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Tempo estimado de leitura: 3 horas
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Meus amores muito obrigada por me acompanharem até final dessa fanfic
Eu agradeço cada um de voces.
De coração espero voces tenham gostado
Boa leitura a todos
Não esqueçam de me acompanhar outra fanfic " Unforgetable Love - Amor inesquecível - Fairy Tail casal Nalu"
No dia seguinte, Lucy não saiu para meditar pela manhã, como aprendera a fazer com Natsu, nem o acompanhou na visita semanal a Rowema. Àquela altura dos acontecimentos, não aguentava mais ouvir desculpas.
Depois de abrir um dos armários de debaixo da escada, começou a passar o aspirador nas prateleiras. Precisava preencher o tempo com alguma tarefa, para não acabar tendo uma crise histérica.
Como ela previra, dessa vez fora pior. Muito pior. Sabia que não deveria confiar em Nathan, e a ingenuidade de sempre a levara a pensar que ele havia mudado. Deixara-se levar pelo coração e se apaixonara ainda mais por ele. Como se não bastasse, havia também o envolvimento com Elisa. A madrasta traíra a ela e seu pai ao mesmo tempo. Não poderia contar nada a ele, por enquanto. Não queria ver seu pai tendo um enfarto por causa daquela desclassificada.
Começou a passar o aspirador sobre a mesinha no centro da sala. Se sua mãe pudesse vê-la naquele momento, ficaria horrorizada ao flagrá-la fazendo serviços domésticos em pleno domingo. Bem, melhor cometer esse pecado do que violar o sexto mandamento: “Não matarás!”
Desde o dia anterior, andara muito tentada a terminar o que o acidente de carro de Nathan não havia conseguido. De súbito, ouviu uma batida à porta. Ao olhar pela janela, viu um taxis partindo pela estrada. Quem poderia ser? Os taxis não costumavam ir até aquela parte remota da cidade. Ao espiar pelo olho-magico, avistou quem menos ela desejava ver naquele momento. Seguiu-se outra batida, mas Lucy a ignorou.
__Sei que está aí, Lucy. Se não abrir a porta, irei até a casa dos Neidemeyer pedir a chave de reserva.
Indignada, ela se aproximou da porta com passos firmes e abriu-a com um gesto súbito.
__Seja lá o que queira de mim, a resposta é não!
Fez menção de fechar a porta, mas Natsu a bloqueou com o corpo. Lucy não teve alternativa, a não ser deixa-lo entrar. Natsu entrou e fechou a porta atrás de si. Em seguida, tentou tocar o rosto de Lucy, mas ela se esquivou do contato.
__Vá embora.
__Está tirando conclusões precipitadas, Lucy. Isso tudo não passa de um grande mal-entendido.
Ela levantou a vista para ele, furiosa.
__O que é isso, um script? Poderia pelo menos ser mais original, Nathan -Replicou, referindo-se ao que ele dissera no dia em que haviam rompido o noivado. __Sabe quanto eu detesto dramalhões.
Natsu segurou-lhe a mão e a manteve entre as dele.
__Eu já lhe disse que não sou Nathan.
__Oh, claro eu me esqueci de que estou falando meu anjo da guarda. Belo protetor eu arrumei! Quero saber apenas um detalhe: quem está designando para me proteger de você?
__Se me deixar explicar...
__Você acabará contando outra história idiota – ela o interrompeu. __Provavelmente dirá que é um agente secreto, e que estava beijando minha madrasta para garantir a segurança do país!
Natsu a levou até sofá, mesmo sob os protestos de Lucy, e sentou-se ao lado dela, ainda segurando suas mãos.
__Lucy, desteto ter de lhe trazer más notícias, mas há algo muito estranho acontecendo.
__Pode ter certeza disso.
__Por favor, deixe-me terminar. -Respirou fundo. __ Não sei como dizer isso gentilmente, portanto vou contar de uma vez: sua madrasta se envolveu com Nathan em atividades muito censuráveis.
__Ora, seu....
__Claro que isso já está evidente -Admitiu ele, __ Mas há algo mais que envolver a proposta de fusão com a Panificadora.
__Se está tentando me confundir, não vai conseguir!
Lucy retirou a mão das dele.
__Foi a própria Elisa quem me contou. Ainda não descobri todos os detalhes, mas sei que a fusão das empresas será um meio para os dois tomarem o controle do negócio.
