Os Cinco Selos

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    Capítulos:

    Capítulo 186

    Escárnio

    Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Yooo,

    Eu percebo que minha escrita está diferente quando eu penso que este capítulo muito provável renderia 1k de palavras, mas acaba ficando um pouco mais do que o dobro

    Lembro que antes era uma luta chegar até 1k, agora nunca tem um que mal chega

    Boa leitura ^^

    Belzebu cerrou os punhos e Mammon apertou com força o punho da espada. Lissandra criou um espelho de gelo em sua frente, e outros começaram a emergir do chão em um pilar de gelo em pontos estratégicos da área, seja perto do solo em lugares mais altos, e, por entre seus dedos, agulhas finas foram criadas. Mikaela manteve-se parada, sem mover um músculo.

    A primeira a fazer um movimento fora Lissandra, atirando suas agulhas para dentro do espelho a sua frente, e elas saíram no espelho atrás de Mikaela, indo direito em sua direção. O Selo fez espessas raízes brotarem do chão em suas costas, protegendo-se das agulhas. Belzebu se teletransportou para frente dela, desferindo um soco de direita, mas Mikaela desviou movendo seu corpo para o lado, e o punho explodiu nas raízes. Em sua mão direita, Mikaela começou a conjurar um círculo mágico, porém, antes que terminasse por completo, percebeu a aproximação de Mammon, e fora obrigada se teletransportar, desviando, assim, do golpe da espada.

    Agora no ar, Redenção conjurava um círculo em cada uma de suas palmas, apontando em direção aos dois demônios. Entretanto, ela percebeu o espelho de gelo emergindo atrás de si — e formou-se mais rápido do que lembrava. Mikaela imediatamente gingou seu corpo para cima, contudo ela não conseguiu desviar totalmente da lança de gelo que saiu do espelho, talhando superficialmente suas costas. Belzebu já estava sobre ela no ar, e golpeou-a com seu punho na face, atirando-a direto para o chão. Mikaela chocou-se de costas contra o solo, segurando um grunhido de dor.

    Mammon adentrou na poeira provida pela queda e cravou a espada em direção a Mikaela, mas a ponta da lâmina trespassou apenas raízes. Mikaela havia coberto seu corpo pelas raízes, que logo se moveram, atirando o demônio para longe dela.

    — Não acha que iremos deixar você conjurar suas magias, certo? — disse Lissandra, atirando mais agulhas no espelho em sua frente.

    As agulhas saíram do espelho direito para Mikaela, sendo que alguns foram parados pelo casulo de raízes, e uma quantidade mínima penetrou em frestas, perfurando sua pele. Não obstante, Mikaela riu em provocação.

    — Parece que a morte deixou vocês mais inteligentes!

    Belzebu e Mammon decidiram e avançaram para atacá-la ao mesmo tempo, mas perceberam tarde demais o círculo vermelho sob eles apontado em direção onde ela estava. A explosão aconteceu imediatamente, e da cortina negra de fumaça Mammon saiu chamuscado; Belzebu, porém, não fora atingido, saindo de lá ao se teletransportar.

    Mikaela também estava fora da fumaça, incólume, com seu vestido em mãos — fez uma careta ao perceber os rasgados —, e logo jogou-o no chão. Seus seios e a região da cintura eram acobertados e protegidos por uma carapaça marrom. Ela também havia se despido das botas e das meias, mas suas pernas tinham a pele lisa, avermelhada como de praxe.

     — Depois que se tem dois filhos, começa a necessidade de economizar — ela disse, sorrindo ao ver a expressão de perplexidade estampando-se nos rostos deles.

    — Você... teve filhos com o Morte?! — indagou Lissandra.

    — Sim. Estranho, não? Levando isso consideração, você já deveria ter gerado muitos bastardos meio humanos, correto, Lis? O mesmo para Belzebu. — Ela levou seu olhar penetrante para Mammon. — Até mesmo demônio puros, no caso de Mammon.

