?

    E não precisou que dissesse mais nada, Shion o pegou pelo colarinho do quimono e o beijou. Tão profunda e tão apaixonadamente como quando eram jovens.

    Shiryu observava de longe a demonstração de amor entre seu mestre e o grande mestre do santuário. Algo tão puro e tão belo. Parecia muito com...

    — Shiryu... – Shunrei o chamou. – Estou com fome.

    O chinês sorriu para a namorada. A beleza do amor de Dohko e de Shion só perdia para o amor que Shunrei devotava a ele. 

    — Shunrei, desse jeito você vai engordar.

    A chinesa olhou manhosa para o namorado. Seus olhos grandes e expressivos se tornaram maiores e lacrimosos.

    — Você não vai mais gostar de mim se eu ficar gorda?

    — É claro que vou! Estou apenas falando por preocupação. Sabe que não está se sentido bem ultimamente.

    Shunrei olhou para o lado, nervosa. Realmente, ultimamente, não estava se sentindo bem... Sentia muitos enjoos e estava com tonturas e náuseas. Entretanto, já sabia exatamente qual era o problema. Só estava insegura entre contar a Shiryu ou deixar que ele percebesse.

    Mais cedo ou mais tarde ele perceberia.

    — Shiryu... – Chamou contorcendo as mãos. – Eu...

    Um tilintar no meio do templo chamou a atenção de todos e impediu Shunrei de continuar. Seiya batia um garfo na taça, chamando a atenção.

    — Quero anunciar uma coisa. – O sagitariano disse e voltou-se para Saori que estava próximo a ele e as crianças. – Saori, antes que o ano termine, quero perguntar se você quer casar comigo? – O sorriso singelo que Saori exibia foi substituído por uma expressão de espanto, suas bochechas ficaram rosadas e seu olhar tão arregalado que parecia querer sair das orbitas. – Não faça essa expressão. Você só precisará me responde depois da meia noite.

    — Ah, Seiya, deixe de brincadeiras.

    — Não é brincadeira, Sao.  Eu te amo.

    Depois de um silencio constrangedor pelo pedido desajeitado do cavaleiro de Pégaso, cochichos e risadas ganharam espaço pelo ambiente. Aproveitando-se disso, Saori saiu de fininho para o lado mais fundo do templo: aquele que dava acesso ao lado de fora, onde seria a queima de fogos.

    — Ainda nem é meia noite e esse sujeito já está bêbado. – Alguém falou do portão de entrada. Roubando a atenção que antes era de Seiya.

    — Então você realmente veio. – Shaka comentou desinteressado.

    Ikki entrou despreocupadamente. Olhando a todos com superioridade, parou em frente a Hyoga, olhando-o de forma curiosa: como se o perguntasse algo. O cavaleiro de cisne retribuiu o olhar na mesma intensidade, mas logo desistiu de qualquer retruca que pudesse dar e saiu da frente de Ikki, se dirigindo aos fundos do templo.

    — Eu disse que viria, não disse? – O moreno perguntou desdenhoso. – Então aqui estou!

    Shaka sorriu de lado.

    — Que é isso?

    — De acordo com seu irmão mais novo, são tanzakus e...

    — Sei o que são. Estou curioso em saber por que, aqueles que se dizem os mais poderosos do santuário, não estão deixando tanzakus para as outras pessoas fazerem pedidos.

    — Ah, Ikki nós não sabíamos que você também queria fazer sortilégios. – Aiolia aferroou.

    Ikki sorriu maroto.

    — É claro que quero. Pode não parecer, mas sou um humano também.

    Dito isso, o cavaleiro de fênix saiu puxando um tanzaku das mãos de cada cavaleiro. Ocasionando uma nova discussão sobre as cores que ele estava “roubando”.

    Nos fundos do templo, Saori encontrou com Shun.

    Então foi por isso que, em dado momento, ela o havia perdido de vista. – Pensou.

    — Porque está aqui sozinho? – Saori perguntou.

    — Pensando. Tentando tomar uma decisão. – O cavaleiro respondeu pensativo.

    — Decisões são difíceis. – Saori disse depois de um tempo em silencio.

    — Muito... – Concordou. – Mas e você? O que está fazendo aqui fora?

    — Tentando tomar uma decisão. – Saori respondeu com um sorriso forçado.