Lucy ficou de pé no mesmo instante, esbarrando na mesinha. O livro que se encontrava sobre ela foi parar no chão.
__Essa é, a coisa mais ridícula que já ouvi na vida!
__Não! É a verdade!
Lucy levou as mãos à cintura. Será que Nathan não via que estava “se enforcando com as próprias palavras?” Não fazia ideia do que ele pretendia com aquela história maluca, mas todos os pensamentos que tivera sobre uma separação amigável sumiram de sua mente.
__Precisa acreditar em mim -insistiu Natsu.__ Sua madrasta me contou sobre como quer ficar rica e comprar uma mansão para passar uma parte do ano.
__Ela já é rica -afirmou Lucy, por entre os dentes. __ Se Elisa quisesse uma casa de férias, teria apenas de compra-la pessoalmente ou escrever isso em sua lista de natal. Ela é tão ocupada quanto você pelo que aconteceu. Se quer saber a verdade, acho muito indigno de sua parte querer colocar a culpa apenas nela a essa altura dos acontecimentos.
__Não está entendendo, algo sinistro se encontra em andamento e você é o centro da trama.
__Não – refutou ela. __Você é o centro. Já ouvi mais do que devia de toda essa idiotice.
__Deixe-me ficar aqui com você essa noite -pediu Natsu.
__Vai acontecer algo ruim e não quero que esteja sozinha. Se Nathan ficasse ali mais um minuto, ela tinha certeza de que algo ruim realmente iria acontecer.
__ Vá embora, por favor.
Natsu suspirou, desapontado. __ Não posso.
Lucy olhou para ele, perguntando-se que estranho prazer era aquele que Nathan sentia em tortura-la.
__ Estou sem carro -explicou ele, dando de ombros. __ Não poderia me dar uma carona?
Lucy estreitou o olhar, cravando as unhas na palma das mãos. Como ele tinha coragem?
__Mesmo que eu pudesse, não o levaria a lugar algum! Meu carro não funcionando direito e não quero dirigi-lo além do necessário, antes de mandá-lo ao mecânico. - Segurando-o pelo braço, conduziu Natsu até a porta.
__Portanto, sugiro que volte a pé mesmo!
Ao sair da casa Natsu ficou sentado na varanda durante uma hora, até o taxi que ele solicitara pelo telefone celular de Nathan apareceu para apanhá-lo.
Demorou menos de uma hora para Peter determinar por que os cálculos das duas pastas de Nathan estavam diferentes.
__Aqui está!- exclamou ele. Ajeitando-se na cadeira ao lado da de Natsu, com um sorriso de satisfação. __ Os primeiros cálculos... -indicou os dados da pasta que Natsu trouxera do apartamento _..... Se incorporam aos dados completos. Mas nos cálculos da segunda pasta está faltando uma coluna de dados. Deve ter sido um mero lapso.
Um lapso que fora parar direito nos bolsos de Nathan, pensou Natsu. Porem, seria melhor deixar o contador pensando que fora apenas um erro inocente.
__Se começarmos a trabalhar com resultados errados, deixaremos alguns pontos frágeis para a negociação com a Goode Foods, alguém pode descobrir nosso “ calcanhar de Aquiles” e acabaremos caindo nas mãos de outra corporação.
Então eu terei de dar adeus ao meu emprego.
“Nathan e Elisa eram as pessoas que pretendiam se aproveitar daquele calcanhar de Aquiles”, pensou Natsu.
Lembrou-se da foto que Nathan mantinha no apartamento, mostrando ele, Lucy e ao pais dela. Lucy devia ter ficado comovida ao ver que ele colocara aquela foto em um porta-retratos, mas Provavelmente Nathan fizera aquilo apenas para poder ficar olhando para Elisa sem levantar suspeitas. Os recibos do motel e dos restaurantes, Assim como as embalagens com preservativos denunciavam que os dois haviam tido um caso. O champanhe mencionado em um dos bilhetes deveria ter servido para os dois celebrarem o sucesso do plano.
As peças estavam se encaixando aos poucos, mas ele ainda não conseguira entender por que a vida de Lucy corria perigo. Só tinha certeza de uma coisa: precisaria da colaboração dela para protegê-la. Para reconquistar a confiança de Lucy, teria de mostrar a ela os dados que conseguira e convencê-la de que não apenas a empresa, mas ela própria, estavam correndo perigo.
Ficou de pé, estendendo a mão para Peter.