    Sem interesse de conversar, Mammon investiu velozmente contra o Selo. Mikaela preparou-se para se mover, visando atacá-lo diretamente, mas sentiu seus pés gelarem. Quando olhou para baixo, notou que o gelo da Lissandra havia a prendido. Mammon estava investindo rápido demais para que ela pudesse se teletransportar ou sair, contudo, o que a impediu de fazer algo, fora Belzebu. O demônio se teletransportou para a frente de Mikaela, e desferiu um poderoso soco em seu estômago. Ela gemeu de dor e o sangue escapou pelos lábios. O Selo tentou contra-atacar no mesmo instante, porém Belzebu sumiu, e Mammon encrustou a lâmina em seu estômago. Em seguida, ele agarrou-a pelo pescoço e ergueu, lançando-a no ar. O corpo de Mikaela deslizou para fora da lâmina e subiu em direção ao céu, girando. Belzebu apareceu lá e golpeou com as mãos juntas no ferimento no estômago dela, e Mikaela começou a cair de costas para o chão. Observando, Lissandra fez uma pontiaguda estaca de gelo emergir no exato local da queda do Selo.

    Enquanto estava em sua queda, o mundo ficou completamente lento para Mikaela. "O que estou fazendo?Posso derrotá-los facilmente", pensava, "então... por que estou me limitando? Não entendo..."

    — Morra, Lilith! — vociferaram eles.

    "Lilith", ecoou o nome pela sua mente.

    Ora, seu corpo finalmente fora empelado pela estaca, descendo até suas costas tocarem o solo, manchando o azul do gelo de vermelho. Um segundo depois, Lilith começou a gargalhar doentiamente, e os outros demônios hesitaram, ficando inertes. Ela começou a erguer-se, deslizando seu corpo estaca acima. Quando ficou de pé, a uma parte do gelo quebrou, e ela tirou de seu corpo com indiferença. Do ferimento exposto, o vermelho mais denso do  sangue escorria pelo seu corpo, mas, ao invés de expressão de dor, Lilith exalava sua expressão sombria com um sorriso tão sombrio quanto.

    — Vocês esqueceram que deviam me temer, irmãos? Permita-me lembrá-los. — Ela levou seu olhar sombrio para Mammon. Com o dedo indicador em riste, chamou-o. — Comecemos com você.

    Furioso por estar sendo desafiado e menosprezado, Mammon avançou sem pensar duas vezes, e atacou com a lâmina em uma estocada. Lilith, porém, esticou seu braço com os dedos da mão abertos, e espada transpassou sua palma. Ela fechou os dedos, parado a lâmina a centímetros de seu rosto. Antes que Mammon fizesse algo, Lilith cravou suas unhas da mão esquerda no rosto dele e puxou para o lado. Vendo o pescoço exposto, ela cravou seus dentes na carne e puxou, arrancando um pedaço da garganta de Mammon. O demônio caiu no chão, levando as mãos instintivamente na parte que lhe faltava, onde o sangue escorria aos montes. Ela cuspiu a carne da boca, e seus lábios ficaram manchados com o sangue. Em seguida, começou a retirar a lâmina de sua palma.

    Belzebu se teletransportou para trás de Lilith. No mesmo instante, ele levou uma mão até a testa e a outra no queixo dela. O demônio sentiu seus músculos pulsarem, preparados para quebrar o pescoço de Lilith, mas subitamente seu corpo gelou. Lilith trespassou, de baixo para cima, a lâmina em seu corpo, varando até atingir o coração de Belzebu. Ele sentiu sua força esvair. Ela deu um passo à frente retirando a lâmina dele e de si, girando seu corpo e decapitando-o em um golpe forte.

    Lilith tossiu, e o sangue espirrou de todos seus ferimentos e da boca, porém não demostrava sentir dor, sempre com uma expressão sombria. Ao virar-se para o último demônio, Lissandra viu o sorriso doentio e tremeu, começando a recuar lentamente de medo.

    — Lilith... i-irmã... você sabe que não ligo para nada de conquistar o mundo e essas coisas. Tudo o que faço, é por me obrigarem... então...

    — Quieta, sua patética.

    Lissandra bateu com o calcanhar em uma pequena rocha e caiu, contudo não conseguia se levantar e nem sequer se mover, pois o medo dominou seu corpo. Lilith, então, aproximou-se lentamente e ficou sobre ela, terminado com a segunda vida de Lissandra encrustando a lâmina em seu cérebro.