    — Seiya a pediu em casamento? – Presumiu pela expressão da garota.

    — Como sabe?

    — Ele não falou de outra coisa no tempo em que ficou me ajudando.

    — Ah. Então ele já planejava isso?

    — Sim. E bom, a julgar pelo fato de que você só enxerga ele no meio da multidão, acho que já sei qual sua resposta.

    Saori corou quase que instantaneamente.

    — Como assim só enxergo ele no meio da multidão?

    — Ah, Saori, eu preciso mesmo explicar? Quer dizer, você tem o que...? Oitenta e oito constelações, mas a que mais brilha para você é Pégaso. Sem contar os olhares que, inúmeras vezes, notamos entre vocês. Não entenda errado, não estou com inveja. Apenas estou lhe dizendo que atração não é algo tão difícil de notar, sabia?

    Um silencio pairou no ar.

    A Deusa desviou o olhar para o horizonte escuro, totalmente pensativa. Realmente, Seiya despertava seu interesse mais do que qualquer um. Sentia-se segura e protegida ao lado dele. E não era que não se preocupasse com os demais cavaleiros, apenas se importava mais com Pégaso do que com os outros, embora quisesse a segurança de todos.

    Talvez, mesmo que pouco, amasse Seiya. E talvez, mesmo que remota, não seria tão ruim a ideia de casar com ele. Afinal, além de segurança o sagitariano também a deixava quente e com o coração aos pulos.

    Sorriu de forma boba.

    Shun também notou o que suas próprias palavras significavam na vida dele, por sinal, eram quase as mesmas de Ikki. Assim como Seiya e Saori, ele e Hyoga estavam sempre se perseguindo, sem terem coragem de fazer a coisa certa. Podia estar enganado quanto aos sentimentos do russo, mas só saberia se tentasse.

    Um pigarrear tirou Deusa e cavaleiro do mar de pensamentos.

    — Hyoga...? Veio pensar um pouco também? – Saori perguntou aliviada, por um instante pensou que fosse Seiya.

    — Talvez... – O russo falou incerto em dar meia volta e retornar para o templo ou continuar com seu intento. Depois de alguns segundos alternando o olhar entre Shun e Saori, decidiu falar. – Amm... Eu, na verdade, vim mesmo porque queria conversar com Shun. Mas vejo que ele está ocupado, então...

    — Tomou uma decisão? – A virginiana interrompeu o desfecho do cavaleiro de gelo.

    O loiro mais uma vez alternou o olhar entre ela e Shun, comprimiu os lábios no processo algumas vezes.

    — Digamos que sim. – Respondeu por fim.

    — Então eu estou de saída. – Saori foi rápida. – Apenas faça o que veio fazer.

    Saori voltou para dentro do templo, deixando os dois a sós. Agora estava mais calma e já sabia qual resposta daria a Seiya.

    Hyoga aproximou-se de Shun, tomando o lugar recentemente ocupado por Saori.

    Shun apenas o olhou de lado. Apesar de Hyoga estar ao alcance de suas mãos o olhar dele dizia que ele estava tão longe quanto às estrelas.

    Ficaram em silencio, apenas alternando entre olhar o horizonte que logo logo seria pintado com as cores dos fogos de artificio e alguns olhares lançados em ressabia.

    Aquilo era mortificante para Shun que não sabia o que dizer ou o que fazer.

    Suspirou profundamente. Abriu a boca para falar, mas Hyoga foi mais rápido.

    — Desculpe...

    O mais jovem parou subitamente tresloucado.

    — Anh... Pelo o quê?

    — Ultimamente tenho agido como um idiota.

    Shun sorriu discreto, não imaginava que o amigo fosse admitir aquilo. Pensou em falar alguma coisa, qualquer coisa... Talvez “um tudo bem” ou “um deixa quieto”, mas o olhar indecifrável de Hyoga o fez calar.

    O russo estava bem mais bonito do que de costume com aquele quimono azul cintilante, sem detalhes e um pouco aberto. Os cabelos revoltos, os olhos tão hipnóticos... Uma expressão tão... Indecifrável!