__Pete, não imagina quanto estou agradecido por haver me ajudado a solucionar isso.
__E você não sabe quanto estou aliviado com a oportunidade de me manter no trabalho.
Quando ele se retirou, Natsu respirou fundo. Tendo nos braços as pastas com os arquivos incriminadores, pegou o elevador direto para o andar do escritório de Lucy.
Ao ouvi-lo entrar em sua sala. Ela girou na cadeira e fitou-o com ar de curiosidade.
Natsu entendeu aquilo como um convite para se sentar e não perdeu tempo em se acomodar diante dela, colocando as pastas sobre a mesa.
__Talvez isso a convença de que o que eu lhe disse ontem é verdade.
__Natsu, estou muito ocupada agora.
__Quero apenas que pare um minuto para analisar os fatos. Ou a prova, se preferir.
Lucy hesitou um momento, mas acabou assentindo, com um suspiro de impaciência. Natsu começou a mostrar todas as provas que havia reunido. Lucy ouviu em silencio, parecendo se alterar apenas quando ele mostrou os recibos do motel e dos restaurantes que Nathan e Elisa haviam frequentado.
__Na parte da traição eu acredito, e fico feliz que finalmente a tenha admitido -disse ela, por fim.__ Mas não estou entendendo por que você está tentando fazer Elisa parecer uma criminosa.
__Elisa não foi a única culpada.
Natsu engoliu em seco, antes de continuar. Se Lucy já o estava considerando um crápula, não queria nem ver quando contasse que Nathan havia comprado documentos falsificados e alterado os dados dos arquivos da empresa.
A única parte boa de tudo aquilo era que Lucy não poderia despedi-lo. Se fizesse isso, ela teria de contar os motivos para o pai, e provavelmente não iria querer vê-lo tendo um enfarte.
Porém, Lucy recebeu a noticia melhor do que ele esperara. Ainda assim, notou que ela ficou um pouco abalada.
__Eu estaria mentindo se dissesse que não estou chocada com isso -admitiu, encostando-se na cadeira e fechando os olhos por um instante.
__Aprecio que tenha confessado sua parte nessa.... cumplicidade, mas continuou não entendendo o motivo.
__ O motivo que levou Nathan a fazer isso?
__Não. O motivo pelo qual está me contando esses detalhes. A menos que... -Ela mordeu o lábios, pensativa. __ A menos que você e Elisa tenham se desentendido e você esteja fazendo isso por vingança, para deixa-la em situação ruim.
__Não, não é nada disso – Refutou Natsu. __Trabalho do lado do bem.
Lucy arqueou as sobrancelhas, com ar de surpresa.
__Do que está falando?
__Estou falando do motivo que me trouxe até aqui: mantê-la em segurança.
Ela balançou a cabeça, empurrando os papeis para um lado da mesa.
__Por favor, não comece com essa loucura de novo.
__Lucy, não tenho certeza de como você se enquadra nesse cenário-disse Natsu, tocando o braço dela. __ Mas sei que está correndo risco de vida. Deixe-me acompanha-la até em casa para eu possa protege-la. __ Em um murmúrio, acrescentou; __ Não quero que você morra.
Lucy desligou o telefone e afundou na cadeira. Esse não estava sendo um de seus melhores dias. Ainda estava em choque pelo que vira no sábado quando Natsu aparecera com aquela história de um esquema ilegal entre ele e Elisa para dar um golpe na empresa.
Como se não bastasse, o mecânico acabara de avisá-la que só poderia examinar seu carro no dia seguinte pela manhã. Afastou-se da mesa e ficou de pé. Já era tarde, estava cansada e não conseguiria mais trabalhar. No dia seguinte, decidiria como dar as notícias, tanto pessoais quanto profissionais, a seu pai.
Naquela noite, pretendia se distrair com algo. Ler um livro, talvez. Uma história bem sombria e depressiva. Algo que pudesse exceder seu próprio estado de espirito, fazendo-a sentir-se melhor por saber que pelo menos um personagem fictício passara por algo pior do que ela. Qualquer coisa que não fosse um romance, com um final feliz garantido.
Pegou as chaves do carro e seguiu para casa, deixando para trás os documentos que Natsu lhe entregara.
Minutos depois, ao passar diante do restaurante Italiano da, que ela, Natsu e seus pais pretendiam visitar no dia do incidente com o elevador, lembrou-se de fora Elisa quem sugerira o lugar. Teria ela comido ali na companhia de Nathan?