    ***

    Edward voava em direção onde Mikaela estava. Após sentir o poder dela emanando de forma diferente do habitual, acabou preocupando-se e decidiu ir lá ver. Quando ela entrou em seu campo de visão, pousou e caminhou calmamente. Conforme se aproximava, era capaz de vê-la sobre outro demônio. Percebeu que Mikaela cravava a lâmina no demônio repetida e incessante vezes, e, pelo jeito em que o rosto estava desfigurado, o demônio em questão há muito havia morrido.

    Lilith sentiu a aproximação de alguém. Rapidamente se colocou de pé e girou seu corpo, estocando com a lâmina, e sorriu ao sentir que a carne fora perfurada. Ao ver que o ser que acabará de perfurar era Edward, Mikaela arregalou os olhos negros e o sorriso morreu. Ela não queria machucá-lo mais e nem ficar perto, então começou a afastar-se. Edward, porém, segurou a mão dela com a sua no cabo da espada a puxou, fazendo ela ficar mais próximo dele conforme a lâmina trespassasse ainda mais seu corpo. Lilith começou a ficar mais inquieta, tentando sem sucesso fugir do aperto da mão dele; quando sentiu o toque da outra mão de Edward em sua bochecha, ela cravou as unhas no respectivo braço, profundamente.

    — Acalme-se, Mikaela.

    "Mikaela", ressoou seu nome por toda sua mente. Ela parou de se debater, aquietando-se. "Isso. Mikaela. Não Lilith... Mikaela", pensava sem parar, "Edward. Deckard. Miana. Selos. Mikaela". Sua forma demoníaca passou a ser substituída pela humana; sua pele ficou branca, chifres se foram, assim como as carapaças e os olhos negros, que foram substitutos pelo vermelho. De imediato, Mikaela começou a sentir todas as dores sofridas pelos seus ferimentos. Caiu de joelhos no chão e abraçou si mesma, tocando a testa no chão e gemendo de dor.

    Lizzie voltou a sua forma nephilim e rapidamente tocou em Mikaela com suas chamas azuis. A dor que sentia aumentou quando as chamas começaram a fazer seu trabalho, mas logo parou de doer quando tudo se cicatrizou.

    Quando o momento passou, Edward lembrou da lâmina no meio de seu peito. Ele descravou a espada e jogou-a longe. Depois, esticou a mão em direção a Mikaela.

    — Você está bem? — perguntou a ela.

    Mikaela ficou em silêncio por um tempo, com a respiração pesada. Ao sentir o gosto de sangue em sua boca, ela cuspiu e limpou ao redor dos lábios. Por fim, segurou a mão dele.

    — Estou, sim. — Ela sorriu enquanto se erguia.

    Seus olhos encontraram os dele, e, diferente do que esperava, estavam sérios e penetrantes, parecendo enxergar dentro dela; e isso causou um súbito frio dentro de si, que pulsou por todo o corpo.

    — Não seja falsa — Ed disse, friamente. — Não comigo.

    Então, o sorriso falso em Mikaela fora desfeito, transformando-se em uma expressão de sofrimento. Ela atirou-se em Edward, abraçando-o pela cintura e escondendo seu rosto no peito dele, e passou a chorar.

    — Eu não me aguento mais, Edward — dizia com a voz abafada. — Sinto-me suja com tanto sangue em mim. Às vezes eu... eu sinto vergonha de mim mesma por ousar tocar em nossos filhos com estas mãos.

    Edward nada disse, porém, apenas devolveu o abraço a ela, com força. Ele pensava o quão estranho era aquela situação. Ora, havia uma guerra acontecendo que poderia comprometer a integridade do mundo, mas, com ela assim, passou a se importar com mais nada. Lizzie ficou quieta, apenas observando os dois.

    Minutos haviam se passado, e finalmente Mikaela saiu dos braços de Edward, e limpou seus olhos com as costas das mãos. Em silêncio, ela passou por ele, indo em direção confronto.

    — Espera...

    — Tudo bem, Ed. Estou melhor agora. Podemos ir.

    — Não é isso... — Ele suspirou. — Você está pelada.

    Mikaela olhou para si e observou seu corpo nu.

    — Meu vestido rasgou, e não estava muito afim de estragar o restante das roupas...

    — Sem problema. — Ed desabotoou sua blusa e jogou para ela. — Use-a. Prefiro não correr o risco de os anjos acabarem tendo o desejo carnal despertado por sua causa.