    Shun sentiu quando a mão do cavaleiro de cisne tocou em seu rosto e afastou alguns fios de cabelos. O coração bateu acelerado e por um instante o ar lhe faltou. As palavras fugiam e mais uma vez ele quebrará o contato visual com Hyoga, como havia feito tantas outras vezes.

    Simplesmente não conseguia...

    — Acho que, no fim, tudo foi somente por ciúmes. – Admitiu o loiro.

    O virginiano engoliu nervosamente em seco. Tocou na mão de Hyoga e a afastou de seu rosto, sem, contudo, soltá-la.

    — Porque sentiria ciúmes, Hyoga? Eu não entendo!

    O russo sorriu nervoso. Apertou levemente a mão do mais jovem.

    — Antes de explicar, eu queria te mostrar algo.

    Hyoga enfiou a mão livre dentro quimono, puxando lá de dentro um objeto brilhante que Shun logo o reconheceu.

    — Isto é...

    — Sim. É o crucifixo da minha mãe. O mesmo que deixei no túmulo de Ikki depois da batalha do monte Fuji.

    O cavaleiro de Andrômeda lembrava com tristeza daquela batalha, quando achou que nunca mais veria seu amado irmão que estava enfeitiçado pelo poder do mal.

    — Mas como?

    — Ikki me deu essa manhã. – Explicou. – Depois que saiu do seu quarto, ele me encontrou na biblioteca da mansão. Tivemos uma longa conversa.

    Shun corou quase que imediatamente: O que Ikki teria conversado com Hyoga?

    — Serio? – Shun perguntou incrédulo. – Eu achei que entre você e meu irmão só houvesse hostilidades.

    Hyoga riu.

    — Dessa vez não. – O russo disse pensativo. Lembrando-se da falta de surpresa do cavaleiro de fênix e da forma firme como o mesmo o havia ameaçado, sem contudo, lhe dirigir diretamente a palavra quando o aquariano lhe contou sobre o que sentia por Shun. Hyoga olhou novamente para o virginiano. – Falamos de você... Do que eu sinto por você.

    Por um instante Shun prendeu a respiração. Havia esquecido completamente de como se fazia.

    — Sob..., sobre o que você sente por mim?

    — Por favor, não diga que não notou. – A expressão de Hyoga tornou-se angustiada.

    Shun mordeu o lábio inferior com força. Seus planos estavam sendo frustrados aos poucos, pois Hyoga estava tentando lhe dizer exatamente o que ele queria escutar, o que tornava a frustração que sentiu durante aqueles dias uma grande bobagem.

    — Sabe, Hyoga, a minha vida toda Ikki foi a minha razão de viver. Concordei em lutar somente por ele.

    O russo sorriu charmoso, lembrava-se de como Shun era quando pequeno, de como estava sempre sendo protegido pelo irmão mais velho.

    — Sei que sabe também que só me tornei cavaleiro por ele. Quando eu era crianças, Ikki sempre me protegeu, então eu queria fazer o mesmo por ele. Mas sempre fui um fraco.

    — Não diga isso – Hyoga o repreendeu. – Você é a pessoa mais forte que eu conheço Shun. Ninguém nesse universo esquecido por Deus teria coragem e força o suficiente para dar a vida por outra pessoa. – Shun abriu a boca, mas o russo o deteve. – E antes que fale besteira. Não! Naquela época, eu não faria o mesmo. Nem por você nem por ninguém.

    O cavaleiro sentiu intensidade nas palavras do amigo e seu coração doeu: saber que Hyoga não teria dado a vida por ele foi algo bastante doloroso. Mesmo já esperando por algo do tipo...

    — Acho que eu não pensei claramente... – Falou desviando o olhar, constrangido com seu pensamento infantil. – Mas parando para pensar, acho que eu só estava tentando uma chance de vitória, afinal, eu nunca quis me tornar cavaleiro e com certeza eu não conseguiria salva a Saori.

    Ambos ficaram em silencio. Apenas sentindo o calor um do outro através da união das mãos. Apesar de não parecer, Hyoga transmitia calor através de suas mãos geladas e sua aura de ermitão era tão acolhedora que chegava a doer, o que trazia ao menor sua excruciante duvida.

    Uma vez que era fato que Hyoga não o amava com a mesma quantidade de tempo que Shun o amava, ou talvez até tivesse entendido errado os sentimentos do colega. E agora? O que faria?