O semáforo logo à frente ficou vermelho e Lucy acionou o freio com mais força do que o necessário. O pedal deslizou por alguns centímetros, antes de acionar o freio e parar o carro com um solavanco.
Antes do acidente, Nathan vivia lhe dizendo para trocar de carro, como ele próprio fazia a cada dois ou três anos, mas ela sempre deixara a ideia de lado por achar que se tratava de um gasto exagerando. Entretanto, parecia que havia chegado a época de pensar na sugestão.
Durante o restante do trajeto, tentou dirigir com mais cuidado do que de costume. Querendo preencher o silencio do carro com algo que não a fizesse pensar, ligou o radio tão alto quanto seus ouvidos aguentaram.
Porem, as musicas countries só falavam de amores infelizes. Aborrecida, mudou para uma estação de rock popular. Contudo, essas só falavam de amores felizes. A estação de rap estava ainda pior. Em um ritmo que lembrava as cantigas, o cantor a aconselhava a se deitar no trilho do trem. Bastou um clique para o silencio voltar a reinar no pequeno sedã. Teria mesmo de aguentar os próprios pensamentos até chegar em casa. Felizmente, a essa altura já estava bem próxima da propriedade. Como sempre, entrou pela trilha e acelerou bem o carro para impulsioná-lo o suficiente para subir pela elevação que cruzava o bosque próximo ao lago. Ao chegar ao local onde sempre deixava o carro, pisou no freio. Porem, o pedal seguiu reto até tocar o assoalho.
Lucy continuou pisando no pedal desesperadamente, enquanto o carro seguia em frente. Os faróis acesos iluminaram o caminho. Mostrando que ela estava se encaminhando direto para o celeiro.
Com um movimento rápido, virou o volante, passando por cima das pedras artificiais que ela e Natsu haviam feito. Ao ver vários patos e gansos pelo caminho, acionou a buzina para espantá-los.
Só então notou que estava indo direto para o lago. Mesmo nem meio ao desespero, pensou que no seu caso não seria preciso um trilho de trem. Moreira afogada mesmo.
Fechou os olhos de repente, sob o impacto do air-bag. Em seguida, ouviu o carro cair na água, notando que ele começou a afundar rapidamente. A água encobriu os faróis acesos, deixando tudo escuro em volta. Lucy acendeu rapidamente a luz do teto e respirou fundo, antes de conter o folego. Talvez não tivesse mais chance de voltar a respirar. Tateou o fecho cinto de segurança e conseguiu abri-lo. A essa altura a água fria já estava alcançando sua cintura. Oh, Deus, precisava sair logo dali!
Reunindo coragem e respirando fundo novamente, tentou a maçaneta que abria o vidro da janela. Ela emperrou um pouco a princípio, mas foi abrindo aos poucos, durante um pouco a princípio, mas foi abrindo aos poucos, durante um tempo que para Lucy pareceu uma eternidade.
Somente quando o vidro já estava quase completamente aberto foi quando o vidro já estava quase completamente aberto foi que a água começou a entrar pela janela. Felizmente, o carro ainda não se encontrava submerso por completo. Com esforço, conseguiu sair pela janela, estremecendo quando o ar frio da noite atingiu seu corpo molhado. Assim que conseguiu alcançar a margem enlameada do lago, arrastrou-se até um local mais seco.
Após se recuperar um pouco do susto, correu até a porta dos fundos da casa, mas lembrou-se que a bolsa e as chaves haviam ficado no carro.
Pegando a chave de reserva em um vasinho de violetas que adornava uma das janelas, entrou em casa e foi direto ao telefone da cozinha, sem se importa de estar sujando o chão com lama.
__Alô, Natsu? Sua oferta para vir ficar comigo ainda está de pé?
Lucy não soube o motivo, mas a presença de Natsu a deixou mais tranquila. Depois de chamarem um guincho para retirar o carro do lago, ele insistira para que ela tomasse um banho quente e se preparasse para dormir.
Enquanto ela fez isso, ele resolveu o problema com o guincho e foi até a casa dos Neidermeym pedir para Lucy o carro que eles tinham de reserva. Depois do banho, Lucy se uniu a ele na sala, Natsu sentou-se no sofá, mas Lucy ficou me pé, andando de um lado para outro.
__Tudo bem-disse ela. __Sei que é estranho uma pessoa passar por tantos riscos de acidentes, mas não acho que seja algo além de uma onda de má sorte.
Natsu esperou que ela parasse de andar antes de dizer algo. Lucy sentou-se ao lado dele no sofá, tentando se acalmar.