    — Vou acreditar que seja por isso. — Ela pegou a blusa no ar com um sorriso tímido.

    Edward pegou o vestido dela e rasgou mais algumas partes. Aproximou-se por trás e passou o tecido vermelho pela cintura dela, terminando dando um pequeno nó na lateral. Lizzie trouxe as botas e meias, que logo Mikaela calçou. Quando terminou, ela se virou para os dois. Não foi possível abotoar a blusa branca na altura dos seios, deixando a parte de dentro à mostra. O vestido vermelho transformou-se em saia, que descia até um pouco acima dos joelhos, e um pedaço da coxa ficava à mostra pelo rasgo. Ela colocou uma mão na cintura para fazer uma pose e olhou para os dois de maneira penetrante.

    — Como estou? — perguntou, com a voz aveludada.

    Lizzie e Edward assobiaram e aplaudiram.

    — Uma belezura — disseram.

    Eles riram, mas conforme paravam, perceberam que tudo estava quieto demais.

    — A guerra! — exclamaram.

    ***

    Os arcanjos Miguel e Anahel derrotaram o último dos grandes demônios que protegia o pilar. Os dois estavam com suas armaduras prateadas maculadas pelo sangue, mas não deles, e urraram alto após a queda dos demônios, entorpecidos pelo momento. Seus subordinados sob eles foram entorpecidos da mesma forma, e começaram a rechaçar os demônios com ainda mais esforço.

    Não demorou muito para que as hordas de demônios começar a ruir de verdade, em um ritmo muito menor do que as hostes de anjos. Percebendo a nítida desvantagem, os demônios passaram a hesitar e recuar. Fendas foram abertas, e eles começaram a correr de volta para o inferno. Miguel ordenou aos anjos para não seguir seus inimigos, pois sabia que suas tropas estavam cansadas e em número não muito grande, e temia perder ainda mais caso seguissem ao inferno desta forma.

    Os Selos chegaram no momento em que os anjos comemoravam pela vitória, erguendo suas armas. Edward e Mikaela passaram com cuidado por entre os corpos mortos de demônios e anjos, indo em direção ao pilar, que ainda brilhava intensamente e ondulava. Os arcanjos desceram até eles.

    — Demorou, Morte — disse Miguel.

    — Tivemos um probleminha.

    — Consegue desfazer esta artimanha? — perguntou Anahel a Mikaela.

    — Certamente — ela respondeu. — Contudo, não precisa. Na verdade, basta apenas fechar a fenda que intercala as dimensões.

    Dito isso, Mikaela aproximou-se da fenda, observando-a. Ela hesitou, cerrando os punhos e mordendo o lábio inferior. Chamando sua atenção de volta, Mikaela sentiu a mão do Edward repousar em seu ombro.

    — Está tudo bem agora — ele assegurou.

    Sentindo-se mais confiante, Mikaela fechou os olhos e inspirou fundo, assim sua forma demoníaca fora assumida. Ao se concentrar, energia multicolorida emanou de suas mãos e ondulou no ar até a fenda. Depois de alguns segundos, o colorido tomou conta de seu corpo e ela começou a flutuar poucos metros do chão, e a fenda passou a oscilar. Ela abriu os braços, o que fez sua mana pulsar, e depois fechou com grande esforço. A fenda emanou um brilho forte, fechando-se em seguida. A barreira estilhaçou como vidro, dissipando-se no ar como a energia do pilar, e Mikaela voltou ao chão.

    Ora, todos ali esperaram ver o Reino dos Céus voltando para eu devido lugar, mas não fora o que aconteceu. Uma runa do tamanho do diâmetro do pilar estava desenhada sobre a rocha, pulsando vermelho-sangue. Só de olhar para aquela marca, Mikaela soube que não era capaz de desfazê-la.

    — Não consigo quebrar esta runa — ela simplesmente admitiu.

    — Lúcifer sabia que não conseguiríamos romper esta runa. Então, o pilar serviu para acobertar e fazer-nos pensar que ele era o motivo — observou Anahel.

    — O pilar era apenas uma distração! — vociferou Miguel, com fúria.

    — Isso foi meio inesperado. — Edward sorriu. — O desgraçado deve estar rindo em seu trono.

    Continua <3 :p


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