    Inconscientemente apertou a mão de Hyoga.

    — Acho que você conseguiria sim. – O russo falou. O virginiano o olhou interrogativo. – Salvar a Saori, eu digo. – Shun sorriu incrédulo. – Você conseguiu me salvar. Então não seria difícil salvá-la.

    Shun baixou a cabeça.

    — Você só estava congelado, Hyoga. Tudo o que tive que fazer foi passar calor pra você. Enquanto a Saori... Bom, ela estava com uma flecha no peito, não é...? E eu teria... Teria que vencer Saga. Então... Não! Eu não conseguiria.

    — Conseguiria sim. – Hyoga puxou o queixo de Shun, fazendo com que ele o olhasse.

    — Como eu poderia salvar a Saori, Hyoga, se eu odeio lutar? Odeio ferir alguém... – O cavaleiro de Andrômeda segurou a outra mão do cavaleiro de cisne, ficando completamente de frente para ele.

    — Eu sei, Shun. Mas nem por isso desistiu de mim... – Hyoga retrucou, aproximando-se de Shun com um olhar terno. – Descongelou bem mais que meu corpo...

    — Hyoga...

    Shun não recuou. Deixou que o russo se aproximasse até que pudesse sentir sua respiração chocar-se contra seu rosto, causando pequenos tremores em seu corpo. Seus olhos se prenderam aos de Hyoga. Tão intensa e tão profundamente.

    — Fez meu coração bater novamente... De forma desenfreada. E isso se repetia toda vez que eu o via. E eu ficava com medo... Medo que descobrisse...

    — Eu não entendo!

    — Por isso eu partia. Ficar longe sempre foi à opção mais viável. Eu não queria perder sua amizade... Eu não queria te magoar.

    — Me magoava sempre que me deixava sozinho. – Retrucou sem querer. O rosto de Hyoga tão próximo ao seu. – “Eu não quero ficar sozinho”, pensei esse anos todos, quando na verdade eu não queria mesmo era que você partisse, Hyoga.

    O loiro encostou a testa na de Shun, sorrindo.

    — Eu não quero partir!

    — Então fique comigo...

    — Eu não ficaria somente como um amigo...

    — Eu não quero que fique somente como um amigo!

    Ambos se olharam. A íris dançando de surpresa.

    — Eu te amo! – Disseram ao mesmo tempo.

    Logo e tão calmamente, os lábios se uniram em um beijo tranquilo e cheio de carinho. As línguas se entrosando timidamente e inocentemente. Sem malicia.

    O céu foi tomado por fogos colorido, anunciando a chegada de um no ciclo.

    — Feliz ano novo, Shun. – Hyoga desejou apartando o beijo momentaneamente.

    — Feliz ano novo, Hyoga. – Shun retribuiu.

    Um sorriso apaixonado foi trocado e logo depois, os cavaleiros de ouro, os órfãos, as amazonas, Saori e todos os outros cavaleiros se juntaram aos dois.

    Seiya correndo na frente com as crianças para verem os fogos.

    Saga e Aioros vinham de mãos dadas. Ikki vinha arrastando Shaka que não queria mais participar daquela comemoração, uma vez que a meia noite já tinha passado.

    Aiolia vinha com o braço passado pelos ombros de Mu. Enquanto Shiryu abraçava Shunrei e acariciava a barriga da chinesa.

    Camus e Milo também vinham felizes e interessados nos fogos de artifícios, mas vez por outra se beijavam.

    Afrodite e Mascaram também trocavam beijos e planos melosos para aquele ano. Shina e Marin compartilharam daquela ideia.

    Aldebarã e Shura vinham acompanhados de Minu e Eire: A loira pendurada no braço do espanhol e os quatro sorrindo despreocupadamente.

    Shion e Dohko trocaram um beijo discretamente enquanto os fogos estouravam no céu.

    Saori agarrou o braço de Seiya e Shun e Hyoga se beijaram mais uma vez.

    A felicidade e a calmaria tomava conta do ambiente, eternizando aquele momento de paz e felicidade vivida entre amigos e amores. Enquanto isso, no lago que transcorria no templo Sensoji, vários tanzakus amarrados em bambus seguiam a correnteza, levando pedidos já realizados por Orihime e Kengyu.

    Fin!


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