__Então por que ligou para mim? -perguntou ele. __Por que ficou com medo de passar a noite sozinha?
__Não estou com medo-disse, com voz tremula. Por fim, afundou no sofá. __Está bem, admito que fiquei um pouco assustada por um momento, mas não acha que estamos nos preocupando demais?
Natsu começou a contar nos dedos cada um dos acidentes dos quais ela escapara.
__A prateleira da loja de calçados, o poço do elevador e agora o carro caído no lago, três acidentes, Lucy. Da próxima vez, ela talvez não tenha tanta sorte.
__E o que o faz ter tanta certeza disso? Como, de repente, pode saber o que está reservando para meu futuro?
__Eu já lhe disse o motivo, mas acho que você não acreditou.
__Ah, não! Não me venha com essa história de anjo outra vez. Até onde eu sei, eles não andam por aí beijando as madrastas de seus protegidos.
Natsu ficou em silencio por um momento, pousando a não sobre a dela, fitou-a nos olhos ao dizer.
__Eu não a beijei, Lucy.
Natsu pareceu tão sincero que ela desejou poder acreditar nele. Queria que fosse verdade que o beijo de Elisa o pegara de surpresa.
__Eu nunca faria nada para magoá-la.
Lucy sentiu a dor em seu coração se amenizar. Talvez estivesse sendo tola, mas sabia que Natsu estava dizendo a verdade. O Nathan que ela conhecera antes do acidente não hesitaria em mentir, mas o Natsu que se encontrava ali, a seu lado, parecia incapaz de mentir, e principalmente de fazer isso de maneira convincente.
__Estou confusa, Natsu. Você não é um estranho para min e, no entanto...
__Não sou? -Ele sorriu, como charme. __Sou mesma pessoa que habitava este corpo antes daquele acidente fatal?
__Não foi fatal! A prova disso é que você está aqui. Vivo!
Natsu balançou a cabeça.
__Nathan morreu na sala de emergência. Quando ele partiu, fui enviado para ocupar este corpo e protegê-la.
No mesmo instante, os pensamentos de Lucy se voltaram para a noite em que ela presenciara a “morte” de Nathan na sala de emergência. Lembrava-se muito bem de que o aparelho que estava monitorando os batimentos cardíacos havia parado de emitir sinal por instante.
Mas quando os médicos já haviam desistido e coberto o rosto dele com um lençol, de repente o aparelho voltara a funcionar, como que por milagre. Seria mesmo verdade? Não, aquilo era pura loucura.
__Geralmente, não conto detalhes das missões para meus protegidos. Também não é comum eles saberem que estou por perto.
Durante os minutos seguintes, Natsu contou uma longa história sobre sua missão, um supervisor chamado Nahum, um par de asas e o aprendizado de ser humano.
A certa altura, Lucy pousou a mão sobre os lábios dele.
__Tudo bem, acho que já entendi. Mas o que tudo isso tem a ver comigo?
__Fui enviado para protege-la porque seu período na terra está sendo ameaçado de terminar cinquenta ou sessenta anos do prazo.
Lucy ficou boquiaberta com a maneira como ele estava levando a sério algo tão absurdo.
__Sei que é muita coisa para ser aceita de um momento para outro, mas será bom se eu puder contar com sua colaboração – continuou Natsu. __Só poderei ir embora depois de salvar realmente sua vida.
__Natsu, como pode pedir que eu acredite nisso? E ainda por cima deixar que fique bancando meu guarda-costas?
__Protetor-corrigiu ele. __Analise as evidencias, Lucy.
Você mesma já admitiu que não sou a mesma pessoa que Nathan.
-Sim, mas....
_Não notou a rapidez com que os ferimentos desapareceram do meu corpo? O medico disse que aquilo era humanamente impossível.
_É verdade, mas tenho certeza de que tudo isso deve ter uma explicação lógica.
_Então, como explica o fato de eu haver reconhecido o Sr. Sizemore? Minha missão com ele não foi bem-sucedida. Mas acredite-me, Lucy, não falhara com você. Dessa vez, farei o possível para cumprir minha missão com sucesso.
__Porque quer receber seu par de asas?
Natsu se inclinou na direção dela.
Antes que Lucy pudesse se dar conta do que havia acontecido, Natsu a beijou com tanto carinho que por um momento ela acreditou que poderia ser feliz novamente. Quando Natsu se afastou, tocou o rosto dela com delicadeza.
__Você é tão linda... Sei que é contra os regulamentos, mas acabei me apaixonando por você. -Tocando os lábios dela com o polegar, perguntou: __Sabe por que tenho certeza disso?
Lucy balançou a cabeça negativamente. __Quando deixo de lado todas as duvidas e ouço a voz do coração, eu sei. Ouça com cuidado o que seu coração está lhe dizendo, e saberá com certeza se o que eu lhe disse é verdade. Saberá que aquele que acabou de confessar que te ama, e que deseja protege-la, não é Nathan.
Lucy tentou falar, mas foi a vez de Natsu tocar os lábios dela, para silenciá-la.
__Quando ouvir a voz, você saberá-repetiu ele.
Lucy não entendeu direito por que acabou deixando que Natsu a convencesse a sair àquela hora da noite. A ideia de protege-la parecia uma ideia fixa na mente dele. Inconscientemente, tocou o broche de cristal em forma de anjo, que prendera na lapela da blusa antes de sair com Natsu.
__Acho melhor voltarmos para casa – sugeriu ela.
__Não. Vamos até a fabrica. Talvez descubramos algo por lá.
__Natsu, estamos no meio da noite. Além disse, não há ninguém na fabrica a essa hora.
__Melhor ainda. – Natsu sorriu. __Poderemos investigar o que houver por lá sem que tenhamos de explicar nossa presença a ninguém.
Lucy suspirou, resignada. Estranho, mas algo lhe dizia que era melhor confiar na intuição de Natsu.
Entraram no carro dos Neidermey e seguiram para o local onde eram fabricados os produtos da padaria Barnett, Lucy tivera o cuidado de levar a chave que abria a entrada principal, por isso não foi difícil os dois entrarem no prédio.
Natsu acendeu as luzes, enquanto seguiam ao local reservado para os escritórios. Ao entrar na sala principal, Natsu abriu uma gaveta e começo a examinar os papeis.
__Nada além de ordens de produção-disse.
__Natsu, não me agrada a ideia de mexer nas coisas dos outros.
__Não estou procurando nada pessoal. Algo me diz que seu momento de maior risco está próximo.
__ Pois acho que estamos agindo feito dois idiotas – protestou Lucy . -Essa história de correr risco está indo longe demais.
__Eu gostaria que você estivesse certa, mas não há engano no que estou sentindo. Temos de encontrar as respostas ainda esta noite.
Lucy teve a impressão de ouvir um ruído e sentiu os pelos de seus braços se arrepiarem.
__Natsu, não há nada aqui que possa responder às nossas perguntas. Vou voltar para casa. Agora.
Ela ouviu um clique bem atrás de si. Dessa vez, Natsu também ouviu o ruído e virou-se no mesmo instante.
Elisa estava à porta, bloqueando a saída e apontando uma arma diretamente para eles. Lucy não entendia nada de armas, mas aquela lhe pareceu mais mortífera do que nunca. Mesmo sabendo que os motivos da madrasta estar ali não deviam ser muito lícitos, fingiu inocência.
-Somos nós, Elisa -disse, forçando um sorriso. -Pode abaixar a arma agora.
A arma não foi abaixada e o olhar calculista de Elisa não se amenizou.
__Vocês têm perguntas a fazer? -questionou ela. -Pois tentem faze-las a mim.
Lucy sentiu o coração acelerar e notou que Natsu se tornou tenso a seu lado.
__Pode desistir de tentar bancar o herói – Elisa disse a ele, apontando a arma para Lucy. -Se me deixar nervosa, posso acabar disparando o revólver acidentalmente contra ela. Natsu não se moveu, mas sua voz saiu firme ao dizer.
__Foi você quem tentou matar Lucy.
__E foi você quem me atrapalhou o tempo todo -afirmou Elisa, por entre os dentes. – Pensei que pelo menos o truque do elevador fosse dar certo.
__E como não deu, você decidiu que alterar o freio do carro resolveria o problema -deduziu Natsu.
__Não estou entendendo – Lucy interveio, apesar do medo de ter uma arma apontada para si.
__É muito simples, minha cara. Quero ter o domínio da empresa.
Lucy sentiu-se ainda mais confusa.
__Mas você já é dona de uma grande parte da empresa, por ser esposa de meu pai.
__Que mal há em se querer mais? Além disso, cansei de esperar que o velho desapareça de morte natural. Mas, nesse caso, você seria a sócia majoritária da empresa, o que não me deixaria em uma posição muito diferente da que tenho agora. – Agitou a arma na direção de Lucy.
__Mas com você fora do caminho, poderei ficar com tudo.
Lucy sentiu Natsu tocar seu braço, transmitindo-lhe tranquilidade.
__Mas isso não explica por que você e Nathan arquitetaram o plano da fusão das empresas -disse ele.
__Minha intenção inicial era obter o controle da empresa sem ter de sujar minhas mãos com seu sangue. O problema é que descobrir, nos últimos tempos, que ele estava tentando manter o plano para beneficio próprio, querendo me deixar de fora.
As mãos de Elisa tremeram, pela primeira vez, Lucy se deu conta de que a madrasta não estava tão calma quanto queria parecer.
_Por isso, alterei o freio do carro dele também -confessou Elisa, olhando para Natsu .- O plano falhou, como todos os outros. – Apontando a arma de um para o outro, acrescentou: -Pelo visto, terei de acabar fazendo o trabalho pessoalmente. Quando o vigia diurno chegar, pela manhã, encontrará dois corpos e um cofre arrombado. Claro que a policia deduzira que se tratou de um homicídio motivado por um roubo.
Natsu deu um passa atrás , mas o balanço da arma o deteve.
-Fique onde está -ameaçou Elisa. -Pode até haver escapado do acidente de carro, mas não terá a mesma sorte desta vez. Depois que eu despachar minha enteada, você será o próximo.
__Não!
Apavorada, Lucy observou a madrasta apontar a arma em sua direção. Ela apertou o gatilho e Lucy imaginou que havia chegado mesmo seu fim.
Um tiro foi disparado, mas antes que ela pudesse reagir, Natsu se jogou para o lado, desviando-a do trajeto da bala. Sentiu uma dor intensa no braço em que se apoiou, ao cair com violência no chão . Ao levantar o olhar, notou que Natsu estava encarando Elisa.
No centro da camisa dele, surgiu uma mancha de sangue, mas Natsu parecia determinado apenas a retirar a arma de Elisa a qualquer custo. Avançando sobre a mulher enfurecida, ele segurou-lhe o pulso e o manteve apontado para o alto, evitando que Elisa disparasse novamente. Apenas da dor no braço. Lucy ficou de pé, determinada a ajudar Natsu a rende-la. Mas já era tarde demais.
A arma foi disparada mais uma vez e acabou atingindo a própria Elisa, que derrubou o revólver e dobrou o corpo com uma expressão de dor. Mesmo cambaleante, ela saiu pela porta e desapareceu.
Natsi caiu no chão e Lucy se ajoelhou ao lado dele no mesmo instante. Deitou a cabeça dele em seu colo, com cuidado para não lhe provocar ainda mais dor. Ele estava respirando com dificuldade.
Lucy fez menção de se levantar, mas Natsu lhe segurou o braço.
__Não vou deixa-lo – prometeu ela. – Mas preciso chamar uma ambulância para socorrer você e Elisa.
A mão dele se manteve firme no bração dela
__A essa altura, ela deve estar de deparando com um acidente fatal. O tempo terreno de Elisa está quase no fim. Senti isso quando a arma foi disparada pela segunda vez.
__ De qualquer maneira, preciso conseguir ajuda para socorre-lo – insistiu Lucy.
Ouviram um horrível ruído de pneus do lado de fora do prédio, seguindo pelo estrondo de uma batida, confirmando as palavras de Natsu. Apesar de Elisa haver se mostrado uma pessoa fria e ambiciosa, Lucy não pode deixar de lamentara aquele destino cruel. Sentiu mais ainda ao imaginar quanto seu pai sofreria quando recebesse a notícia. Esperava que o coração do seu pai resistisse ao impacto.
__ Minha missão está completa – anunciou Natsu. – Estou sendo chamado de volta para casa.
Os olhos de Lucy se encheram de lágrimas, embarcando-lhe a visão.
__Não chore por mim -pediu ele. -Meu espírito se enriqueceu muito durante o tempo em que passei a seu lado. Eu te amo, Lucy.
A mão de Natsu soltou seu braço e Lucy a segurou com força, como se o gesto pudesse mantê-lo junto dela.
__Por favor -pediu , entre soluços. -Não vá embora. Tocou no broche em formato de anjo e lembrou-se do que Natsu lhe dissera a respeito do desejo de protege-la . De súbito, algo bem no intimo de seu ser levou-a a acreditar que isso acontecesse somente naquele momento, quando parecia já não haver mais esperança?
Duas lagrimas escorreram por seu rosto enquanto Natsu foi fechando os olhos devagar.
__Finalmente você ganhou suas asas -sussurrou ela. De súbito, ele se esforçou para abrir os olhos mais uma vez.
__Eu abriria mão delas para passar mais um dia com você.
Quando ele fechou os olhos de novo, Lucy deixou escapar um soluço angustiado.
No instante seguinte, a sala se encheu de um brilho diferente. Algo luminoso saiu do corpo de Natsu e parou um instante próximo ao teto, antes de desaparecer. Tendo finalmente a certeza de que Natsu era mesmo um anjo, Lucy lembrou-se de que só poderia voltar a vê-lo dali a cinquenta anos ou mais. Bem, pelo menos lhe restava a esperança de reencontrá-lo algum dia. No entanto, nem mesmo isso serviu para preencher o vazio em seu coração.
__ Meus parabéns, Natsu- disse Nahum, erguendo-se com um suave movimento de asas. Aproximando-se de Natsu, estendeu a mão. __ Tem motivo para estar orgulhoso de si mesmo.
Natsu retribuiu o aperto de mãos, mas não estava se sentindo tão entusiasmado quanto esperava que ficaria. Sua vitória parecia vazia e sem sentido diante da ideia de viver sem Lucy.
__Porém – prosseguiu o supervisor – Você estava designado apenas a salvá-la, e não a sacrificar sua vida por ela.
Natsu não respondeu. Sua mente e seu coração estavam em outro lugar.
__Mas não se preocupe com isso – afirmou Nahum. -Suas asas já estão prontas. Devido à sua dedicação, eu e o comitê promocional decidimos que não será precisa você passar pelo estágio inicial. De agora em diante, será oficialmente um protetor de nível intermediário.
Natsu sabia que deveria corresponder ao sorriso e ao entusiasmo de seu supervisor, mas não conseguiu. Sabia que a proposta que tinha em mente deixaria Nahum chocado, mas, ao se lembrar do lindo rosto de Lucy, não hesitou em faze-la.
__Quero abrir mão de minhas asas para passar mais cinquenta anos ao lado de Lucy.
Nahum arqueou as sobrancelhas.
__Sua protegida? Mas isso é irregular. Na verdade, vai contra ao pé da letra!
Lembrando-se de todos os contratempos que Natsu vivia causando naquela parte do Paraíso, Nahum se tornou pensativo. Talvez a ideia não fosse tão má assim.... Com uma piscadela, respondeu:
__Bem, como você mesmo costuma dizer, cinquenta anos ou um milênio são um piscar de olhos perante a eternidade.
Um sorriso se insinuou nos lábios de Natsu. Então , ainda havia uma esperança...
__Não precisa abrir mão de suas asas-declarou Nahum, deixando-o surpreso.
__Você as conquistou por merecimento, Natsu, e deve mantê-las para si. Portanto, elas ficarão guardadas conosco enquanto você estiver na terra, terminando a vida que começou no corpo de Nathan.
Aquilo era melhor do que qualquer coisa que Natsu pudesse ter imaginado! Preparou-se para voltar o mais rápido possível, mas lembrou-se de um último detalhe.
__Antes que eu me esqueça, quero deixar uma recomendação para Tess tia de Nathan.
Nahum assentiu.
__Será anotado nos dados sobre ela.
Antes mesmo que Natsu pudesse agradecer, foi mandado de volta em um turbilhão além do tempo e do espaço.
Acordou com uma gotinha caindo em seu rosto. Quando abriu os olhos, deparou-se com o lindo rosto de Lucy.
__Oh, Natsu....-disse ela, entre soluços, -Pensei que houvesse me deixado. Ele tocou o rosto dela com delicadeza e Lucy beijou-lhe a palma da mão.
__Ficarei com você até o fim de nossas vidas, Lucy, pode acreditar.
__Eu acredito.- Ela sorriu.
Natsu também sorriu. Dessa vez, estariam livres para se amar sem a sombra de Nathan entre eles.
__Eu te amo -disse a ela. -Se for preciso, passarei os próximos cinquentas anos tentando convence-la a se casar comigo.
Lucy se inclinou e beijou-o nos lábios. Com um brilho maroto nos olhos, perguntou:
__Quem sou eu para rejeitar um casamento feito no Paraíso?